Misty olhou para trás e Milly começou a correr até ela. Com lágrimas presas em seus olhos, a ruiva se abaixou e a menina loira se jogou em seus braços.

MILLY: Mamãe – ela sussurra contra seu ouvido, fazendo a ruiva apertar ainda mais o abraço das duas.

MISTY: Bebê – ela murmura, puxando a pequena para seu colo e sentando na areia.

     Jony não conseguia processar as informações. Misty era… mãe?

ASH: Milly – ele sorri fracamente, ainda estava atordoado com todas as descobertas – que bom que acordou.

MILLY: A mamãe cuidou muito bem de mim papai – ela fala, acomodando-se nos braços da ruiva, que sorriu e beijou seus cabelos, fazendo a mesma suspirar aliviada.

     Jony estava começando a ficar vermelho de raiva. Papai? Ash era o pai?

JONY: Mi… que história é essa de filha? Você nunca comentou que tinha uma filha, muito menos com esse aí – ele encara Ash mortalmente. O moreno retribui o olhar. Milly teria percebido, mas estava ocupada demais sentindo o cheiro da ruiva para fazê-lo.

     Misty começou a rir.

MISTY: Milly é a minha filhinha adotiva – ela comenta – eu prometi a ela que iria adotá-la como minha filha quando completasse a maior idade. Acho que está na hora né meu amor? – ela sorri para a pequena que sorri de volta e boceja, acomodando-se ali para dormir.

     Jony não gosta nem um pouquinho disso.

     Como assim adotar? A criança jamais o aceitaria e ele não estava nem sequer pensando em ter filhos tão cedo. Ainda mais uma criança já crescida, nem havia visto a menina começar a falar e andar, como poderia se chamar pai dela?

     E pelo visto ela já tinha um pai.

ASH: Está se sentindo melhor Milly?

     A menina assente com a cabeça. Era tão bom estar ali de novo, nos braços de sua mãe. Dizem que não há lugar melhor no mundo do que nos braços da sua mãe. Quem quer que tenha escrito essa frase não tinha a mínima ideia de como estava certo. Ainda nem conseguia acreditar direito que finalmente a sua mãe estava ali. Era quase bom demais pra ser verdade.

     Misty acariciava os cabelos loiros da pequena. Os olhos esmeraldinos estavam brilhando intensamente com as lágrimas presas.

     Olhou para Jony, Sam, Judy e Fêh. As quatro pessoas que ela aprendera a amar. Todos como amigos, menos Jony que era algo a mais. Ou não. Seus sentimentos estavam tão confusos que nem ela mesma conseguia afirmar se ainda amava Jony do jeito que pensara.

DAWN: Então o Ash realmente não é louco – ela comenta quebrando o clima estranho que se formara ali – eu pensei que fosse sabe, ele parecia um zumbi – a morena tenta imitar um zumbi recebendo alguns risos fracos  e um olhar mortal do moreno.

     Misty pisca os olhos um pouco confusa. Em nenhuma situação Ash havia perdido seu bom humor. Jamais, então… como ele poderia parecer um zumbi?

MISTY: Como assim um zumbi? O Ash é a maior criança – ela comenta.

     Dawn e Milly piscam confusas para a garota. Maior criança? Mas… ele raramente sorria ou brincava!

MILLY: Mamãe… acho que não estamos falando do mesmo Ash… sabe… ele não é criança! É um mala. Que não gosta de brincar.

     Misty pisca confusa e olha para o moreno.

ASH: Não me olha assim – ele fala irritado – eu pensei que tinha te matado! – ele exclama – poxa eu fiquei mal tá? – ele faz um biquinho.

     Diferentemente de todas as reações esperadas, a ruiva começa a rir. Mas rir alto mesmo. Ash aumenta o biquinho em seus lábios e a garota se atira para trás. Milly a encara confusa.

MILLY: O que é tão engraçado? – pergunta piscando os olhos.

MISTY: A… a cara do Ash.

     O moreno mostra a língua para a ruiva, que apenas ri. Sentira tantas saudades dessas brigas ridículas.

