As Fitas da Retaliação escrita por Radioactive
"It's kinda like a code, yeah
And you've been getting closer and closer,
And crossing so many lines."
— Girl At Home, Taylor Swift
FawnForPresident diz: Cass?
Sem resposta.
FawnForPresident diz: Por favor, diga alguma coisa.
FawnForPresident diz: Você deve ter alguma coisa a dizer!
FawnForPresident diz: Não é tão ruim quanto a fita fez parecer.
FawnForPresident diz: Não estamos juntos.
Eu estava bêbada, ela quase escreveu, mas apagou no último segundo. Não queria mentir.
Foi quando o ícone Cacheesedy está digitando... apareceu.
Cacheesedy diz: Você realmente não quer ouvir o que eu tenho a dizer.
FawnForPresident diz: Por favor ;(
Cacheesedy está digitando...
Fawn prendeu a respiração involuntariamente.
Cacheesedy diz: Eu não sou perfeita. E nunca achei que você fosse, mas esse realmente é o tipo de coisa que simplesmente não se faz, se você tem o mínimo de dignidade ou lealdade. Você anda por aí e acha que está acima das outras pessoas, Jensen. Mas não está. Você agiu como uma verdadeira vaca, e eu sei que você teve seus problemas, mas não acho que dormir com o meu namorado tenha resolvido qualquer um deles. A não ser que você achasse que ser virgem era um problema, o que não parece ser o caso, já que deu para o BLAKE. Vocês dois se merecem, puta merda.
FawnForPresident diz: Valeu mesmo. Agora pode me ligar e dizer tudo isso no telefone? Realmente preciso ouvir sua voz.
O telefone dela tocou no mesmo instante. Quando Fawn atendeu, a voz aguda e irritada de Cassidy começou a gritar tudo o que havia escrito, só que com muito mais repetições da palavra "vaca" e o uso de palavras menos polidas.
Blake sentou-se ao lado dela.
— Tudo bem?
Ela deu de ombros e tirou um dos fones de ouvido, entregando-o ao rapaz.
— E, sabe, já passamos por muita coisa! Não acredito que você simplesmente jogou tudo para o alto por um garoto que por acaso tem uma bunda muito invejável, mas isso não torna as coisas melhores. Bem, talvez para você, mas não para a gente. E nem venha dizer que ele te convenceu ou sei lá, porque você faz a porra que você quiser, Jensen! Você sempre fez! E nem finja que está arrependida, porque você nunca se arrepende de nada. Sempre toma as decisões que são melhores para você. Espero que você e o babaca aspirante a Calvin Klein sejam muito felizes!
Fawn suspirou, aliviada.
— Cara, você não sabe o quanto eu senti falta de ser sincera com você.
— Peça ao Blake. É só ele que importa, mesmo.
E então ela desligou.
— Como essa conversa aconteceu? — Blake ergueu uma sobrancelha, tirando o fone.
— Eu pedi que ela me ligasse.
— Essa é provavelmente a coisa mais masoquista que eu já ouvi.
— Eu merecia — ela suspirou. — E merecia bem mais, na verdade.
— Pare de ser tão dura consigo mesma. Se castigar não vai mudar o que aconteceu.
— Eu sinto como se erros fossem feitos para que aprendamos as coisas, mas eu não estou aprendendo nada com esse aqui. Então pensei que a consequência deveria ser simplesmente eu me ferrar.
— Talvez você não esteja aprendendo nada porque não foi um erro — Blake murmurou, hesitante.
Fawn fitou-o por um momento.
— Está falando sério?
— Por favor, me diga que você pensa nessa possibilidade também. Eu não quero me sentir um mané por pensar nela o tempo todo.
— Blake, eu não posso ter essa conversa agora — ela se levantou.
Blake se levantou também.
— Esse é o problema. Você nunca pode. Passou todo esse tempo pensando em como devia uma explicação à Cassidy, mas sempre se esquece de que eu também estou precisando de algumas respostas.
Fawn respirou fundo e forçou-se a olhar nos olhos dele, por mais que fosse a última coisa que quisesse fazer.
— Aquela noite foi um caso isolado. Eu tenho passado por vários problemas na minha vida, e você era uma válvula de escape. Eu não gosto de você. E não há a menor possibilidade de que eu possa desenvolver qualquer amor por você. Você foi gentil comigo quando ninguém mais se importava. É isso. E agradeço. Mas chegou a hora de seguirmos nossas vidas.
Blake encarou-a por um longo minuto. Ela hesitou, mas ele não se abalou.
— Eu não acredito em você — sussurrou ele, próximo dela.
E então saiu andando.
* * *
— E aí? — Danielle sentou-se ao lado de Fawn no intervalo do dia seguinte.
— Oi — Fawn forçou um sorriso. Cassidy sempre dissera que Fawn era muito ruim em esconder emoções, o que vinha atormentando-a por diversas razões.
— Tá tudo bem?
— Claro. Por que não estaria?
Danielle mordeu o lábio.
— Olha, eu não quero ser indelicada nem nada, mas eu recebi essa... fita.
Fawn gelou. Merda, o trato com a louca das fitas era que os segredos da pessoa que não repassou a fita seriam revelados, e não os segredos que estavam na fita não-repassada!
—... E não estou aqui para julgar ninguém. Mesmo. Não tenho moral nenhuma.
Espera aí!
— Do que você...?
— Olha, tudo bem você ter dormido com o Blake. Tipo, não tudo bem, mas quero que saiba que isso não muda o modo como eu vejo você. Além do mais, você já deve estar recebendo lições de moral o bastante da Cassidy. Mas temos outro assunto a tratar
. — É?
— Eu disse que ele é louco por você! — ela sorriu. — Eu nunca erro!
