Agosto, volta às aulas. Yasmin tinha se mudado de cidade, devido ao trabalho de seu pai. Seria seu primeiro dia na nova escola, estava muita preocupada, pois se sentiria estranha ao ingressar em uma escola na metade do ano, onde já havia grupos de amigos.

Yasmin era uma garota de 16 anos, tinha longos cabelos pretos e olhos verdes claro. Morava sozinha com seu pai, após a morte de sua mãe, que havia morrido quando Yasmin tinha 6 anos. Depois de 10 anos, eles se mudaram para uma pequena cidade do interior.

– Bom dia, Yah. Ansiosa para a nova escola? – Perguntou Mauro, o pai de Yasmin.

Yasmin recebeu o beijo do pai:

– Um pouco, é complicado começar em uma escola nova, principalmente quando é no meio do semestre.

Terminando o café da manhã, Yasmin foi tomar banho e se arrumar para ir à escola. Como era uma cidadezinha do interior, a casa não era muito grande, mas o quarto dela era espaçoso. Era um quarto de uma adolescente normal, computador, televisão, aparelho de DVD e vários pôsteres de suas bandas preferidas colados na parede.

Mauro fora enviado para trabalhar em uma fábrica no centro da cidade, não era operário, trabalhava no escritório. Ele era um homem alto, com seus quarenta anos e era fumante.

– Vamos, Yasmin! Estamos atrasados. – Disse Mauro batendo na porta do quarto da filha.

– Pronto, pai - Yasmin abriu a porta. Ela estava linda com o uniforme, camiseta branca com o símbolo da escola, calça preta com uma listra vermelha na perna, estava com o cabelo preso e com a mochila nas costas. – Podemos ir, Senhor Mauro.

Pai e filha foram para a garagem pegar o carro. Lá dentro Mauro pediu para Yasmin tirar o fone e não usar dentro da escola, já que era uma aluna nova. Chegando na escola, Yasmin deu um beijo no pai e se despediu.

– E aí vou eu. – Ela respirou fundo e cruzou o portão.

A escola era muito grande, tinha muitos alunos e logo ela viu pessoas se cumprimentando e percebeu que não seria fácil conseguir se enturmar. Aquela escola era totalmente diferente da antiga, Yasmin não se sentia a vontade, era estranho chegar e não ter ninguém para conversar, falar sobre as férias, dar risada.

– Com licença... Você é nova aqui né? – Era um garoto alto, magro, que usava óculos tinha cabelo preto. Yasmin respondeu que sim, o garoto estendeu a mão - Sou Thiago, muito prazer. E esse é o Murilo- disse apontando para um outro garoto.

– Sou Yasmin.

– Olá. – disse Murilo. Ele era um pouco mais baixo que Thiago, tinha cabelo espetado e castanho, seus olhos eram pretos.

– Em que sala você está?- perguntou Thiago

– Estou na sala 7, sou do 2º Médio. Sabem onde é?

– Se sabemos? Hoje é seu dia de sorte, nós também somos do 2º, YaYa. Posso te chamar assim? – Perguntou Thiago, Murilo faz um gesto de desaprovação, mas foi imperceptível.

– Claro que pode. Então, onde que é?- Yasmin deu um sorrisinho.

– Você não quer conhecer o resto da escola? Posso te mostrar. – Thiago se convidou.

– Não, obrigada. Já conheço, já vim aqui antes com meu pai. – O sinal soou – E nem daria tempo também.

A sala 7 era no piso superior, assim que Yasmin chegou na sala ela foi logo apresentada para algumas pessoas.

– Sou Luisa, e acho que você deve saber quem é que manda aqui, caloura. – Luisa era a garota mais popular do colégio, e a mais bonita também. Os garotos babavam por ela, tinha os cabelos louros escuros e grandes olhos e azuis.

– Ah, legal. – Disse Yasmin sem se intimidar. E sentou ao lado de uma menina que usava óculos, tinha todo um estilo nerd, franja e cabelo preso ao rabo de cavalo. – Oi, sou nova aqui, qual o seu nome?

– Sou Thais. – disse quase sussurrando.

A primeira aula era de Biologia, a professora entrou na sala. Era uma negra muito bonita, cabelos encaracolados, seus dentes eram bem brancos, usava um batom claro e seu rosto possuía traços leves.

– Olá turma, como foram de férias? Vejo que temos uma aluna nova, gostaria de se apresentar? – Perguntou a professora para Yasmin.

