Eu, Ele, Nósnós, Ela, Eu escrita por EveF


Capítulo 1
Capítulo 1 - O EU dela


Notas iniciais do capítulo

A visão dela sobre o assunto.



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É engraçado como há um tempo atrás minhas frases em geral começavam por “nós”.

O “nós” era a pessoa predominante em minha vida. Por um longo e demasiado tempo o “eu” foi suprimido pelo opressor “nós”, que no fundo tinha mais “ele” do que realmente “nós”.

E sempre pensei que quando esse “nós”, que na verdade era “ele”, se transformasse em “eu” novamente, eu sofreria. Sim, eu. Por que o “ele” continuaria como sempre fora: um imbecil.

Só agora vejo o quanto ele era um imbecil.

Como pude deixar que aquele “nós” me dominasse?

Se não soubesse que ele era tão idiota, diria que tinha feito um feitiço. Era pensar isso ou admitir o quanto havia sido burra em acreditar nele.

Ele era bonito, mas não justificava. Ele beijava bem, mas não justificava.

Caramba, nada justificava.

É, eu havia sido burra.

Mas meu momento de cegueira passou e estou bem. Quero dizer estava. Até encontra – lo na festa.

Depois de tudo o que aconteceu, ele tinha a cara de pau de esfregar aquela vadia na minha cara.

Não fiquei com raiva porque ele estava com outra, mas sim porque estava com aquela.

O melhor é deixar para lá. Já dei atenção demais a ele.

Não que esteja com ciúmes ou ainda goste dele. É mais decepção.

Sabe, não estou reclamando... Ah, quer saber mesmo? Estou reclamando sim!

Você se dedica a um relacionamento, sacrifica noites de festa com suas amigas, apóia os projetos, praticamente perde sua vida, sua liberdade e para quê?

Para o imbecil dormir com a primeira que se oferecesse.

E então ele chega um dia e diz que acabou. E seu mundo cai, e você não sabe o que fazer. No começo se desespera, e quando pára para pensar percebe o quanto se acostumara com tudo.

A rotina te faz procurar aquele toque que sempre esteve ali, aquela toalha molhada que você encontrava jogada sobre a cama, o beijo e a xícara de café de toda a manhã, aquelas palavras simples e vãs da hora do jantar, ou aquele aconchego no fim do dia.

Pareço confusa, eu sei. Mas não tenho como evitar. O habito faz o monge, já dizia o ditado. E eles são difíceis de esquecer.

Acho que nunca havia sido amor mesmo. Era costume, rotina, normalidade.

E de uma hora para outra, muda, acaba, modifica – se.

E você tem que aprender a viver uma nova rotina. É estou aprendendo. Por isso digo que ele é um imbecil. Porque agora que estava voltando ao normal, ele reaparece e mexe comigo. Eu não queria, mas mexeu.

Não que tenha voltado à melancolia e tristeza dos primeiros dias, mas sobreveio a lembrança dos momentos juntos.

Nem sei como me sinto, porém, não quero mais. Ele é passado, e no passado ficará.

O “eu” se libertou do “nós”, que na verdade era “ele”.

Agora quero viver o “eu”, antes de encontrar um outro “ele”, para se tornarem “nós”.

 

 


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Notas finais do capítulo

Mandem Reviews. Deêm sua opinião...
^^