Nada escrita por GabiRavenclaw


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Então... Eu pretendia fazer uma one-shot, mas estava ficando muito comprido o capítulo, então resolvi dividir em duas cartas. Foi uma decisão meio apressada, então desculpem pelo final meio súbito.



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Caro amigo,

Não sei muito bem como começar essa carta. Estou escrevendo porque preciso falar sobre isso com alguém, e não sei se conseguiria falar com a Sam, pois talvez ela não entendesse. O Charlie disse que você o ajudou a superar aquela fase difícil de algum tempo atrás. Também não posso falar com ele, porque ele já tem problemas demais, nem com o Bob, porque ele simplesmente me diria para seguir em frente. Ou me ofereceria um baseado ou sei lá, o que talvez resolvesse, mas não por muito tempo.

Eu pediria que não tentasse descobrir quem eu sou, mas você provavelmente já sabe. Charlie deve ter falado de mim em algum momento, pois estive com ele durante aquele período difícil, que também foi difícil para mim. Ele é uma figura, né? O Charlie. Meio estranho, mas um ótimo amigo. Eu o beijei uma vez. Foi numa época em que eu estava meio louco, fazendo um monte de coisas que eu normalmente não faria... Como beijar o Charlie. Não que eu não tenha gostado, mas acho que foi meio injusto com ele. Não fiz por mal, sério. Eu só estava tentando esquecer o Brad.

O que me leva ao verdadeiro motivo pelo qual estou escrevendo.

Brad.

Ah, sim. Desculpe não ter me apresentado antes; não consigo parar de pensar nele. De qualquer forma, meu nome é Patrick, conhecido como Nada. Esse apelido nunca fez tanto sentido quanto faz agora, porque é exatamente isso que eu me sinto: Nada. Charlie deve ter contado alguma coisa sobre a nossa história, mas não ela toda. Na verdade, é uma história meio comprida e enrolada, mas acho que é importante contar, então vou tentar resumir.

Eu conheci o Brad no primeiro ano do ensino médio, quando meu pai e a mãe da Sam se casaram e eu comecei a estudar no mesmo colégio que ela. Aliás, foi a Sam que me apresentou a ele, e, às vezes, eu preferia que não tivesse apresentado. Sei que soa horrível, mas às vezes eu penso que poderia ter poupado um bocado de esforço.

Mas às vezes eu penso que ele vale à pena. De verdade.

Enfim, por algum motivo, eu não demorei a me tornar popular. Nunca entendi o que separa as pessoas populares das outras, e acho que nunca irei. Brad, por ser jogador de futebol e tudo, era popular também, e, por isso, acabávamos freqüentando muitas festas juntos. Não que nos falássemos frequentemente nem nada assim, mas, nas vezes, em que nos falamos, eu percebi que, apesar da pose de machão, ele é um cara realmente legal. Observando mais de perto, eu também percebi que não era completamente impossível eu ter uma chance com ele, o que meio que tentei ignorar.

Nunca fui do tipo tímido. Sério. Só fiquei com medo de ter entendido tudo errado.

Mas aí teve aquela festa. Ainda acho que ele fingiu ser um bebedor melhor do que era na época, para se enturmar. Então, lá estávamos nós naquele porão, quando a Heather resolveu ir ao banheiro (se bem que, pensando nisso agora, ela provavelmente saiu para nos deixar sozinhos, porque ninguém demora tanto no banheiro quanto ela demorou naquela noite).

Nós ficamos lá, sem falar nada, tentando arrumar assunto, sentindo um misto de constrangimento e excitação.

- Você está na turma do Sr. Brosnahan, não é?

- Você já viu o Laser Light Show do Pink Floyd?

- Cerveja antes de bebida mais pesada. Não enjoa nunca.

Não conseguimos arrumar muito o que falar, então, depois de algumas tentativas desajeitadas de iniciar uma conversa, simplesmente desistimos e ficamos parados, em silêncio. Estava escuro, e eu não conseguia ver seu rosto direito, mas tive a impressão de que seus olhos brilhavam. Brad tem olhos muito bonitos, tão profundos que eu tive a impressão de que poderia me perder dentro deles, e ninguém nunca me acharia.

Naquele momento, eu queria fazer exatamente isso: Mergulhar naqueles olhos e me perder lá dentro.

A melhor parte foi que eu senti que ele também queria que eu fizesse isso. Lentamente, quase sem perceber, fomos nos aproximando. Eu conseguia ouvir meu coração batendo, tão forte que tive certeza de que ele também estava ouvindo. Quando finalmente nos beijamos, foi como se todo o peso do mundo tivesse desabado sobre nossos ombros. Apesar do que pode parecer, isso não é uma coisa ruim, e foi por isso que acabamos passando o resto da festa nos agarrando no porão.

Mas aí, na segunda-feira, na escola, o único comentário do Brad sobre a festa foi:

- Cara, eu estava tão chapado. Não me lembro de nada.

Ele disse isso para todo mundo que esteve na festa. Inclusive a mim. Isso fez com que eu me sentisse estranho, mas não havia o que fazer. Nós continuamos ficando juntos nas festas, e ele sempre estava bêbado ou chapado – ou pelo menos dizia estar -, durante sete meses. Aqueles sete meses foram os melhores e os piores que se poderia imaginar. Os melhores porque eu finalmente estava com o Brad, que era muito gentil e atencioso comigo. Os piores porque ele só era assim quando estávamos sozinhos, e ele nunca estava sóbrio.

Chegou a um ponto que o Brad começou a ficar chapado antes da escola e praticamente o tempo inteiro, porque não conseguia nem olhar para mim, que dirá falar comigo, e eu não entendia o que tinha de tão errado. Isso que deixou chateado, porque eu gostava de verdade dele, e era muito difícil, não só porque ele não estava falando comigo, mas porque ele parecia estar tentando destruir a si mesmo.

Eu falaria mais sobre isso, mas minha cabeça está doendo e eu realmente preciso dormir agora. Obrigada por escutar e até a próxima.

Com amor,

Patrick.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Mereço reviews?



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