Dolorido, sim era assim que eu me encontrava. Extremamente dolorido, afinal a posição em que dormi não era uma das mais agradáveis, mas fazer o que? Suspirei e abri meus olhos, encarando o teto do quarto e... Espera um minuto... Esse não é o forro do meu quarto... O meu é de gesso e ok, esse ai também é de gesso, mas é... Diferente.
Olhei em volta, eu não estava em meu quarto até porque, eu não tenho nenhuma peça feminina jogada no meu chão -até onde eu me lembre claro- e, céus! Que peso é esse no meu braço? Eu troquei meu colchão por acaso? Esse é mais confortável que o meu antigo e... Que cheiro extremamente doce é esse? Parece o cheiro da Nell... Na boa, tem alguma coisa em cima do meu braço! Alguma coisa bem pesada!
Olhei para meu braço e, encontrei uma longa cabeleira esverdeada sobre ele, instantaneamente me lembrei que havia dormido no apartamento da Nell essa noite, ela estava com cólicas fortes. As, malditas cólicas, por que existem hein? Tadinha da minha pequena... Sofre tanto com elas...
Ok Grimmjow! Chega de gayzisse! Você se declarou para ela ontem! Isso foi um ato de coragem extrema meu caro! Sinta-se honrado por isso, afinal não levou um fora dela! Ela apenas dormiu, durante a sua declaração o que lhe faz continuar na FriendZone! Então, vanglorie-se por isso e não comece com gayzisses!
Suspirei. FriendZone... Estou nela há cinco anos, quando descobri que amo a Nell... Ahhh, aquele dia... Aquele dia foi, simplesmente... Maravilhoso e extremamente angustiante! Eu lembro tão perfeitamente, que parece ter sido, sei lá, ontem!
Eu estava na praça de alimentação do Shopping, a Nell estava me esperando sentada a uma mesa próxima dali, enquanto eu estava lá, na fila do Mc Donald’s esperando eles entregarem nossos lanches. Naquele dia, algo diferente havia nascido em mim, assim que eu coloquei meus olhos em Nelliel, os cabelos dela estavam mais bonitos que o habitual, e quando eu perguntei sobre eles, ela apenas disse que os penteou. Estranho, eu não deveria notar isso, certo?
Quando ela me abraçou, enquanto me cumprimentava, algo mais aconteceu, não sei explicar, mas meu coração disparou, parecia que eu havia acabado de correr em mais um dos inúmeros rachas, que participava na época, eu fiquei, hum... Tremulo?
Enfim, naquele dia, quando eu me sentei na mesinha da praça de alimentação, segurando a bandeja com os lanches e enquanto eu observava Nelliel atacar a comida, com voracidade, eu simplesmente, me toquei de algo: Ela era simplesmente linda!
Os cabelos longos e peculiarmente esverdeados dela eram lindos e combinavam perfeitamente com os olhos esmeraldas dela! Ah, aquela boca pequena e rosada... A pele macia e levemente bronzeada... Tudo tão lindo e perfeito. Ela era perfeita, e foi ali, babando enquanto a observava comer vorazmente, percebi que, a amava.
E sim, esse relato totalmente meloso, que acabei de fazer, foi o mais gay que consegui. Engraçado Grimmjow, como você consegue ser gay, quando está apaixonado! Pelo amor de Deus homem! Não consegue ser menos gay não?! Creio que estou andando muito com Nnoitra e com...
– G-Grimm-kun...? – chamou, a voz linda e sonolenta de Nelliel.
– Sim? – Virei meu rosto em sua direção e sorri abertamente, o sorriso que eu sempre lhe lançava.
Ela sorriu e fechou os olhos: - Esse sorriso, sacana logo de manhã? – ela bocejou e se sentou, espreguiçando-se um pouco.
– Apenas você, o acha sacana – me sentei e estiquei meus braços, minhas costas estavam acabadas – O resto da população feminina, delira quando o vê.
– Porque são todas atiradas que não se valorizam e amam um cara canalha– Ok, minha melhor amiga, a garota que eu amo, acabou de me chamar de canalha, na “cara dura”. Parabéns Grimmjow! Ótima impressão, essa que Nelliel tem de você.
