Daniel saiu do salão principal tão logo se viu sozinho com todos aqueles rostos desconhecidos. Odiou Jenny por tê-lo feito ir com ela e, pior, tê-lo deixado sozinho em um mundo bem diferente do seu. Sabia que não iria aguentar por muito tempo a Alta Sociedade de Manhattan. Este era o mundo que sua irmã queria, não ele. Resolveu ajudá-la porque não queria que ela ficasse sozinha com pessoas tão perigosas. Caso acontecesse alguma coisa, ele estaria lá para levá-la para casa em segurança.

O Baile Anual de Boas Vindas da Constance Billard School é o momento em que os Upper East Siders retornam de suas férias nos Hamptons ou na Europa. Ah, New York não é a mesma nas férias de verão, tão silenciosa! Os burburinhos, as festas e as fofocas se vão junto com seus donos. Agora, reunidos no imenso salão, eles pareciam invencíveis em seus trajes de luxo e seus ares pomposos. O que o dinheiro não pode trazer?

“É sufocante aqui dentro!”, pensou Daniel e resolveu sair e sentir a brisa quente que soprava na noite lá fora. Jenny não sentiria sua falta, de qualquer maneira. Ela havia encontrado companhias mais interessantes que a dele. Além disso, precisava de tempo para relaxar e pensar um pouco nas coisas que aconteceram e aconteceriam em breve. Depois de uma brusca mudança de cidade e de colégio, ele precisava decidir o rumo da sua vida. Na verdade, ele sabia muito bem o que queria. Apesar de ser apaixonado pela música, ele amava escrever. Não se via fazendo outra coisa a não ser escrever. Só precisava entrar em uma boa Universidade e seguir os seus planos que tudo daria certo.

Havia varandas cercando o salão e uns poucos bancos vazios. Sentou-se. A iluminação lá fora não era o suficiente e poucas pessoas perceberiam sua presença ali. Esperava que Jenny não demorasse muito porque ele já queria cair fora. A noite estava estrelada. o clima estava agradável, e ele pensou por um momento se as pessoas que estavam lá dentro haviam percebido isso. Chegou à conclusão de que não e sentiu pena por elas. Estavam todas ocupadas demais para repararem em coisas tão simples, mas bonitas.

– Serena van der Woodsen, o que você está tentando fazer?

Nate Archibald sabia exatamente o que ela estava fazendo. Os dois se conheciam há muito tempo e tinham uma espécie de caso. Mesmo depois que ele começou a namorar Blair Waldorf, que era amiga de Serena, os dois continuaram a se encontrar às escondidas.

Daniel não fazia ideia de quem eram os dois, ou porque estavam ali no escuro longe de todos os outros, mas não falou nada e só observou. O clima estava começando a esquentar quando uma voz soou perto da porta:

– Alguém viu a Serena?

Blair apareceu na porta, mas Serena e Nate já haviam se separado. Quando estavam se aproximando do corredor, viram Daniel e imediatamente se olharam. Ele com certeza tinha visto tudo.

– S, eu estava procurando por você há muito tempo! O que você estava...

– B, eu vim procurar o Nate! Você disse que ainda não o tinha visto, então eu resolvi procurá-lo. Aqui está.

Nate abraçou Blair e deu um beijo em seu rosto.

– Eu só vim fumar um cigarro, Blair, você sabe que não posso fazer isso lá dentro. Agora que você me achou, podemos voltar.

– Nate, isso é ridículo! Nós só temos 16 anos. Fumar é coisa de gente velha, tipo os nossos pais. Quando você tiver uns 40 anos, talvez não pareça tão ridículo fumando quanto agora.

Blair olhou para Nate, depois para Serena e por fim para Daniel.

– Quem é você, afinal?

– Daniel.

– Daniel quem?

– Daniel Humphrey.

Seguiu-se um silêncio constrangedor. Blair estava pesquisando pelo sobrenome Humphrey na grande lista mental de famílias que conhecia, mas nada apareceu.

– Não conheço nenhum Humphrey.

– Imaginei que não, – disse Daniel.

Blair olhou-o desconfiada.

– Você é novo aqui?

– Sou.

– Então, boa sorte, você vai precisar... – Blair falou isso o olhando de cima a baixo.

– Dan?

Todos olharam para a porta. Jennifer Humphrey estava de pé na porta e visivelmente perturbada com aquela cena. Daniel não sabia quem aquela gente toda era, mas sua irmã sim. E jamais imaginou que eles poderiam se falar em algum momento do Baile.

– A gente já pode ir? – Daniel perguntou a Jen.

– Já. – Ela respondeu olhando para Blair, Serena e depois Nate.

– Boa noite! – Dan falou olhando especificamente para Serena.

Imediatamente, agarrou o braço de Jen e ambos saíram do corredor, cruzaram o salão e chegaram à porta da entrada. De repente, surgiu o som de passos apressados e logo após alguém sussurrou algo para Dan:

– Depois a gente conversa sobre o que você viu hoje.

Quando olhou para trás, viu Serena ir embora.

Os irmãos caminharam por alguns minutos em silêncio. Jennifer estava esperando Daniel falar alguma coisa sobre o que tinha acontecido, mas ele não soltou uma palavra.

– Você não vai mesmo me contar o que aconteceu?

– Jen, nada aconteceu. Eu só estava lá fora tomando ar puro e eles apareceram pensando que não tinha ninguém ali. Eu me apresentei e depois você chegou, foi só isso.

– Foi só isso?! A gente ainda nem começou a estudar e você já se apresentou para Blair Waldorf, Serena van der Woodsen e Nate Archibal! Ah, Meu Deus, como você conseguiu? Eu preciso que me apresenta a eles da próxima vez que vocês se falarem, Dan, por favor!

– Esquece, Jen, eu não vou falar com eles de novo.

– Mas Dan...

Enquanto Jennifer apresentava os motivos pelos quais queria tanto conhecer os três amigos, Daniel pensava em Serena. Muito bonita, isso era incontestável. Mas, será que ela estava mesmo traindo a melhor amiga tão descaradamente? Ele achava que sim, porque viu o que viu. “E, afinal, o que esperar das pessoas daqui?”.

“E aquela Blair, quem ela pensa que é? Age como se eu tivesse a obrigação de conhecê-la e adorá-la. Vi absurdos demais por uma noite.”

Daniel não fazia ideia que aquele era só o começo da sua vida em NYC e Blair, Nate e Serena se envolveriam mais com ela do que quaisquer outras pessoas.

Xoxo,

G.G.