Doux Apollo et sa muse escrita por Laëtitia


Capítulo 11
Chapitre Onze


Notas iniciais do capítulo

Algumas tretas nesse capítulo alkgjhskdgjh



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/434199/chapter/11

O último mês passou rapidamente, Eponine e Azelma haviam sido presas por alguns dias após serem pegas junto com a gangue do Sr. Thenardier, aparentemente o seu plano consistia em matar alguém, mas segundo ela, ninguém havia sido ferido, em compensação, seu pai permanecia na cadeia.

Grantaire continuava fazendo pinturas de Esme, ao menos duas por semana. Quando estavam no Musain, ele fazia questão de fazer esboços dela com um pedaço de grafite em seu bloquinho.

As aulas de Esme na faculdade haviam começado há uma semana e ela estava se esforçando para acompanhá-las. Era difícil no começo, pois não haviam mulheres na Sorbonne e Esme sofria muito preconceito, até da parte dos professores, porém ela ignorava isso.

Sem nenhuma manifestação para participar, as reuniões de Enjolras eram curtas, fazendo com que houvesse tempo de sobra para que Esme e os outros meninos estudassem.

Estavam todos, exceto Marius e Enjolras, no Musain, juntaram 2 mesas e colocaram seus livros e cadernos sobre elas. Pegaram algumas cadeiras extras e se colocaram a estudar.

"Hum...alguém pode me dizer o que é intussusceptum?" Perguntou Joly por detrás de uma enorme pilha de livros sobre doenças e anatomia.

"Não sei Joly...você é o único aqui que faz medicina, não sei nem o nome dos 203 ossos do corpo" Falou Grantaire terminando de fazer um desenho de Esme que estava sentada entre Combeferre e Joly, lendo um livro sobre os grandes impérios europeus enquanto fazia anotações em um caderno.

"206 R...o corpo tem 206 ossos" Corrigiu Jehan sem nem ao menos tirar os olhos do papel no qual escrevia rapidamente uma poesia, suas mãos manchadas com a tinta da pena que usava.

Courfeyrac e Bossuet estavam sentados juntos discutindo algo sobre leis. Courf anotava tudo o que o outro dizia e vez ou outra amassava a folha na qual escrevia e a jogava do outro lado da sala, onde agora o chão estava coberto com mais bolinhas de papel.

"Desisto!" Gritou antes de bater levemente a cabeça na mesa e soltar um gemido. Combeferre se levantou e foi até Courf, batendo levemente em suas costas enquanto este reclamava do trabalho que tinha que fazer.

Logo depois, Enjolras entrou apressado na sala, diversas folhas de papel nas mãos, seu cabelo preso de qualquer jeito por uma fita vermelha e a roupa amarrotada.

"O que houve, acordou agora, princesa?" Perguntou Grantaire com um sorriso no rosto, Enjolras apenas revirou os olhos e o ignorou.

"Vou discursar daqui a pouco, vocês vêm?" Perguntou. Todos então começaram a guardar suas coisas e se preparar para sair.

Saíram todos e foram para a praça em frente à mansão do general Lamarque. A rua não estava muito cheia, mas mesmo assim estava perfeito.

Cada um foi para os seus devidos lugares entregando panfletos ou simplesmente vigiando a polícia. Esme ficou próxima ao palco junto à Jehan.

Quando Enjolras começou a falar com a multidão, Esme parou e começou a prestar atenção. Ela reconhecia as palavras que ele dizia, logo percebeu que era o discurso que ela havia escrito semanas antes, sua opinião sobre igualdade. Ele falava com tanta paixão como se ele mesmo tivesse imaginado todas aquelas palavras. Ela sentiu o coração palpitar dentro do peito.

Os olhos de Jehan passavam de Esme para Enjolras fazendo com que ele abrisse um pequeno sorriso.

Esme estava tão entretida com Enjolras que demorou para notar que a multidão assistindo havia aumentado e todos gritavam concordando com cada palavra que lhes era dita. Eles gritavam em coro coisas como "Igualdade, justiça e liberdade", alguns ainda cantavam o hino da França.

Assim que o público se agitou, a polícia resolveu entrar em ação, tentando se aproximar do palco. Enjolras se apressou para terminar o discurso e desceu as escadas do palco correndo enquanto puxava seus amigos, o povo aplaudindo enquanto eles corriam.

Após muita correria e tendo que voltar diversas vezes para buscar Bossuet que se perdia deles ou tropeçava no meio do caminho, chegaram no Musain, gritando de alegria e comemorando enquanto se sentavam para descansar após terem corrido por quase 20 minutos.