– Me chamo Yas...- Mas foi interrompida pela professora.

– Aqui na frente. Pode vir, sem vergonha.

Ela se levantou, e os olhares de todos os meninos da sala a acompanharam. Luisa percebeu e não escondeu sua raiva. Yasmin foi até a frente da sala e começou a falar.

– Me chamo Yasmin Romero, me mudei para cá um pouco menos de um mês. Moro com meu pai desde que minha mãe morreu.

– Sou a professora de Biologia, Deise. Alguém tem alguma pergunta para a nossa nova colega? – Deise se dirigiu para a sala.

– Como sua mãe morreu? – Uma menina no fundo da sala perguntou, Yasmin não tinha notado sua presença até aquele momento. Ela tinha estilo meio rockeira, cabelo curto com mechas azuis, usava duas pulseiras de metal que tampavam os pulsos, batom escuro e alguns piercings pelo rosto.

– A vampira abriu a boca- Luisa tirou sarro da garota e grande parte dos alunos caíram na risada.

– Luisa, nós agradeceríamos se você não fizesse seus comentários grosseiros. – Disse a professora– Yasmin, pode se sentar agora, obrigada.

– Ok. – Yasmin se senta.

As aulas passaram. E o sinal do intervalo foi tocado, Yasmin dispensou a companhia de Thiago e seus amigos para comer ao lado de Thais. Ela era tímida, Yasmin fez muitas perguntas sobre a escola e sobre alguns alunos.

– Aquela menina que fez a pergunta sobre a morte da minha mãe, quem é?

– É a Alexandra. Ela até que é legal, mas depois ficou com aquele estilo todo estranho, e a Luisa e as amigas dela ficam fazendo brincadeirinhas com ela. – respondeu Thais indicando com a cabeça a Alexandra que estava sozinha encostada no muro.

– E qual é a da Luisa? Ela já chegou me intimidando. - perguntou Yasmin.

– Ela é paranóica, bonita, mas louca. Ela acha que só por ter beleza, ela pode mandar em tudo. Ela faz de escravos todos os meninos dessa escola. E...- Thais fez uma pausa- ela sempre me ameaça para ajudá-la nos trabalhos e nas provas.

– Isso é horrível!- Yasmin indignada – Thais você não pode ficar com medo “dessazinha” ai.

O sinal soou. Início de mais uma aula, Yasmin ficou para trás para tentar uma aproximação com Alexandra, mas sem sucesso.

Passaram-se vários dias , Yasmin ia conseguindo se manter na escola, ela era inteligente, mas não chegava nem perto da inteligência de Thais. As duas ficaram muito amigas, incomodando Luisa, que descontava toda sua raiva em Alexandra.

Em um dia chuvoso, após receber as notas das provas e ter tirado a nota mais baixa da sala por não ter recebido ajuda de Thais, Luisa enfurecida na hora do intervalo começou a brigar com Alexandra, a empurrou no meio da chuva e começou a xingá-la de todas as ofensas possíveis, que se juntou com o coro dos outros estudantes. Alexandra se levantou e deu tapa na cara de Luisa que caiu de joelhos, ela se levantou com muita raiva e tentou acertar Alexandra, mas Yasmin apareceu na frente e recebeu o tapa.

– O que está acontecendo aqui? Todos para suas salas, agora! – Era o diretor, estava furioso – Menos vocês três. Vão se trocar e depois vão para a diretoria!- Apontou para Alexandra, Luisa e Yasmin.

Subindo para a diretoria, Yasmin sentia seu rosto queimar onde recebeu o tapa, olhou para Alexandra que estava com o rosto todo manchado devido à chuva que fazia a maquiagem derreter e viu algumas manchas abaixo dos olhos. Foram levadas para uma sala para se secarem.

– Sempre quis fazer isso com a caloura. – Disse Luisa se deliciando com as palavras. – E você vai me pagar por esse tapa, sua vampira esquisitona. – Olhando feio para Alexandra.

– Por que você fez aquilo? Por que apareceu para me defender? – Alexandra falou furiosa, mas Yasmin não pôde deixar de notar um certo tom de tristeza.

– Porque não agüentava mais vê-la te maltratando, odeio esse tipo de gente. Sempre tentei me aproximar de você desde meu primeiro dia aqui, mas nunca consegui.

– Sei. Mas você nunca falaria com a “vampira esquisitona” aqui – Alexandra falou quase sussurrando.

