Pensar nos acontecimentos do ultimo ano já se tornara frequente a morena.

Desde sua ida até a cidade Grega não soubera mais como conduzir sua vida.

Era um fato novo atrás do outro.

Acostumara-se com luxos, aos quais nunca conhecera.

Apegara-se a uma família que não a pertencia.

E o pior, se apaixonara pelo grego mais sedutor que já existira.

Acreditar em fatos falsos a fizera errar. Errar muito, mas o pior foi descobrir que aquele que sempre julgara, era praticamente seu herói.

Mas não é engraçado, como sempre valorizamos as coisas quando as perdemos?

Foi exatamente assim com ela. Que mesmo apaixonada ainda era dura com o grego, mas bastou apenas uma hipótese de perda passar por sua mente, que fora capaz de ver o quão grande era seu amor.

Fora tantas idas e vindas.

Tantas verdades descobertas. Tantas lições aprendidas.

Tudo que a fez chorar, meses atrás, a fizera crescer. Amadurecer.

Aquela adolescente birrenta, emburrada e teimosa, finalmente se tornara uma mulher. Uma mulher mais paciente, de certo modo mais calma, ainda teimosa, mas, sobretudo uma mulher madura.

Madura o suficiente para perceber que as pessoas que mais amamos, são as que mais cometem erros conosco. Porém cabe nós decidirmos a quem perdoar.

Também aprendera a ser mais responsável. Responsável o suficiente para cuidar de uma criaturinha frágil.

Aquela pessoinha minúscula, qual vira emocionada se desenvolver pouco a pouco em seu ventre.

Suspira longamente se ajeitando na poltrona. Nunca se imaginara mãe.

Nunca imaginara amar alguém de um jeito tão imenso como ama sua pequena menininha.

Aquela bebe esperta, hoje com cinco meses. É realmente a cara do pai.

Os olhos azuis, os cabelos loiros desgrenhados do mesmo modo. A boca que parece ter sido desenhada de tão perfeita.

E até aquele sorrisinho de lado, que faz qualquer coração se derreter, tamanha fofura.

Levanta-se e caminha até a sacada aberta. O corpo se encosta contra o batente da porta. Cruza os braços e fecha os olhos suspirando novamente.

As lembranças passando sob as pálpebras da morena, lentamente. Cena por cena.

É como se pudesse reviver todos aqueles momentos, novamente.

–Olha quem está cheirosinha agora.- a voz rouca do grego surpreende Isabella que se vira. Um sorriso aparece nos lábios da jovem, ao ver o marido apenas de calça de moletom cinza, segurando a bebe risonha.

A morena se aproxima observando o cabelo de ambos. Os fios de mesmo tom, bagunçados da mesma maneira.

–Vocês são tão idênticos.- a moça diz.

Edward ri, ajeitando Elena no colo.

–Eu acho que ela se parece com você.- os olhos castanhos giram, enquanto ela tenta ajeitar o cabelo da pequena.

–Claro Edward, eu tenho os cabelos loiros e meus olhos são tão azuis como o oceano, não é?- os dois se encaram por alguns segundos antes de rirem juntos.

–Você viu que os dentinhos dela estão apontando?- orgulhoso o comenta.

–Vi sim amor.- sorri para o marido. –Nossa princesinha está crescendo. Não está meu amor?- pega nas mãozinhas rechonchudas encarando Elena. –Já está uma mocinha meu Deus.- a pequena Cullen solta risinhos, mostrando os quatro dentinhos nas gengivas. Dois em baixo e dois em cima.

–Quando ela vai falar amor?-

–Ah Edward isso é mais para frente, ela ainda é pequenina.- responde pegando a bebê nos braços. –Meu Deus que coisa mais cheirosa... Papai te deu banho direitinho mesmo.- apoiando as mãos no rosto da britânica a bebê morde a bochecha dela que ri.

Edward vai até a cama e se deita, os olhos atentos nas duas.

–Não entendo, você diz que ela já é uma mocinha e depois que ela é pequenina.- a mão grande esfrega os fios com veemência.

A morena ri, e se senta ao lado do Cullen.

–Edward, bebês só falam depois dos seis meses... Eu acho.- profere sentando Elena entre eles.

–Ela já tem cinco.- murmura beijando a cabecinha da menina.

–Cinco não é seis amor.- rola os olhos deitando a cabeça no peito do grego.

–É quase.-

–Quase, mais não é de fato.- beija a bochecha do loiro.

–Mais é pouco a diferença. Então nem conta.- sibila deitando Elena em seu peito desnudo.

–Claro que conta.-

–Não conta não.-

–Conta sim.- bufa devido a teimosia do grego.

–Não conta.- é persistente.

–Conta.-

–Não conta.-

–Claro que conta Edward. Deixe de ser teimoso.- ralha impaciente.

–Não conta Bella, você que é teimosa.-

–Eu não sou teimosa. E conta sim.- cruza os braços.

–Pra mim não conta.- Isabella rola os olhos.