     Os presentes olham para o moreno e começam a rir também. Mas todos param ao ouvir o celular dele tocar.

ASH: Alô? – pergunta atendendo sem nem ao menos olhar o nome da pessoa que o ligara.

BROCK: E então Ash? Já está decepcionado? Já descobriu que a Misty que Dawn falou que conhecia não é a nossa Misty? – o moreno pergunta triste. Queria tanto ter a mesma esperança que o mais novo.

ASH: Decepcionado eu estou – ele fala levantando a mão para que Misty não viesse falar com o amigo – essa idiota me arranjou um namorado por aqui e fica agindo pior que a May. E olha que eu já acho ela meiga – ele comenta dando de ombros.

     Brock fica encarando o rosto do amigo com os olhos arregalados.

BROCK: Ela… Myst… não está morta? – nem conseguia acreditar. Os demais ouviam a conversa atentamente.

     Misty achou que essa era a sua chance e colocou Milly sentada na areia, depois se atirou em cima de Ash e olhou para Brock pela tela.

MISTY: Se eu tivesse morrido, teria ido puxar os pés de vocês toda noite seu bobinho – ela fala sorrindo.

     Lágrimas começam a escorrer dos olhos de Brock deixando um rastro vermelho por todo o seu rosto.

BROCK: Misty… você está viva – ele sussurra – o Ash tinha razão… desculpe por termos desistido, eu deveria ter ouvido esse cabeça-oca e ter ido atrás de você.

MISTY: Devia mesmo! Fiquei que nem uma bocó esperando por vocês – ela reclama com um biquinho nos lábios.

     Brock começou a rir ao ver a posição dos amigos. Ash estava sentado de pernas cruzadas com o rosto vermelho, se de raiva ou vergonha Brock não saberia dizer, enquanto Misty estava atirada sobre as pernas dele.

ASH: Cabeça-oca é você Brock. E sai de cima de mim – ele empurra Misty que lhe mostra a língua. Ele mostra de volta e Brock volta a rir.

BROCK: Vocês dois mal se viram e já estão brigando? Ah, quase me esqueci – Misty foca novamente sua atenção para o velho amigo – que história é essa de estar namorando? Quem te deu autorização? Eu nem conheço o cidadão, nem pense que eu vou deixar isso assim ruivinha, quero nome, endereço e ficha policial. Ash o que achou?

ASH: Sabe o que eu vou falar. Não merece essa mala – ele aponta para a ruiva que bate no braço dele – para com isso Misty! Ele é… sei lá, não conheço direito, mas pelo simples fato de namorar ela, já não gostei – ele dá de ombros, recebendo um olhar fulminante do loiro em troca.

BROCK: Você não conta. Não gosta de nenhum dos pretendentes dela, por você a Misty morria solteira.

ASH: Não vamos exagerar também – ele fala se encolhendo.

MISTY: Podem parar de falar como se eu não estivesse aqui? E Ash, eu quero um celular que nem o seu – ela fala para o moreno.

BROCK: Fui eu quem deu o celular para ele – comenta com um sorriso vitorioso nos lábios.

MISTY: KYAAAAAAAAAAAAAH – grita com um biquinho nos lábios. Todos os presentes pulam de susto – eu também quero um celular assim!

     Os habitantes da ilha suspiram aliviados. Misty não era de gritar… havia alguma coisa muito errada acontecendo ali.

BROCK: Eu vou ter que desligar… e Misty… eu e Lily estamos juntos – a tela ficou preta.

     Uma veia saltou da testa da ruiva que fulminava o celular.

MISTY: Quem ele pensa que é para namorar a Lily? Mas eu pego esse moreno de jeito quando eu voltar.

     Um silêncio incômodo se instala no local logo após as palavras da ruiva. Ir embora? Ela nem havia pensado direito e já queria ir embora? Um sorriso aparece nos lábios de Ash ao ouvir aquilo.

JONY: Mas Mi… você não pode ir embora, e a gente? – ele pergunta.