– Acredite, ser normal não é legal. Ser normal é sem graça, o que nos torna especial são nossas diferenças. – Yasmin falou sorrindo e foi surpreendida por um abraço de Alexandra.

– Você não sabe o quanto isso significou para mim. Ninguém nunca falou isso. Obrigada por me fazer sentir alguém.

– Amigas? – perguntou Yasmin

– Sim. – Alexandra passou as costas da mão esquerda para enxugar os olhos.

– Ei, se lembra do meu primeiro dia aqui, que você perguntou sobre a morte da minha mãe? Ainda gostaria de saber?

– Se você não se importar. – Disse Alexandra encabulada.

– Bla bla bla – Ironizou Luisa

Sem se importar, Yasmin começou a falar:

– Não tem nada. Eu tinha 6 anos e iria ganhar um irmãozinho, estava tudo pronto, quartinho todo montado, mas houveram complicações na hora do parto e minha mãe e meu irmão acabaram morrendo. Depois disso, meu pai ficou super mal e quase fomos despejados de nossa casa, se não fosse por ajuda da família...nem quero pensar onde nós estaríamos hoje. – Lágrimas desceram pelos olhos de Yasmin

– Nossa, que barra isso. – Disse Alexandra passando os dedos e enxugando as lágrimas da amiga.

– Mas aí, após tudo isso, meu pai melhorou e conseguiu um emprego maravilhoso. Até já saímos do país. – A conversa foi interrompida pela secretária da escola que chamou as três meninas.

As três garotas foram até o diretor, onde seus parentes estavam esperando. Havia uma mulher loira, tinha porte de atleta e nariz empinado, Yasmin logo deduziu de quem ela era mãe, e havia uma senhora, com um olhar triste, era a avó de Alexandra. O Mauro estava lá, com uma cara furiosa para sua filha. Começaram a falar com o diretor. Foi decidido que as três garotas seriam suspensas por três dias e fariam trabalhos para compensar.

No dia seguinte, Alexandra foi até a casa de Yasmin para fazerem o trabalho. Alexandra ficou espantada com a casa, para ela era como se fosse uma mansão, mesmo que fosse pequena, ela era muito ajeitada e bonita.

Alexandra morava com a avó em uma pequena e humilde casa no fim da cidade, ela tinha bolsa na escola de 50% e era paga com a aposentadoria do avô e da pensão do pai dela.

Juntas, foram até a biblioteca da cidade. Yasmin ficou boquiaberta.

– Como que uma cidade pequena pode ter uma biblioteca tão grande com tantos livros?

– Essa biblioteca é histórica. Tem todos os tipos de livros, não me surpreenderia se aqui tivesse livros raros que nem outros países possuem. – Explicou Alexandra – Olá Charlie, essa é Yasmin. Viemos pegar alguns livros para um trabalho da escola. – Charlie era o responsável pelo balcão, era um homem de meia idade, parecia ser rabugento, era careca e usava óculos minúsculos.

– Prazer, Yasmin. Você é nova na cidade né? Fique a vontade. – Charlie tinha uma voz rouca.

As duas garotas foram procurar os livros nas prateleiras. Era fantástica a quantidade de livros, prateleiras e andares que a biblioteca tinha. Antes de pegarem os livros para levar para casa, elas sentaram e começaram a conversar um pouco sobre a vida delas.

– Meus pais se separaram, minha mãe me deixou com meu pai que me abandonou e desde então minha avó vem cuidado de mim. Não é fácil, nós não temos muito dinheiro para mudar de cidade, então temos que continuar morando aqui e estudando na única escola que tem.

– Deve ser difícil. – Yasmin teve uma ideia - Alex, que tal você dormir na minha casa hoje? Posso chamar a Thais e ela pode nos ajudar com o trabalho. – Ofereceu.

– Ninguém nunca me chamou antes para dormir fora. Vou ver com minha avó, mas acho que ela deixa sim. – Alexandra abriu um sorriso. – Sabe, você ta sendo uma amigona pra mim. Nunca conversei muito com a Thais, mas ela é a única daquela sala que não faz Bullying comigo, entende? Ela é bem legal.

– Bullying? Que horror. Pensei que não tinha nessas cidades pequenas, mas depois que eu vi o que aquela “barata” fez com você. – As duas não puderam deixar de rir.

