LANA
Fazia duas horas que eu estava com Nick no boliche. Eram seis horas e ele ainda jogava como uma criança.
–Lana, levanta e vem jogar comigo! -Nick dizia balançando as mãos.
–Espera, eu vou pedir refrigerante pra gente.
–Nao, deixa que eu peço, amor. Sua vez de jogar.
–Cansei de jogar.
–Está com medo de perder de novo?
–Estou com medo de voce chorar quando eu ganhar.
–Entao, vamos apostar.
–Beleza. Se eu ganhar voce me leva cafe da manha na cama por uma semana.
–Gostou da minha comida, linda?
–Talvez -ele riu -E se voce ganhar...
–Voce me da um beijo, Lana.
–Nick, nós somos irmãos.
–Voce está com medo de perder? -ele perguntou e eu nao respondi -Lana, nem somos irmaos de sangue.
–E por que voce quer me beijar, Nicolas Winchester?
–Por que nao iria querer Lana Green?
–Porque eu sei que voce gosta da garota de cabelos castanhos. -eu disse me aproximando -Nao lembra que voce me contou?
–De quem que voce está falando?
–Da Lorany, é claro.
–Lana... -eu o interrompi
–Voce nao ia pedir os refris? -ele riu e foi.
–Cade os refris Nick? -perguntei quando o vi chegar com as maos nos bolsos.
–O garçom vai trazer ué -ele disse como se fosse obvio.
–Ah. Ta na sua vez de jogar, parece que empatamos -eu disse sorrindo.
Ele pegou uma bola e foi ate a pista.
–Faltam só cinco -ele se virou e disse, como se fosse ganhar -quando ele jogou, acertou tres pinos e dois ficaram em pe.
–Pelo visto nao vai ser facil -ironizei.
Peguei uma bola e jogei.
–AI MEU DEUS! NICK EU GANHEI! -sai correndo pra abraca-lo. Mas ele tropecou caindo fazendo com que eu caisse em cima dele.
–Mesmo assim, o universo parece querer que eu ganhe -ele falou a centimetros do meu rosto.
–Entao devia ter feito melhor -eu disse. Nós estavamos MUITO próximos. E eu ja trocava olhares entre seus olhos e sua boca -Apenas irmãos -eu disse baixo.
–Quem sabe, amigos? -ele perguntou com um sorriso irresistível.
–Quem sabe, um dia -eu ri e ele arrumou uma mecha do meu cabelo.
–Vou esperar esse dia chegar entao. -eu sorri.
–Nossa, desculpa -eu disse reparando que estava em cima dele e levantei.
–Nao precisa se desculpar. Parabéns pela vitória -ele piscou.
Agradeci e depois percebi que a bebida ja havia chegado. Nos sentamos no sofa com os copos de refri na mão.
–Que horas são? -perguntei.
–Quase sete.
–Vamos pra casa agora Nick?
–Ainda falta eu te levar para jantar ué.
–Por que "ainda falta"?
–Porque sim uai.
–Nao precisa fazer essas surpresas pra mim -eu ri.
–Eu sei -ele disse sorrindo.
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–Gostou? -ele perguntou quando acabei de comer.
–Claro, obrigada -sorri acompanhada por ele.
–Agora a sobremesa -ele sorriu e nós pedimos. Em dez minutos ja estavamos saboreando o delicioso petit gateau de chocolate.
–Nossa, ta uma delicia -eu disse.
–Eu sei, esse é o melhor, nao é?
–Com cert... -Nick sujou minha bochecha.
–Qual seu problema? -ele estava rindo, eu fingi ficar brava e logo ele ficou serio -Nicolas, que irresponsável essa atitude, nao acredito que voce fez isso.
–Lana, me desculpa, eu nao sabia que voce iria ficar brava -ele pareceu preocupado.
–Me da um guardanapo. -pedi, quando ele me entregou, sujei sua testa.
–Lana! Eu pensei que voce estava brava de verdade, nossa voce é muito chata.
