As Fitas da Retaliação escrita por Radioactive


Capítulo 12
Capítulo 12 - Linhas Tênues




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"It's kinda like a code, yeah

And you've been getting closer and closer,

And crossing so many lines."

— Girl At Home, Taylor Swift

FawnForPresident diz: Cass?

Sem resposta.

FawnForPresident diz: Por favor, diga alguma coisa.

FawnForPresident diz: Você deve ter alguma coisa a dizer!

FawnForPresident diz: Não é tão ruim quanto a fita fez parecer.

FawnForPresident diz: Não estamos juntos.

Eu estava bêbada, ela quase escreveu, mas apagou no último segundo. Não queria mentir.

Foi quando o ícone Cacheesedy está digitando... apareceu.

Cacheesedy diz: Você realmente não quer ouvir o que eu tenho a dizer.

FawnForPresident diz: Por favor ;(

Cacheesedy está digitando...

Fawn prendeu a respiração involuntariamente.

Cacheesedy diz: Eu não sou perfeita. E nunca achei que você fosse, mas esse realmente é o tipo de coisa que simplesmente não se faz, se você tem o mínimo de dignidade ou lealdade. Você anda por aí e acha que está acima das outras pessoas, Jensen. Mas não está. Você agiu como uma verdadeira vaca, e eu sei que você teve seus problemas, mas não acho que dormir com o meu namorado tenha resolvido qualquer um deles. A não ser que você achasse que ser virgem era um problema, o que não parece ser o caso, já que deu para o BLAKE. Vocês dois se merecem, puta merda.

FawnForPresident diz: Valeu mesmo. Agora pode me ligar e dizer tudo isso no telefone? Realmente preciso ouvir sua voz.

O telefone dela tocou no mesmo instante. Quando Fawn atendeu, a voz aguda e irritada de Cassidy começou a gritar tudo o que havia escrito, só que com muito mais repetições da palavra "vaca" e o uso de palavras menos polidas.

Blake sentou-se ao lado dela.

— Tudo bem?

Ela deu de ombros e tirou um dos fones de ouvido, entregando-o ao rapaz.

— E, sabe, já passamos por muita coisa! Não acredito que você simplesmente jogou tudo para o alto por um garoto que por acaso tem uma bunda muito invejável, mas isso não torna as coisas melhores. Bem, talvez para você, mas não para a gente. E nem venha dizer que ele te convenceu ou sei lá, porque você faz a porra que você quiser, Jensen! Você sempre fez! E nem finja que está arrependida, porque você nunca se arrepende de nada. Sempre toma as decisões que são melhores para você. Espero que você e o babaca aspirante a Calvin Klein sejam muito felizes!

Fawn suspirou, aliviada.

— Cara, você não sabe o quanto eu senti falta de ser sincera com você.

— Peça ao Blake. É só ele que importa, mesmo.

E então ela desligou.

— Como essa conversa aconteceu? — Blake ergueu uma sobrancelha, tirando o fone.

— Eu pedi que ela me ligasse.

— Essa é provavelmente a coisa mais masoquista que eu já ouvi.

— Eu merecia — ela suspirou. — E merecia bem mais, na verdade.

— Pare de ser tão dura consigo mesma. Se castigar não vai mudar o que aconteceu.

— Eu sinto como se erros fossem feitos para que aprendamos as coisas, mas eu não estou aprendendo nada com esse aqui. Então pensei que a consequência deveria ser simplesmente eu me ferrar.

— Talvez você não esteja aprendendo nada porque não foi um erro — Blake murmurou, hesitante.

Fawn fitou-o por um momento.

— Está falando sério?

— Por favor, me diga que você pensa nessa possibilidade também. Eu não quero me sentir um mané por pensar nela o tempo todo.

— Blake, eu não posso ter essa conversa agora — ela se levantou.

Blake se levantou também.

— Esse é o problema. Você nunca pode. Passou todo esse tempo pensando em como devia uma explicação à Cassidy, mas sempre se esquece de que eu também estou precisando de algumas respostas.

Fawn respirou fundo e forçou-se a olhar nos olhos dele, por mais que fosse a última coisa que quisesse fazer.

— Aquela noite foi um caso isolado. Eu tenho passado por vários problemas na minha vida, e você era uma válvula de escape. Eu não gosto de você. E não há a menor possibilidade de que eu possa desenvolver qualquer amor por você. Você foi gentil comigo quando ninguém mais se importava. É isso. E agradeço. Mas chegou a hora de seguirmos nossas vidas.

Blake encarou-a por um longo minuto. Ela hesitou, mas ele não se abalou.

— Eu não acredito em você — sussurrou ele, próximo dela.

E então saiu andando.

* * *

— E aí? — Danielle sentou-se ao lado de Fawn no intervalo do dia seguinte.

— Oi — Fawn forçou um sorriso. Cassidy sempre dissera que Fawn era muito ruim em esconder emoções, o que vinha atormentando-a por diversas razões.

— Tá tudo bem?

— Claro. Por que não estaria?

Danielle mordeu o lábio.

— Olha, eu não quero ser indelicada nem nada, mas eu recebi essa... fita.

Fawn gelou. Merda, o trato com a louca das fitas era que os segredos da pessoa que não repassou a fita seriam revelados, e não os segredos que estavam na fita não-repassada!

—... E não estou aqui para julgar ninguém. Mesmo. Não tenho moral nenhuma.

Espera aí!

— Do que você...?

— Olha, tudo bem você ter dormido com o Blake. Tipo, não tudo bem, mas quero que saiba que isso não muda o modo como eu vejo você. Além do mais, você já deve estar recebendo lições de moral o bastante da Cassidy. Mas temos outro assunto a tratar

. — É?

