A minha frente estava Mason Evans, seu olhar era intensamente intimidante, fazendo com que eu me sentisse pequena, exposta, perdida. Meu corpo a muito drenado de qualquer emoção, encontrava-se desperto com a presença dele e aquela pequena maldita centelha, gritava por ele.

– O que faz aqui Mason? – Derek, já recuperado do choque, rosnou.

– O que faço ou deixo de fazer, não é da sua conta. – eu não sabia dizer ao certo, mas Mason parecia mais alto, e a hostilidade em suas palavras fazia com que eu quisesse correr.

– Suas merdas me dizem respeito quando estão machucando minha...

– SUA? – Mason deu um passo até Derek, e encarando-o continuou - Sua o que Derek? Diga! – ele tremia com suas mãos fechadas em punhos. Mais uma vez sua postura assassina me fazia sentir medo.

Derek parecia pronto para atacar o homem a sua frente, enquanto eu, ainda em choque, os fitava.

– MASE?!

A voz de Claire nos trouxe a tona. Mason nem mesmo teve tempo de virar-se por completo, antes de tê-la em seus braços.

– Paige disse que você estava aqui! Eu tentei dizer a ela que você não podia vir, Erin disse que você não iria vir. Eu sei que você é muito ocupado e...

Rapidamente limpando minhas lágrimas, sai de lá, tentando não ser notada. É claro que falhei, pois durante todo o trajeto até a porta senti seus olhos em mim, queimando minha alma.

Mason estava aqui.

Passando pelos convidados, tentei inutilmente chegar até um dos banheiros, quando ouvi o som da voz de Emmily.

– Hora de cortar o bolo. Claire?

Afastei-me o máximo que pude da mesa onde o grandioso bolo azul de Claire estava, ficando perto do bar, no outro lado do salão, a assisti saltitar para perto de Emmily. Derek com uma carranca a seguiu, sendo acompanhado por um Mason preocupado.

As pessoas começaram a nota-lo, afinal não é todos os dias que uma estrela do Rock simplesmente aparece em um aniversário de crianças.

– Bom, agora que temos nossa aniversariante, podemos cantar o “Parabéns”. Tomei a liberdade de chamar um convidado especial para o faze-lo. – Emmily tinha em seus olhos um brilho quase maligno. Virando-me para o bar, pedi algo forte ao barman, e fui rapidamente presenteada com uma dose de uísque. – Mason?

Observei enquanto Mason ia até a parte de trás da grande mesa, onde um microfone e um violão o esperavam. De onde aquelas coisas vieram? Virando mais uma dose, assisti enquanto seus olhos procuravam por mim, antes de começar a cantar e ser seguido por todos na sala.

“Happy Birthday to you...”

Claire parecia radiante enquanto assistia Mason. Era bom ver minha pequena feliz, mesmo quando o motivo de sua felicidade me matava aos poucos. Rindo de minha própria desgraça, pedi outra dose.

– Feliz aniversário Bu. – por que doía tanto ouvir aquelas palavras?

Permaneci virada para o bar, não queria encarar seus intimidantes olhos negros.

– O primeiro pedaço vai para quem Claire? – apenas a voz de Emmily fazia com que meu estomago se contraísse.

– Para minha melhor amiga. Só Blair?

Lágrimas ameaçavam transbordar de meus olhos. Claire e sua doce inocência, sempre me fazendo feliz e melancólica ao mesmo tempo. Respirando fundo, virei-me para a multidão que me encarava e comecei a caminhar até a mesa.

Antes de chegar a meu destino, vi minha pequena princesinha correr para mim, a recebi de braços abertos, e então a apertei contra mim enquanto as lágrimas molhavam minha face.

– Obrigado Car. Eu não sei o que faria sem você. – sussurrei. Com suas mãozinhas delicadas, ela segurou meu rosto, limpando minhas lágrimas salgadas.

– Não chore, Sam e eu amamos você Erin. Mason também, não seja tão má com ele.

De onde ela havia tirado essa?

Ignorando todos, a apertei contra mim, depositando beijos bolhados em seu rosto.

