Smooth Criminal escrita por Ghanima


Capítulo 2
A Boneca




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Cap 2 – A Boneca

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"Paixão é uma obsessão positiva. Obsessão é uma paixão negativa."

(Paul Carvel)

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Annie Are You OK?

(Annie, você está bem?)
So, Annie Are You OK

(Então Annie, você está bem?)
Are You OK, Annie

(Você está bem, Annie?)
Annie Are You OK?

(Annie, você está bem?)
So, Annie Are You OK

(Então Annie, você está bem?)
Are You OK, Annie

(Você está bem, Annie?)

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A ligação termina e o ruivo se levanta, ele pega o telefone o desliga, tirando também a bateria e jogando o aparelho no chão. O rapaz se levanta e vai até o seu desenho, tomando o papel nas mãos e o analisando por alguns instantes. Sakura, por sua vez, estava totalmente parada e silenciosa, lágrimas escorriam pelo rosto branco. A ligação de Itachi lhe fez sentir uma coisa: Que aquele era o seu último dia viva.

- Eu não vou vê-lo amanhã... - sussurra a jovem.

O homem a olha e ela retribui o olhar.

- Ah, perdão. - ele caminha até ela, com papel e lápis em mãos. - Isso foi uma pergunta?

Ela simplesmente mantém o olhar.

- Não, não vai vê-lo. - a resposta dele foi dada com uma imparcialidade nojenta, mostrando que a vida humana não tinha peso relevante pra ele. - Seu amado promotor incomodou muita gente e me chamaram pra cuidar disso.

- Eu vou morrer por que meu namorado está colocando bandidos atrás das grades? - a raiva lhe sobe a cabeça. - Por que ele quer levar criminosos à justiça?

- Seu discurso barato não me comove. - comenta o homem. - Mas saiba, não é nada pessoal. Minha intenção era apenas matar Itachi Uchiha, só que decidiram de última hora que o alvo deveria ser você.

- Você vai me matar. - replica a Haruno. - Não vejo nada que consiga ser mais pessoal do que isso!

Os olhos masculinos apenas se fixam na figura à sua frente. Os olhos dela ardiam, a respiração intensa fazia com que o tórax subisse e descesse a intervalos curtos, a pele estava avermelhada por causa da fúria. Os fios róseos estavam jogados para todos os lados do travesseiro e alguns estavam colados na face suada. Um deja-vu da noite se quinta?

A jovem percebe o olhar intenso dele e sente algo se mover dentro de si, uma centelhinha desconhecida. Ele continua suas observações por algum tempo e logo começa a rabiscar o papel, aquela cena estava estonteante demais para não ser preservada em uma pintura.

- Por que você está fazendo um desenho meu? - inquiri a confusa médica.

- A boa arte é algo maravilhoso. - diz ele, sem olhar para ela. - Que permanece para além do futuro...Beleza eterna.

Ela ficou verdadeiramente chocada. Quer dizer que ele a achava bela?

- E sim, não há como não achá-la bela. - ele lia pensamentos, era a única explicação! - Eu precisaria ser cego pra não ver o que é óbvio.

Ele a olha e ela percebe a mudança naqueles orbes castanhos, a calma anterior estava acompanhada de algo mais. Um elemento que ela não conseguia precisar.

- Como você gostaria de passar sua última noite? - pergunta o “artista”

- Além de viva? - ahh, a ironia. - Não consigo pensar em nenhuma outra maneira.

Uma risada.

- Ótima resposta. - fala o ruivo. - No entanto, eu me referia a algo que você quisesse fazer.

- Transar, talvez. - Sakura falou sem pensar e se arrependeu logo em seguida, isso não é algo que se diga a um louco que está prestes a se matar. - Deus, por que eu disse isso?

- As respostas espontâneas costumam ser as mais verdadeiras

O assassino ria abertamente e vai até o banheiro, deixando o desenho em cima do corpo da jovem. Ela aproveita para ver o que ele tinha produzido e fica impressionada com o resultado, ele era um desenhista incrível! Era uma imagem dela deitada sobre algo, no lugar das cordas que prendiam os pulsos e os pés, se via vinhas floridas que lhe desciam pelos braços. Os cabelos estavam menos bagunçados. Uma coisa que a deixou mortificada na imagem foi ver que, exceto pelas flores que cobriam seu sexo, ela estava completamente nua! Seu corpo reproduzido em detalhes.

- Gostou do desenho? - ele havia voltado com um copo de vinho nas mãos, e ela sabia que a bebida viera da garrafa que Itachi comprara naquela mesma semana.

- Gostei. - era a verdade. - Mas como você sabe de tantos detalhes do meu corpo?

Um dos cantos da boca dele sobe e seu olhos ganham um brilho... “sugestivo”.

- Com o que você sonhava na noite de quita-feira?

