Eu estava tentando digerir todas aquelas informações, mas confesso, estava muito difícil. O sol já estava se retirando para dar lugar a lua, quando Gustavo me cutucou.

– E então.. o que me diz? - eu franzi o cenho.

– Acho que não entendi a pergunta. - disse tirando uma mecha de cabelo do meu rosto.

– Diana, qual é o problema? Não confia em mim? - eu sorri torto. - Olha sei que e muita pretensão da minha parte querer que você venha com um estranho para New York, mas.. preciso proteger você. - eu o encarei e ele corou.

– Gustavo. - suspirei. - Eu quero ir, é meio estranho falar isso mas.. me importo com a Sarah.. Não posso deixa-la simplesmente.. Ela tem me ajudado, e muito, devo algumas explicações à ela. - Gustavo assentiu. - Peco que me de alguns dias. Apenas isso.

– O problema não é te dar tempo para decidir Diana, o real problema é que os deuses já sabem sua localização. Agora não vai demorar muito ate que mandem monstros e mais monstros pra te matar. - eu engoli em seco.

– E essa foi sua maneira mais sutil de me dizer? - perguntei enquanto Gustavo se balançava de um pé para outro. - hoje.. é só o que preciso. - eu o olhava e vi em seus olhos que ele queria atender ao meu pedido, mas algo o impedia, parecia que ele queria me levar logo dali.

– Apenas hoje Diana, eu passo na sua casa pra te buscar. - Gustavo passou as mãos em seu rosto. - Mas quero que me prometa que não vai contar a ninguém sobre isso. - eu já ia protestar quando Gustavo pegou em meu ombro. - Sarah Sowt's já sabe de toda a verdade. Na realidade, ela sempre soube, ela ajudou sua mãe a te esconder. Mas o pai e o garoto não sabem de nada, e vai por mim, e melhor eles não saberem, pode ser muito perigoso.

Realmente, poderia ser muito perigoso para Sarah e para a família dela, não que eu me importasse é claro. Ah.. a quem estou tentando enganar?! Me importo sim, ate com aquele irritante e imbecil do Alex. Talvez eu sentisse algum tipo de afeto por aquela família. Afinal, eles me acolheram, bom nem todos, mas mesmo sabendo de toda a minha historia como "problemática". Claro que não posso agradar a todos, quer dizer, não posso agradar o Alex, ate intendo ele, perder o posto de filho único paparicado, pra ter que dividir a atenção dos pais com uma garota adotada, é.. eu realmente não iria gostar. Apesar de tudo, aquilo foi o mais próximo que tive de uma família, não poderia simplesmente deixa-los.

– Duas horas, prometo! - Gustavo me sorriu, tentei retribuir o sorriso, mas, não deu muito certo.

Jé eram nove horas quando eu cheguei em casa, Sarah correu ao meu encontro e me abraçou. Chorando, perguntou se eu estava bem e o que tinha acontecido, eu a acalmei e a levei para a sala. Sentei de frente a ela e vi o quanto estava aliviada em me ver bem.

– Fiquei preocupada com você. - disse limpando uma lágrima que corria por seu rosto pálido.

– Me desculpa Sarah, só que.. bom aconteceram algumas coisas incomuns hoje. - eu engoli em seco, Não sabia exatamente o que contar e se eu devia contar. Sarah passou as mãos no rosto limpando-o e me olhou sorrindo.

– Diana, ha coisas que eu já devia ter te contado a muito tempo, mas.. não soube como. - ela respirou fundo.

– Sobre minha mãe não é? - eu a perguntei.

– Sua mãe era professora junto comigo, trabalhávamos em uma escola em New York, lecionando para alunos do ensino médio. Sua mãe era professora de História, nos formamos juntas, chegamos ate a morar juntas por 3 anos. Foi quando ela conheceu seu pai. - eu pisquei nervosa. - Rebekah se envolveu com seu pai de uma maneira muito bonita, ela voltava sorrindo para casa todos os dias, ele mandava rosas vermelhas sempre de manhã. Ela o amava e ele parecia à amar da mesma maneira. - eu deixei um sorriso escapar . - Mas ate que um dia, Rebekah desmaiou em minha frente, haviam semanas que ela tinha enjoos e tonturas. Perguntei para ela se não poderia ser gravidez. Rebekah sorriu com a possibilidade. E então ela fez o teste e realmente estava gravida.

