O clima daquele quarto estava pesado, eu podia perceber pela expressão de Sasuke que aquele assunto era um tanto que delicado, eu não queria julga-lo nem nada do tipo, eu só queria verdade, já estava cheia de tantas mentiras e verdades encobertas, se ele me escondia alguma coisa eu queria saber, eu tinha esse direito.

– Eu te salvei naquele noite, e sim eu não estava sozinho.- mordi meu lábio inferior nervosa com sua confissão.

– Você é de alguma gangue?- eu perguntei receosa, vi seu olhar mudar para um mais frio.

– Se eu falar que eu sou um chefe de uma gangue criminosa vai mudar alguma coisa entre nós? – ele perguntou me fitando atentamente. Essa era uma pergunta que me pegou de surpresa, e acho que ele percebeu isso pela minha expressão, eu estava confusa muito confusa.

– Você é chefe de uma gangue criminosa? – eu perguntei tentando reorganizar meus pensamentos.

– Você não respondeu minha pergunta – percebi que sua voz saiu mais irritadiça.

– Não Sasuke, não vai mudar, eu estou com você por que gosto de você, e sei que você é bom.- eu disse me aproximando dele, mas logo parei quando vi aparecer em seu rosto um sorriso sarcástico.

– Você continua com essa ideia tola que eu sou bom, quando você vai parar de tentar ver algo que não existe? – ele perguntou debochado.

– Para! Para de falar que você é mal e que eu sou tola! Eu vejo o que você tenta tanto esconder, e quer saber?! Eu não acredito que você seja de uma gangue criminosa! – eu gritei irritada com sua postura.

– Não acredita por que é tola – ele disse me fitando irritado.

– Por que você está mentido para mim?! Eu quero a verdade Sasuke! – já estava irritada, eu sabia que ele estava mentindo.

– Se você quer tanto saber. – ele disse impaciente.

– Sim eu quero. – respondi o fitando firme.

– Eu sou o chefe de uma gangue, mas não é criminosa, na verdade a minha gangue acaba com gangues criminosas, eu sou o chefe da Dark Golds.- ele respondeu sério, e eu tentava digerir tudo.

– Como você sabia que eu estava em perigo naquela noite? – mordi meu lábio inferior nervosa.

– Eu estava naquela boate, do piso superior eu te vi com um amigo, foi quando quase presenciei Sasori te agredir, quando você se separou de seu amigo eu fui te procurar, foi então que ouvi todo plano de Sasori e fiquei em uma das cabines esperando tudo acontecer, depois que ele te fez apagar eu chamei os dois integrantes que estavam na mesma boate para seguirem Sasori, um deles você viu naquele dia na academia, eu os segui também e quando chegamos no lugar, eu pedi para os dois entrarem lá, se você estivesse em perigo eram para me avisar, mas aí você tentou fugir e se machucou, eles lutaram com os capangas do Sasori e eu fui procurar você, até que te achei quando já iria cair no chão desmaiada.

– E depois? – eu perguntei ainda atordoada.

– Eu te trouxe para minha casa e cuidei de você, mas antes do amanhecer eu te levai até a sua casa.

Coloquei minhas mãos em minha cabeça para aliviar a dor, eu estava muito surpresa com tudo que ele tinha me contado, eu sabia que essa era a verdade, não avia nenhuma ironia nem nada, respirei fundo e me sentei em sua cama, ele era chefe de uma gangue, mas não era criminosa, eu tinha certeza disso, ele não era igual ao Sasori, vi ele se aproximar mais da cama e levantei meu olhar para ele.

– Você sabia desde o começo que ele tinha me batido né? – o vi afirmar com um balanço de cabeça.

– Por que você me ajudou? – perguntei mais calma.

– Não sei, só fiz – ele respondeu indiferente, e isso me irritou.

– Sasuke por que você me ajudou? – perguntei irritada com sua indiferença.

– Eu já disse que eu não sei – ele respondeu irritado.

– Uma resposta Sasuke, será que é difícil você me dar uma resposta? – perguntei me levantando irritada.

– Eu não sei! Talvez tenha sido pena! – gritou irritado e eu arregalei os olhos surpresa.

“Pena”

Essa palavra ficava ecoando em minha cabeça, ele tinha me salvado por pena, é logico que foi por isso, pelo que mais seria? É só isso que eu desperto nas pessoas mesmo, pena, sentia meus olhos embargarem e sussurrei a única coisa que eu consegui falar.

– Pena? – perguntei ainda perplexa.

Vi seu olhar mudar para um surpreso, acho que só agora ele percebeu o que falou, bagunçou seus cabelos irritado e me olhou.

– Pena, é lógico que era pena, é só isso que eu causo nas pessoas, pena – o olhei magoada e arregalei os olhos quando entendi tudo.

– Você está comigo por pena – murmurei perplexa – Agora eu entendi tudo, o porquê de você ter me salvado, e ter me pedido em namoro, você fez isso por pena! – falei indignada.

