Acho que devo algumas explicações sobre esse cara misterioso.

Como eu disse, comecei a vê-lo no meu aniversário de treze anos, mais especificamente quando eu voltava para casa com o meu novo livro. Minha mente estava anuviada, extasiada pela história e pelos personagens. Na verdade, um personagem em particular tomava meus pensamentos.

A história do livro é basicamente um romance. Um rapaz que se apaixona por uma moça e sofre horrivelmente quando ela vai embora do país. Ela morre. Ele se suicida jurando encontrá-la, onde quer que ela estivesse. O nome dela era Antônia. O dele, Joseph.

Foi pensando nesses personagens e na história frustrante, que eu o vi pela primeira vez. É, eu sei, sou uma idiota. Mesmo assim, aquele estranho me passava uma sensação de reconhecimento, de confiança. No entanto, meu cérebro continuava distraído, e logo essa sensação passou.

Fui atravessar a rua e...

Primeiro a buzina. Mãos me empurraram, senti uma dor forte na perna e soube que tinha torcido o tornozelo. Eu já estava no chão, um corpo em cima de mim. O carro ia adiante, ainda buzinando, numa velocidade absurda. Pessoas que estavam por ali correram para ver se eu estava bem. O corpo saiu de cima de mim e eu pude ver seus olhos.

Olhos absurdamente azuis.

- Está bem? – ele pergunta.

Acenei afirmativamente. Minha cabeça ainda estava zonza.

- Você sabe o seu nome?

- Sim – respondi. – Liv.

As pessoas estavam à minha volta, atrapalhadas. Não podiam mexer em mim, afinal eu tinha sofrido um acidente, ou quase. Mas ninguém prestava muita atenção ao que acontecia comigo. Alguns tentavam ligar para ambulância. Reconheci poucos amigos dos meus pais, sem dúvidas tentando ligar para eles.

O cara que me salvou sorriu e, de alguma forma, eu me senti segura. Como se estivesse com um irmão mais velho.

- Meu nome é Joseph – apresentou-se. – Sente algo? Dor? Tontura?

- Meu tornozelo.

Nesse momento, ouvimos a sirene da ambulância.

- Vou com você, se quiser – sugeriu.

Concordei, enquanto os paramédicos me colocavam na maca. Sinceramente, eu não sabia para quê tanta coisa. Ouvi um dos conhecidos dos meus pais falar que bati a cabeça e que logo minha mãe estaria no hospital. Fui colocada na ambulância e Joseph me seguiu.

Com tanta confusão, eu estava exausta. O médico disse para que eu não dormisse. Olhei para Joseph e a mesma sensação de reconhecimento passou por mim de novo. Como um irmão mais velho.

Foi aí que me lembrei do Joseph do livro. Sorri. E então desmaiei.

Então, agora que você já sabe como eu o conheci, vamos voltar à história.