Pumpkin Jack escrita por Nano Breaker


Capítulo 1
Capítulo 1: Jack Irish




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Já era dia 31 de outubro e todos estavam ansiosos para a comemoração do Halloween. Casas enfeitadas, teias de algodão por todos os lugares, Zumbis, Múmias e Vampiros soltos pala cidade, pedindo doces. A cidade estava feliz. Com exceção Jack Irish, um alcoólatra grosseiro que, como sempre, estava gastando toda a sua fortuna com bebida. Mas por ser Halloween, Jack bebeu mais que o normal.

Soluçando e cambaleando, Jack, sem um tostão, se dirige ao banheiro. Lá dentro, encontra um homem, de aparência embaçada, alto e forte. Jack o ignora e segue para sua cabine. Enquanto lavava as mãos, Jack percebe que o homem ainda está lá, em pé. Olhando mais pra baixo, consegue distinguir uma linha oscilante atrás do homem avermelhado. Nervoso e soluçante, consegue unir forças para balbuciar:

– Um rabo?

Após uma risada maléfica, Jack reconhece o Demônio. Estava lá para buscá-lo.

– Mas por que agora? – indaga Jack.

– Halloween, muita bebida, cirrose – responde o Demônio, frio.

O Demônio concede-lhe um último desejo e, após refletir, pede mais uma cerveja. Mais uma risada maléfica. Sabendo que Jack estava quebrado, o Demônio pergunta:

– Estás pobre! Como pretendes comprar mais uma cerveja?

– Eu estava pensando – começa Jack – se você poderia se transformar em uma moeda, para que eu compre a minha última bebida.

O Demônio cede e se transforma. Jack, esperto como um cientista bêbado, rapidamente pega a moeda e guarda no bolso, que tinha o fecho em forma de Cruz.

Desesperado, o Demônio implora para sair. Jack impõe uma condição: ficar livre da morte por mais um ano. O Demônio é obrigado a aceitar e vai embora.

***

No ano seguinte, 31 de outubro, novamente, o Demônio vai de encontro com Jack, em um parque que Jack costumava visitar. Jack, com um plano já revisado, pede para que o Sr. D. pegue uma laranja em uma árvore próxima. Ingênuo, o Senhor das Trevas sobe na árvore. Subitamente, Jack saca o canivete com o qual sempre andava, por precaução, e desenha uma Cruz na árvore. Mais uma vez, o Demônio se vê obrigado a implorar. Novo trato: dez anos de paz. Felicidade que não durou.

No ano seguinte, para o seu azar, Jack morre. Sua entrada no Céu é barrada. O Demônio, vingativo também proíbe sua estadia no Inferno. Condena-o a vagar pelo Plano Central, dos espíritos incompletos. Para aumentar a humilhação, o Demônio lhe entrega uma vela em uma abóbora.

Cabisbaixo, Jack saiu andando sem rumo, pelo limbo, como uma alma sem corpo, sendo, na verdade, um corpo sem alma. Depois de um tempo andando inutilmente, decide fazer algo um tanto radical – mas já que estava morto mesmo, não importava muito -, pegou seu canivete, com o qual sempre andava, segurou forte na abóbora, agachou num cantinho e passou a lâmina no pescoço. Não sentiu nada, portanto, decidiu colocar a abóbora no lugar da cabeça. No mesmo instante, o corpo assimilou a abóbora e seus sentidos apagaram. Voltaram rapidamente, mais aguçados. Ele ouvia melhor. Ele via melhor do que antes também. Talvez estivesse vendo até demais.


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