Vi seu olhar confuso e surpreso, percebi que ele ia falar alguma coisa mais o barulho do toque do meu celular o impediu. Olhei no visor e vi que era minha mãe, franzi o cenho confusa e atendi.

– Sakura onde você está?! – sua voz saiu mais histérica que o normal.

– Mãe calma, eu – me interrompeu.

– Calma?! Sakura acabaram de me ligar da sua escola, e falaram que você não está lá, onde você está?!

Mordi o lábio nervosa sem saber o que eu iria dizer, apertei o celular com mais força e resolvi falar qualquer coisa.

– Mãe olha quando eu chegar em casa a gente conversa, tchau.- falei desligando logo em seguida, olhei para Sasuke e falei.

– Eu vou para casa. – disse fria, peguei minha bolsa e abri a porta sentindo ele me fita, não queria que ele falasse nada, só queria sair de lá o mais rápido possível.

Desci ás escadas triste e com raiva, bati a porta com força, lagrimas desciam descontroladamente pelo meu rosto. Já estava na calçada quando lembrei de que minha casa estava a vários quarteirões dali.A única pessoa que me levaria era Sasuke mais não daria essa satisfação a ele, com certeza ele me levaria também por pena e essa lembrança me fez ter outra descarga de ódio. Olhei no visor e disquei o numero da primeira pessoa que eu sabia que poderia contar nesse momento, no terceiro toque ouvi sua voz grossa e confusa do outro lado.

– Sakura-chan?

– Naruto preciso da sua ajuda – disse respirando fundo.

– O que aconteceu?! Onde você está?! – ouvi sua voz se alterar.

– Calma, eu só preciso que você venha me pegar num lugar.

– Tudo bem, onde você está? – suspirei sorrindo, sabia que podia contar com ele.

Depois de dar o endereço para o naruto, comecei a andar para mais longe o possível daquela casa, não estava com cabeça para falar com ele, não acredito que todo esse tempo, que todo esse tempo que estávamos juntos foi por pena, mordi meu lábio já sentindo lagrimas escorrendo pelo meu rosto, eu já devia estar acostumada com isso, nada de bom dura muito tempo na minha vida, logo a frente o Camaro amarelo do naruto se aproximava, limpei minhas lagrimas, dei meu melhor sorriso e comecei a acenar para ele me ver.

Parou o carro em minha frente e saiu do carro, me olhou com uma expressão que eu conhecia bem, ele não estava contente, e quando seu olhar repousou na camisa de sasuke que eu estava usando sua expressão mostrou raiva, senti seus braços me rodearem me abraçando, correspondi o abraço e o ouvi perguntar.

– Sakura-chan o que aconteceu? – o abracei mais forte e sussurrei.

– Tanta coisa naruto, tanta coisa.

– Vem vamos, você me conta no caminho. – ele disse se separando do abraço.

Ele abriu a porta do carro para mim, eu entrei, e depois fez o mesmo, deu partida no carro e seguiu rumo a minha casa, paramos no sinal vermelho e ele me olhou.

– Por que você não estava na escola? – ele me fitou seriamente.

– Eu não estava me sentindo bem, então o Sasuke me levou para casa dele.- menti.

– Isso não explica o porquê de você está com a camisa dele – me olhou com o cenho franzido – mas vou deixar passar, por que você não pediu para ele te levar para casa? – ele perguntou arqueando a sobrancelha.

– Naruto será que podemos não falar sobre isso? – não queria me lembrar do que sasuke tinha falado, o vi acenar com a cabeça e continuei – e como tá as coisas lá no colégio? – perguntei o vendo suspirar.

– Um caos, o diretor está surtando, alguns policiais estão lá, ele fecharam a escola e mandaram todos para casa, ficamos preocupados quando não te achamos, você anda meio distante, sabe eu entendo, esse lance do gaara, todos nós sentimos, mas sabemos como você é mais próxima dele, só queremos que saiba que qualquer coisa que precisar, estamos aqui.- disse dando um sorriso que já era sua marca.

– Eu sei, obrigado naruto, eu amo todos vocês – disse sorrindo, ele parou o carro e percebi que já tínhamos chegado.

– Tchau naruto, avisa para todos que eu estou bem, e que os amo. – disse sorrindo o abraçando.

– Tchau Sakura-chan, também te amamos, se cuida. – disse retribuindo o abraço.

Depois de acenar para naruto, resolvi entrar em casa, achei que iria encontra-los na sala, mas parece que eles não tinham chegado, melhor assim, poderia tirar a camisa de sasuke, e tirar a minha com sangue, subi as escadas correndo, peguei um short azul, uma regata preta e fui tomar um rápido banho, sai do banheiro e fui petear o cabelo, escutei um barulho no andar de baixo, passei perfume, e sai do quarto, desci as escadas vendo os dois em pé em frente á mesa de centro, seus olhares estavam sérios, muito sérios, terminei de descer o último degrau sentindo seus olhares, andei devagar até a poltrona e me sentei já esperando o grande sermão que estava por vir.