"Eles gostaram do seu discurso! Não acredito!" Gritou Esme por entre gargalhadas. Enjolras sorriu.

"Não, eles gostaram do seu discurso, Esme!" Gritou com um sorriso no rosto enquanto abraçava a menina e a girava. Somente parou ao perceber que estavam muito próximos.

Os grandes olhos castanhos de Esme encaravam intensamente os azuis de Enjolras, dos olhos, ela passou a olhar seus lábios, cheios e cor de rosa como os de uma menina. Os dois se aproximaram ainda mais, acabando com o espaço entre eles.

Foi um beijo extremamente rápido, um pequeno toque de lábios, durando apenas alguns segundos. Pôde ouvir seus amigos suspirando surpresos e alguém batendo palmas (provavelmente Courf). Os lábios do líder eram extremamente macios como se feitos de algodão, seu gosto lembrava vagamente morangos e chá de camomila.

Foram interrompidos pelo som de vidro quebrando, ao se afastarem, apenas viram Grantaire sair rapidamente do café, esbarrando nas paredes. Esme ainda tentou sair e ir atrás dele, porém Jehan a parou.

"Não, deixe que eu vou. Você deve ser a última pessoa que ele irá querer ver" Falou vestindo seu casaco.

"Mas o que eu fiz?" Perguntou quase à beira das lágrimas. Jehan sacudiu a cabeça.

"Você..ah, esquece, vou correndo, antes que ele faça alguma besteira." Disse saindo logo depois.

Esme trocou um olhar assustado com todos, ninguém se atreveu a falar nada. Enjolras estava paralizado e com as bochechas coradas, seu rosto permanecia em uma expressão pensativa.

A porta então foi aberta com um estrondo e Marius entrou ofegante e com um sorriso bobo no rosto.

"Consegui! Finalmente consegui!" Falou indo até a irmã e a abraçando. Ela estava confusa.

"O que você conseguiu?" Perguntou Bahorel, que permanecia calado até agora.

"Ah, meu amigo, eu encontrei o meu anjo, a menina que roubou meu coração. A dona disto!" Falou tirando o lenço da senhorita que haviam visto na rua semanas antes e o levando até os lábios, o beijando.

"Qual o nome dela?" Marius parou e sorriu envergonhado, dando uma risadinha nervosa.

"Eu...não sei ainda. Vou descobrir, por enquanto sei que ela vai ao parque todos os dias pela manhã"

"Ao menos alguém aqui está tendo um bom dia." Resmungou Feuilly, se sentando ao lado de Bahorel.

"Hum...o que eu perdi?" Perguntou Marius olhando para os amigos. Ninguém falou nada, Esme saiu rapidamente do café antes que sobrasse para ela explicar para Marius o que aconteceu.

Ela ficou vagando pelas ruas por um tempo, até chegar na Ponte Neuf e parou ali, se sentando no peitoril e olhando para a água.

"Ei, Esme.." Alguém sussurrou próximo a ela, fazendo com que a menina se assustasse e quase caísse da ponte, porém a pessoa a puxou de volta. Ao se virar para ver quem era, deu de cara com os olhos azuis que a hipnotizavam. Enjolras.

"Oi.." Murmurou tentando não manter contato visual com ele, estava completamente envergonhada, e aparentemente, Enjolras também. Os dois se apoiaram no peitoril sem nem ao menos olhar um para o outro, apenas olhando para o horizonte, onde agora o sol se punha.

"Olha, desculpa tá bom? Eu não sei o que deu em mim, acho que foi a nossa proximidade, não sei, não leve aquele beijo a sério..." Disse Esme colocando a cabeça entre as mãos. Enjolras suspirou.

"Tudo bem, eu meio que também tive culpa nisso, nada teria acontecido se eu não tivesse segurado você" Ele disse. Os dois ficaram em silêncio, vendo o último raio de sol tocar a terra e desaparecer.

"Esse foi o meu primeiro beijo" Falou Enjolras baixinho. O comentário fez Esme arregalar os olhos e engasgar com a própria saliva. Após sua pequena crise, ela conseguiu reagir.

"Está brincando? Sério? Você nunca beijou ninguém?" Ele negou com a cabeça.

"Eu nunca tive interesse por ninguém. Por mais que eu me arrependa do acontecido, estou feliz que meu primeiro beijo foi com você" Sorriu.

Esme também forçou um sorriso, porém no fundo ela queria chorar. Mesmo sabendo que não havia como Enjolras ter sentimentos por ela, isso não a impediu de se sentir mal.

"Por que Grantaire reagiu daquele jeito? Eu estou tão confusa..." Falou andando de volta para o café. Enjolras pensou um pouco e respondeu.