– Eca! Você esta parecendo o Sammy. – Claire ria em meus braços. Ela estava feliz e isso era tudo o que importava.

Caminhei com ela até a mesa onde nos servimos de um grande pedaço de bolo azul.

Durante o resto da noite ignorei o queimar em minha pele, e quando todos começaram a sair, ocupei-me de limpar tudo, mesmo sabendo que havia contratado alguém para isso.

– Erin?

Levantei os olhos para encontrar o casal a minha frente, enquanto Derek parecia preocupado, Emmily parecia radiar felicidade.

– Sim? – respondi reprimindo um suspiro.

– Estamos indo embora, no caminho para casa vou deixar Em no aeroporto. – Derek parecia, cansado, derrotado. Queria dizer a ele que tudo ficaria bem, mas mentir não melhorava as coisas. A vida era uma droga, mas cabia a nós aceita-la e lidar com ela.

– Tudo bem.

Tentei sorrir, mas acho que pareceu mais uma carreta ou algo assim.

– Você pega a Car Em?

Emmily um tanto relutante, saiu para a varanda.

– Você esta bem? – eu podia ignorar sua pergunta, ou mentir, mas então essa não seria eu.

– Não, mas ficarei. – respondi dando de ombros, embora eu nem mesmo acreditasse em minhas palavras

– Erin eu sin... – Derek começou, sendo interrompido pelo som de passos. Virei-me e a visão de Mason carregando Claire adormecida, seguido por Sam, fez com que eu quisesse estar ao seu lado, segundando sua mão, como se fossemos uma família feliz.

Era assustador o quão patética eu me tornara.

– Nós estamos conversando e ela simplesmente apagou. – rindo Mason afastou uma mecha de cabelo de Claire, que caia em seus olhinhos, fechados sonhadoramente.

– Precisamos ir querido. – serio? Acho que podia vomitar agora. Emmily era Ugh!

Derek inquieto assentiu e caminhou para Mason.

– Derek, posso ficar com ela hoje? – a pergunta simplesmente me escapuliu. Eu não estava feliz com a ideia de ficar sozinha.

Ele parou e sorriu timidamente.

– Seria ótimo, não quero ter que acorda-la e a arrastar para um aeroporto a essa hora.

– Obrigado. – o alivio em mim era mais que bem vindo. Porém ao ver Derek e sua desagradável-esposa-Emmily desaparecerem no elevador, ele também se foi, junto com eles.

Frustrada suspirei e continuei com a tarefa de organizar o que já estava organizado.

– Erin?

Um, dois, três,...

Sessenta e quatro,...

Não podendo mais evitar, desliguei tudo e caminhei para o elevador, seguida por Sam e Mason ainda carregando Claire.

– Posso fazer isso. – falei quando as portas do elevador se fecharam.

– Tudo bem, não me importo de carrega-la. – EU ME IMPORTO IMBECIL! Era o que eu queria dizer, mas é claro que não disse nada.

Apenas continuei lá, fitando o nada, evitando seu olhar. Eu definitivamente não precisava entrar em toda essa merda outra vez, não agora quando tudo parecia estar melhorando.

As portas se abriram, revelando meu Hall, elegantemente decorado em mármore claro e repleto de todo o azul que encontrei em lojas de decoração. Sorri, orgulhosa de mim mesma, por meu trabalho.

Mason deixou escapar um assovio enquanto andávamos até o quarto de Claire. Sim, eu havia feito um quarto para minha pequena e Sam. Abri a porta e pedi a ele que a colocasse na cama.

Ele a deitou e a cobriu.

Meu coração batia descompassado com a ideia de tê-lo aqui, de ter de falar com ele. Eu definitivamente não queria Mason Evans em minha vida novamente, não apenas para me quebrar novamente.

– Erin, eu...

– Mase? Erin?

Assustada com a voz de Claire, voltei-me para ela, que nos olhava com uma careta adorável.

– Ei princesa. – Mase se adiantou, entrando embaixo do cobertor com ela, e a abraçando. – Seu pai deixou você ficar aqui essa noite.

