Indômitos escrita por Aad Emslie


Capítulo 5
Pins e Needles


Notas iniciais do capítulo

De longe, o que mais amei escrever



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Entrou na taberna repleta de pessoas mal intencionadas, com objetivos cruéis, outrora ou mesmo ininterruptamente, fugitivos, capciosos e trapaceiros. Era naquele tipo de lugar que esta gente se encontrava. Era neste tipo de lugar que poderia encontrar uma carona, impetrar algum dinheiro ou achar alguém para enganar. Considerava sua sina. Uma sina muito bem vivida.

A iluminação estava nefanda. Havia mesas dispersas pelo local, de modo que umas poucas ficavam isoladas no fundo do recinto – para possíveis negociações. No lado oposto se localizava o bar com grande variedade de bebidas alcoólicas e com um barman gordo e barbado e com óculos redondos, em que uma lente era preta. Entre estes dois ambientes, na parede oposta a porta, retinha um pequeno palco com um piano sobre si, em que seu respectivo músico tocava uma harmonia lenta que era acompanhada por um saxofonista e por três dançarinas com vestidos soltos nas cores vinho e preto, onde uma delas acompanhava o decorrer das notas com sua voz de timbre melodioso e monótono na música Come rain or come shine de Juliette Lewis and The Licks.

Olhou para a dançarina ruiva a qual cantava e, esta, desprendeu seu olhar das mesas centrais e direcionou-o para a junção de duas mesas ao canto, que ficava sob a escada de madeira casualmente usada, onde havia seis homens.

Caminhou tranquilamente a mesa e sentou-se ao lado de um dos homens que esperavam pelo último integrante da aposta.

– Olá senhores – cumprimentou cordialmente.

– Está atrasado, Kevin – falou o moreno ao seu lado, de cabelos enrolados e castanhos e com um chapéu estilo vigarista.

– Pressões externas, caro Whittlock. Pressões populistas, melhor dizendo. – disse Kevin enquanto pegava um baralho de seu bolso e começava a manuseá-lo entre os dedos – O xerife já não tem o mesmo controle de antes. A pequena e miserável população de Noonday exige mudanças. – distribuía as cartas e, disfarçadamente, passava umas mais consideráveis por sua jaqueta, enquanto os senhores em questão estavam distraídos demais no envolver de suas informações - E quando alguns “bons amigos” se reúnem para promover algum tipo de jogo harmonioso, o Xerife tem o dever de ficar ao lado da maioria. Mas nada que uma boa recompensa não resolva. Uma pena o silêncio estar tão caro, não acha senhor Roy? – ironizou referindo-se ao homem quase falido presente na mesa.

O velho ajeitou-se em seu lugar e respondeu:

– Uma pena mesmo seria esta juventude impetuosa ser pega antes de conseguir chegar a qualquer outra idade avançada. Cuidado meu jovem, uma hora você pode ser obrigado a seguir para outras cidades. Este é o problema daqui, incondicionalmente pequeno, mas é o local preferido para os guardados de ladrões e, também, o preferido de criaturas vis em fase de crescimento. – terminado o dizer, entornou de uma só vez o rum goela abaixo.

– Não se preocupe senhor Roy. Esta “juventude”, da qual é alvo de tais avisos, pode lhe surpreender, na verdade, apenas com uma essência voraz de audácia.

– E o que você chama de audácia, eu prefiro nomear com seu sinônimo que engloba mais seu mau planejamento e cálculos corridos: atrevimento.

Após isso, Kevin deu um sorriso cético e calou-se, prosseguindo com o jogo, mesmo porque o próprio jovem já vinha retendo certo receio desde o dia em que marcaram aquele jogo, aqueles eram homens mais velhos e experientes, não seriam uma boa escolha para farsantes como ele e seus parceiros – Courteney e Matt Whittlock.

Pela primeira vez, ele estava temeroso. E, mesmo passando confiança externamente, ainda ali estava aquela maldita sensação resguardada dentro de si.

O jogo, chegando a seu final, já acarretava treze mil dólares em apostas no centro da mesa, o suficiente para que o trio deixasse a cidade.

Quatro, dos sete, haviam abaixado suas cartas, saindo da rodada. Os únicos que permaneciam ativos no jogo eram Matt, Roy e Willians II, um homem careca na faixa dos quarenta e cinco anos – o qual Kevin mais considerava capaz de armar qualquer tipo de confusão.

