Redenção escrita por Jane Timothy Freeman


Capítulo 1
John Higgins


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos!

Não consegui me conter! Escrevi um spin-off sobre a Caroline! O que aconteceu pra ela mudar tanto, hein?

Espero que gostem!

Annie F.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/434301/chapter/1

Caroline Bingley colocou a chave na porta do apartamento e deu um suspiro resignado. A vida era realmente sem graça agora. A moça colheu o que plantara em todos esses anos.

Sozinha.

Charles e Jane.

Fitzwilliam e Elizabeth.

Brandon e Gigi.

Caroline.

A moça suspirou novamente e tentou não pensar nas irmãs Bennet. Teria muito tempo para se acostumar à ideia de tê-las em seu círculo de amizades. Além disso, Darcy e Bingley estavam felizes e, afinal, era aquilo que mais importava.

Não que doesse menos, é claro.

– Carol.

Seu coração congelou ao ouvir o som daquela voz. Não podia ser...

– John? – Virou-se e encarou os profundos olhos que tanto a intimidavam.

O homem vestia uma roupa casual, mas seu tom era completamente sério.

– Precisamos conversar.

A moça balançou a cabeça, desfazendo-se rapidamente do choque que a deixava trêmula.

– Desculpe-me, John, mas eu discordo. – Com um sorriso triste, Caroline virou-se e entrou no apartamento, fechando a porta atrás de si.

O braço de John Higgins a impediu.

– Carol, por favor.

Seus olhos fixaram-se por alguns minutos através da fresta. Bufando, Caroline assentiu e abriu a porta.

– Não se demore, estou com alguns projetos para terminar. – Seu corpo tremia, mas ela não deixaria transparecer. Rumou para a cozinha. – Chá? Café? Água?

– Não quero beber nada, apenas conversar. – John sentou-se em uma poltrona da sala e Caroline sentou-se na poltrona oposta. O rapaz uniu as palmas das mãos e apoiou seu queixo na ponta dos dedos. Olhando fixamente para Caroline, falou: - Jane ligou-me.

O corpo de Caroline arrepiou-se, porém a moça disfarçou.

– É mesmo? Espero que esteja tudo bem! – A moça sabia muito bem do que se tratava aquele assunto, só queria retardá-lo ao máximo.

John fechou os olhos e respirou fundo, impaciente.

– Caroline, você sabe muito bem a que me refiro. – Deixou as mãos caírem no colo e apoiou-se no encosto da poltrona. – O que a fez mudar de ideia? Por que ajudou Jane e seu irmão?

Caroline visualizou em sua mente alguns flashes de como conhecera John. Ele era um promotor de eventos muito amigo de Jane. As duas encontravam-se com certa frequências nos eventos de moda, de forma que Caroline foi apresentada ao rapaz.

Na ocasião, ainda era a mesma moça estúpida e orgulhosa que estava perdidamente apaixonada por um amigo que a desprezava, que destruíra a felicidade do irmão por egoísmo e que se achava melhor que qualquer um em qualquer lugar do mundo. Não foi difícil pensar que era superior àquele simples funcionário. Caroline era uma empresária, uma mulher poderosa!

Sua mente esqueceu-se dele nas primeiras ocasiões em que se encontraram. Porém, em algum momento, a vivacidade e o bom humor de John tornaram-se uma constante, fazendo com que Caroline ansiasse secretamente pelo próximo desfile.

John também interessou-se pela moça. Logo, os dois saíam juntos para jantar ou passear pelas ruas movimentadas de Londres, falando de coisas completamente sem sentido. Caroline sentia-se muito mais viva naquelas ocasiões, mais livre.

Todavia, a personalidade de uma pessoa não muda de um dia para o outro. Invariavelmente, sua paixão por Darcy reapareceu, em especial depois de o casamento de Elizabeth com Wickham permanecer. A moça passou a ignorar as ligações de John e a tratá-lo como antes.

Caroline então percebeu que algo estava errado. Seu dia estava completo da presença de Darcy, seja física, seja em pensamentos, mas ela não estava feliz. Muito pelo contrário: sentia-se presa, sufocada.

Notou que aquilo poderia ser a falta de John. Tornou a chamá-lo para algumas saídas amigáveis, mas agora era ele quem a ignorava. Irritada com a petulância do rapaz, Caroline tornou-se mais insistente. Um dia, John aceitou tomar um chá em seu apartamento:

– John! Que bom que veio! Entre, está frio aqui fora. – O rapaz aceitou o convite, mas seu rosto era de poucos amigos. Caroline estranhou a atitude, porém pensou que fosse charme.

Seu pensamento foi completamente dissipado quando, ao fechar a porta, John disparou:

– Você é desprezível.

A xícara de porcelana que Caroline carregava estilhaçou-se em pedacinhos.

– O quê? 

John aproximou-se dela, raiva pulsando em seus olhos.

– Exatamente o que ouviu. Você, Caroline Bingley, é desprezível.

– Quem é você para falar assim de mim?

John cuspiu no chão.

