We Must Be Killers escrita por Dyer


Capítulo 1
Reencontro.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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Poderia começar te falando de como minha vida pode ser estranha, de como é passar dias e noites caçando, de como foi sentir o mundo desabando quando recebi a notícia de que meu pai estava morto, de como foi horrível ver minha irmã mais nova sentindo a mesma coisa e de como não tive chance de recusar a liderança da sede de Caçadores mesmo tendo apenas dezoito anos.

Depois da morte do meu pai, minha mãe tornou-se reclusa em seu quarto sombrio e apertado, nem ao menos fazendo questão de exercer seu trabalho de médica para os Caçadores. Então, não tive tempo suficiente para ficar de luto. Pois, tão rápido quanto um passe de mágica, depois da tristeza veio a tão temida raiva.

Quem quer que tenha matado meu pai, iria pagar.

E caro.

Agora, cá estou eu, presa em um dos eventos chatíssimos dos Caçadores, recebendo mais uma vez uma avalanche de pêsames falsos e olhares humilhantes repletos de pena, mesmo que meu pai já tenha morrido há quase cinco meses.

Não tive escolha em recusar a ir para o evento, porque fora convidada, – ou recebido uma ordem, você escolhe –, por CoriolanusSnow, o líder dos Caçadores de Nova York, que são nada menos que nossos caçadores mais importantes e qualificados do país. Por mais que odeie tudo isso, terei que aceitar e sorrir para essas pessoas estranhas e algumas conhecidas, pois apesar de tudo, eu ainda continuo sendo uma das Caçadoras mais jovens e uma das melhores.

Ainda continuo sendo a Rainha do Gelo.

Estou com um vestido vermelho escuro que cintilava na medida certa, fazendo com que cada passo que eu dê fizesse parecer que estou sendo engolida por chamas suavemente, porém nada muito chamativo. Uso a trança costumeira, negra e indo um pouco além dos ombros, deixando minha clavícula a mostra e um colar prateado que Prim fizera questão de eu usar.

Pensar em Prim me deixa de coração apertado, pois enquanto estou trancafiada aqui, ela está lá sozinha com a mãe. Não que a companhia dela faça alguma diferença entre estar sozinho.

Tento afastar esse pensamento enquanto mecho nervosamente no garfo, desejando realmente estar com meu arco e flecha agora, quando ouço o menino Caçador ao meu lado falar novamente.

― Senhorita Everdeen? ― perguntou com sua voz nasal, com os olhos perigosamente inclinados no meu decote. Contive o impulso, pela milésima vez nessas duas horas em que estou aqui, de revirar os olhos. ― Está tudo bem?

Ia abrir a boca para responder, porém o toque do menino em meu rosto me pegou desprevenida. Tive que me controlar muito para não dar um tapa na mão dele.

― Está pálida ― falou, então se aproximou mais. Ele queria desesperadamente ficar perto de mim. Eu queria desesperadamente fugir dele o mais rápido possível.

O menino começou a levar as costas da mão até meu pescoço, descendo até a clavícula em movimentos lentos.

― Eu posso te ajudar a ficar melhor, Everdeen. ― pausa para vômito. ― Só me pedir...

― Preciso ir ao banheiro ― falei curta e grossa.

Sem mais uma palavra, me retirei dali o mais rápido que pude, mesmo ainda ouvindo meu nome ser chamado por aquele garoto nojento.

É claro que não fui ao banheiro, pois não aguentaria ficar ali mais nenhum segundo sequer. Fui correndo em direção ao meu carro, saindo do evento o mais rápido que pude. Senti um alívio de imediato quando botei minhas mãos no volante e finalmente comecei a dirigir. Soltei o ar de meus pulmões, abrindo a janela do carro, deixando a brisa fria da noite invadir todo o local e congelar meus braços e pescoço nus.

Não hesitei em acelerar o carro. Até o caminho do apartamento que me deram para ficar, tive tempo o suficiente para relaxar a mente, enquanto escutava uma música calma e lenta na rádio.

Quando finalmente cheguei ao grande e luxuoso prédio, estacionei o carro na garagem, peguei o elevador e em pouco tempo lá estava eu girando a maçaneta da porta para entrar no que há exatamente uma semana tem sido considerado meu lar. Ou algo do tipo.

Antes mesmo de acender a luz, consegui avistar uma sombra humana em uma das paredes. Agucei todos os meus sentidos, imediatamente.

Era uma sombra grande e musculosa demais para ser Prim ou minha mãe, além de que, elas sabiam que estaria em um evento dos Caçadores e elas nunca deixavam de ligar antes de me visitar.

Sim, eles fizeram questão de me separar delas. De me isolar mais ainda, pois afinal, uma verdadeira líder não precisa de ninguém.

Calculei o tempo que levaria para conseguir me locomover até a mesa da sala, onde estavam meus diversos arcos e flechas, porém, o vulto já havia percebido minha presença e a luz tomara conta do lugar.

Cambaleei para trás ao ver aqueles olhos azuis. E, mais uma vez, como antigamente, me vi perdida neles.

― Peeta Mellark? ― perguntei, surpresa por ter encontrado voz para falar alguma coisa, mesmo que tenha sido tão baixo. ― O que você está fazendo aqui?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Reviews, por favor, preciso saber o que acharam pra ver se continuo com a história ou não ♥