– E você chegou a conhecer meu pai? - a interrompi.

– Não pessoalmente. - eu suspirei e Sarah continuou. - Acompanhei a gravidez da sua mãe, como ela não podia trabalhar, eu ajudei ate você nascer. E quando você nasceu foi uma alegria tao grande. Alguns anos depois eu acabei conhecendo o Jonas, Rebekah comprou uma casa e decidiu morar sozinha com você, eu vim morar com Jonas em Seattle, quatro anos depois de casarmos, sua mãe bateu em minha porta pedindo ajuda. Ela me explicou toda a historia e eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo.

– E o que ela disse?

– Disse que havia tido uma filha com um deus. - ela me olhou como se esperasse que eu ficasse surpresa mas.. não foi bem isso o que viu, eu estava normal, pois já sabia de toda a verdade. - Bom, não qualquer deus, mas um deus grego, Zeus. Ela pediu minha ajuda para te esconder, eu disse que poderia ficar com você, mas ela disse que seria arriscado, que te mandaria para um orfanato e pediu que eu "vigiasse" você.

– Mas porque ela me mandou para um orfanato. Aquele lugar era horrível. - disse levantando bruscamente.

– Diana ela fez isso para o seu bem. Como você é filha de Zeus, o senhor do Olimpo o seu "cheiro" e muito forte, atrairia muitos monstros, e te escondendo no orfanato o cheiro das outras crianças iria encobrir o seu. - eu me sentei novamente.

– Minha mãe te contou tudo isso? - Sarah assentiu.

– No começo não acreditei, mas então a campainha tocou, quando abri a porta dei de cara com um homem alto, de pele clara, cabelos grisalhos e olhos muito azuis. - eu a olhava fixamente. - Era Zeus em carne e osso bem na minha frente . Ele entrou e pediu para Rebekah te esconder o mais rápido possível, e que ele iria despistar Hera por mais algum tempo. Eu no mesmo instante concordei com a ideia de sua mãe. Depois de te deixar no orfanato, ela seguiu para New York, mas sofreu um acidente na estrada e acabou morrendo. E desde então eu tenho tomado conta de você. Mas desde o ultimo verão, você tem sido atacada não tem? - eu assenti. - Creio que já descobriram sua localização.

– Sarah, fui atacada hoje voltando do colégio, eu estava com um garoto, Gustavo, ele disse que é filho do deus Apolo e me contou tudo. - apanhei as mãos de Sarah e sorri torto. - Ele quer que eu vá com ele para New York, disse que sou herdeira de Zeus e que preciso ir ao Olimpo para reclamar meu trono.

– Eu sabia que esse dia chegaria. - ela suspirou e se levantou, me levantei em seguida. - Bom.. creio que deve partir.

– Sarah eu vou ficar mais um dia aqui. - ela balançou a cabeça.
– Não você não pode! Diana, aqui não e mais seguro para você. - ela me sorriu. - Vai se sair bem, sua mãe estaria orgulhosa da filha que tem. Só me prometa que vai tomar cuidado.

– Não se preocupe Sarah, sempre me virei não foi? - Sarah me abraçou. Eu subi ate meu quarto, tirei o material do colégio de dentro da mochila e coloquei algumas mudas de roupa. A campainha tocou, era Gustavo. Eu ia saindo quando Sarah me abraçou de repente. Fiquei sem ação, ela me beijou na bochecha e pediu que eu ficasse bem, eu sorri e disse que ficaria. Um táxi nos esperava, entrei no táxi e Gustavo entrou em seguida.

– Então.. pra onde vamos? - perguntei à Gustavo.

– Para rodoviária.

A medida que o carro se distanciava da casa de Sarah senti uma aperto em meu coração. Pela janela do táxi eu via os outros carros, pensei em como, em único dia, minha vida mudou completamente. De uma garota problemática, à uma semideusa herdeira de um trono. Procurei meu celular pelo banco e minha mão encontrou a de Gustavo, a tirei rapidamente e corei. Aquele garoto era diferente, e não digo diferente pelo fato de me deixar mais irritada do que o normal, na verdade não sei o quanto ele era diferente, apenas sabia que ele era.