Levantei o olhar vendo os dois se aproximarem, o primeiro a se pronunciar foi meu pai, que por incrível que pareça não gritava, mas eu sabia que sua calmaria duraria pouco tempo.

– Eu já sei que você espera que eu grite, mas eu não vou fazer isso, eu só quero entender o porquê de você estar começando a adotar esse novo comportamento, além de se machucar sem saber como, você agora resolveu cabular aula, eu só quero saber o porquê – disse me fitando seriamente.

– Eu não estava cabulando aula.- disse calmamente.

– Então por que você não estava na escola? Sabe como ficamos preocupados com você? Seu diretor nos ligou falando sobre o que aconteceu na sua escola, pensamos que você poderia estar lá, mas não, você não estava na escola, mas não estava cabulando só, por incrível que pareça a pessoa com quem você estava cabulando era o garoto que estava no hospital, o que eu não tive nenhuma boa impressão, agora me diga eu tenho algum motivo para acreditar que você não estava cabulando? – perguntou com um leve tom de sarcasmo.

– Eu passei mal, Sasuke ficou preocupado comigo, me levou numa farmácia, compramos alguns remédios para dor de cabeça, já que eu tinha esquecido o meu aqui em casa, iriamos voltar para escola quando o naruto me ligou avisando do ocorrido, então ele me trouxe para casa, e aqui estou.- disse séria.

– E você quer que eu acredite nisso?! Acha que eu tenho cara de idiota, está mais que claro que esse garoto está a levando para o mau caminho! – seu tom de voz foi mais irritadiço.

– É a verdade papai, se o senhor não quer acreditar, eu não posso obriga-lo.- vi seu olhar estreitar e minha mãe tocar o seu braço, como se pedisse calma.

– Sakura o que seu pai quer dizer é que talvez você esteja tentando proteger o seu amigo, tudo bem já entendemos que você gosta muito dele, mas talvez seja melhor que se afaste dele.- disse com uma calma que me irritou.

– Eu não estou protegendo ninguém, não vou me afastar do sasuke já disse isso a vocês, não vou mais falar sobre esse assunto.- disse irritada.

– Mas nós vamos falar sobre isso sim, não quero você perto desse garoto e ponto, você vai nos obedecer somos seus pais.- disse irritado.

– Agora você quer dar um de pai presente? Você nunca se preocupou com quem eu andava, só por que aparece alguém legal você resolve me afastar dele, eu não vou afasta-lo de mim.- disse me levantando.

– Esse assunto já está encerrado, você não vai mais andar com ele, eu não engoli esse assunto de dor de cabeça, se você cabular aula mais uma vez ou se você se aproximar daquele garoto, eu vou te trancar naquele quarto até você ficar velha.- disse frio e irritado.

Passei pelos dois subindo a escada correndo, bati a porta e me joguei na cama, não acredito nisso, eles não tinham esse direito, nunca se importaram com quem eu andava, e agora querem que eu pare de falar com o sasuke, só por que ele não foi com a cara do mesmo, isso não é justo, o Sasori que era um traste eles gostavam dele, me levantei pegando meu remédio e um copo d’água, o tomei e me joguei na cama, com isso tudo eu me esqueci um pouco de mais cedo.

Ainda não acredito que ele estava comigo esse tempo todo por pena, não acredito que ele fez isso comigo, como ele pode? Então esse tempo todo, tudo foi mentira, o pedido de namoro, tudo, sentia lagrimas descerem pela minha bochecha ao me lembrar do seu pedido de namoro, mas logo a cena de mais cedo voltou a minha cabeça, tudo que eu queria era sumir, acho que seria melhor para todos, assim todos estariam seguros e felizes, dei um sorriso amargurado deixando ser levada pelo sono.

Acordei com alguns barulhos, pela janela vi que já era noite, me levantei bocejando, o relógio marcava sete e meia, daqui a pouco seria o jantar, e eu não queria descer, suspirei e peguei minha toalha rumando para o banheiro.

Saí do banheiro com a toalha enrolado no meu corpo, peguei uma regata branca, um short roxo e uma rasteirinha preta, sequei os cabelos, passei um gloss de cereja e um perfume também de cerejas, estava pensando em ir no parque, seria bom espairecer um pouco, peguei meu celular me preparando para descer quando ouvi o grito da minha mãe.

– Sakura vem aqui, tem alguém que veio te ver! – senti um frio na barriga pensando ser Sasuke, mas logo me lembrei que se fosse o sasuke meus pais não estariam nada feliz, me apressei para descer, já estava prepara para ver seus ônix quando tive uma grande surpresa, não eu diria que uma péssima surpresa se encaixaria melhor, parei no último degrau da escada ainda parada o fitando, não esperava encontrar aquele ser dono de uma cabeleira avermelhada em minha sala, seus olhos verdes frios me fitando e um sorriso falso em seu rosto, com os olhos arregalados murmurei perplexa.

– Sasori...