Decifra-me ou Devoro-te escrita por C W Elliot
Notas iniciais do capítulo
Ana...
Ela existe? Não sei.
Ela é louca. Ela é visceral. Ela é tudo e nada. Ela não é. Ela está. Ela está louca. Ela está visceral. Ela está tudo. Ela está nada. Hoje ela está, amanhã não mais. Me expressei errado, louca ela é mesmo. E sempre será. Porra, quem é ela?
Ela chega assim, sem mais nem menos. Aparece do nada. Com seus cabelos encarolados ao vento, magrela com quadris e clavículas marcadas, com a altura certa para que se aconcheguem a seus cabelos, com uma expressão indesvendável no rosto. Ela é atriz, e como interpreta aquela louca. Hoje ela é Ana, amanhã é Luisa, outro dia é outro alguém. Não se sabe se ela é uma personagem, ela é assim mesmo, ela é indecifrável.
Ela é vulgar como uma prostituta, romântica como uma princesa, chora como uma garotinha, mas tem garra de mulher. É o tipo de louca que morre tragicamente aos 27 anos, simplesmente por que não pode ser velha. Não pode ser velha e chata. Ela é Capitu, com os mesmos olhos dissimulados (ela é toda dissimulada) que enlouqueceram Bentinho. Somos todos Bentinhos, e ela é Capitu. Ela é musa de muitas músicas, de músicos que nem sabem que ela existe, mas escreveram músicas exatas para ela.
Ela abraça, beija, dança, escreve, faz o que até o Diabo duvida. E depois, ainda sussurra em meus (em nossos) ouvidos:
" Decifra-me ou Devoro-te"
Então, não quero (queremos) decifrá-la. Devora-nos com essa sua sede insaciável, deguste nossa alma no jantar, por que a entregamos a você. Louca.
Ela é meiga, carinhosa, doce. Áspera, caótica, grosseira. Ela é do tipo, que depois que sasseia a nossa ideia de tentar possuí-la, senta no topo de um prédio, com um livro, café e cerveja, aprecia a vista e depois se joga.
Somos incapazes de decifrá-la e ela tem uma fome insana de devorar-nos. Quem é ela? Eu não sei. Eu juro que não sei. A conheço, a desconheço, a descubro. Mas não sei. Ninguém sabe. É um mistério digno de Agatha. Um poema de Leminski. Uma música de Chico. Ela parte e constrói corações. Ela é censurada, proibida, livre.
Quem é ela?
É Ana
É Luisa
É Caldeira
É Cannella.
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Fim. De nós, não dela.