Matt precisava de apenas um sete para fechar o jogo e ganhar o dinheiro acumulado. Com uma calma profissional, Kevin passou um sete de ouro para Matt, que estendeu as cartas na mesa comunicando sua iminente vitória.

– Impossível – Willians falou, chamando a atenção dos demais da mesa – Como o senhor, meu caro Whittlock, conseguiu este sete de ouro sendo que apenas na minha mão, possuo dois? Não são dois baralhos o usado?

– O que o baronete está insinuando? – perguntou Matt com falsa indignação, pois estava ciente do que poderia acontecer e, por maus cálculos, esqueceu-se de contar a segunda mão de Willians.

Enquanto isso Kevin já tentava travar uma maneira de deixar o local sem que acabassem mortos ou presos, já que aqueles senhores eram grandes influências na cidade e, também, subornadores do próprio xerife.

– Não estou insinuando meu caro, estou afirmando-lhe que este jogo foi parte de uma falcatrua mal montada. – disse levantando-se – E a lei desta cidade pode ser cumprida por qualquer um de nós.

Murmúrios começaram ao redor da mesa e, ao senhor Roy, só restava dar um sorriso de satisfação de tão ébrio que estava.

A leve desarmonia naquele recolhido canto sob a escada apenas estava sendo observado por uma interlocutora. E, assim que Courteney olhou nos olhos de Kevin, soube que aquele momento ficaria crítico.

Matt e Kevin também se levantaram ao olhar furioso de homens vingativos que já vinham andando em suas direções com punhos fechados e, dois deles – incluindo Willians – com um soco inglês.

Assim que Courteney viu os passos lentos que seus parceiros davam para trás, para o fundo menos habitado da taverna, teve que pensar rápido.

Correu para o fim do palco e chutou um jukebox, que ficava ali para os intervalos dos músicos, começando uma música alta - Song 2 do Blur.

Olhou para seus acompanhantes de palco que a observavam sem nada entender e disse:

– Ótimo tempo para um intervalo!

Foi até o bar e pegou uma garrafa de rum e quebrou na cabeça de um homem carrancudo e de costas para ela.

Depois empurrou outro homem em pé ao seu lado.

– Não arrume confusão aqui seu ogro fétido! – gritou.

Já o sujeito no qual ela havia quebrado a garrafa, levantou-se e, tonto, acertou um soco em outro homem alto.

As trinta pessoas presentes na taverna já estavam englobadas em uma única confusão, onde cadeiras eram usadas como porretes e garrafas eram lançadas sem direção, acertando hora ou outro uma cabeça desavisada.

Courteney correu os olhos pelo local e avistou seus dois amigos atrás do balcão.

Kevin

Woo-hoo, When I feel heavy metal

Woo-hoo, And I'm pins and I'm needles

woo-hoo, Well I lie and I'm easy

Assim que a música começou a tocar empurrei uma mesa sobre os seis homens e corri junto a Matt para o pequeno bar do local. Pulamos o balcão enquanto os homens se recompunham e recomeçavam a tentar nos cercar.

Peguei uma garrafa e joguei em Willians, que se desviou indo acertar o homem seguindo a suas costas.

A confusão armada por Courteney estava nos ajudando. Agora eu conseguia identificar três, dos seis homens, atrás da gente. Os outros, ou tinham fugido do motim, ou estavam dentro dele.

O barman tinha desaparecido no meio da multidão, com isso não tivemos mais problemas.

Assim que um dos jogadores enfurecidos tentou saltar o balcão, peguei uma bandeja com copos e joguei em sua cabeça. Ao meu lado Matt desviava das investidas de Willians enquanto bebia rum no gargalo.

Puxei seu braço na hora em que uma garrafa veio em sua direção e chutei as costelas de Willians para longe do balcão.

– Desgraçado! – gritou apoiando as mãos no tórax.

Neste momento Courteney chegou com uma guitarra na mão e quebrou-a nas costas do homem caído.

– Bebendo justo agora? – perguntei incrédulo para Matt no momento em que eu o puxava para fora do bar e vi sua mão firmemente presa à garrafa.

– Mas é claro, meu amigo! É de graça! – deu outro gole – E se for para levar uma surra, que seja bebendo, pois a dor atenua.

– Tenho que concordar com sua estupidez. – falei enquanto dava um gole de sua bebida.

Seguimos para a escada decrépita que levava aos alojamentos e depósitos do segundo andar parando ao subir alguns degraus. Verifiquei como Courteney estava e a situação de toda aquela baderna.

A confusão ainda estava armada, eu não dava mais cinco minutos para os oficias chegarem e levarem alguns presos.