Nós começamos a rir e depois nos limpamos com alguns guardanapos, e ele de repente resolve falar:
–Quer mudar a aposta?
–O que? Nao -eu olhei pra ele com uma cara divertida mas ele estava serio.
–Voce nem sabe o que ia dizer.
–O que voce propõe?
–Nao sei.
–Uai Nick -comecei a rir.
–Uai o que? -ele perguntou.
–Voce pediu para mudarmos a aposta mas nem sabe o que quer mudar -eu ri.
–Ta bom que tal assim, se voce ganhasse, e como voce ganhou, voce iria comigo ate a ponte de Londres.
–Por que nós iriamos para la?
–Porque eu quero te mostrar uma coisa.
–O que voce quer me mostrar la?
–Isso quer dizer um sim?
–Um talvez.
–Um talvez mas pra sim ou pra nao?
–Um talvez mas para sim -ele sorriu.
–Então, podemos ir? -ele perguntou e eu acenti. Saimos do restaurante e ele chamou um taxi, quando percebi que estávamos seguindo um caminho diferente do de casa, perguntei:
–Pra onde estamos indo?
–Para a ponte de Londres ué.
–Agora?
–É Lana, quando pensou que fosse ser?
–Outro dia, agora ja esta tarde.
–Mas é por isso que tem que ser hoje. E alem do mais o seu "talvez quase sim" me deixou animado -ele disse e eu dei um tapa fraco na ombro dele.
–Chegamos -o taxista disse.
–Obrigado -Nick disse e o deu o dinheiro.
Descemos do taxi e fomos caminhando ate a torre da ponte.
–Vem por aqui -Nick pegou minha mão e entramos.
–Meu Deus. Nick isso é maravilhoso! -eu disse quando chegamos no topo da torre e subimos na parte de cima da ponte, era incrível.
–É verdade -ele disse olhando pra cima -Vamos -ele disse indo na frente -deita aqui -ele deitou no chão.
–Por que?
–Para de perguntar as coisas Lana. So vem e deita.
–É lindo aqui em cima, voce ja veio aqui?
–Ja, muitas vezes, mas voce é a primeira pessoa que vem comigo.
–Por que quer que eu acredite?
–Porque é verdade.
–É mesmo?
–É mesmo.
–Por que voce viria aqui sozinho?
–Porque... porque aqui eu fico um pouco longe de tudo. Mas tem que ser de noite, ai assim nao tem ninguem -eu olhei pra ele -e o melhor é que nao tem sinal de telefone aqui em cima -nós rimos.
–Nao sei o que dizer pra você, quer dizer, por tudo o que fizemos hoje, os lugares em que me levou, e tudo mais -ele sorriu.
–Nao se preocupe com isso agora, amor.
–Gosto de olhar as estrelas, as vezes. Porque ai eu penso que pode ter alguém olhando para elas tambem, em outro lugar bem diferente mas ao mesmo tempo que eu.
–Ou do seu lado, de repente.
–Idiota, voce entendeu. -eu ri e ele fez uma cara de culpado.
–Olha ali, aquela constelação -Nick me mostrou.
–O que é?
–É a constelação de Orion.
–Eu ja ouvi falar.
–Engraçado, sabia que a constelação de Câncer nunca aparece enquanto a de Orion esta no céu, e a constelacao de Orion nunca aperece quando a de Câncer esta no céu.
–Como voce sabe?
–Por causa da história.
–Que história? -eu perguntei e ele riu.
–Da constelação de Câncer.
–Como é? Me conta -pedi.
Ele começou a contar, e depois contou a história das outras constelações tambem. Eu nao sei como ele era tao atraente de um jeito tao natural, juro que eu nao sei, mas ele era, e isso era ótimo.
–Vamos embora Lana? Ja esta tarde.
–Nao podemos ficar so mais um pouco?
–Claro, linda -ele disse e eu sorri.

NICK
Eu e Lana ficamos ate tarde na ponte e depois viemos pra casa. Nao acredito que consegui fazer ela esquecer daquele garoto. Eu me sentia tao bem com ela e passar um dia com ela foi muito bom.