MISTY: Ah. A Fêh e a Judy sabem cuidar das pessoas aqui – ela comenta – não vão mais precisar dos meus serviços e eu sempre vou vir visitá-los – ela comenta com um sorriso.

JONY: E eu Mi? – ele pergunta. Então a ruiva finalmente entende o significado das palavras dele. Ela sai de perto de Ash e se aproxima do loiro.

MISTY: Você… nós dois… isso que rola entre a gente não vai mudar Jony – ela segura a mão dele com um sorriso – você vai continuar sendo meu namorado, a diferença é que eu vou me mudar.

JONY: Mas você vai para muito longe! Como uma relação pode sobreviver a isso? – pergunta com os olhos magoados.

MISTY: Você me ama? – ela pergunta. Nunca tivera coragem de dizer que o amava, provavelmente por causa do sentimento não ser recíproco.

JONY: Amo – respondeu sem hesitar um único segundo.

MISTY: Então vai sobreviver – ela fala com um sorriso. Depois vai até Milly e senta-se ao lado da loirinha.

ASH: Tanto faz – fala emburrado. Misty solta um risinho – mas agora você deve começar a se explicar Waterflower.

      Misty se encolhe perante o olhar do amigo. Sabia que esse dia chegaria, afinal não poderia atuar para sempre. Infelizmente.

JUDY: Do que ele está falando Mi? – pergunta a menina confusa.

MISTY: Não fui completamente sincera com vocês.

FÊH: Acho que percebemos isso pelo comportamento do garoto – aponta para Ash com a cabeça.

     Milly segura sua mão bem forte. A ruiva olha para a pequena e fica um pouco mais calma. Depois olha para Ash. Ele sorria para ela. Uma paz a invade e ela respira bem fundo antes de começar.

MISTY: Quando eu cheguei aqui era tudo muito novo. Eu lembro que vocês me acolheram super bem. Fiquei feliz até que Jony falou que eu não precisava fingir que era corajosa e blá, blá, blá… fiquei com vontade de te bater naquela hora – ela olha para o loiro com um sorrisinho nos lábios – mas eu gostei da sua ideia. Fingir sabe… era mais fácil esquecer vocês – ela olha para Ash e Milly – se eu fosse outra pessoa. Não doeria muito se eu não fosse mais a Misty Waterflower, se não fosse mais a Myst eu não pensaria tanto em vocês… mas… não adiantou muito.

     Novamente o silêncio tomou conta do local. Os habitantes estavam paralisados de surpresa… quer dizer que aquela garota meiga e delicada que protegeram e amaram… não existia?

SAM: Então… foi tudo uma mentira? Todos esses anos foram uma mentira? – ele pergunta com um quê de irritação junto da surpresa.

MISTY: Não! Jamais pensem isso – ela responde rapidamente – eu amo vocês. Amo muito mesmo, mas eu não conseguiria… vocês iriam começar a fazer comentários e muito da minha personalidade eu devo ao Ash e ao Brock. E o meu objetivo era esquecê-los! Vocês conheceram uma parte minha que eu detesto.

JUDY: Por que detesta?

MISTY: Porque vocês conheceram a minha parte frágil. E nem mesmo Brock conhece muito dessa parte. Escondo-a sempre que possível – ela olha para Ash com um sorriso – claro que existem pessoas que conhecem esse meu lado. Como o Ash.

     Ash sorri. Agora entendia. Mas ainda havia uma dúvida cruel rondando sua mente.

ASH: Por que não voltou? O mar nunca foi um problema para você.

     Ela morde o lábio inferior e se encolhe. Ash sabia que isso significava problemas.

MISTY: Eu liguei pro Gary.

     Ash pisca confuso. Para o Gary?

ASH: Mas…

MISTY: Eu queria saber se sentiam a minha falta! Mas… ele me contou que você não se importava e que estava melhor sem mim então… eu resolvi ficar – ela olha para o lado magoada.

     Uma fúria que Ash nem ao menos sabia que existia dentro dele começa a crescer sem parar. Gary… mataria o garoto. Estava morrendo de vontade para fazê-lo.

