Transcendência escrita por Evelyn


Capítulo 1
A ironia era tão doce quanto geleia de morango


Notas iniciais do capítulo

Segunda one do dia, sim, é verdade.Eu apenas enchi-me com uma terrível vontade de escrever hoje, e esse foi o resultado - juntamente com a de Game Of Thrones.Esta fanfic foi outra rápida. Por sua vez, no máximo, a escrevi em meia-hora, então espero que considerem isso antes de me xingar mais que o necessário, sim? (Sei que a fanfic está confusa, na verdade, não sei de onde tirei tudo isso, apenas escrevi)> E não, vocês não vão saber se o personagem em questão é homem ou mulher.



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tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo.

Carlos Drummond de Andrade

Sentia-se tolo e impotente como uma gota de chuva — cinza, e não azul, porque lágrimas e água tinham isso em comum, deslizavam, escapavam das nuvens e dos olhos, afastando-se, mas sem jamais afastar a dor, porque humanos choravam e o céu chorava, tudo chorava, tudo tremia e o mundo era o mais forte dos terremotos, e, acima de tudo, eram julgadas como o azul do céu quando na verdade eram o cinza da alma —, uma folha de outono planando na mais fria tarde de outono sem jamais cair, um raio de sol do meio-dia repudiado por todos e uma flor morta que ninguém hesitaria em ignorar.

Em algum lugar de seu cérebro — milhões de correntes sanguíneas, impulsos que fariam todo seu corpo mover-se em questão de segundos, mais nervos do que você poderia contar e mais lembranças do que você gostaria de guardar — a voz da pessoa que conseguiu destruir seu delicado e alto castelo de cartas ecoava — e você, doentiamente, gostava — porque ela foi a razão da destruição do mesmo — quase — tanto quanto foi a razão de você ergue-lo.

A ironia era tão doce quanto geleia de morango.

Havia adesivos colados no teto de seu quarto — eram estrelas e você deveria ver estrelas, mas elas não carregavam mais brilho que seus olhos, e por algum motivo desconhecido por si, você as via como a Morte, porque lhes eram convidativas e desconhecidas na mesma medida — e uma pessoa que você conheceu um dia — pessoa bonita e alta, de cabelos loiros e pensamentos afogados no nada, maldita puta que não mais de um dia passou contigo mas te confundiu ainda mais — olhou-os e disse que essas estrelas estão mortas como você.

Então sorriu, levantou-se, andou para longe, nunca mais voltou.

Quando você sentiu que sua queda finalmente havia chegado ao fim, o céu estava marrom — era tudo uma mistura de luzes da cidade e céu de fim de tarde, com uma pequena mistura de dor, satisfação, isso está tão terrivelmente errado e de finalmente — e o chão estava branco, maciço e seus pés fundiam-se nele.

Era um dia como qualquer outro, mas lhe parecera o mais belo dia de neve que algum dia existiu. O café estava mais quente, o chocolate, mais saboroso, e a sensação de ler enrolado em cobertores e observando a neve caindo para lá da janela parecera ainda mais saudável — um copo de leite, uma carteira riscada e amarelada na escola, café quente demais em um sofá cujas molas estão começando a enfraquecer, um livro bom no qual se perder e um sono no qual se entreter, era assim que você vivia, e isso lhe era tão vazio quanto significativo, e você mudaria tudo ao mesmo tempo em que não ousaria mudar nada.

A silhueta apareceu do outro lado da rua em uma manhã nublada, sorriu com cabelos ruivos, dentes já não tão brancos, rosto cansado e pele esbranquiçada — e você apenas percebeu que jamais tinha parado de cair, que era isso que você sempre faria, porque essa era sua miséria, e essa era sua dádiva. Cair, cair e cair.

Naquela noite mórbida de fim de inverno e fim de vida, você viu sombras correndo nas paredes, escondendo-se no que deveriam ser estrelas e tentando-o sem jamais tentar. Elas eram silenciosas e fúnebres como toda sombra tem de ser, mas ainda assim tudo ali lhe era errado — tudo ali lhe era vivo — e você sabia que ninguém jamais as veria, ninguém jamais acreditaria no ser humano tolo que você era, e — ninguém jamais ouviria isso vindo de você — mas era esse o motivo que lhe fazia gritar para as sombras toda noite, desabafar para elas todas as angústias que lhe tomavam o peito e então sentir que elas tomam sua alma cada vez mais.

Elas gritavam porque você as via — você gritava por ninguém mais vê-las.

Sombras matam com o silêncio. Humanos, com sentimentos, você disse uma última vez, encarando as estrelas no teto acima de você e, por um curto espaço de tempo, você as viu brilhar, e o inferno é tão mais simples.


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Notas finais do capítulo

A dedicatória dessa, por sua vez, vai para o Ulisses, porque por algum motivo desconhecido até por mim - talvez um dia você me conte - você resolveu que ser meu amigo seria algo divertido, e talvez para você e sua mente insana seja, mas eu espero que sua constante estupidez e indecisão não lhe façam mudar de ideia em um breve futuro.
e eu acho que posso considerar o último parágrafo um tributo para a aphrodite laclair mesmo que ela nunca vá ler isso daqui



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