A Feiticeira escrita por rkaoril


Capítulo 26
Um anjo do mal




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/434398/chapter/26

XXVI

ELIZABETH

ELIZABETH ACORDOU COM JOHNATHAN gritando em seus ouvidos. Ela ainda estava sentada na neve, e ele a sacudia de um lado para o outro gritando e dizendo para ela acordar. Quando ela deu um tapa nele e gritou de volta, ele voltou a discutir, gritando com ela. A discussão durou pouco mais de cinco minutos, então ambos decidiram que era melhor parar com a gritaria e fazer alguma coisa útil.

Ela se apoiou na pedra às suas costas para se levantar. Ainda era de noite, provavelmente tinha dormido por pouco mais de uma hora. Suas pernas pareciam ser feitas de pedras de gelo, ela podia mexê-las mas não podia senti-las. Tentou caminhar alguns passos longe da pedra, mas a neve e a dormência fizeram ela cambalear o caminho todo e cair com tudo no chão. Ela ouviu Johnathan gargalhando alguns metros dela, então se apoiou nos braços para levantar de novo.
– Está... muito... frio. – ela conseguiu dizer batendo os dentes. Agora que o stress de discutir com ele tinha passado, ela não conseguia parar de tremer e bater os dentes, e era como se estivesse mergulhada em um mar de gelo.

Johnathan felizmente parou der rir e pegou algo em sua mochila. Colocou nas mãos frias – e já azuis – dela uns cubinhos marrons.
– Tome, ambrósia. – Elizabeth colocou o cubinho na boca e com ajuda do bater dos dentes o mastigou e engoliu. Tinha gosto da lasanha de sua mãe com creme branco e carne moída. Quando engoliu a ambrósia desceu aquecendo seu corpo, e logo estava bem outra vez.
– Vai acontecer uma avalanche. – disse ela quando se recuperou.
– Oi?
– Vai. Acontecer. Uma. Avalanche. – ela apontou para as elevações da montanha mais altas do que ela. Havia montes e montes de neve e cada vez mais os montes ficavam maiores por que ainda estava nevando.
– Okay, temos que sair daqui.

Eles entraram na floresta e pinheiros enevoados e outras árvores quase sem folhas que cobria a montanha. Elizabeth aproveitava a sua visão noturna para olhar ao redor a procura de um abrigo, mas ainda estava muito cansada. Johnathan aproveitava o brilho de sua espada de Ouro Imperial. Eles avançaram alguns quilômetros floresta a dentro quando Elizabeth sentiu algo forte vindo em direção à ela – um vento muito gelado. Ela cambaleou para trás, então firmou os pés na neve e olhou à frente.

Apenas vento, forte de mais para ser algo natural.
– Elizabeth – disse Johnathan.
– Eu sei. – ela disse. Ela puxou a espada de ferro estígio das costas e a brandiu na frente do corpo.

O vento se agitou, dessa vez vindo de vários lados em vez de apenas um. Elizabeth apertou os olhos, uma vez o que o vento frio parecia estar secando eles e os diluindo em lágrimas. Firmou os pés ainda mais fundo no chão até que cavasse pela neve debaixo deles e atingisse a terra debaixo de seus pés. Quando tocou a terra se sentiu mais equilibrada, seu GPS subterrâneo ajudou com uma espécie de radar da superfície embora ela estivesse milhares de metros acima do nível do mar.

Elizabeth não conseguia sentir os ventos, mas sabia de onde estavam vindo – uma pressão se fazia no solo alguns metros à sua frente, como um grande peso ou massa pressionando a terra. Ela apertou os olhos e avançou a frente, cortando o ar com sua espada no ponto onde o solo estava pressionado. Os ventos pararam imediatamente. Ela ouviu uma gargalhada.

