A Filha da Morte escrita por Morta viva


Capítulo 4
Capitulo 4




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Cinco minutos se passaram em um silêncio constrangedor. Cinco minutos que mais pareceram horas, eu diria. Por quê? Talvez porque nós estivéssemos de frente para Ares, o deus da guerra.

Todos no acampamento já haviam ouvido historias sobre ele. Nós sabíamos o que ele havia feito com Percy, e a maioria de nós o odiava. Mas eu... Eu não. Eu não sentia absolutamente nada em relação a ele.

Em algum momento deixei de sentir qualquer coisa por todos.

Olha, não me leva a mal. Mas é que eu passei minha vida toda tendo uma mãe que me odiava, e que me julgava pelo que eu sou. Eu sei que isso é brega, e que metades dos adolescentes sofrem com isso. Mas a verdade é que é difícil saber que a única pessoa que nasceu pra te amar te odeia.

Voltando...

Eu alternava meu olhar entre Meredith e Octavian, duas pessoas que eu acabara de conhecer. Um, eu odiei automaticamente. A outra... Bom, a outra era minha meia irmã que me fuzilava com os olhos por algum motivo que desconheço. Que diabos eu fiz pra ela, afinal?

Hum... Talvez quase matar seu namorado.

“Ele não é namorado dela” pensei, com raiva. “E afinal por que eu me importo?” “Eu nem conheço eles”.

Foram tantos pensamentos aleatórios que ate esqueci onde estava. Foi então que olhei ao meu redor. E eu sabia que, mesmo que usasse um milhão de palavras jamais poderia descrever a beleza do local. Eu só podia dizer que anh... Estávamos nas nuvens e eu não gostava nada disso.

Desde pequena sempre tive medo de altura e de água. Para falar a verdade, meu maior medo era morrer afogada.

Meus pensamentos foram interrompidos quando o homem gigante em cima de uma moto pigarreou e nos olhou sugestivamente.

– Ares – falei com raiva.

– Olá, garota.

– Por que diabo nos trouxe aqui?

– Aliás, onde estamos? – perguntou Meredith, confusa.

– Olimpo – murmurou Octavian encantado.

– Responda a minha pergunta. – murmurei, com uma expressão dura no rosto. Alex me lançou um olhar assustado.

“Por que você esta fazendo isso? Ele é o deus da guerra, sua idiota”. Apenas dei de ombros em resposta, voltando meu olhar para o deus nada feliz a minha frente.

– Você, garota inconsequente, deveria ser mais agradecida.

– Por que deveria me dar ao trabalho?

– Primeiro, eu salvei vocês do apocalipse que ta rolando lá fora. Pelo menos por enquanto... E vou salvar vocês do fim do mundo.

– Anh? – murmuram Meredith e Alex ao mesmo tempo. Hum, que lindo, agora eles vão se apaixonar e terem filhos. Pensei debochada.

– O mundo esta acabando, garotos. Todos vão morrer, e os deuses não tão nem ai pra isso. Eles estão sentados esperando o fim. Mas eu não, garotos, eu não.

–Por que os deuses fariam isso? – pensei em voz alta.

– Bell – o olhei irritada quando ouvi a pronuncia de meu apelido. Quem lhe deu o direito? Pelo canto do olhos, vi que Alex fez o mesmo – Imagine cuidar do mundo durante séculos. Imagine cuidar de vocês e daqueles vermes que vocês chamam de humanos. Você não estaria cansada? – pensei durante alguns segundos. E murmurei um sim de volta. – Eles estão se sentido assim, Bell.

– Não em chame de Bell.

– Não me interrompa.

Estava prestes a começar com uma teimosia quando Octavian soltou um “continue”.

– Mas eu sou o deus da Guerra, Bell. Eu quero ver quando vocês definharem. Eu quero ver quando a guerra chegar ate aqui. Mas isso não significa que eu queira deixar de viver. Eu não vou estar aqui para o fim. Eu vou fugir, garotos. E vocês vão comigo.

– E por que você acha que nós iríamos com você? – Meredith se pronunciou pela primeira vez em minutos.

– Eu não acho. Eu sei que vão. E Bell já tomou sua decisão, não foi, Bell?

– Cale a boca, deus maldito – Ares soltou algo que parecia com um rosnado – eu vou com ele.

– Você é tão arrogante a ponto de colocar sua vida na frente de milhões de pessoas? – falou Octavian com um biquinho surpreso. Meu Deus, eu acho que ele é a única pessoa do mundo que faz bico quando esta surpreso.

– Sou – falei com um sorriso – Eu não vou morrer por causa das pessoas que me xingaram, que me julgaram a vida inteira. Eu nunca disse que era uma pessoas boa. Eu quero eles mortos. Eu vou ficar feliz quando todos eles morrerem.

– Você é completamente maluca.

– Sou – murmurei, com um sorriso diabólico.

– Sabia! – falou Ares, sorrindo.

– Mas eu não sou iludida. Eu sei que isso tem um preço. Por que esta nos ajudando? Por que quer nos tirar daqui?

– Por quê? Muito simples querida. Vocês vão se tornar deuses comigo.

– Você esta maluco? – minha voz saiu quase num zunido – Isso é impossível!

– Não, não é. Eu sou Ares, eu posso fazer o que eu quiser. Nós vamos esperar num lugar seguro enquanto o mundo acaba. Depois, nós vamos repovoar o mundo. Nós vamos criar nosso próprio mundo. E vocês vão me ajudar.

– Mas por que nós?

– Por que esta escrito que seriam vocês. Por que sempre foram vocês. E serão vocês. Ate lá, não morram.

Então o deus desapareceu. Não só o deus, mas tudo. E eu me descobri numa cama de hotel, olhando para os lados desesperadoramente em busca de Alex. Ele não estava lá, no lugar dele, estava Octavian, que roncava numa outra cama. Meus olhos encontraram um bilhete em cima da cama.

“Oi, garotos. Vocês podem perceber que não estão mais com seus companheiros. É que eu esqueci de dizer algo a vocês. Vão ter que passar num teste antes de nós irmos embora. Terão que encontrar seus companheiros. Se conseguirem, estão comigo nessa. Se não... Sinto muito, crianças, mas vocês tão fudidos. “

Com amor, Ares.”

Eu quase podia ouvir sua voz. Era claro que ele estava debochando de nós. Olhei para Octavian e sorri com malicia. Fui ate o banheiro e peguei um recipiente e enchi de água. Volte para a cama e ainda sorrindo, joguei em Octavian.

Ele gritou que nem uma garotinha enquanto eu caia na risada. Enquanto ele me fuzilava com os olhos, a única coisa que eu podia pensar era “Essa viagem vai ser muito, muito longa”.


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