— Eu disse que ele é louco por você! — ela sorriu. — Eu nunca erro!

Fawn enrubesceu.

— Eu não quero falar disso.

— Mas não posso ter, tipo, nenhum detalhe?

Fawn hesitou.

— Bem, eu precisava mesmo de alguém para conversar. Não, você não pode ter nenhum detalhe, mas, érrr... Eu acho que talvez Blake goste de mim um pouco mais do que eu previ.

— E você gosta dele?

A morena hesitou.

— A Cassidy é mais importante.

— Mas você quer dar uns pegas nele.

— Porra, é claro que eu quero dar uns pegas nele. Mas isso atrapalharia ainda mais a minha amizade com a Cass, e eu ainda quero muito consertá-la.

— Cara, ele deve mesmo beijar muito bem.

— Não está ajudando.

— Certo...

* * *

Liam Hanks era brilhante em futebol, especialmente depois que conseguira o posto de quaterback há alguns meses. Já em Química? Não era tão brilhante assim.

A maioria dos caras gostava muito da aula da srta. Jones, que tinha uns 28 anos, era loura, alta, e predominantemente considerada gata.

Talvez fosse o fato de Liam não dar a mínima para nada daquilo que fez tudo começar, na verdade.

Bem, tudo começou porque Liam não conseguia tirar sequer um C em Química. Como suas outras notas também não eram muito exemplares, o medo de repetir de ano foi tomando conta.

— Srta. Jones — chamou Liam depois de uma aula, quando todos saíram da sala. — Não tem nenhum jeito de eu ganhar crédito extra? Um trabalho, peça da escola, pintar muros, limpar o chão, sei lá.

O maior de todos os erros. A srta. Jones sorriu.

— Oras, mas você não ia querer estragar esse rostinho fazendo trabalho braçal.

— Uma pesquisa sobre algum químico supostamente famoso? Um vulcão de bicarbonato de sódio?

— Eu tenho outra ideia.

Liam não entendeu imediatamente, mas o olhar dela — que não estava focado nos olhos dele — e o jeito que ela passou a língua pelos lábios vermelhos foi bem clara.

Ele soltou uma risada nervosa.

— Srta. Jones... É brincadeira, certo?

— Não sei do que está falando — ela se aproximou, basicamente ronronando.

— Tenho certeza de que podemos resolver isso com um vulcão.

— Que tal com o seu vulcão? — ela tentou tirar a camisa dele, que se afastou.

— Srta. Jones, estamos em uma sala de aula.

— E se não estivéssemos?

— Continua sendo ilegal. E nojento.

Ela revirou os olhos.

— Qualquer um dos seus amigos faria de bom grado e nem pediria nota em troca.

— Então dê para eles. Não vai acontecer comigo — Liam prometeu a ela e a si mesmo, antes de rapidamente pegar suas coisas e dar o fora.

Mas, depois de alguns meses, ela podia ser muito convincente. Tirava meio ponto da nota dele por qualquer 8 mal-escrito na equação, um cloro que parecia cianeto... Qualquer coisa.

— Eu poderia denunciar você — Liam cerrou os dentes numa das muitas vezes em que ela trancou a porta da sala depois da aula quando só estavam os dois lá dentro.

— Sua palavra contra a minha, e, enquanto você tem o pior dos históricos, eu dou aula aqui há quase dez anos — ela sorriu. — Quem acreditaria em você?

Liam bufou.

— Me deixe em paz. E comece a dar as notas que eu mereço.

— No momento, eu diria que você merece um belo zero. Você fala demais.

— Aqui, para você — ele entregou-lhe um papel.

— O que é isso?!

— O telefone e endereço de um psiquiatra. Achei que poderia ser útil.

A srta. Jones se aproximou e começou a massagear o membro de Liam, que deu um grande passo para trás, caindo em cima de uma carteira.

— Você... Você acabou de...

— Deus, não seja tão dramático — ela revirou os olhos.

— Mas... Mas...

Foi quando a porta se abriu.

— Nunca ouviu falar em bater, srta...?

— Jensen — Fawn fitou a professora, e depois seu olhar se voltou para Liam. — Você está bem?

— Por que não estaria? — a srta. Jones sorriu.

— Tchau — Liam murmurou e correu para fora da sala.

Fawn queria falar sobre sua última prova, mas aquilo podia esperar. Ela saiu correndo atrás de Liam.

— Liam! Hanks! HANKS!

Liam voltou-se para ela quando eles atingiram alguma distância, sem conseguir respirar direito.

— Passou dos limites, Jensen. A coisa toda... — ele suspirou.

— O que aconteceu? — ela se aproximou, preocupada.

Liam hesitou, mas por fim disse:

— Meu pau nem estava duro. Nem um pouco. Tipo, na moral...

— Hã... Legal. Mas o que isso tem a ver?

Liam contou a história toda, sobre como há meses a srta. Jones vinha tentando transar com ele por nota.

— E você vem recusando? — os olhos de Fawn brilharam. — Liam, isso é muito nobre!

— É? Porque eu não me sinto nobre. Me sinto um viado.

— Você não é um viado. Ela é uma safada, meu Deus. Precisamos fazer alguma coisa sobre isso.

Liam encarou-a.

— Jensen. Não faça nada de que vá se arrepender.

— Uma velha amiga me disse ontem — ela abriu um leve sorriso. — Que eu nunca me arrependo de nada.

— Incluindo foder com o Diggory?

Ela inspirou fundo antes de responder.

— Você cala a boca e eu te ajudo.

— Fechado.

* * *

FawnForPresident diz: Ainda me odeia?

FawnForPresident diz: O que eu posso fazer para consertar tudo isso? Qualquer coisa.

Cacheesedy diz: Qualquer coisa?


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