"Acho que ele gosta de você, ele fica alegre quando você está por perto" Será que Grantaire realmente gostava dela? Por isso ele vivia a acompanhando à todos os lugares e fazendo tudo para agradá-la?

"Eu vou até a casa dele agora. Precisamos conversar." Disse voltando pelo caminho de onde vieram.

Ao ver Esme indo embora, o coração de Enjolras se apertou. Ele sentiu algo que nunca havia sentido antes, como se algo estivesse errado, resolveu ignorar e seguir seu caminho.

(...)

Esme estava andando rapidamente, com medo de ser abordada por algum criminoso como da última vez, por isso, dessa vez ela resolveu ir escondida pelos cantos e vielas para evitar ser vista.

Chegou na casa de Grantaire e encontrou a porta destrancada. Isso não podia ser um bom sinal.

Não havia sinal de ninguém ali. Ao entrar na casa, ela pôde ouvir um som baixo, como se alguém estivesse chorando. Ela então ficou espiando pela porta do estúdio de Grantaire, de onde o choro vinha.

Grantaire estava sentado no centro da sala, de pé, de costas para a porta, seus ombros tremiam com o choro. Ao seu lado, algumas garrafas de liquor vazias estavam espalhadas pelo chão, misturadas com potes de tinta. O que mais surpreendeu Esme era a pintura na qual ele trabalhava.

Era a tal pintura que permanecia escondida por debaixo de um lençol branco, a única pintura que ele nunca mostrou à Esme. Ela retratava três figuras, vestidas em túnicas gregas, um homem e uma mulher de mãos dadas enquanto outro homem estava de joelhos em sua frente. Esme quase deixou uma exclamação escapar ao notar que o quadro representava Enjolras, Esme e Grantaire. Quando ele terminou de pintar, ela esperou ele cobrir o quadro para poder entrar.

"Pensei que Jehan ainda estava aqui" Falou, surpreendendo Grantaire que rapidamente secou as lágrimas com a manga da blusa e olhou para trás por um segundo para ter certeza que o quadro estava bem coberto.

"Ele saiu para comprar mais tinta pra mim, mas está tarde, não acho que ele vá conseguir" Fungou e começou a guardar a tinta.

"Estava pintando?" Perguntou fingindo que havia acabado de chegar. Grantaire afirmou com a cabeça. Esme esperou que ele saísse do quarto para poder chegar perto da pintura coberta. Tirou o lençol e passou a analizar de perto.

A expressão de Grantaire na pintura era de pura submissão e adoração, a de Esme e Enjolras era de superioridade, os dois com aoréolas ao redor da cabeça. Então Enjolras estava certo, Grantaire gostava mesmo de Esme e a via como uma deusa junto com Enjolras. Um som vindo de trás de Esme a fez se virar. Grantaire estava parado na porta com lágrimas nos olhos.

"Oh Grantaire..." Sussurrou. Grantaire derramou as lágrimas. Esme foi até ele e o abraçou. Ele se segurou nela como se sua vida dependesse disso e começou a soluçar.

Grantaire chorou até cochilar junto com Esme. Eles não haviam mais trocado nenhuma palavra. Ela sabia que ele precisava apenas de alguém que ficasse junto à ele.

Esme acordou pouco depois com Grantaire andando de um lado ao outro do quarto.

"Porque está tão agitado?" Perguntou esfregando os olhos. Ele parou e foi até o armário, tirando dali um colete limpo e o vestiu. Estava pronto para sair.

"Uma modelo minha cancelou sua vinda, vou ter que achar outra. Já volto!" Falou. Esme se levantou e o parou antes que saísse.

"Espere, espere! Eu posso modelar, já fiz isso antes diversas vezes, qual o problema agora?" Grantaire coçou o pescoço e corou.

"É que...ela era uma cortesã e posava nua para mim, você viu os quadros" Esme assentiu, se sentindo um pouco incomodada com o fato de uma mulher estranha posar nua para ele.

"Eu faço" Disse sem pensar, se surpreendendo consigo mesma, Grantaire piscou diversas vezes, como se estivesse processando o que acabou de ouvir.

"C-como?" Gaguejou nervoso. Esme respirou fundo e torceu para que não tivesse corado, o que provavelmente aconteceu.

"Eu faço isso, eu poso nua para você. É...você é como um chefe e eu a contratada, completamente profissional" Falou. Grantaire passou um tempo em silêncio, pensando se aceitava ou não a oferta.

"T-tudo bem" Ele entregou um roupão de seda para ela e pediu para que ela o colocasse quando estivesse à vontade. Por estar nervosa, ela pediu uma toalha e foi tomar um banho antes para relaxar.