Ela soltou uma longa risada divertida e se levantou, olhei em meu relógio de pulso, eram 12:25, tenho que ir para casa, me arrumar para o trabalho, almoçar e... Droga! Já era meio dia! Meio dia! Meio Dia! Estou, mais do que atrasado! Aizen irá acabar com minha raça, arrancar meu coro e...
– Hey Grimmjow! – ela me chamou novamente, mas sua voz estava distante – Grimmjow! – A voz dela, vinha da... Cozinha? – Grimmjow! Seu babaca, me responda logo!
– Diga, mulher impaciente! – me levantei e arrumei o máximo que consegui, minha roupa, que estava extremamente amassada. Precisava estar apresentável, afinal ainda tenho que ir trabalhar.
– O que você quer, para comer? – ela apareceu na porta do quarto, com a mesma camisa branca da noite passada, ficava tão linda com minhas roupas.
– Não irei almoçar Nell, está tarde, me atrasei demais para o trabalho, Aizen irá...
– E desde quando você liga para o que Aizen acha ou diz? – Sim, claro ela me interrompeu... Ela me interrompeu... – Você é o funcionário mais... Hum... Rebelde que ele tem, se assim dizer – Ok, ela estava certa – Agora, diga-me homem mau-humorado! O que quer comer?
– Qualquer coisa, que não seja feita por você, será ótima, não quero morrer de indigestão – Sorri irônico, enquanto a observava corar de nervosismo – Por acaso, você possuí comida congelada?
Ela soltou um baixo, “rugido” de raiva e saiu pisando firme, caminhando até a cozinha. Sabia muito bem o que ela faria, tentaria me provar que era boa cozinheira, o que era a maior mentira que um dia existiu no Universo. Nelliel era um desastre na cozinha, ela conseguia transformar em uma batalha colossal, o cozimento de um simples miojo. Claro, ela estava tentando melhorar, estava dando o melhor de si, nunca a vi tão empenhada em aprender algo, como estava empenhada em aprender a cozinhar, mas esse empenho todo não estava sendo lá, grande coisa não.
Suspirei e sai do quarto, estralando meus braços e costas, a cama de Nelliel era confortável, mas dormir de roupa social e de mal jeito, com uma linda garota sobre você, não é algo que se considere “sensato” de se fazer. Claro, se por acaso, você quiser acordar dolorido no outro dia e extremamente feliz, ai eu diria que até poderia ser, recomendável. Claro, desde que essa garota, não seja, Nelliel. Estamos entendidos, caro leitor homem, que com certeza baba quando a vê?
Me sentei no sofá dela, pegando meu casaco e minha gravata e os colocando de volta, era incomodo usar aquela peça em meu pescoço, eu sentia-me como um cãozinho acorrentado pela coleira. Sim, essa era a sensação, gravatas apertadas, roupas sociais tudo isso faziam-me me sentir acorrentado. Eu não era assim, pelo contrário prefiro jeans surrados e jaquetas de couro e uma moto muito, muito maneira, ao ter que usar ternos e gravatas, e um carro um pouco mais... Hum... Moderno. Mas ser diretor de uma empresa multinacional acaba lhe obrigando a fazer algumas coisas.
Não demorou muito e ela me chamou da cozinha novamente, dizendo que a comida estava pronta. Fui para lá, me preparando psicologicamente para o que eu seria obrigado a comer. Entrei na cozinha, ela estava na frente do fogão, pegando algumas panelas e as depositando na mesa, que já estava posta, com dois pratos, os Hashi’s e dois copos.Me sentei na mesa e fui fuçar nas panelas. Ela havia feito um rápido Rámen, e sim estava cheirando muito, muito bem.
Ela colocou uma jarra com suco de laranja, sobre a mesa e sentou-se também, me encarando com uma expressão, que dizia claramente “Irei fazê-lo engolir, as palavras ditas anteriormente”. Suspirei, ela tentaria me matar logo, logo. Nelliel, me serviu e serviu a si mesma, pegou os hashi’s e agradeceu a comida, com um rápido “Itadakimasu”.
Olhei para meu prato, peguei os hashi’s e me arrisquei a experimentar, o Rámen da Nelliel, que estava... Estava... Estava simplesmente... Maravilhoso! Olhei para ela e sim, estava visivelmente surpresa, aquele Rámen, aquele ali estava magnífico!
