Darkness escrita por Felipe Alves


Capítulo 25
Destination is Fiction.


Notas iniciais do capítulo

Pronto, a guerra termina assim... Uma bosta, eu sei ;-;



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"O lado negro no meu coração é a tristeza do passado que não posso apagar. Está tudo bem, eu não dou a mínima, Eu atirei e estiquei as mãos, separei minha vida de mim mesmo, para poder olhar pela moldura do retrato. De qualquer forma, não há prova de minha existência ali, e eu mal posso me proteger. O caminho que estive evitando e impedido de passar esteve assim por um tempo. E então, todos sumiram dali...
Foda-se o destino, se eu não puder alcançar algo, chorarei por meu orgulho. Sozinho no meu mundo, uma canção de amor ressoa. Coisas como esse mundo distorcido, desejos confusos, ou os ideais e amanhãs se chocando, tornaram-se tão entediantes que quero jogá-los fora.
Adeus, vida preciosa. "

Com um único movimento, desvio da espada de Lúcifer e acerto sua costela. Ele sorri, retirando minha espada e a jogando ao lado de uma pilha de corpos. Recuo meu olhar pra longe dos corpos, tenho medo de ver algum conhecido ali no meio. Jogo-me ao lado da espada, segurando-a com a mão direita e vendo o tom azulado se manifestando por toda a espada. Por que não poderia ter recebido esse poder antes?
Corro e faço um corte nas costas de Lúcifer. Vejo o sangue começar a correr e chegar até seus pés, e logo depois, seu ferimento começa a se fechar, em questão de segundos, as costas dele está absolutamente normal e ilesa. Ele se vira e seu braço se choca com força na minha barriga, jogando-me um pouco além dos corpos. Ele segura o machado com força, andando despreocupadamente até mim, e chega perto o suficiente para o golpe final. Meu braço esquerdo está sangrando, graças a um pedaço de bronze cravado nele. De onde esse bronze veio? Eu não sei.
Vejo uma sombra pequena e larga atingindo a lateral de Lúcifer, fazendo-o cair distante de mim. Uso minha outra mão para tirar o bronze do meu braço e vejo que ele é a ponta de uma espada. Alguém o atirou em mim. Deixo esse pensamento de lado, pego a espada e me direciono para Lúcifer, que luta contra algo escuro e muito rápido. Lúcifer levanta o machado ao alto, e a Lua reflete diretamente no machado, provocando chamas em volta de seu adversário. As luzes das chamas iluminam o lobo negro que derrubou Lúcifer.
— Noc, é nisso que se transformou? Um lobinho que ajuda o filho indefeso? — Ele abaixa o machado, e as chamas somem, porém o lobo ainda fica visível. — Eu esperava mais de você.
Meu pai volta a forma de vampiro, mostrando as presas e as garras. Ele correr através das sombras até as costas de Lúcifer e puxa seus chifres com força, e logo pequenas rachaduras começam a aparecer na cabeça de Lúcifer e o sangue brota a pele peluda do anjo. Seus braços não são grandes o suficiente para pegar meu pai, que segura os chifres e os puxa, cada vez com mais força. Começo a ver um pouco de dor nos olhos de Lúcifer e suas tentativas falíveis de pegar meu pai. Ele se joga no chão de costas, esmagando meu pai contra o piso.
Sem pensar duas vezes, corro e cravo minha espada no peitoral do anjo, fazendo-o cair de costas. Cravo a espada mais dentro de seu peito, e com minha mão direita soco a face de Lúcifer, que logo depois do terceiro soco começa a sangrar pela boca e hematomas já começam a formar perto dos olhos. Sinto ossos se quebrando, meu braço e rosto manchados pelo sangue do pior dos demônios, e mesmo assim não paro. Não sei o que me detêm, mas paro com a mão próxima do corte que causei em seu rosto.
— É só isso que sabe fazer? — Lúcifer pega seu machado e o crava nas minhas costas. Solto um grito de dor e tento pegar o machado das minhas costas, mas Lúcifer a pega primeiro que eu e bate a parte inferior dela, derrubando-me no chão ao seu lado. Ele se levanta, deixando o sangue escorrer pelo seu corpo, e logo seu chifre começa a voltar ao normal, as manchas de sangue desaparecendo e ele ficando mais forte. Meu pai corre e me pega pelos braços, me levando um pouco longe de Lúcifer. Uma lança passa perto de nós e me lembro que tem outra batalha acontecendo aqui. Vejo que Nath está longe de todos, apoiada em um pequeno pilar e sangrando. Logo me vejo chorando, pois sei que ela não vai aguentar. Provavelmente ninguém vai aguentar. Que merda que eu fiz?
Eu trouxe todos eles para a morte.