Olhando mais atentamente, vi um dos jogadores tentando chegar onde eu estava sendo escoltado por mais um homem grande e musculoso e uma mulher velha e raivosa.

– É aquele ali, mamãe! – informou, aos berros, o brutamonte, chamado Carl, a sua mãe – Ele quem provocou toda esta bagunça nos seus negócios.

A velha olhou para nós e berrou:

– Traga estes infelizes para mim, Phil! Eu mesma vou jogá-los dentro do poço e deixar que morram apodrecidos!

Estremeci só por receber o olhar impiedoso dos três indivíduos.

– Ah, não... Não quero morrer – resmungou Matt.

– E você acha que eu quero? – rebati rudemente, enquanto voltávamos a subir as escadas em total desespero.

– Juro que irei urinar dentro do poço só para que você morra sendo mais unido e tolerante – Matt tinha o dom de falar besteiras quando nervoso.

Abaixei minha cabeça no exato momento em que uma faca passou zunindo em minha orelha.

Olhei para baixo e vi a velha praguejando por ter errado.

– Velha maluca!

– Quem você está chamando de velha? – gritava indignada enquanto suas peles caídas balançavam com o movimento de seus braços.

– Ok. De fato irei urinar no poço. Você só piora as coisas!

– Cala a boca e corre imbecil!

Continuamos a correr pelo segundo andar até a janela que tinha saída para a parte posterior da taberna.

Eu já conseguia ouvir o barulho do andar debaixo cessando. Os oficiais haviam chegado. Agora era questão de tempo; ou os marmanjos e a velha aloprada nos pegavam, ou iríamos presos por influência do maldito Willians.

– Abra essa janela, rápido. – falei para Matt.

Fechei a porta da escada e coloquei uma cadeira travando a maçaneta. Voltei para a janela e olhei a largura do parapeito.

– Perfeito – pulei a janela e grudei minhas costas na parede no exato momento em que ouvia um forte soco na porta.

– Seus salafrários, abram já esta porta! – berrou um deles.

– Vem logo Matt!

– Eles acham mesmo que vamos abrir a porta e convidá-los educadamente para arruinar nossas caras? – resmungou um pouco grogue enquanto se equilibrava na parede ao meu lado.

Peguei em seu pulso e comecei a puxá-lo em direção ao telhado do armazém ao lado.

Olhei para baixo e estremeci. Era mais alto do que aparentava e o lugar estava apinhado de garrafas de bebidas vazias, ratos e lixos esquecidos.

Chegando na beira do prédio, peguei impulso e pulei no telhado, prendendo meu pé na calha. Não era uma longa distância – talvez pouco mais de um metro e meio – mas não fazia ideia de como fugir ainda.

– Pula logo Matt! – exasperei.

– Oh, droga... Odeio minha vida, mas, acima de tudo, odeio você.

Revirei meus olhos, uns goles de rum e o seu drama já tomava posição para atrasar meus planos.

Deu uma última sugada na bebida e pulou. Seu pé escorregou e ele foi deslizando ao longo da borda até que apenas fosse sustentado pelo agarro de suas mãos na calha.

Seus dedos iam escorregando do aperto quando peguei uma de suas mãos e usei o peso de meu corpo, contra a calha, para erguer o seu.

Com um forte suspiro, puxei seu corpo em um único golpe e o trouxe para cima do telhado.

– Ainda me odeia? – perguntei retoricamente enquanto tomava algumas fortes lufadas de ar.

– Claro – cuspiu – Você que nos colocou nessa furada.

– Ingrato.

Levantamo-nos e recomeçamos a andar para o outro lado do armazém, que levava a uma rua paralela, quando ouvimos um tiro próximo a nossos pés.

– Que diabos...? – comecei a perguntar. Foi quando virei e focalizei meu olhar na janela.

A velha aloprada estava lá com seu comumente olhar raivoso e uma arma, das antigas, em punho.

– Vou fazer carne moída de vocês! – gritou enfurecida.

– Mas o que aconteceu com o poço? – perguntou amedrontado o idiota ao meu lado.

Mais uma vez, naquele entardecer, peguei o braço de Matt e joguei-nos para o outro lado do telhado. Escorregamos e, sem conseguir parar nossos corpos, ultrapassamos a borda da cobertura e fomos arremessados em direção ao chão.

Tudo que Matt e eu pudemos fazer neste tempo, fizemos: começamos a gritar.