– Está boa a comida... Grimm-kun? – perguntou ela, com cinismo na voz.
Ah Nelliel... Não seja cínica, você fica tão sexy assim...
– Retiro o que disse antes... Sua comida está... Maravilhosa!
Ela corou, sorriu e agradeceu, voltando a comer, logo depois, bom... Valeu a pena ter me atrasado, mais um pouco.

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Ichigo é um bom amigo sabe? Muito bom mesmo... Nós nos batemos as vezes, nos ofendemos sempre, já brigamos feio várias vezes, lembro de uma onde nós nos machucamos feio. Sai com a clavícula fraturada e ele com a tíbia, mas mesmo depois dessa briga, lembro que havíamos ficado no mesmo quarto do hospital e estávamos conversando de boa. Como disse, somos muito bons amigos, de verdade mesmo, mas... Ah Ichigo sempre consegue me tirar do sério. Como ele consegue? Ah, simples, usando a Nell para isso.
Veja bem, Ichigo sempre soube do meu amor por ela, não eu nunca contei a ele, os únicos que sabem, são Ulquiorra e Orihime e eles eu sei muito bem que, nunca falariam nada para ninguém, já Ichigo, aquele ruivo filho de uma senhora muito “gente boa” descobriu de alguma forma e mesmo, namorando com Rukia, sempre arranja uma forma de me provocar usando Nelliel. Exatamente como ele está fazendo... Agora.
– Ahhh Ichigo-kun! – falou Nell, com aquela feição de criança – Devolva-me meu livro!
Ichigo segurava o livro que Nelliel lia, no alto, enquanto ela tentava tomá-lo da mão de Ichigo, algo que era inútil, já que Ichigo era mais alto do que ela. Vocês podem acabar achando que isso é apenas uma “brincadeira de amigos” simples assim, mas não. Aquilo não era uma brincadeira de amigos, aquela era a forma que ele usava para me provocar.
Digamos que, se fosse eu, a fazer o que Ichigo esta fazendo agora, depois de exatas três vezes que ela repetiria “Devolva-me meu livro Grimm-kun” eu me encontraria no chão, contorcendo-me de dor, pois Nell teria acertado minhas partes baixas. Já com Ichigo, ela sempre pede as coisas com “Jeitinho”. Ou seja, eu que sou o Melhor Amigo apanho por fazer uma brincadeira com ela, ele que é só o Amigo, ganha uma feição emburrada e simples assim. Simples assim!
Ichigo, sabe dessa diferença de tratamento entre eu e ele, e sabe que isso me irrita profundamente, portanto, ele ama fazer essa palhaçada quando eu estou por perto, apenas para me irritar.
– Okay, okay Nell-chan! – falou o ruivo filho de uma senhora muito “gente boa” – Pode pegar seu livro.
Ele abaixou a mão que segurava o livro e o entregou a Nelliel, que com o rosto totalmente emburrado pegou ele e murmurou um baixo “Obrigada” a contra-gosto. Assumo, que essa atitude dela, para com ele me agrada e muito, mas não me agrada tanto assim, afinal se fosse comigo... Ah, eu estaria no chão esta hora.
– Ah Nell-chan! Vem cá! – e o ruivo filho de uma senhora muito “gente boa” segurou o pulso de Nelliel e a puxou para um abraço. Um. Abraço. – Eu estava só brincando com você, sua boba.
Sabe aquela vontade de, pular em cima de uma pessoa e socar a cara dela, até ela ficar negra? Então, eu sentia essa vontade neste momento. Eu queria afastar Ichigo de Nelliel, pular em cima dele e socar a cara de idiota que ele tem, até a pele branca ficar negra e depois, de negra voltar a ser branca.Para continuar socando e ela voltar a ser negra.
– Run, seu besta – falou ela, devolvendo o abraço... Ela devolveu o maldito abraço. – Na próxima vez, eu arranco os pelos da sua perna – e soltando a risada mais linda do universo ela deitou a cabeça no ombro dele... Ela deitou a cabeça no ombro dele. Dele!