...

— Não confie demais no seu poder, idiota. — Grita meu pai, ainda me levando para longe do anjo. — Pare de pensar que poder fazer qualquer coisa com esse seu braço! Até agora ele não serviu de nada.
— Eu posso derrota-lo... Caramba, eu posso! — Grito. — Eu tenho que conseguir...
— Não, você não pode! — Ele me joga no chão. — Entenda isso de uma vez por todas. Você conseguiu usar seus poderes para sugar o de Lúcifer, perfeito. Agora, use-os contra ele.
— Mas...
— Você não consegue. Então você não tem utilidade. Fique aqui e deixe os mais velho cuidarem do assunto. — Ele virou de costas, soltando as garras e indo em direção a Lúcifer.
— Espera! — Me levanto, e o seguro pelo colarinho. — Você ferrou com minha vida, querendo ou não. Você abandonou a mim, minha irmã e minha mãe, e agora quer dar uma de responsável comigo? Cale a Boca.
— Talvez, se você parasse de ser tão estúpido, eu poderia começar a te ver como algo útil, em vez de uma arma que não dispara.
— Eu mandei você calar a boca! — Grito, em meio os roídos formados em minha cabeça. Meu braço começa a pesar, mas eu não viro o olho do meu pai. Quem ele pensa que é para ficar me dizendo essas merdas?
Meu braço começa a ficar quente, e meu pai o olha preocupado. Mesmo com raiva, reviro os olhos pro meu braço, que está em chamas. E não são chamas simples. São chamas azuis. Lúcifer começar a gargalhar alto, já perto de mim e de meu pai.
— Enfim, libertou um pouco do meu poder? — A voz dele está ficando mais forte e intensa na minha mente. — Desculpe, não quero atrapalhar a discussão comovente entre pai e filho, só que, sabe como é, controle absoluto do mundo, uma guerra, essas coisas...
É verdade. Por que estou perdendo meu tempo discutido aqui?
— Por que você tem sido tão piedoso conosco? Você teve mais de três chances de nos matar. — Pergunta Noc, preocupado.
— Pensei que fosse mais inteligente... Isso é realmente decepcionante.
— Diga logo.
— Estão vendo esse machado? — Lúcifer o leva para frente. — Ele absorve a dor e energia de cada ferimento nessa batalha. Estou esperando ele ficar totalmente carregado, ai nada poderá me deter.
— E, quando o ferido é você? O que acontece? — Pergunto curioso.
— Olha, alguém está prestando atenção. Quando o ser que possui o machado for ferido, o machado fica mais leve. É como uma metáfora, sabe? O que não mata, fortalece.
Troco olhares com meu pai. Se o ferimos, ele se fortalece, se não fazermos nada, ele se fortalece do mesmo jeito. Antes de eu pensar em algo concreto, meu pai corre e o atinge na cabeça, se transforma em um lobo e continua a atacar Lúcifer, principalmente nos braços. Ele se transforma novamente e segura o machado, e quando Lúcifer cede, sangrando, ouço uma voz na minha mente.
"AGORA. ATAQUE-O!"
Corro para perto de Lúcifer e o golpeio no rosto. E logo depois das chamas se expandirem por todo meu corpo, eu apago.

...