Quando pensei que nunca mais sentiria minhas pernas e nem meus ouvidos – pelos gritos desesperados de Matt – nos chocamos contra uma grande lona azul e, enquanto nossos corpos iam caindo mais levemente, sentia caixas de papelão sendo esmagadas sob minhas costas e braços. Meu coração já estava acelerado e sentia a minha própria adrenalina querendo minha morte. Era muita insanidade misturada numa onda de azar e sorte ao mesmo tempo.

– Não não não não... – falava Matt sem parar.

– O que foi!?

– Deixei minha garrafa doutro lado – choramingou.

– Não acredito! – resfoleguei – Estamos vivos! Reparou nisso?

Enquanto falava tentava identificar o local onde estávamos. Pelo que eu conhecia, estávamos numa rua adjacente à taberna e Courteney havia deixado o carro escondido sob uma lona na casa do velho Dick – o barman – a duas ruas de distância.

– Do que adianta viver sem rum!? – cambaleou as minhas costas – Assim que recuperar minha arma, matar-me-ei e, você – apontou seu indicador em minha direção – será o próximo alvo.

– Estou ansioso para ver isto – dei um riso seco – mas antes, meu caro amigo estúpido, precisamos correr, já que tenho um encontro com a Morte após o seu próprio.

E, assim, começamos a correr por conta de adiar nossa morte.

[...]

– Seus idiotas! –Ralhou, mais uma vez, Courteney. Tudo o que ela fazia era brigar conosco enquanto dirigia para uma estalagem – onde disse ter um assunto importante para tratar.

É, eu sei. Fomos imprudentes e irresponsáveis, mas já era noite e de nada adiantava todo aquele escândalo. Agora teríamos que fugir, também sei disso, mas nunca pretendemos ficar naquele moinho de gente tão inescrupulosa quanto nós mesmo. Tudo bem, talvez estivéssemos em um nível até mais ignóbil do que muitos daquela população, mas se íamos sair de Noonday, que saíssemos destilando críticas contraproducentes sobre aquele lugar.

Eu e Matt estávamos cabisbaixos e, ocasionalmente, resmungávamos um “desculpe”, “você tem razão” e “somos estúpidos”. Teve um momento que percebi que Matt falava isso enquanto dormia e, vez ou outra, soltava um ronco baixo junto.

Eu respeitava Courteney, por mais que muitas vezes, nós três, brigássemos por tolices, eu sabia que era Courteney a responsabilidade e maturidade do trio. Foi ela quem notou que eu precisava de alguém, que se a solidão engloba um homem, este, uma hora irá sucumbir. Claro que eu jamais falaria isso diretamente para aquela “ditador ruiva”, mas era por isso que, quando ela tinha razão, eu e Matt ficávamos calados como bons irmãos mais novos, o de coração e o de sangue.

– Ah, cala a boca Courteney! – claro que o irmão descerebrado dela sempre se esquecia deste nosso acordo mútuo, quando bebia pouco mais de meia garrafa de rum – Fomos nós que quase morremos e fomos nós que perdemos o rum!

– Volte a dormir... – sussurrei lhe chutando o tornozelo.

– Chega de viol...

– Matt! Seu molenga aproveitador e tapado! Vocês estariam, sim, mortos, caso eu não tivesse ajudado. E ainda saímos daquele lugar sem pegar nosso dinheiro! E mais! – gritou – Vocês estão sendo procurados pelos oficiais e por todos os crápulas e seus capachos!

Encolhemos-nos mais ainda no banco enquanto ela dirigia. Afinal, não queríamos morrer, seja por acidente de carro, ou sendo estrangulados pelas mãos potentes da cachinhos ruivos.

– Chegamos – disse mais calma após cinco minutos dirigindo. Enquanto ela estacionava, olhei pela janela.

–Aqui que você tratará de seu assunto importante? – questionei confuso – Não me diga que você nos vendeu de novo!

– Ah não – choramingou sonolento Matt – Mais peruas carecas e fedidas não...

– Claro que não – saiu batendo a porta – E não reclamem, seus maricas, ganhamos uma boa grana e sei que, quanto mais velha, melhor é a experiência – debochou.

– Podia ter ficado com elas então.

– Eu não tinha o que elas queriam. Agora parem de resmungar feito velhos, que já estou atrasada.

– Juro, sentir aquela careca roçando na minha barriga foi o pior tirocínio que já tive. – sussurrou Matt no meu ouvido e, realçando minhas memórias, eu era obrigado a concordar com ele.

