Caro Desconhecido, escrita por False Angel


Capítulo 2
Vítima


Notas iniciais do capítulo

Oooi, td bom?
Mais um capítulo, espero que gostem!
Boa Leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/435923/chapter/2

Choque.

Cara, isso é demais”.

Um bilhete suicida. Eu sabia que ia adorar esse trabalho. Primeiro, é claro, odiei. Sério, eles precisavam mesmo me deixar de molho durante cinco angustiantes e monótonos meses? Eu sou, simplesmente, perfeito para esse trabalho. Minha primeira vítima e já estou participando de uma investigação policial à la Sherlock Holmes. O mais sinistro é que, adivinhe, eu encontrei o bilhete no corpo da vítima.

Não, não foi na roupa ou no sapato, e também não foi nos seus pertences. Foi, literalmente, no corpo da vítima. Estava em um corte profundo no braço direito dela, você deve pensar que como ela tinha se suicidado, um corte a mais não era de grande importância, mas não é sempre que você vê algum objeto não identificado dentro de um corte. Ele era profundo, no entanto estava parcialmente fechado, como se estivesse cicatrizando. O que foi estranho, mas ela se suicidou, o que mais poderia esperar?

O bilhete estava dentro de um pacote de plástico coberto de sangue. Certo, eu tenho que admitir que seja muito assustador. Um bilhete suicida que não tem nada de suicida. Nele, a minha mais nova vítima, Andressa Lemos, me coloca em um mistério. Devemos levar em consideração que eu vou morrer. Um pequeno detalhe insignificante. E ela me desafia? Nunca desafie Lucas Maretti. Claro que meu lado sensato e certinho, que é apenas 10%, não gostou nem um pouquinho da minha incrível ideia de aceitar morrer. Mas, meu outro lado, o que é feito de loucura, insanidade e curiosidade, aceitou no mesmo momento.

– Lucas?

Droga, droga, droga.

– Sim? – Respondi casualmente, como se lesse bilhetes suicidas que me obrigam a morrer todos os dias.

– Já está terminando de examinar sua vítima? – disse meu querido chefe, o Sr. Battisteli.

– Quase, se quiser eu posso fechar o IML. – Ele me olhou desconfiado, como se a qualquer instante fosse pegar uma faca e cortar a cabeça dele, ou que roubasse algum corpo morto para levar para casa.

– Não acho que você seja a pessoa mais adequada para fechar um local público e requisitado que contêm diversas pistas e corpos que podem desvendar crimes. – É, o cara não confia mesmo em mim.

– Então, isso significa que o senhor ficará aqui comigo durante toda a noite e madrugada? – Peguei você!

– Nesse caso, as chaves estarão em cima da mesa na recepção. Boa noite. – Disse saindo da sala.

Fiquei enrolando o dedo num fio solto do meu jaleco enquanto olhava o corpo, foi então que percebi como a minha vítima era, já que ela está morta, bonita. Os cabelos cobertos de sangue eram escuros como a noite, seu rosto tinha feições tristes e de dor como se tivesse sofrido durante toda a sua vida, os arranhões cobriam uma pele lisa e cor de café. Como seus olhos estavam fechados, eles se tornaram misteriosos, mas como sou curioso, deixei o bilhete (ou a carta) no canto da mesa e com cuidado e delicadeza abro os olhos dela, eles eram pálidos, cheios de pavor, medo e insegurança, apesar da delicadeza do mel de seus olhos.

– Então, você podia me contar quem a matou e como? – Sério Lucas? Agora decidiu falar com mortos?

– Eu até te diria se soubesse.

– Sem problema, quer dizer, eu nem esper... – Calma, agora oficialmente estou ficando louco. Lentamente vou me virando para ver se encontro mais alguém. Minha respiração já está descompassada quando vejo Igor.

– Cara, você ta bem? – Ele diz isso quase morrendo de tanto dar risada.

– Ótimo. Então, como você chegou aqui? Esperava que eu morresse para ficar com a minha herança ou algo do tipo? Porque, sinceramente não tenho dinheiro nem namorada, a não ser que queira minha modesta coleção de livros, que, infelizmente, não seria deixada para você.

– Nossa. Se soubesse que você quase teria um ataque cardíaco, além de me acusar de assassinato, eu não teria entrado pela porta dos fundos que como sempre estava destrancada. Como seu grande amigo, estava realmente interessado em te apresentar a uma vida e a pessoas. Você sabe, aquelas que andam pelas ruas, que tem uma vida social e que não estão mortas, conhece?

– Qual a resposta que me deixará livre da sua presença?

– Dessa vez? Hum, vejamos. Se você disser sim, o que é muito improvável, você virá comigo e consequentemente te deixarei parcialmente livre, pelo menos durante o restante da noite. Mas, se disser não você ouvirá meu longo discurso sobre como ser uma pessoa antissocial o levará a uma vida solitária, no qual viverá com pessoas mortas e enlouquecerá e...

–... começará a conversar com suas vítimas, o que já está acontecendo. – Resmungo contrariado. Igor sai da sala com um sorriso vitorioso, enquanto diz:

– Se não sair em cinco minutos você será obrigado a ouvir meu sermão, e nem pense em fugir.

Suspiro derrotado.

Nem sempre ser uma pessoa antissocial significa que você vive solitário, sem amigos, que leia apenas e que seja um louco que fala com mortos. Pelos menos não quando se é amigo de Igor Auguste. O típico garoto popular, que se acha o máximo e tem tudo o que quer. Devo ressaltar que, Igor Auguste não é nem um pouco lógico, para ele tudo, e quando digo tudo quero dizer tudo mesmo, é prazeroso e feito no impulso e na adrenalina do momento. Não teria problema nenhum se ele não levasse todos a sua volta à perdição. E, é claro, eu estou no topo da lista. Digamos que ler, estudar, buscar conhecimento, escrever, trabalhar e ter uma vida tranquila e sensata é um insulto a sua alma aventureira e louca. Não que eu seja uma pessoa muito normal.

Não é porque teria que escutar um longo sermão sobre o que faço, mas para relaxar e procurar entender tudo é que coloco Andressa, minha linda vítima, em seu lugar de repouso e pego minhas coisas, sem esquecer o bilhete. E, ao acabar de fechar a porta ouço Igor e sua turma descolada fazendo uma algazarra. Droga! Se eu correr muito rápido consigo chegar à esquina e me misturar às sombras. E teria começado a correr se Igor não tivesse previsto meu grande plano de fuga e me arrastado, literalmente, para dentro do carro, apesar dos meus protestos.

Foi assim que minha noite começou. Como sempre digo, a perfeição é inimiga da razão. E, nesse caso, meu amigo “perfeito” Igor é totalmente irracional.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por terem lido, e espero que tenham gostado!
Tchau :D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Caro Desconhecido," morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.