Fawn enrubesceu.
— Eu não quero falar disso.
— Mas não posso ter, tipo, nenhum detalhe?
Fawn hesitou.
— Bem, eu precisava mesmo de alguém para conversar. Não, você não pode ter nenhum detalhe, mas, érrr... Eu acho que talvez Blake goste de mim um pouco mais do que eu previ.
— E você gosta dele?
A morena hesitou.
— A Cassidy é mais importante.
— Mas você quer dar uns pegas nele.
— Porra, é claro que eu quero dar uns pegas nele. Mas isso atrapalharia ainda mais a minha amizade com a Cass, e eu ainda quero muito consertá-la.
— Cara, ele deve mesmo beijar muito bem.
— Não está ajudando.
— Certo...
* * *
Liam Hanks era brilhante em futebol, especialmente depois que conseguira o posto de quaterback há alguns meses. Já em Química? Não era tão brilhante assim.
A maioria dos caras gostava muito da aula da srta. Jones, que tinha uns 28 anos, era loura, alta, e predominantemente considerada gata.
Talvez fosse o fato de Liam não dar a mínima para nada daquilo que fez tudo começar, na verdade.
Bem, tudo começou porque Liam não conseguia tirar sequer um C em Química. Como suas outras notas também não eram muito exemplares, o medo de repetir de ano foi tomando conta.
— Srta. Jones — chamou Liam depois de uma aula, quando todos saíram da sala. — Não tem nenhum jeito de eu ganhar crédito extra? Um trabalho, peça da escola, pintar muros, limpar o chão, sei lá.
O maior de todos os erros. A srta. Jones sorriu.
— Oras, mas você não ia querer estragar esse rostinho fazendo trabalho braçal.
— Uma pesquisa sobre algum químico supostamente famoso? Um vulcão de bicarbonato de sódio?
— Eu tenho outra ideia.
Liam não entendeu imediatamente, mas o olhar dela — que não estava focado nos olhos dele — e o jeito que ela passou a língua pelos lábios vermelhos foi bem clara.
Ele soltou uma risada nervosa.
— Srta. Jones... É brincadeira, certo?
— Não sei do que está falando — ela se aproximou, basicamente ronronando.
— Tenho certeza de que podemos resolver isso com um vulcão.
— Que tal com o seu vulcão? — ela tentou tirar a camisa dele, que se afastou.
— Srta. Jones, estamos em uma sala de aula.
— E se não estivéssemos?
— Continua sendo ilegal. E nojento.
Ela revirou os olhos.
— Qualquer um dos seus amigos faria de bom grado e nem pediria nota em troca.
— Então dê para eles. Não vai acontecer comigo — Liam prometeu a ela e a si mesmo, antes de rapidamente pegar suas coisas e dar o fora.
Mas, depois de alguns meses, ela podia ser muito convincente. Tirava meio ponto da nota dele por qualquer 8 mal-escrito na equação, um cloro que parecia cianeto... Qualquer coisa.
— Eu poderia denunciar você — Liam cerrou os dentes numa das muitas vezes em que ela trancou a porta da sala depois da aula quando só estavam os dois lá dentro.
— Sua palavra contra a minha, e, enquanto você tem o pior dos históricos, eu dou aula aqui há quase dez anos — ela sorriu. — Quem acreditaria em você?
Liam bufou.
— Me deixe em paz. E comece a dar as notas que eu mereço.
— No momento, eu diria que você merece um belo zero. Você fala demais.
— Aqui, para você — ele entregou-lhe um papel.
— O que é isso?!
— O telefone e endereço de um psiquiatra. Achei que poderia ser útil.
A srta. Jones se aproximou e começou a massagear o membro de Liam, que deu um grande passo para trás, caindo em cima de uma carteira.
— Você... Você acabou de...
— Deus, não seja tão dramático — ela revirou os olhos.
— Mas... Mas...
Foi quando a porta se abriu.
— Nunca ouviu falar em bater, srta...?
— Jensen — Fawn fitou a professora, e depois seu olhar se voltou para Liam. — Você está bem?
— Por que não estaria? — a srta. Jones sorriu.
— Tchau — Liam murmurou e correu para fora da sala.
Fawn queria falar sobre sua última prova, mas aquilo podia esperar. Ela saiu correndo atrás de Liam.
— Liam! Hanks! HANKS!
Liam voltou-se para ela quando eles atingiram alguma distância, sem conseguir respirar direito.
— Passou dos limites, Jensen. A coisa toda... — ele suspirou.
— O que aconteceu? — ela se aproximou, preocupada.
Liam hesitou, mas por fim disse:
— Meu pau nem estava duro. Nem um pouco. Tipo, na moral...
— Hã... Legal. Mas o que isso tem a ver?
Liam contou a história toda, sobre como há meses a srta. Jones vinha tentando transar com ele por nota.
— E você vem recusando? — os olhos de Fawn brilharam. — Liam, isso é muito nobre!
— É? Porque eu não me sinto nobre. Me sinto um viado.
— Você não é um viado. Ela é uma safada, meu Deus. Precisamos fazer alguma coisa sobre isso.
Liam encarou-a.
— Jensen. Não faça nada de que vá se arrepender.
— Uma velha amiga me disse ontem — ela abriu um leve sorriso. — Que eu nunca me arrependo de nada.
— Incluindo foder com o Diggory?
Ela inspirou fundo antes de responder.
— Você cala a boca e eu te ajudo.
— Fechado.
* * *
FawnForPresident diz: Ainda me odeia?
FawnForPresident diz: O que eu posso fazer para consertar tudo isso? Qualquer coisa.
Cacheesedy diz: Qualquer coisa?
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