Enquanto se lavava ela refletiu. Porque se ofereceu para isso? Ela era tímida até para se trocar em frente às empregadas que tinha quando mais nova, porque isso iria mudar agora? Lavou os cabelos e se enxaguou, logo se enrolando na toalha. Ela se colocou de frente ao espelho no canto do banheiro e começou a analisar a si mesma.

Era muito pálida, sardas cobriam suas bochechas e se espalhavam pelo resto do rosto, seus olhos eram grandes e redondos, seus cabelos eram cheios de nós e sem brilho, o rosto oval e o corpo nem magro e nem gordo. "Normal" era a palavra que a definia. Não havia como alguém se apaixonar por ela. Mas Grantaire conseguiu. Pensou. Ela abriu um sorriso e trocou a toalha que se enrolava em seu corpo pelo roupão dourado de seda.

Ela saiu vagarosamente do banheiro segurando o roupão fechado e de braços cruzados. Grantaire estava preparando a tela e cobria o sofá com um tecido aveludado roxo, onde Esme iria posar, sem prestar a mínima atenção na menina que agora estava encostada no batente da porta.

Esme pigarreou, atraindo a atenção de Grantaire, que se virou e a olhou de cima à baixo.

"Está pronta?" Perguntou. Esme assentiu e respirou fundo algumas vezes, assim, fechou os olhos e deixou o roupão cair.

Grantaire tentou desviar o olhar para não constranger Esme mais do que a menina já estava constrangida, porém era difícil. Esme era linda. Haviam sardas em seus ombros e elas desciam por suas costas, sua pele tinha aparência macia que fazia com que ele quisesse tocá-la.

Esme foi até onde Grantaire estava e se sentou no sofá à sua frente. Se ela não estivesse tão nervosa, teria rido de sua expressão. Ele permanecia boquiaberto e sem fala, enquanto olhava para ela.

"Podemos começar..." Ela disse fazendo com que Grantaire voltasse à si, ele se aproximou, hesitante, de Esme e a ajudou a fazer a pose que ele queria. Porém, quando se afastava do sofá, ele tropeçou no tecido que cobria o sofá e caiu em cima de Esme, uma de suas mãos em um dos seios de Esme.

A situação fez os olhos de Esme se arregalarem e ela corou. Grantaire fez esforço para se levantar porém Esme segurou seu braço, o mantendo no lugar.

"Faça" Ela disse acariciando sua bochecha com a outra mão e sentindo sua barba por fazer.

"O que?" A voz dele era um sussurro.

"Me beije" Grantaire estava nervoso, mas se aproximou mesmo assim.

Sua boca tinha gosto de liquor, porém não era incômodo. Diferente do de Enjolras, o beijo de Grantaire não era inocente, era cheio de luxúria, de necessidade.

Sua língua pediu passagem e Esme a deu. Era um beijo feroz, Grantaire beijava sua boca e pescoço enquanto as mãos passeavam pelo corpo de Esme, cujos dedos se enrolavam nos negros cachos negros dele.

Ela logo começou a se desfazer das roupas de Grantaire, colete, camisa, calça e por fim roupas de baixo. Nenhum dos dois fez menção de parar. Naquela noite, seus corpos se tornaram um só.

Horas depois, os dois estavam suados e doloridos, mais pelo fato de terem feito sexo no pequeno sofá. Esme estava deitada com a cabeça no peito de Grantaire e permanecia em silêncio para acalmar sua respiração.

"Acho melhor começar a pintura amanhã..." Comentou ofegante fazendo Grantaire rir uma risada rouca e beijar seus cabelos.

(...)

Na manhã seguinte, Jehan resolveu fazer uma visita à Grantaire para poder levar para ele as tintas que havia prometido. O poeta achou a casa silenciosa demais, normalmente Grantaire estaria andando de um lado ao outro da casa tentando fazer algo decente para o café da manhã ou pintando alguma coisa enquanto cantarolava uma ópera.

Sua surpresa foi entrar na sala e dar de cara com Grantaire e Esme nus, dormindo abraçados no sofá. Jehan soltou uma risadinha e pegou o pano roxo do chão, cobrindo os dois e depositando as tintas ao lado do sofá, indo embora logo depois.

Mais tarde Grantaire acordou para ver alguns potes novos de tinta com uma guirlanda de flores em volta.

Logo chegou à conclusão de que Jehan havia visto os dois juntos e possivelmente iria comentar sobre isso pelo resto da vida.

"Oh merda" murmurou esfregando as mãos no rosto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Doux Apollo et sa muse" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.