5 de Janeiro de 1995, de manhã.

— Isso vai dar problema — Rony murmurou para Hermione, lendo o Daily Prophet.

— Nem me fale...

— Você já sabia disso, não é? É melhor torcer para o Harry estar de bom humor e não descontar em você.

Harry entrou no Salão Principal e viu os melhores amigos lendo o jornal e cochichando. Hermione levantou a cabeça quando percebeu que Harry tinha chegado, fechou o jornal e colocou-o no colo. Rony quando percebeu a reação de Hermione, olhou para a porta do Salão Principal e se ajeitou na cadeira, voltando a prestar atenção no café da manhã.

— Está tudo bem? — perguntou Harry, se sentando na frente de Hermione e Rony.

Hermione e Rony se entreolharam desconfortáveis.

— Acho melhor o Harry saber por nós do que pelos Slytherin — disse Rony.

— O que aconteceu? — perguntou Harry.

Hermione lançou um olhar incerto a Rony antes de estender o jornal para Harry e se encolher ligeiramente. Harry olhou interrogativo para Rony, pegando o jornal, mas não obteve resposta, então abriu e leu. O seu rosto não mudou nos cinco minutos em que lia o artigo, mas seus olhos demonstravam os seus sentimentos contraditórios. Depois desse tempo, ele abaixou o jornal e permaneceu imóvel e em silêncio.

***

— Que caras de enterro — disse Sarah, sentando-se ao lado dos gêmeos — Quem morreu?

— Malfoy morrerá em breve quando você ler isso — disse George, apontando para o jornal.

— O que? Você está mesmo me pedindo para ler o jornal?

— A Rita Skeeter descobriu sobre você e Amber — disse Fred.

Sarah pegou o jornal e leu rapidamente a matéria, sem poder acreditar.

— MALFOY! — gritou, se dirigindo a mesa da Slytherin.

Draco se encolheu quando ouviu o grito da prima, mas colocou um sorriso de escárnio trêmulo.

Hermione e Rony olharam para trás ao escutar o grito da garota e Harry levantou ligeiramente o olhar, comparando mentalmente Sarah com Sirius. Os gêmeos se entreolharam e levantaram-se, relutantes. Eles adorariam ver Malfoy apanhando, mas era melhor Sarah não se meter em encrenca.

— Seu filho de uma cadela mal amada! — gritou Sarah, antes de ser sustentada pelos braços pelos gêmeos — Me soltem! Eu vou quebrar a cara desse loiro oxigenado!

***

— Fala alguma coisa, Harry — sussurrou Hermione.

— Senhorita Black! — eles ouviram o grito da professora McGonagall, mas Hermione continuou olhando para Harry — Eu não posso acreditar nisso! Me acompanhe! Senhorita Parkinson, leve o senhor Malfoy à ala hospitalar.

— O que você quer que eu diga? — Harry sibilou, quando Sarah e a professora saíram do Salão Principal, fazendo Hermione se encolher mais ainda.

— Harry, se acalma! — disse Rony, levantando-se e puxando Harry pelo braço — Bem, vamos. É melhor não discutirmos no meio do Salão Principal.

— Por que não? “Não vamos arrumar problemas para...”

— Se controla, cara. Não dê gostinho ao Malfoy.

Com isso, Harry andou mais rápido para fora, louco para discutirem. Eles andaram por alguns minutos, até que Harry abriu a porta de uma das salas de aulas vazias e puxou Hermione e Rony para dentro.

— Vocês sabiam disso? — perguntou, tentando se controlar — Sabiam disso e nunca me contaram nada?

— Eu só soube agora — disse Rony rapidamente, fazendo Hermione fuzila-lo com o olhar.

— E você sabia? — perguntou para Hermione, sua voz aumentando — Quando planejava me contar? Quem já sabia disso?

— Harry, se acalma — tentou dizer Hermione, com a voz já embargada, mas Harry cortou-a.

— COMO QUER QUE ME ACALME? — gritou — VOCÊ MENTIU PARA MIM DESDE O COMEÇO DO ANO! NÃO ACHA QUE EU TINHA DIREITO DE SABER QUE EU TINHA UMA IRMÃ?

— Você precisa entender...

— A ÚNICA COISA QUE TENHO QUE ENTENDER É QUE VOCÊ MENTIU PARA MIM!

— Harry, me escuta!

— O QUE TEM PARA ESCUTAR?

— JÁ CHEGA! HARRY JAMES POTTER, VOCÊ VAI CALAR AGORA A SUA MALDITA BOCA E ESCUTAR O QUE TENHO A DIZER!

Harry ficou calado, surpreso, Rony olhava assustado para os dois e Hermione respirou fundo antes de continuar:

— Obrigada — ironizou — A primeira coisa que Amber queria era te contar, mas ela não podia!

— Como uma pessoa pode não... — começou Harry.

— Cala a boca! — cortou-o Hermione.

Então, ela explicou-lhe toda a situação, tudo o que Amber havia lhe dito no dia seguinte ao natal, quando tudo desceu por água abaixo.

— Eu imagino o quão magoado você deve estar, mas dê uma chance a sua irmã — finalizou Hermione.

Harry ficou calado, mas os dois não insistiram. Rony fez um sinal para Mione e eles saíram silenciosamente da sala, deixando-o sozinho, absorvendo as informações recentes.

8 de Janeiro de 1995, à noite.

Amber suspirou. Essa situação estava deixando-a extremamente deprimida, sabia que tinha que dar um tempo para que Harry entendesse a situação, mas eles mal se falavam, mesmo andando juntos.

Já estava pensando em subir para o dormitório quando sentiu alguém sentando-se ao seu lado. Olhou de soslaio e percebeu que era Harry, mas ele não fez nenhuma iniciativa de falar.

— Me desculpe — sussurrou Amber, com a cabeça abaixada.

Ela já estava preparada para se levantar, quando Harry passou um dos braços, desajeitadamente, nos ombros dela, abraçando-a de lado.

— Isso é um pouco estranho — admitiu Harry.

— Eu não acho... — Amber deu de ombros.