Por meros segundos, ela não conseguiu compreender a pergunta, mas não demorou para que a conclusão caísse com uma bigorna, sobre sua cabeça. Ela se lembrou de ter despertado de repente e de ter sentido algo em seus seios. Até o presente momento, a moça dos cabelos rosados julgava ter sido uma impressão sua, só que o seu “visitante” acabara de fazer suas ilusões caírem por terra.

- Deus... - nem ela percebe que seu pensamento ganhou voz.

- Não. - comenta o acompanhante. - Fui eu mesmo.

Ela o olha furiosa, como é que ele se atrevia a fazer piadas com aquilo?

- Além de psicopata, você também é um tarado?!

Só quando – num piscar de olhos – a mulher o viu brotar ao seu lado e prender uma das mãos frias no pescoço delgado, foi que ela percebeu a insensatez de sua indagação! O olhar dele estava, pra dizer o mínimo, apavorante: Por um instante, pareceu que o castanho dos orbes masculinos havia ganhado nuances de vermelho. O susto dela se tornou horror quando a mão livre dele escorregou para dentro do sobretudo e ressurgiu, com um objeto prateado. Uma pistola que foi pressionada contra a testa da jovem.

- Eu preferia te manter inteira... - a voz dela ficou tão cavernosa que Sakura poderia jurar que não era a mesma pessoa. - Mas esse seu comentário me fez querer explodir o seu crânio.

Ela só pôde sacudir a cabeça negativamente, implorando em silêncio e em meio às lágrimas para que ele não fizesse aquilo. Por alguns minutos, não houve resposta, apenas uma intensificação na pressão da mão que apertava o pescoço. Os sons estrangulados que saiam da boca feminina mostravam que a mesma não suportaria por muito mais tempo, e ele interrompe sua agressão. A arma foi colocada na cintura masculina.

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(Annie Are You OK?)

(Annie, você está bem?)
(Will You Tell Us That You're OK?)

(Você nos dirá que está bem?)
(There's A Sign In The Window)

(Tem um sinal na janela)
(That He Struck You - A Crescendo Annie)

(De que ele descobriu você – Um Crescendo, Annie)
(He Came Into Your Apartment)

(Ele foi ao seu apartamento)
(He Left The Bloodstains On The Carpet)

(Ele deixou marcas de sangue no carpete)

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Depois do que houve, o ar que entrou pelas vias respiratórias da médica feriu as mesmas, fazendo com que ela emitisse gemidinhos baixos a cada inspiração e expiração. Nesse tempo, o assassino levantou da cama e foi até a mesa do computador, onde apoiou seu sobretudo e foi tirando a gravata vermelha. Sakura o observava a todo instante.

- O que você pretende? - inquiri ela ao vê-lo ir até o armário, com a gravata em mãos, e revirar o lugar em busca de algo.

Como de costume, o invasor não responde e persiste em sua procura silenciosa e bagunceira, visto que sempre algo era jogado para fora do armário. Do nada e para e fita um objeto que estava na mão direita dele, uma das gravatas de Itachi, de cor cinza. É em meio a sua observação da peça que ele caminha de volta à Sakura.

- Quem escolheu essa gravata?

- Fui eu. - essa foi a colocação mais fora de contexto que ele havia feito.

- De muito bom gosto. - ao dizer isso, ele vai até o seu sobretudo e guarda a gravata em um dos bolsos. - Se eu não me engano, paramos no seu último desejo, certo?

A expressão facial dele estava sensivelmente menos intimidadora.

- Errado. - ela desejava, peremptoriamente, fugira daquele assunto. - “Eu não mereço isso...”

- Não, eu estou certo. - mais uma vez, ele vai até a jovem, se sentando aos pés dela e passando as mãos nos calcanhares femininos.

Aquilo estava ficando assustador, assustador demais.

- O que você está fazendo? - a Haruno não sabia se o tremor na voz era causado pelo medo que ele incutia nela, ou se por uma outra coisa que surgira naquele instante.

- Exatamente o que parece. - o assassino se coloca exatamente no meio das pernas dela. - Por que a pergunta?

- Porque eu nunca vi alguém que vai matar uma pessoa fazer carinho na vítima.

- E eu posso perguntar quando foi que você viu alguém matando ou se preparando para matar alguém?

Ela se cala, dada a precisão incisiva da pergunta dela.

- Não preciso ter visto pra saber que isso não é normal. - o silêncio não durou 10 segundos. - Por que está fazendo isso?

- Porque eu quero. - havia uma arrogância palpável na voz dele. - E pra te mostrar duas coisas.

As mãos dele haviam deixado o calcanhar e chegaram nos joelhos, o corpo dele foi acompanhando a “subida”. O vestido branco e azul que ela usava se movia conforme os toques dele.

- Que seriam? - ela sabia que não tinha pra onde fugir, mas seu instinto de auto preservação exigia que algo fosse feito, por isso, a médica começa a movimentar as pernas a cada toque dele.

Ela berra e para de se mexer, quando sente algo gelado e duro tocar seu sexo. A pistola.