– Yasmin, nunca falei pra ninguém, sabe, tentei me matar várias vezes. Mas nunca consegui, acho que algo me impede, para não deixar minha avó sozinha. – Yasmin levou as mãos na boca, após ver os pulsos de Alexandra cortados quando ela retirou as pulseiras. – Às vezes alivia um pouco a dor emocional ao me cortar. Ver o sangue escorrendo pelo piso do banheiro, quando me tranco lá após chegar da escola.

– Mas, sua vó...? – Yasmin espantada não conseguiu nem terminar.

– Ela nem desconfia. Eu comecei a usar essa grande quantidade de maquiagem por causa disso, tampa minhas olheiras depois que passo a noite toda chorando em silêncio. As pulseiras impendem a visão dos meus pulsos cortados. Sei que isso é loucura, mas dá um certo alivio. Não tenho ninguém com quem desabafar e não tenho coragem de falar para minha avó, tenho certeza que ela pagaria consultas para um psicólogo, mas não quero preocupá-la e gastar com “besteira” nosso dinheiro.

– Promete pra mim que nunca mais vai fazer isso. Olha pra mim, Alex. – Alexandra estava olhando para o chão com os olhos cheios de lágrimas. – Você tem uma amiga agora, pode contar comigo, pode desabafar. Não vou te abandonar e ...- Yasmin foi interrompida.

– Olha só quem está aqui, Yasmin, a menina mais linda do colégio e a...? – Thiago tentava lembrar.

– Alexandra! – Falou Murilo para Thiago.

– Isso, Alexandra. O que vocês fazem aqui? – Thiago largou dois livros no braço de Murilo.

– Já estávamos de saída, viemos pegar alguns livros para o nosso trabalho. E vocês, não deveriam estar na escola? – Yasmin perguntou.

– Acabamos de chegar. Sabe, hoje o dia foi chato sem você lá, Ya. – Yasmin sorriu forçadamente e não fez a mínima questão de esconder isso.

– Você se corta! – Todos olharam para Murilo. – Alexandra, você corta os pulsos. – Disse ao ver um pedaço da cicatriz que não foi totalmente coberta com as pulseiras.

– Legal, amanhã todos na escola saberão que a vampira se corta e bebe seu próprio sangue. – Disse Alexandra em tom irônico.

– Você bebe o seu sangue? – Perguntou Thiago.

– É claro que não, seu asno. – Rebateu Alexandra.

– Pode ficar sossegada, isso não vai sair daqui, não sou fofoqueiro e o Thiago também não irá espalhar, não é?!– A pergunta de Murilo foi mais uma afirmação. Thiago assentiu com a cabeça.

– Bom, estamos indo. Que fique em segredo tudo. Tchau. – Yasmin se despediu dos garotos levantando e guiando Alexandra.

As duas passaram por Charlie avisando quais livros pegaram e saíram da Biblioteca. Alexandra ligou para a vó e perguntou se poderia dormir na casa de Yasmin, recebendo a confirmação elas se despediram. Cada uma voltou para as suas casa, Alexandra voltaria a noite para a casa de Yasmin após arrumar a mochila.

Quase de noite, Thais chegou na casa de Yasmin. Logo depois chegou Alexandra, que tentava manter um diálogo com a pequena nerd. Mauro chamou as três garotas para lancharem, havia comprado uma pizza de frango com catupiry, uma de muçarela e calabresa, e uma de banana com bordas de doce de leite para a sobremesa.

O tema do trabalho de Yasmin e Alexandra era sobre conflitos étnicos, Thais foi apenas dar um auxílio e o trabalho ficou perfeito. Já na hora de dormir, elas foram para a sala, já de pijama, para assistirem a um filme de Suspense. Nem acabaram de assistir, Alexandra pegou no sono e Yasmin ficou conversando com Thais.

– Eu e a Alexandra sempre estudamos juntas, nunca nos falamos muito, apenas um “Bom Dia” na maioria das vezes. Mas depois de hoje, percebi que ela é uma menina legal.

– É, bom, ela é muito sozinha na escola. Acho que nós três podemos ser grandes amigas. – Disse Yasmin comendo o resto da pipoca. As duas garotas logo pegaram no sono na sala.

Vários dias se passaram, e novamente período de provas. Thiago e Murilo ficaram mais próximos de Thais e Yasmin, devido elas serem as mais inteligentes da sala, sempre ajudavam os dois e Alexandra com as provas. Luisa não conseguia ir bem em mais nenhuma prova e ainda guardava raiva de Thais por ela não ter ajudado bimestre anterior.

