A Feiticeira escrita por rkaoril


Capítulo 48
A Vitória/Razões




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XLVIII

SABRINA

SABRINA POR UM MOMENTO sentiu falta das caçadoras. Estavam acompanhando Ártemis ao conselho dos deuses, provavelmente, então não tinha um grupo de jovens fortes e lobos pra ajudá-la. Também não tinha Suzana, mas ela não queria pensar nisso.

Sabrina lutou por tanto tempo que seus músculos doíam, seus cabelos pareciam se desfazer ao toque e seus óculos estavam rachados. Ela tinha cortes nas costas que latejavam – envenenados, provavelmente – sentia que devia ter algo cravado em sua panturrilha esquerda e metade da manga de seu braço esquerdo tinha simplesmente evaporado. Após algum tempo, com os raios e ventos que Johnathan conjurava, começou a chover. Sabrina se sentia encharcada até os ossos.

Ela queria poder parar e queria poder gritar e queria poder cair morta. Ela não podia. Tinha um pai esperando ela em algum lugar – em casa, ela esperava – e Elizabeth... droga, nem queria nem pensar. Só podia rezar para que Elizabeth estivesse bem e que tivesse colocado a Feiticeira pra dormir. Se bem que se estava tão adormecida, os monstros já teriam desistido.

Ela parou os pensamentos e continuou a lutar.

Uma dracnae apareceu do nada diante ela e a apertou com sua calda de cobra – como uma serpente sufocando a presa – Sabrina apertou a adaga e cortou o rabo da dracnae, aproveitando o momento de dor do monstro para o degolar.

Ela sentiu algo muito quente atrás dela e se jogou ao chão quando a bola de fogo veio. Se levantou, deu uma cambalhota e acertou o lestrigão que a tinha jogado entre as pernas, ele morreu instantaneamente.

Aquela dança caótica se repetiu – quando pensava que estava prestes a desmaiar, Sabrina pegava um pedaço de ambrósia no bolço traseiro e o mastigava. Ou tomava um gole do cantil de néctar.

Chegou ao ponto que não havia mais da comida divina. Sabrina se desesperou, olhou ao redor e percebeu uma coisa – não via nenhum de seus amigos. Clarissa, Raphael, Johnathan e Catherine estavam longe, ou mortos.

Ela viu relâmpagos faiscando longe, e talvez algumas explosões. Foi quando sentiu um zumbido em sua orelha, uma flecha passou por ela e acertou um cão infernal pronto pra a atacar bem diante dela. Ela olhou para a direção da flecha e viu Theo, ele estava com vários cortes no rosto e sua alijava nas costas estava quase vazia.
– Graças aos deuses você está bem – ele disse – os monstros não param! – ele gritou, desviando de um pontapé de uma górgona na qual ele puxou uma faca do cinto e atravessou uma faca. – Temos que sair daqui, ir para os túneis!
– Mas e o seu acampamento?
– Não tem como! – ele pegou a mão dela e começou a correr – A maioria está morto ou inconsciente, nenhum orgulho vale tanto a pena.

Foi quando Sabrina ouviu uma voz, que pareceu mandar finalmente alguma calma para ela – embora fizesse seu coração acelerar. Ela olhou para trás e viu que vários dos monstros pararam – ou melhor colocando, desapareceram.

Uma fenda no chão de alguns metros de espessura devia ter se aberto, vários monstros ainda tropeçavam para dentro, outros fugiam assustados. Cães infernais – bonzinhos – destroçavam monstros e outros cães infernais com suas mandíbulas. E o mais impressionante – mortos.

Legionários, campistas gregos e vários outros lutadores esqueléticos ou fantasmagóricos entravam em ação. A maioria parecia mais sedento de sangue que os próprios monstros.

A dona da voz que Sabrina tinha ouvido se materializou diante dela.

Elizabeth sorriu travessamente para ela, seus olhos brilhavam vermelhos e ela usava uma armadura de ferro estígio.
– Bem – ela disse – eu ainda posso me juntar à festa? Eu trouxe alguns amigos.

Sabrina queria a beijar – mas bem, ferro estígio ainda era tóxico para ela.

Duas coisas fazem lutar com os mortos de aliados serem uma ótima ideia – primeiro, mortos não morrem nem se machucam. Segundo, não importa o número de vivos, o de mortos sempre é maior. Ah, mais uma coisa – fantasmas semideuses tem poderes divinos.