–Aff, grego chato.- murmura emburrada.

–Britânica linda.- elogia. Os dois se encaram e riem juntos.

[...]

–Ela já dormiu?- deitada Bella indaga ao ver Edward voltar para o quarto.

–Sim.- responde sorrindo torto, o coração da moça dispara enquanto o loiro coloca a babá eletrônica sob o criado mudo.

–Não sei o porquê mais agora ela só dorme com você.- diz tentando esconder seu ciúme, enquanto o loiro deita ao seu lado.

–Quando não estou aqui é você que a faz dormir.- ela se aproxima e se aconchega nos braços do marido.

–Sim, mas quando está ela prefere você.- diz passando a mão pelo peito forte. Os olhos castanhos param na cicatriz sob o coração.

Seu peito se contrai quando lembranças retornam a sua mente. Chacoalha a cabeça e suspira.

–Deixe de ser boba, ágape mou...- as palavras de Edward são interrompidas. –O que foi ángelos? (meu anjo)-

–Nada amor, por quê?-

–Essa carinha triste, o que foi?- ele indaga fazendo carinho no rosto alvo.

–Só lembranças ruins.- suspira fechando os olhos. –Vi sua cicatriz e me lembrei de quando foi operado.- se aperta mais a ele. –Sei lá, bateu aquele medo de te perder de novo.- a voz fica embargada, e os olhos ardem por conta das lágrimas.

–Hey ómorfi̱ mou (minha linda), não pense mais nisso, ok? Vamos esquecer, já foi.- ele se aproxima lhe dando um beijo rápido.

–Nunca vou esquecer aquela noite agoniante.- murmura o abraçando mais forte.

–Ficar relembrando essas coisas, não faz bem ágape.- ele sibila baixo, fazendo carinho nos cabelos da jovem.

–Eu te amo, Edward.- sussurra encostando a testa na dele.

–Eu também te amo, Bella.- os dois se aproximam até unirem os lábios num beijo calmo. Os lábios dele prendendo os dela de modo carinhoso. As mãos percorrendo os corpos, como se estivessem se descobrindo.

Lentamente se despem, sem nenhuma pressa. A calça de moletom e a camisola de seda se formam em bolos nos pés da cama. As peças íntimas se perdem pelo grande cômodo.

Os corpos nus se colam, e o amor os rodeia. Ambos ofegando de prazer, com o olhar conectado. Os corações saltam nos peitos.

Ao alcançarem o maior dos prazeres se deleitam com gemidos altos. Acabam por fim ficando deitados na cama, abraçados e cansados.

Um silêncio se predomina. Passam segundos, minutos, e até horas. O tempo é o menos importante para o casal.

–Edward?- a morena é a primeira a quebrar o silêncio a voz levemente rouca.

–Hmm?- ela levanta parcialmente apoiando a cabeça no braço. Os olhares se encontram, um se perdendo no mar do outro.

–Por quê?- pergunta deixando homem sem intender.

–Por que, o que amor?- ela ri fraco, lhe dando um selinho.

–Por que você me ajudou? Por que me trouxe para Grécia, me apresentou pra sua família, me deu tudo sendo que nem me conhecia?-

Os olhos do grego brilham, e um sorriso torto aparece nos lábios.

–Não podia permitir que caísse nas mãos de alguém tão sujo como Alec.- sibila. –Eu sentia que valia a pena ajudar você.-

–Como?- curiosa morde o lábio.

–Eu não sei explicar Bella.- diz retirando uma mecha do rosto da morena. –Digamos que eu apostei em você.- os dois riem diante a ironia.

–Você ama uma aposta.- conclui dando um leve selinho no marido.

–Sim de fato, elas me atraem.- profere sedutor.

–Espero que não aposte em mais ninguém, ouviu.- ele ri a puxando para cima de seu corpo.

–Com certeza não apostarei.- garante. –Mas sabe, eu aposto em uma coisa...-

–Há é? No que?- o encara enciumada.

–No nosso casamento. Aposto que ele vai durar anos e anos. Como o dos meus pais.- responde deixando a moça emocionada.

–Own.- Bella o abraça, enchendo o rosto do grego de beijinhos. –Se for nisso eu também aposto, aposto no nosso casamento, na nossa filha, na nossa família, no nosso amor.-

–Bom, sabe que pra apostarmos precisamos de um jogo... Qual vai ser?- indaga beijando a testa da mulher.

–Quer jogo maior que a vida Edward?- suspira acariciando o marido. –Estamos jogando o jogo da vida.-

–Hmmmm...- ele solta, os virando na cama. –Então a nossa vida é um jogo, e o nosso amor é uma aposta.- filosofa rindo. –Isso foi profundo.- comenta fazendo a britânica rir.

–Foi amor.- concorda. –Estamos apostando então, Sr. Cullen.- segura o rosto do loiro entre as mãos encostando suas testas.

–Estamos, Sra. Cullen.-

Rindo, o casal sela com mais um momento de amor, aquela doce aposta.

FIM