Ichigo instantaneamente me olhou e abriu o sorriso mais filho da puta, que alguém pode abrir. O maldito sorriso que diz “Sua cara de ciúmes é engraçada demais, por isso vou continuar a abraçar a mina que tu ama, só para te irritar”. Okay, esqueçam o que eu disse. Ichigo nunca foi um ótimo amigo, ele sempre foi um grande filho de uma senhora muito “gente boa” e que vai morrer daqui a pouquinho por tocar em quem não deve.
Nelliel afastou-se de Ichigo e sentou-se no sofá novamente abrindo o livro e voltando a ler, calmamente, como se nada estivesse acabado de acontecer. As vezes, eu chegava a pensar que, ela sabia do meu amor por ela, e deixava Ichigo a abraçar daquela forma, apenas para me provocar. Bom, eu estava errado. Ela nunca ficaria tão a vontade ao meu lado se soubesse que eu a amava. Nelliel sentiria-se mal por não conseguir corresponder o sentimento e me evitaria de tudo quanto é forma.
– Bom – começou ela levantando-se e fechando o livro – Eu já vou embora, está tarde, amanhã acordo cedo, para...
– Vagabundear mais? – perguntei, soltando uma longa risada – Você não faz nada, naquela empresa.
– Hahaha, muito engraçadinho você, não é Grimmjow? – ela pegou o livro e bateu com ele em minha cabeça, não doeu de imediato, mas eu amo fazer drama e deixá-la com remorso.
– Ai Nelliel! – levei as mãos para, onde ela bateu com o livro e esfreguei de leve – Sabia que isso dói? – mentira Grimmjow, pare de mentir assim. – Eu passei a noite toda, cuidando de você, e você me retribui assim, me machucando!
Nelliel, ficou vermelha e mordeu o lábio inferior, logo aproximando-se de mim e sentando-se do meu lado, me abraçando e pedindo desculpas incessantemente, eu movi montanhas internas para não abraçá-la de volta. Primeiramente porque eu amava quando ela me abraçava assim e segundo, porque eu queria mostrar para Ichigo, que mesmo com toda aquela diferença de tratamento entre nós, ela me ama mais do que ele. Sorrindo da forma mais cínica possível, eu encarei o ruivo lazarento, que devolvia meu olhar com a maior indiferença possível.
De repente ela se afastou um pouco de mim, eu senti seu olhos sobre meu rosto, imaginei que logo ela voltaria a me abraçar e a pedir desculpas, do jeitinho que ela sempre faz, quando quer que eu a perdoe por algo bobo, como isso, mas... Ela não o fez.
Eu virei meu rosto para saber o que havia acontecido, e então aquela noite se tornou a mais feliz da minha vida. Quando eu me virei, Nelliel estava vindo com seu rosto em minha direção e sim caro leitor, ela me beijou. Ela. Me. Beijou. Ela.Me.Beijou.
Nelliel corou instantaneamente, arregalando os olhos enquanto eu sentia o doce sabor de seus pequenos lábios rosados. Não foi nada demorado, rapidamente ela se afastou e se levantou com rapidez, mais vermelha que tomate maduro, ela olhou para mim muito envergonhada, enquanto dava passos vacilantes para trás, creio que sem ao menos perceber ela tocou os próprios lábios com as pontas dos dedos descrente e correu para a porta deixando para trás tanto sua bolsa como seu livro.
– Até mais Ichigo e... G-Grimmjow! – e saiu correndo, batendo a porta atrás de si.
Ichigo abriu um sorriso brincalhão –idiota, diga-se de passagem– e aproximou-se de mim, sentando-se ao meu lado no sofá e batendo no meu ombro direito.
– Ficou feliz, agora Grimm-kun? – Ichigo, nada que você dirá, irá me tirar do sério. Não depois desse beijo – Eu também já beijei a Nelliel, uma vez...
Okay Ichigo, nada que você dirá, irá me tirar do sério neste momento, com exceção deste comentário desnecessário que você acabou de fazer. E como eu não deixaria barato está provocação, eu fiz a única coisa que um cara apaixonado e ciumento como eu poderia fazer.
Soquei o estômago de Ichigo e soltei a gargalhada mais alta que alguém pode soltar, quando ele caiu no chão sem ar.
Ah ruivo lazarento... Nada que você faça, estragará minha felicidade. N-A-D-A.