O exército da Feiticeira, por maior que fosse, foi dizimado. O acampamento Júpiter foi completamente coberto por pó dourado e algum sangue. Sem falar em buracos de ocasionais bombas e algum fogo grego ainda queimado.

Depois que a batalha terminou, houve uma espécie de reencontro – os mortos eram em sua grande maioria campistas gregos e romanos mortos aquele ano. Sabrina reconheceu Verônica e muitos outros. Sua meia-irmã mais velha deu alguns abraços, sorriu e chorou um pouco mas, como todos os fantasmas, voltou para o submundo.

Ela viu Catherine um pouco queimada, cortada e torrada (como um prensado) mas ela sorriu e continuou falando com o pessoal de seu acampamento – e alguns gregos – sobre a reconstrução do acampamento Júpiter. Sabrina se juntou com o pessoal de seu acampamento – Clarissa e Raphael estavam sentados em um banco em Nova Roma, suas armas sendo vigiadas por Términus enquanto eles falavam animadoramente.
– ... logo teremos que fazer uma reconstrução também. – ele disse – Sem as barreiras, várias vezes monstros tomaram o acampamento e tivemos que reconquistá-lo.
– Eu tenho uma ideia – disse Sabrina – vamos construir templos dessa vez.
– Sabrina! – gritou uma voz atrás dela, ela reconheceu Theo – Eu só queria dizer que nós estamos muito agradecidos por sua ajuda. – ele sorriu. Sabrina sorriu travessamente.
– Vocês nos devem uma – ela reconheceu – mas eu tenho uma ideia. Diga a Catherine pra fazer um sistema de túneis até o nosso acampamento e estamos quites.
– Eu diria – ele falou – mas ela não é mais pretora. Ela deu o cargo a nossa general da 2ª Corte, Lianna. – Sabrina levantou as sobrancelhas – Foi um ano muito extressante pra ela.

Sabrina tinha que admitir que ele estava certo.
– Mas é uma ótima ideia. Eu falarei com Lianna.
– Certo. – disse Sabrina – Agora temos que voltar pra casa. Mais uma coisa, obrigada por nos emprestar John.
– Foi uma honra emprestar aquele inútil. – Theo fez uma reverência falsa antes de sair rindo.
– Yo – disse Elizabeth, tropeçando em seus próprios pés – Eu perdi alguma coisa?
– Muitas – Sabrina com um sorriso notou que ela não estava mais com a armadura.
– Que pena, mais eu vou perder mais. – Elizabeth então abraçou Sabrina – Ela está acordada. Me desculpe. – Sabrina arregalou os olhos pra amiga, mas não a largou.
– Ela...
– Usou meu sangue? Sim. Eu posso desmaiar um pouco em seu ombro?

Elizabeth não precisou que Sabrina respondesse. Simplesmente se apoiou no ombro dela e apagou. Sabrina queria fazer mil perguntas (perda de sangue e ela ainda invoca um exército de fantasmas?), mas achou que a amiga merecia um descanço.

***

– Então, eu só queria deixar vocês saberem. – disse Ártemis as garotas, enquanto elas limpavam as cozinhas do acampamento meio-sangue.
– Ahm, muito obrigado. – murmurou Sabrina – Essa nova diretora do acampamento que vai vir.... deve ser legal.
– E eu tenho uma proposta a vocês – disse Ártemis – gostariam de se juntar a mim e Suzana à caça?
– Não. – disse Sabrina imediatamente.
– E você Elizabeth? – perguntou Ártemis – Gostaria de vir?

Foi impressão de Sabrina ou Elizabeth estava constrangida?
– Ahm, é, hm. – fez Elizabeth – Me desculpe, mas não. – Ártemis parecia confusa.
– Você foi muito útil e forte na batalha do acampamento Júpiter, eu adoraria que você se juntasse. Por que não?
– É, bem... – Elizabeth olhou para um canto. Sabrina imaginou que o Gasparzinho devia estar por perto – razões. – disse ela.

Sabrina explodiu em gargalhadas.
– Razões? – disse Ártemis – Eu não intendi. Que razões?
– Senhora – disse Sabrina, controlando a risada enquanto o rosto de sua amiga fervia em vermelho – ela já disse não, não disse?


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Notas finais do capítulo

Razões



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