Seguimos Courteney até a recepção e a ouvimos perguntar sobre Jane Sygur. O recepcionista, mal-humorado, disse o número do quarto e nos mandou subir.

– Se formos assassinos tudo bem, contando que não derramemos sangue no chão. – comentou, ironicamente, o Whittlock ao meu lado.

– Ela já estava me esperando.

Chegamos à porta que marcava o número 7 e Courteney bateu três vezes.

– Estamos perdendo tempo, já devíamos estar fugindo. – reclamei.

– Sem dinheiro? – perguntou com cara de óbvio.

– Arrumamos na próxima cidade. – argumentei em um misto de preocupação e orgulho.

– Estaremos sendo procurados por todas as cidades próximas. Sabe o poder que Willians retém para si.

Neste instante a porta abriu-se de supetão e, de lá, saíram dois braços que puxaram Courteney para dentro.

Imediatamente, eu e Matt a seguimos.

– O que está acontecendo aqui? – perguntei.

– Droga – praguejou a pequena loira a qual, julguei ser, Jane Sygur. – Pensei que fosse Moran. Que horas são?

– Pouco mais de sete e meia. – Courteney respondeu.

– Pouco mais!? Já é mais de oito horas isso sim! – exasperou-se e começou a chacoalhar os braços enquanto andava em direção a janela. – Courteney! – virou-se para nós.

Ao meu lado Matt resmungou um “Se já sabia não devia ter perguntado”. O mandei calar a boca e voltei minha atenção para a conversa.

Eu já estava atordoado naquele momento, tudo o que queria era sair daquela cidade, mas, pelo o que observava, demoraria mais um pouco.

– Sim?

– Preciso que vá à Igreja e espere a saída de Moran. Sei que ela está com problemas. – apontou para a janela – Vi a polícia passando agora há pouco.

– Então iremos para o lado oposto – falou, já andando para a saída, meu amigo. E meu lado egocêntrico dizia para que eu fizesse o mesmo.

– Calma, Jane – Courteney tentou acalmá-la – Vou buscar sua irmã, depois conversaremos.

– Não há nada para conversar! Você vem conosco, mesmo que tenha que levar os encostos dos seus irmãos!

– Ei! – protestamos.

–Obrigada Jane. – Courteney sorriu agradecida enquanto abraçava a pequena.

–Estou retribuindo um favor. Agora podemos ir? Se ela realmente estiver precisando de carona, é uma boa maneira de convencê-la a aceitar sua companhia. – sorriu satisfeita.

– Um pouco de atenção aqui, por favor – chamei sentando-me em um sofá – Não sei o que está acontecendo, mas vou ficar aqui. Quando voltar, vocês me explicam melhor.

– Eu explico – Matt falou se jogando ao meu lado – Somos a carona e ela é a poupança.

– Por mim está ótimo. Courteney dirige – rimos satisfeitos com o trato.

Claro, Courteney pensa em tudo mesmo. E, na próxima cidade, despachamos todo mundo.

– Ah, sim. – suspirou cansada a ruiva – Estes são os imbecis que me acompanham...

– Eu sou Pins – Matt falou.

– Eu Needles. – completei.

– O que...

– Não pense – Courteney interrompeu – São estúpidos codinomes.

– Olhem aqui! – Eu e Matt nos assustamos quando a loura se dirigiu de maneira grossa para nós – Eu não me importo com babaquices alheias, mas agora a situação é séria e, caso vocês não queiram sentir como é ser queimado vivo, sugiro que me ajudem a achar Moran.

Eu e Pins nos entreolhamos e fizemos um acordo em silêncio.

– Esperamos no carro – anunciei já atravessando a porta.

– Chega de experiências com mulheres malucas. Não quero sair queimando de um quarto nunca mais.

– Apoiado.

E, assim, saímos em disparada escada á baixo.

[...]

A Igreja ficava a um quarteirão da estalagem, então chegamos em um tempo considerável.

Em frente aos portões, havia duas viaturas de polícia, mas nenhum sinal da tal Moran, não pelo que Jane identificou.

– Pare o carro na rua adjacente, com menos movimento – aconselhei.

Courteney fez o que pedi e, assim que olhei pelo vidro da porta do carona, vi fumaça saindo de um dos quartos do dormitório, no terceiro andar.

– O que é aquilo... – comecei a questionar, mas a resposta veio rápida.

– Moran – Jane falou do banco traseiro.

Foi neste instante que vi uma discreta silhueta andando pelo telhado.


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Notas finais do capítulo

Satisfeita meio-metro? u.u



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