Alexandra já não sofria Bullying, agora que andava com Yasmin, Thais, Murilo e Thiago. Ela foi perdendo as características de “vampira”, parou de usar batom escuro, e não precisava mais tampar as olheiras que já haviam sumido, as grossas pulseiras que antes tampavam suas cicatrizes do pulso foram substituídas por um fina pulseira dada por Thais, deixou o cabelo crescer um pouco e não tinha mais mechas azuis, mas ainda possuía um piercing na boca e no nariz. Realmente ela não era feia.

Em uma das aulas de Ed Física, as meninas jogavam vôlei enquanto os meninos jogavam futebol. A quadra era enorme, e era divida em quatro, um espaço de futebol, um de vôlei, um de basquete e um para ginástica. Alexandra era boa jogadora de vôlei, sacava e defendia muito bem, tinha encontrado algo que era melhor que Yasmin, mas Luisa era tão boa quanto. Sabendo dessa rivalidade, a professora Mariana colocou as duas como capitãs de cada time. O time de Alexandra ganhou, Murilo que era reserva do time de futebol, assistiu o jogo de vôlei e foi parabenizar a capitã campeã e ela acabou roubando um beijo, e saiu correndo após, Murilo ficou parado no lugar enquanto as meninas começavam a bater palmas, Yasmin e Thais foram atrás de Alexandra.

– Alex, o que foi aquilo? – Yasmin perguntou com um grande sorriso – Você nunca me contou que gostava do Murilo.

– Nem eu sabia. - Alexandra escondia o rosto dentro de um dos Box do banheiro feminino. – Mas a vontade do beijo foi mais forte.

– Com licença. Alex, você está ai? – Murilo estava na porta do banheiro.

– Não, por favor, não quero falar com ele. Estou com vergonha. – Sussurrou Alexandra.

– Fala com ele, peça desculpa, é a melhor coisa a fazer. – Disse Thais e Yasmin concordou.

Alexandra lavou o rosto e saiu para falar com Murilo, ele estava do lado de fora andando em círculos e mordendo a gola da camiseta.

– Assim você vai abrir um grande buraco no chão. – Disse Alexandra. – Olha, Murilo, queria te pedir descul...- Agora fora Alexandra que recebeu um beijo surpresa. Ela apenas se deixou levar, ficaram ali quase 3 minutos se beijando, até que alguns alunos da 5ª série começaram a dar risada.

– Alex, quer namorar comigo? – As palavras de Murilo saíram, sem que ele pudesse pensar, mas era isso que ele realmente queria. Alex se jogou nos braços de Murilo e deu mais um beijo aceitando o pedido, os alunos da 5ª série começaram a assoviar e a bater palma.

Várias semanas se passaram após o primeiro beijo de Murilo e Alexandra. O casal continuava mais apaixonado do que nunca. Mas Yasmin tinha uma notícia para seus amigos, ela contou na hora do intervalo, quando se sentaram à mesa onde sempre ficavam.

– Pessoal - Yasmin começou com um tom triste na voz – semana que vem eu vou me mudar para a cidade grande. Meu pai novamente foi transferido.

– Mas você tem que ir com ele? – Perguntou Thais.

– Tenho sim, Thata. – Disse passando a mão pelos cabelos da amiga.

– Você pode vir morar comigo e com minha avó, Yah. – Ofereceu Alexandra.

– Não, Alex. Você e sua vó têm uma vida difícil, não quero atrapalhar. E, além disso, meu pai não duraria dois dias sem mim. Obrigada, mesmo. – Disse Yasmin com um sorriso triste. Alexandra colocou sua mão sobre a dela, e Thais fez a mesma coisa.

– Prometam que nunca vão me esquecer, e que nossa amizade será eterna?- Perguntou Yasmin colocando sua outra mão no montinho que formava com as mãos das outras meninas, e olhou para Murilo e Thiago.

– Prometemos! – Thais, Alexandra e Murilo falaram juntos. As duas garotas com lágrimas nos olhos. Murilo deu beijo no rosto da namorada.

–Tenho uma ideia. – Thiago disse animado. – Quero convidar vocês quatro para irem a minha casa nessa sexta à noite. Meus pais estarão em um casamento e eu ficarei sozinho.

– Que ideia é essa, Thiago? – Perguntou Alexandra.

– Uma festinha particular – Thiago respondeu e se levantou, já que havia batido o sinal. Os presentes apenas se entreolharam e ficaram em silêncio.