Quando consigo abrir os olhos, vejo que estão fixados em um grande machado. Um machado que não reflete nada, apenas uma escuridão absoluta. Levanto os olhos e vejo que ainda é noite, os céus ainda estão escuros, a lua brilha fortemente e estrelas brilham intensamente. Acabou?
Levanto-me, um pouco cansado e exausto e analiso o ambiente a minha volta. A guerra entre meus amigos e os anjos está terminando, com poucos de nós e poucos deles. Não me dou o privilégio de olhar para quais dos nossos ainda estão de pé, então procuro meu pai na direção oposta. Vejo-o apoiado em um suporte, sangrando, com feridas longas no peito e nos braços. Aproximo-me as preces e me ajoelho perto dele. Quando colo minha mão perto da sua, percebo que estão manchadas de sangue. Muito sangue. Não só minhas mãos, mas boa parte do meu corpo. Ignoro o sangue e seguro o ombro de meu pai.
— Olha, foi mal... — Ele começa a dizer, cuspindo um pouco de sangue. — Eu nunca fui um bom pai...
— Cale a boca, velhote. Eu preciso curar seus ferimentos... Droga! Isso foi muito profundo. — E logo, percebo que estou chorando, não como aquele menininho que perdeu o sorvete ao cair no chão, mas sim aquele menininho com poderes demoníacos que está perdendo o pai.
—... Eu queria ter feito mais por você, mais por sua irmã, mais por Cristina... — E então que percebo que ele também está chorando. — Eu abandonei vocês, eu ferrei com a vida de vocês, Porra! Que pai que eu sou!
— Cale a boca... Por favor, cale a boca... — Seguro sua mão e a apoio em sua barriga, fazendo-o pressionar para diminuir o sangramento.
— Antes de eu ir, preciso contar uma coisa. Não foi Lúcifer que fez isso comigo, pirralho, foi você. — Por um momento eu paro chorar e começo a prestar atenção em meu pai. — Você se descontrolou quando lutou com Lúcifer, golpeando-o até ficar por um fio. Foi então que ele usou aquele machado. Quando ele ia te atingir, eu me joguei na frente e recebi o corte nas minhas costas. — Depois de dizer isso, eu percebo que a maior parte da poça de sangue formada embaixo dele é o que saiu das costas. — Você segurou meu corpo e suas chamas aumentaram muito, e foi aumentando, junto com seu rosto. Deuses, que rosto era aquele. Seus olhos brilhavam em um tom de cor diferente do normal. Às vezes, vermelho como sangue, azul como as chamas e por fim dourado como ouro. Você pegou sua espada e começou uma luta feroz contra o "Senhor do Machado". Só sei que quando ele o separou de sua espada e levanto o machado para um ultimo golpe, você soltou uma energia pelas mãos. Algo que só se vê em animes, sabe? O peito dele explodiu em chamas e você começou a bater nele. Usou o machado contra o próprio dono, aquilo sim, meu filho, foi épico! Ai você ficou frustrado porque você o machucava e ele se recuperava, até que você usou tanto poder com a palma da sua mão demoníaca, que o reduziu a nada. Eu, sendo o idiota que sou, tentei te parar, e olha como acabei. — Ele começa a rir, mesmo com sangue saindo pela sua boca a cada gargalhada. — Acho que agora devo ouvir muita reclamação da sua mãe por deixar você perder o controle e essas coisas.
— Espere, como assim?
— Eu fui perdoado por tudo que fiz e acabei indo parar nos céus, por desejo de sua mãe. E lá, pedimos para saber como você estava. Nós morremos, e a primeira coisa que você faz é arranjar treta com o capiroto? Sua mãe não te educou não, fera? Bem, acho que já chegou minha hora. Eu vim aqui pra te ajudar, e consegui, mesmo morrendo depois. — Ele colocou as mãos em meu cabelo, bagunçando-o e sorriu para mim. Aquele sorriso orgulhoso e que te faz chorar e se arrepender de qualquer coisa que tenha feito de errado na vida. — Adeus, meu filho, se cuide.
E com um ultimo suspiro, mas ainda sorrindo, seu coração parou, e como estrelas, seu corpo começou a brilhar intensamente. Um branco descomunal e inexistente emanou de meu pai, e em questões de segundos, várias e pequenas estrelas começaram a subir aos céus, e onde deveria estar um corpo morto, não há nada além de sangue. Os gritos de guerra, o tornado em volta de nós, os anjos, todos desapareceram. O sangue espalhado por todo o campo de batalha me lembra que chegamos ao fim. Abaixo a cabeça e deixo que o frio e toda a tristeza caia sobre mim. Não quero me virar e ver meus amigos mortos, não quero levantar a cabeça e ver o lugar onde meu pai esteve contando sobre como eu o matei. Não quero mais nada, meu amor se foi, meu pai, minha mãe e quem sabe até minha irmã. Permaneço com a cabeça baixa por um bom tempo, até me lembrar que não posso ficar aqui chorando como um idiota. Levanto-me e percebo que está chovendo, deixo que a chuva leve e calma caia sobre mim e me viro para meus amigos, ou pelo menos, os que sobraram.


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