– Sou alguém que não destruiria a felicidade de outras pessoas em prol de meus interesses. Sou alguém que não jogaria o próprio irmão no limbo só para conquistar o amigo deste. Sou alguém que não brincaria com os sentimentos de alguém como você brincou com os meus. Tenho nojo de tê-la conhecido algum dia. Ainda bem que Jane me alertou!

– Ah, a inocente Jane o fez! Que bom. Por que não vão ser felizes juntos? – Pegou a outra xícara e arremessou em direção do rapaz, que se desviou a tempo.

– Você é ainda mais suja do que pensei se fala assim de Jane. Não tenho a metade de sua fortuna, mas tenho o triplo de caráter. Você é tão nojenta, tão repulsiva, tão... – O rapaz estava enfurecido. Passando as mãos nos cabelos, ele se aproximou perigosamente dela: - Quando perceber que afastou todos que realmente gostavam de você, por favor, desfaça os seus erros. Ou, ao menos, tente se redimir. Não acredito que conseguirá viver consigo mesma por muito tempo, sua personalidade eventualmente enojará a si própria. – O rapaz virou-se e começou a caminhar para a porta.

– John, querido, isso é ciúme? – Caroline deu uma risada sarcástica. – Está certo, você não é metade do que Darcy é. Nem sei por que me importei em brincar com você por tanto tempo.

Quando o rapaz virou-se para ela, os olhos raivosos a avisaram do grande erro que cometera. John a tomou nos braços com um beijo ardente, embora incrivelmente gentil. Caroline derreteu-se completamente, sentiu seu coração bater como nunca antes.

Antes que ela pudesse reagir, John afastou-se como se tivesse sido contaminado.

– Corra para os braços dele agora.

E saiu.

Caroline caiu de joelhos no carpete, chocada demais até mesmo para chorar. O que ela havia feito?

Perder John daquela maneira finalmente a fez perceber as coisas de um modo bastante distinto. Ela havia dançado em volta do fogo e se queimado, mas resolver as pendências talvez aliviasse a dor.

E então Caroline interviera por Charles, seu irmão, e ele e Jane estavam juntos e felizes. Fizera pouco a respeito de Darcy e Lizzie, mas sentia-se aliviada em não mais ser afastada com repulsa por ambos. Solitária, porém perdoada.

Todos aqueles pensamentos passaram por sua cabeça em algum tempo. Não era fácil encarar John depois de todas as palavras ditas e não ditas.

Como ele reagiria se soubesse que Caroline o amava ainda mais? Sem ele, teria piorado tudo. Respirou fundo e respondeu à pergunta dele:

– Ajudei Jane porque amadureci, John. – Nada a faria confessar agora. Queria que ele a amasse, não que tivesse pena dela. Desfizera-se de todos os defeitos, menos do orgulho. – Em algum momento percebi o mal que fiz.

Os olhos de John continuavam fixos nos dela.

– Desculpe-me.

Caroline deu um sobressalto.

– O quê?

– Desculpe-me, Carol. Devo tê-la magoado muito com minhas palavras. – Passou as mãos pelos cabelos e a moça teve um vislumbre de arrependimento em seus olhos. – Não deveria ter sido tão rude com você. Digo, é ótimo que tenha desfeito toda a confusão, mas não é desculpa para meu comportamento. Não fui um cavalheiro.

Caroline sorriu fracamente.

– Não se sinta culpado, John. Você foi a gota d’água, eu realmente precisava de um choque de realidade. Obrigada.

Os dois continuaram em silêncio por algum tempo.

– Bom, se você não se importa... – A moça começou a despedir-se. Aquela situação era demais para ela, seus olhos já não conseguiam mais conter as lágrimas. Chorar na frente de John era humilhante.

O rapaz rapidamente foi até ela e se ajoelhou à sua frente, limpando as lágrimas com os dedos. Eventualmente, o rosto de Caroline apoiou-se em suas mãos.

– Carol, olhe para mim. – O olhar arregalado dela logo encontrou o dele. – Eu amo você, ok? Amo! Apesar de todo este dramalhão no final, nós temos algo que não me deixa longe de você. – Afagou-lhe o rosto lentamente. – Por isso, preciso saber: ainda ama Darcy?

Mais algumas lágrimas caíram dos olhos de Caroline.

– Não, John. Estou completamente apaixonada por você. – Um rubor tomou o rosto da moça enquanto ela chorava, todo o sofrimento desde que John se fora caindo sobre seus ombros. – Darcy é uma sombra perto de você.

O rapaz a abraçou forte.

– Carol, Carol... – Sussurrava em seu ouvido, afagando-lhe os cabelos. – Jamais irei embora novamente. Você é mulher certa para mim.

Com essas palavras, deixou que seus lábios tocassem os dela lentamente. Caroline enroscou seus braços nos ombros do rapaz e aprofundou o beijo, deixando claro e certo que jamais o deixaria ir embora.

John encostou sua testa à da moça e sussurrou:

– Seremos felizes, minha querida.

Caroline nunca esteve tão certa disso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ownt! :D

E então?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Redenção" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.