A cena fazia com que eu quisesse chorar ou sair correndo dali, sabendo que Erin Everly não merecia ter aquilo que mais desejava. Sempre fora assim afinal, eu queria Derek, o homem que nunca pertenceu a mim; eu queria uma família, a família que minha irmã construiu com o homem que eu acreditava amar; e então veio Claire, e agora Mason. Por que tudo parecia tão impossível para mim?

Sam saltou para a cama, mesmo sem ter sido convidado, enquanto eu fiquei ali, em pé os observando.

– Sam e eu queremos uma história. – Claire sorria ainda um pouco sonolenta. – Erin?

– Claro. – assenti e procurei pelo velho livro de histórias dela. O tirei da estante que enfeitava a parede direita do quarto e voltei para cama, mas não atrevi me sentar ou olhar para Mason, mesmo sabendo que ele mantinha seus olhos em mim.

Quando me aproximei da bela poltrona bege ao lado da cama, ouvi o som de meu telefone. Ninguém além de Derek, Claire e Jorge me liga, ainda mais tão tarde.

– Comecem sem mim. – falei, correndo para fora do quarto.

– Erin nós... – Mason começou a falar mais optei por ignora-lo.

Quando entrei em meu pequeno escritório/biblioteca, o telefone já estava em seu quinto toque.

– Alô? – eu estava um pouco ofegante e meus pés doíam pelo esforço feito com os saltos.

– Erin, tenho noticias maravilhosas. – Jorge, meu advogado parecia animado. Não pude deixar de sorrir. – Tenho duas entrevistas marcadas para essa semana.

Espere?

– Esta dizendo que...

– Sim! Tenho dois candidatos, uma jovem para o cargo de professora de ballet e um professor de musica.

Isso era perfeito. E em tão pouco tempo. Chutando meus sapatos para longe, sentei-me em minha poltrona, puxando a manta que mantinha ali perto.

– Isso é fantástico Jorge. Eu nem sei o que dizer.

– Não diga nada. – sua risada era contagiante, tão logo eu estava rindo como uma louca junto com velho do outro lado da linha, pelo menos eu podia culpar o álcool. – Estou mandando agora mesmo o currículo dos dois para você. – segundos depois o som de minha maquina de fax soou pelo cômodo. – Noah Collins deseja encontra-la amanha na hora do almoço e a srta. Baker espera por uma ligação sua para agendar o encontro.

Pegando minha agenda, fiz uma nota para minha possível-futura nova-professora-de-ballet.

– Obrigado Jorge. – eu estava nervosa com a ideia de ter que ver alguém assim tão cedo, acreditava ter um tempo para me preparar para isso.

– Não se preocupe querida, você é ótima, tenho certeza de que encontrará as pessoas certas. Agora preciso dormir, Grace precisa de uma massagem,... – Jorge era um eterno jovem preso no corpo de um velho. Rindo, desejei boa noite a ele antes de desligar.

Por um tempo estudei ambos os perfis de meus futuros funcionários, evitando ter de voltar para o quarto de Claire.

Quando finalmente decidi o faze-lo, eu já estava parcialmente congelada. Precisava de uma nova manta para o escritório, ou me lembrar de ligar o aquecedor. Rindo de minha própria estupidez, parei a porta do quarto de Car, e o que vi fez meu sorriso morrer.

Mason dormia pacificamente com Claire grudada a ele e Sam embolado em suas pernas. Ele não parecia desconfortável, mesmo que metade de suas pernas estivessem para fora da cama.

Não pude evitar as lágrimas, o vazio dentro de mim era tão vasto, de repente senti-me tão gélida e sem vida. O universo sempre estaria ali para lembrar-me do que eu nunca poderia ter.

Desligando o abajur, beijei Claire e em seguida Mason, acariciei Sam e deixei o quarto.

Tentei um banho quente na esperança de aquecer a pedra de gelo em que eu havia me tornado, mas o frio ainda estava ali, e não acho que ele iria embora tão cedo.

Corri para a cama, embolando-me em mais cobertores do que pude contar.

Adormeci sozinha, agarrada ao colar em meu pescoço, sentindo um frio inexplicável e um vazio que nunca seria preenchido.