ASH: COMO ASSIM? – explode – NÓS CHORAMOS POR DIAS! EU QUASE ENTREI EM DEPRESSÃO PENSANDO QUE TINHA TE MATADO, AS SUAS IRMÃS FECHARAM O GINÁSIO POR MESES POR NÃO AGUENTAR VER OS POKEMONS SEM PENSAR EM VOCÊ E AQUELE IMBECÍL FALOU QUE ESTÁVAMOS FELIZES?

    O rosto do moreno estava vermelho. Ele tinha vontade de matar o rival. Como ele ousava mentir assim para a ruiva? Como? Justo nesse assunto? Gary havia passado dos limites. Gravemente.

    Misty olhava com os olhos arregalados para o amigo. Não conseguia acreditar naquilo. Desde quando Ash era tão explosivo? Gary mentira. Misty tinha vontade de acabar com a vida do moreno. Ninguém tinha o direito de fazer isso com ela.

MISTY: Ele… mentiu? – uma veia pulsava em sua testa.

ASH: NÃÃÃÃO – fala irônico, ainda gritando – VOCÊ NOS CONHECE DESDE SEMPRE E ACHA O QUÊ? QUE NÓS FICARÍAMOS SUPER FELIZES POR PERDER NOSSA MELHOR AMIGA?

     Misty abre um pequeno sorriso. Como pudera desconfiar justo de Ash? Por que o fizera?

MISTY: Baixa o tom baka – ela fala rindo – o que importa é que você me encontrou… graças a Dawn, mas tudo bem – ela olha para a amiga que abre um enorme sorriso – Mas agora pode contando. A May e aquele garoto de cabelo verde que eu esqueci o nome? – pergunta.

ASH: Estão juntos – murmura a contra gosto. Um enorme sorriso se faz presente nos lábios da ruiva.

MISTY: Pode passando – ela estende a mão.

     Ash torce o nariz e entrega uma nota de vinte para ela. Quando toca em seu bolso novamente sente algo frio. “O colar” ele pensa.

     O moreno o retira do bolso e vê os olhos da amiga brilharem.

ASH: Acho que isso é seu…

MISTY: Ash – ela pega o colar e o coloca imediatamente.

     O moreno não comenta nada. Não era o momento. Não com tantas pessoas por perto. Jony ergue uma sobrancelha.

JONY: Que colar é esse? – pergunta enciumado.

MISTY: Um presente – ela olha para Ash com um sorriso – uma lembrança de tempos maravilhosos.

JONY: Que lembrança?

      Uma veia aparece na testa do moreno. E ele suspira para não bater em Jony.

ASH: Seguinte: sem ciúme. Já não gosto de você – fala para Jony que dá de ombros. Também não gostava do moreno – se tentar fazer qualquer coisa pra acabar com a minha amizade com a Misty eu…

MISTY: Não assusta meu namorado Ash – ela reclama – você sempre dá um jeito de acabar com meus namoros! Para com isso.

ASH: Não posso. Eu quase te matei – havia mágoa ao falar isso – não vou deixar que um imbecil qualquer me afaste de você de novo agora que te reencontrei.

     Um sorriso ainda maior brota nos lábios de Misty.

MISTY: Você não me matou – ele estava pronto para interromper, mas ela é mais rápida – calado. Nem tentou me matar. Acidentes acontecem e sim, eu poderia ter morrido, mas seria irônico justo eu morrer no mar não é mesmo? – ela ri e troca um sorriso cumplice com o amigo, que não consegue deixar de sorrir de volta.

ASH: É… mas ainda assim… nunca vou gostar de nenhum namorado seu.

JONY: Que pena – fala emburrado.

     Misty abre um pequeno sorriso.

JUDY: Vamos dormir, amanhã conversamos melhor.

ASH: Vão vocês – a ruiva encosta a cabeça no ombro dele e puxa Milly novamente para seu colo. Jony sente inveja. Eles pareciam uma família assim.

JUDY: Mas…

MISTY: Judy… eu e Ash estamos há anos sem conversar, sendo que antes o máximo que aguentamos foram alguns meses – ela lhe lança um olhar ameaçador – se falar que não sentiu minha falta eu bato em você.