Elizabeth abriu os olhos e olhou para trás. Sentado em um galho, havia um anjo negro. Ela pensou que se haviam anjos maus, eles pareceriam daquele jeito – um rosto bonito acompanhado de um sorriso branco de mais, seu corpo era feito de vapor negro, grandes asas nas costas e garras ao invés de mãos. O anjo ainda gargalhava, apoiado no galho.
– Eu pensei – disse ele, ainda sorrindo – que o filho de Júpiter agiria mais rápido.
– Quem é você? – perguntou Johnathan.
– Não me reconhece, John? – perguntou o anjo. Seus olhos pareciam raios dentro de nuvens tempestuosas. Ele pulou no chão, caindo graciosamente (embora fosse feito de vapor) e então colocou as mãos nos quadris – Agora mais de perto, lembra-se de mim?
– Você é aquele venti. – disse Johnathan, parecendo se lembrar. Elizabeth se perguntou o que diabos estava acontecendo – Aquele que jogou Cat do precipício! – Johnathan parecia muito bravo agora.
– É mesmo, melhor lance da minha vida.
– Eu vou matar você... – Elizabeth estendeu o braço impedindo a passagem dele.
– Espere. – ela disse – É isso que ele quer que você faça seu idiota. – Elizabeth olhou para o anjo.
– Você é oque, um espirito dos ventos congelantes? – ele sorriu.
– Você chamaria minha espécie de anemoi. – disse ele. Quando ouviu, ela sabia que a tradução para português era espirito das tempestades – Mas você pode me chamar de Oliver.
– Nossa, que nome horrível. – resmungou Johnathan atrás dela. Ela concordava, mas precisava descobrir mais. Hades disseram para ter cuidado com os ventos, bem, ela precisava tomar cuidado e descobrir o que estava acontecendo.
– Você planeja nos atacar? – ela perguntou – Por que está aqui? – Oliver pareceu pensar sobre o assunto.
– Minha mestra quer que eu mate o garoto – ele olhou para Elizabeth – mas quer que eu poupe você, aparentemente ela quer você para alguma coisa. – Sua alma já é minha, dissera a Feiticeira.
– Diz pra ela me deixar em paz, eu não vou acordá-la. – Oliver deu de ombros – Não e isso que a profecia diz, não é?
– O que ele quer dizer? – perguntou Johnathan. Ela ignorou.
– Vai embora – ela disse – e talvez eu poupe você. – o anemoi riu novamente.
– Ah, eu duvido. Mais alguns ventos e vocês terão uma bela avalanche, você arriscaria?

Elizabeth apontou a espada para ele – sabia que era um plano péssimo, mas não tinha escolha. Ela olhou para Johnathan.
– Quando eu disser, corra. – ela apontou a mão para o chão aos pés de Oliver
– O que? – ela fechou a mão. Pedaços de pedra subiram do chão e prensaram Oliver entre eles.
– Corra!

Johnathan e ela já estavam metros longe quando a ventania começou. Elizabeth se sentia ainda mais cansada – os truques de sombra e pedras drenavam mais dela do que ela gostaria de admitir – mas continuou seguindo em frente, arrastando as pernas. Procurava por todo o lado por algo que pudesse servir de abrigo, mas não encontrou nada. O vento não ajudava – vinha da direção oposta, dificultando ainda mais seus passos. Ela achou que iria desmaiar.

Johnathan felizmente resolver fazer algo útil. Ele conseguiu invocar ventos que os ajudassem a se mover, vindos da direção certa e maleavelmente parando os ventos opostos. Nuvens se formavam acima deles, trazendo mais neve, ventos e algumas trovoadas. Elizabeth gostaria de gritar com as nuvens, mas sua garganta latejava.

Conseguiram sair da floresta, mas não era algo necessariamente bom. Agora, sem as árvores para tapar a vista, toneladas de neve eram visíveis no topo da montanha alguns quilômetros acima deles. Elizabeth parou e olhou para cima por algum momento, até que enxergou Oliver no topo da montanha. Ele fez um sinal de ‘até mais’ e então as nuvens que traziam neve calma começaram a trovar, ficar mais escuras e se expandir, trazendo mais ventanias.
– Puta merda. – xingou Johnathan quando a neve começou a descer.

Elizabeth calculou exatamente cinco minutos até a avalanche os alcançar. Olhou para a estrada onde estavam, era apenas uma rua que subia a montanha e então se interligava em outra montanha para continuar cortando a cordilheira. Ela tinha um plano, mas não queria arriscar ficar em coma novamente. Ela olhou de um lado para o outro, não achava que pudesse correr na direção da estrada. Seu pai dissera para encontrar um abrigo, ela não conseguia ver qualquer abrigo possível.
– Alguma ideia? – ela perguntou à Johnathan.
– Eu tenho. Não vai dar em nada. – ela olhou com uma cara para ele, e então, atrás dele viu o que parecia uma daquelas entradas para porões. Não sabia como não tinha visto antes: nas portas da entrada brilhavam um delta (∆) azul. Ela pegou Johnathan pelo pulso e saiu correndo em direção da entrada do porão – Ei! O que você está fazendo?
– Cala a boca! – ela gritou, provavelmente em grego. Então chutou as portas do porão para que ficassem abertas e se jogou dentro, com Johnathan vindo arrastado. Assim que atingiu o chão, a neve inundou tudo tirando as chances de sair.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Feiticeira" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.