Caro Desconhecido, escrita por False Angel


Capítulo 6
Carta


Notas iniciais do capítulo

Ooi,
Dessa vez foi mais rápido ;) e temos mais da Andressa.
Boa Leitura...



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Caro Desconhecido,

Se encontrou está carta já fez sua escolha.

Não sei como a encontrou e nunca saberei.

Espero que esteja preparado para muita dor e sofrimento, porque a partir deste minuto é tudo o que terá. Você pensa que sabe no que se meteu, mas não sabe. Você pensa que pode imaginar o quão terrível nossa jornada será, mas não pode. Você pensa que sobreviverá, mas você vai morrer. Então serei culpada por mais uma vítima.

Sua inteligência e curiosidade o levaram a encontrar esta carta, mas você terá que trabalhar mais se quiser encontrar as próximas. Minhas pistas estarão escondidas nas entrelinhas desta carta. Espero que não seja desprovido de inteligência, porque isso seria péssimo.

Se encontrou esta carta, provavelmente conheceu minha irmã Rebeca. Ela deve estar sofrendo muito, mas infelizmente foi necessário que tudo isso acontecesse. Eu a amo. Mas, não consigo mais suportar. Passaram-se anos, mas ainda me lembro de cada detalhe. Guardei esse acontecimento em segredo por anos no fundo da minha memória, ainda não entendo. Foi um erro. Eu tive medo.

Quero que saiba que o nosso maior medo está na nossa mente. É um medo incontrolável e muitas vezes camuflado. Não está relacionado com monstros e lobisomens. Não tem relação com coisas sobrenaturais ou extraterrestres. É o futuro. O que o ser humano mais teme é o futuro. Sabe por quê? Porque é algo que nenhum cientista pode explicar. É algo que não pode ser considerado fantasia. Ele é real. É imediato. Não tem como fugir ou se esconder, o futuro o persegue. Ele é uma sombra onde o sol brilha. E o sol nunca para de brilhar para o futuro.

O que você pensa disso meu caro? Um absurdo? Vai desistir ou se internar num hospício? Se você é louco o suficiente para pensar que pode enfrentar o futuro, está errado. Nem mesmo eu acreditava nisso. Ouvi isso pela primeira vez aos quinze anos. Era jovem e inocente. Pensei que era uma grande bobagem, afinal controlamos o futuro. Nossas ações se tornam consequências mais tarde. Somos seres racionais. Somos capazes de controlar e mudar, de ter o que quisermos. Acreditei nisso até perder minha melhor amiga. Suicídio. Irônico, não? Quem diria que mais tarde isso aconteceria comigo? Você sabe por que ela cometeu um ato tão terrível e impulsivo? Por que ela havia planejado um futuro perfeito. Mas ela descobriu antes de mim que não temos como criar o futuro. Não o controlamos. Nós devemos temê-lo.

Perder alguém é um choque que nunca passa. Você não quer se esquecer dos momentos que passou com ela, das risadas dadas e das tristezas compartilhadas. Você não quer se esquecer do som da voz dela, da cor dos olhos, das manias insuportáveis. Você não quer se esquecer dos detalhes do rosto dela. Não quer se esquecer da cor do cabelo, dos sonhos que ela não realizou. Você não quer se esquecer dela. Sabe por que isso acontece? Porque somos egoístas, sempre queremos ter algo que não devemos. Não queremos compartilhar a pessoa que você tanto amou. Você quer imortalizá-la. Torná-la real. Viva. Mas, a verdade é que é impossível. A cada dia um pedaço dela desaparece, e a cada dia você perde um pedaço de si. É uma realidade racional. Mas as pessoas não são racionais. Nós não queremos ser racionais. Queremos sentir. Raiva. Dor. Desespero. Amor. Compaixão. Vingança.

O prazer do ser humano é vingar. Sua família. Alguém que ama. Uma pessoa que precisa de proteção. Ou a si mesmo. Somos movidos à vingança. Somos movidos a sentimentos. Somos feitos do pior. Somos cruéis.

Você deve estar confuso, não?

Mas a verdade é confusa. Inaceitável. Dolorosa. E pensar que a minha vida era uma mentira. Feita de lealdade. Carinho. Segurança. Eu sonhava, planejava. E então tudo desmorona. Eu não quis acreditar. Recusei-me a vê-la. Não acreditei que ela havia feito aquilo. Um dia antes falávamos de tudo, livros, filmes, celebridades, escola, e então ela se suicida? Não fui ao funeral. Não me despedi dela. Não sei como ela ficou. Vivi como se ela estivesse ali durante uma semana, então veio a dor. Ela havia partido. Nunca mais estaria com ela. E foi como se alguém tivesse dado uma facada no meu coração. Eu chorei. Durante semanas, meses. Me lembrava de cada detalhe do rosto, das manias e atitudes dela antes de dormir. Mantive ela viva nas minhas memórias. Foi então que tomei coragem para ler a carta que ela deixou para mim. E naquele momento decidi desvendar os segredos dela. Sabia de muitos, mas evitava saber de todos. Porque são os segredos que deixam a relação forte. Eu pensava isso até descobrir que foram estes segredos que a mataram. Que me mataram. Que mataram a todos que a amavam.

Gostou da minha pequena história?

Bom, espero que não tenha esquecido que o verdadeiro objetivo é você encontrar o que escondi. Tornar visível o invisível. Trazer à tona a verdade. Desvendar segredos. Fazer justiça.

Para isso enfrentará alguns problemas.

A próxima carta demorará a chegar.

A sua procura curiosa se mostrará.

O perigo o alcançará.

E sua lealdade testada será.

Precisará de ajuda para desvendar o mistério da minha alma.

Então nas sombras e em segurança me encontrará.

Se você for inteligente saberá no momento certo onde encontrará a carta. São muitas cartas. Muitos desafios. Muitas mortes. Pouca esperança.

Não se esqueça da sua morte certa. Não esqueça que eu sou sua guia. Sou sua única ligação com a verdade oculta e com o que está escondido. Sou a única que mostrará a você no que a justiça se transformou. A única que te ensinará a viver no meio de tanta crueldade e razão.

Não acredite em mentiras. Muito menos em aparentes verdades.

A morte o perseguirá.

Eu lhe desejo sorte. Infelizmente não estarei aí para te ajudar, mas acredito (pelo menos quero acreditar) que a sua inteligência e intuição sejam o suficiente para mantê-lo vivo até o fim da nossa longa jornada.

ASS. Andressa Lemos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Comentem.
Tchau :D



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