     Uma quase gargalhada escapa do moreno. Claro que sentira falta dela.

ASH: Claro que senti a sua falta. Não existe ninguém melhor para discutir – comenta sorrindo.

SAM: Mas é contra as regras…

MISTY: Só hoje Sam – ela pede com os olhinhos brilhando.

     Sam não parece gostar muito da ideia, muito menos Jony.

FÊH: Mesmo que vocês conversem mais um pouco, precisamos ver onde Ash irá dormir.

ASH: Na barraca da Myst, claro – ele fala o óbvio e Misty fecha os olhos bem forte, como se sentisse dor.

JONY: ISSO NÃO – ele grita segundos depois da ruiva ter fechado os olhos.

MISTY: Jony. Eu e Ash já dormimos várias vezes no mesmo quarto e não é na mesma cama e nem nada do tipo.

JONY: Nem eu durmo na sua cabana Mi – ele fala indignado.

ASH: Claro que você não dorme na cabana dela, quem você pensa que é para sonhar em dormir na cabana dela? Nem pensar – o moreno fala.

MISTY: Parem com isso os dois! – exclama irritada.

     No mesmo instante tudo fica em silêncio.

SAM: Mi… é contra as regras ele dormir no seu quarto – o garoto comenta.

     Misty suspira frustrada. Nunca gostou das regras da ilha, mas agora elas lhe pareciam piores ainda.

MILLY: Parem com isso! – todos se viram para a menininha – desde que eu e o papai chegamos vocês só brigam e brigam e brigam! – lágrimas se formaram nos olhinhos da pequena – vocês não sabem o que é ficar anos longe de alguém que se ama. E o papai e a mamãe se amam! – Ash e Misty coraram um pouco e estavam prontos para interromper a pequena quando ela continuou – talvez não do jeito que as mamães e os papais das outras pessoas se amem, mas é um amor. Amor de amigo – Misty sorriu – e dói ficar longe de um amigo – Ash e Misty se olham, um pequeno sorriso nos lábios de cada um deles – e eu fiquei longe da minha mana, da minha mamãe, da minha amiguinha. Não quero ficar longe dela de novo e o papai também não.

     Dawn, Judy e Fêh tinham um olhar encantado. Que menininha mais fofa! Olham para os meninos, como negar o pedido dela?

JONY: Não. De jeito nenhum.

MISTY: Bem… desculpem-me gente, mas existe um lado meu que vocês não conhecem… mesmo que vocês decidam que Ash vai ir dormir em outro local, mesmo que vocês decidam que nós não vamos poder conversar agora, isso não muda nada. Estou falando que nós vamos conversar agora e que ele vai dormir no meu quarto – ela suspira – desculpa, mas isso vai acontecer, vocês querendo ou não.

SAM: Que rebeldia é essa agora Mi?

MISTY: Não é rebeldia. É saudade. Imagine ficar anos sem ver a Fêh, que é a sua melhor amiga – a garota cora – e depois quando finalmente se reencontram nem ao menos podem conversar. Existem coisas que eu não contaria para vocês. Coisas que eu só posso contar pro Ash, porque vocês não entenderiam.

JONY: Mas conta pra mim – ele fala, os olhos marejados, o garoto sentia como se estivesse sendo substituído.

     Ela nega com a cabeça, sorrindo.

MISTY: Não Jony. Eu não posso contar pra você por vários motivos. O que eu vou contar para o Ash você já sabe. Contarei para o que aconteceu nesses anos, mas contarei do meu jeito, colocando alguns pensamentos que eu não quero que vocês saibam.

JONY: Mas não podem haver segredos entre nós!

MISTY: E não há nenhum segredo entre nós – “talvez um” ela pensa – mas eu quero conversar com a minha filha e com o meu amigo em particular. Uma das coisas que eu mais preso em um relacionamento é a confiança Jony e se você não confiar em mim, então não tem como continuarmos.

     Um silêncio se fez ali e Jony ficou fitando a ruiva com os olhos arregalados.

Continua…