Soldatino - Oneshot escrita por akumuffin


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Recomendo muito que ouçam essa música e prestem atenção na letra antes que leiam a fic:
https://soundcloud.com/paola-bennet/soldatino-nicos-lullaby
Boa leitura!



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Um garoto de olhos negros encarava as pontas antes brancas de seus all stars imundos, soltando um suspiro fraco. A noite estava consideravelmente fria, e um vento gelado soprava forte o suficiente apenas para fazer com que os seus cabelos balançassem.

Ele deu uma olhada para trás, e viu a cena que não se alterou nem um pouco durante aquele período de uma hora: A pretora da décima segunda legião e um sátiro velho que gritava ocasionais “morra!” durante o seu sono, ambos deitados ao lado de uma amiga de 15 metros, Atena Partenos. Mas depois de se lembrar do que certos dois semideuses haviam enfrentado para que pudessem levar aquela escultura gigante para o Acampamento Meio-Sangue, Nico acabou tendo que desviar o olhar.

Realmente, vigiar os arredores enquanto os seus “acompanhantes” descansavam – na verdade, pouco sabia sobre qualquer um dos presentes, com exceção de Reyna. Mas esse era o pessoal que ia pegar carona, e eles haviam se saído bem durante as batalhas que tiveram naquele dia – era entediante. As estrelas continuavam as mesmas, o vento também, e o ronco – que por sinal não era baixo – do Treinador Hedge permanecia do mesmo jeito.

Limitou-se a tirar o anel em formato de caveira de seu dedo, e começou a brincar com este, passando-o de mão em mão. Estava acostumado com isso. Durante o período em que passara no submundo, acabou inventando algumas pequenas brincadeiras para que o tempo passasse mais rápido, ou para que ao menos não fosse tão agonizante ficar sozinho. Tinha essa, e também outra...

Deu uma última olhada nas belas adormecidas: mesmo resultado. Parecia que nem se um príncipe – ou ninfa, no caso do sátiro – aparecesse, eles acordariam. Bem, parecia que estaria tudo bem se fizesse o que estava pensando.

Respirou fundo, e colocou o seu anel no dedo novamente. Pelo menos esperava que aquilo fizesse com que se acalmasse um pouco a respeito do que havia acontecido há alguns dias. Podia parecer besteira, mas continuava pensando no acontecimento com o Cupido.

Close your eyes, I know that you see. – Ele começou a cantar a cantiga, lembrando-se vagamente do rosto fantasmagórico da sua irmã mais velha quando ela mesma havia lhe desferido aquelas palavras, no rancho Triplo G, mais tarde, depois de Percy ter os deixado a sós para conversar sobre o que fosse.

The darkness is high, and you're in ten feet deep. – Continuou cantando para si mesmo, agora sem muita preocupação em acordar os outros ou não. – But we've survived more terrible monsters than sleep and you know I will be here to tell you to breathe.

Tu sei il mio soldatino
La ragione per cui vivo
Non ti scordar di me
Io veglierò su di te

Stumbling lost; the last choice of all that you meet
It's the cost of ruling those 'neath your feet
Paths you've crossed, and trust you're trying to keep
You're exhausted, listening for a voice that can't speak

Tu sei il mio soldatino
La ragione ho vissuto
Non ti scordar di me
Io veglierò su di te

So you run; through shadows you roam
Seams undone by the love you thought you could own
But he's just one of many that you might call home
And maybe someday, the bitter will fade from your bones

Sentiu algo molhado escorrer por suas bochechas. Parecia que finalmente havia entendido o verdadeiro sentido daquela parte da música. Bianca já sabia da verdade antes mesmo de que seu irmão pudesse reconhecê-la. Ah, e ele que tinha tido aquela ideia justamente para afastar os pensamentos relacionados a isso. Idiota. Idiota, idiota! Era um idiota completo. Um idiota quebrado e que ainda sentia falta da irmã que havia morrido, mas mesmo assim um idiota.

Secou as lágrimas com a manga do casaco de aviador, e babulciou a última parte da música com dificuldade, e tentando se segurar ao máximo para que não viesse a ter mais um ataque. Fungou, e seguiu.

Eri il mio soldatino
Ora un principe oscuro
Ma anche per te, c'è una luce
Che ad un'altra vita ti conduce

Terminando, ao invés de ouvir o som dos grilos, como esperava, foi surpreendido com um bater de palmas. Virou-se, e acabou se deparando com Reyna sentada a alguns metros de distância, usando as mesmas roupas com que dormira: camiseta do Acampamento Júpiter e uma bermuda.

– Achei que você estava dormindo. – Nico disse, encarando-a como se nada tivesse acontecido. Tentou soar o mais normal possível, apesar de não ter soado lá muito convincente.

– Eu não consegui dormir. Pesadelos demais. – Ela deu de ombros e deixou um pequeno suspiro passar por seus lábios. – Mas você canta bem, Nico. Deveria entrar em um daqueles concursos que os descendentes de Febo Apolo planejam.

Um sorriso passou pelos seus lábios. Aparentemente, ela não imaginava que um filho do deus do mundo inferior pudesse cantar daquele jeito.

– Me deixe em paz. Ainda não é o seu turno de ficar de vigília.

Apesar de parecer um pouco relutante, a filha de Bellona se afastou de Nico, dando de ombros para deixar a sua indiferença bem marcada. E então, ela foi até onde estava dormindo anteriormente, e tapou-se mais uma vez com os trapos que estavam servindo como cobertores.

Passou-se meia hora, e Nico deitou no chão. Ainda não havia acabado a sua vigília, mas já estava cansado demais. Chamaria seja lá quem precisasse chamar em pouco tempo para assumir o seu cargo, mas por enquanto não estava se importando nem um pouco.

Encarou o céu.

– Sinto a sua falta, Bianca. – Murmurou.

Por mais maluco que soasse, teve a impressão de em meio ao farfalhar das árvores ter ouvido um “Eu também, mio soldatino.


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Notas finais do capítulo

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