Decifra-me ou Devoro-te escrita por C W Elliot


Capítulo 1
Decifra-me - Capitulo Único


Notas iniciais do capítulo

Ana...
Ela existe? Não sei.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/434213/chapter/1

Ela é louca. Ela é visceral. Ela é tudo e nada. Ela não é. Ela está. Ela está louca. Ela está visceral. Ela está tudo. Ela está nada. Hoje ela está, amanhã não mais. Me expressei errado, louca ela é mesmo. E sempre será. Porra, quem é ela? 

Ela chega assim, sem mais nem menos. Aparece do nada. Com seus cabelos encarolados ao vento, magrela com quadris e clavículas marcadas, com a altura certa para que se aconcheguem a seus cabelos, com uma expressão indesvendável no rosto. Ela é atriz, e como interpreta aquela louca. Hoje ela é Ana, amanhã é Luisa, outro dia é outro alguém. Não se sabe se ela é uma personagem, ela é assim mesmo, ela é indecifrável.

Ela é vulgar como uma prostituta, romântica como uma princesa, chora como uma garotinha, mas tem garra de mulher. É o tipo de louca que morre tragicamente aos 27 anos, simplesmente por que não pode ser velha. Não pode ser velha e chata. Ela é Capitu, com os mesmos olhos dissimulados (ela é toda dissimulada) que enlouqueceram Bentinho. Somos todos Bentinhos, e ela é Capitu. Ela é musa de muitas músicas, de músicos que nem sabem que ela existe, mas escreveram músicas exatas para ela. 

Ela abraça, beija, dança, escreve, faz o que até o Diabo duvida. E depois, ainda sussurra em meus (em nossos) ouvidos: 

" Decifra-me ou Devoro-te" 

Então, não quero (queremos) decifrá-la. Devora-nos com essa sua sede insaciável, deguste nossa alma no jantar, por que a entregamos a você. Louca. 

Ela é meiga, carinhosa, doce. Áspera, caótica, grosseira. Ela é do tipo, que depois que sasseia a nossa ideia de tentar possuí-la, senta no topo de um prédio, com um livro, café e cerveja, aprecia a vista e depois se joga. 

Somos incapazes de decifrá-la e ela tem uma fome insana de devorar-nos. Quem é ela? Eu não sei. Eu juro que não sei. A conheço, a desconheço, a descubro. Mas não sei. Ninguém sabe. É um mistério digno de Agatha. Um poema de Leminski. Uma música de Chico.  Ela parte e constrói corações. Ela é censurada, proibida, livre.  

Quem é ela?

É Ana 

É Luisa

É Caldeira

É Cannella. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Fim. De nós, não dela.