- Número 1: Você está a minha merce, e se continuar a me incomodar...- ele move a pistola em cima de um ponto bem específico da anatomia da jovem, fazendo a recuar até bater com a cabeça na guarda da cama. - “Garotinha irritante!”

- Mais um movimento, eu juro que atiro aqui. - o homem pressiona o objeto contra o corpo da mulher até causar dor e a ouvir gemer. - Até ver a bala atravessar o seu crânio, entendeu?

- EU PARO! - a inclinação à berrar some quando a fúria no olhar dele se intensifica. -Eu juro que paro, mas não faça isso, por favor!

- Sabe que eu vou cobrar por esse segundo desejo atendido? - ele pergunta mais nem dá tempo à cativa de responder. - A segunda coisa que eu quero que você perceba é...- as carícias voltam, mas agora focadas na região da cintura, onde ele também se colocara. - Sua última noite viva não precisa ser um pesadelo.

- Disso eu duvido. - ela tinha jogado a toalha e ele percebeu.

- “É agora.” - o bote estava pronto pra ser dado. - Quer saber como?

Ela responde com um movimento de cabeça.

- Então, eu te mostro.

- Antes disso. - o verde de um olhar encontra o castanho do outro. - Qual o seu nome?

- Akasuna no Sasori. - responde ele. - Preparada?

Ela ficou esperando, mas nada aconteceu até ele escorregar a mão para a base do pescoço dela apertar um ponto qualquer ali, que a fez desmaiar. Definitivamente, não era aquilo que ela esperava e nem o que ele supunha que ia fazer.

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(Then You Ran Into The Bedroom)

(Então você correu para o quarto)
(You Were Struck Down)

(Você foi derrubada)
(It Was Your Doom)

(Era a sua ruína)

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OoOoOoOoOoOo

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Okay, I Want Everybody To Clear The Area Right Now!

(Ok, eu quero que todo mundo limpe a área agora mesmo!)

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(Annie Are You OK?)

(Annie, você está bem?)
(So, Annie Are You OK?)

(Então Annie, você está bem?)
(Are You OK Annie?)

(Você está bem, Annie?)

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Ela só despertou com a voz preocupada e o toque incessante de Itachi em seu corpo, tentando retirá-la do torpor em que fora jogada. Assim que o viu, a Haruno o abraçou e chorou longamente, sendo amparada pela presença segura e amada do namorado. Quando o pânico diminuiu, ela narrou o que havia acontecido e logo se deu uma saraivada de ligações telefônicas.

Levou algumas semanas até que alguma normalidade voltasse à vida do casal, que era silenciosamente observados por Sasori. Itachi antecipou as férias, assim como fez a médica e os dois embarcaram em uma viagem ao exterior, onde ficaram longe do olhar viciado do assassino.

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(You've Been Hit By)

(Você foi atingida por)
(You've Been Struck By

(Você foi atacada por)

A Smooth Criminal)
(Um Criminoso Perito)

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OoOoOoOoOoOo

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(Annie Are You OK?)

(Annie, você está bem?)
I Don't Know!

(Eu não sei!)
(Will You Tell Us, That You're OK?)

(Você nos dirá que está bem?)
I Don't Know!

(Eu não sei!)
(There's A Sign In The Window)

(Tem um sinal na janela)
I Don't Know!

(Eu não sei!)
(That He Struck You - A Crescendo Annie)

(Que ele te descobriu – Um crescendo, Annie)
I Don't Know!

(Eu não sei!)

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~ 3 anos depois ~

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Alguns meses depois do ataque de Sasori, Sakura e Itachi mudaram-se para um país vizinho, onde Itachi assumiu o comando de uma das filiais das empresas da família Uchiha. A princípio, ele relutou a abandonar a promotoria, mas logo notou que a vida da então namorada era mais valiosa para ele. A Haruno, por sua vez, estava trabalhando em uma pequena clínica, onde conseguia trabalhar melhor e com menos gente lhe atazanando.

No Natal do mesmo ano da mudança, Itachi lhe deu dois presentes: Uma corrente de ouro, com um rubi em forma de coração e o mais importante, um anel de brilhantes. O pedido de casamento feito no dia mais propício a ser dar presentes! Desde então, eles estiveram planejando os detalhes da cerimônia. A sua nova vida quase não lhe permitia pensar no assassino que lhe apavorou durante horas, mas um fato como aquele não podia ser esquecido. Muito embora, fossem poucas as vezes em que o ruivo lhe vinha à cabeça.

O único momento em que todas as lembranças ruins evaporaram de seu cérebro foi quando dois entregadores bateram à porta de sua casa, trazendo algo incrível. Era difícil conter a excitação diante daquela enorme caixa branca, colocada em cima de sua cama. Havia chegado, a encomenda mais importante de seus 26 anos estava, finalmente, ao seu alcance e pronta para ser usada.

Ela abre a caixa e se depara com aquela vastidão de tecidos brancos. Seu vestido de noiva. Não havia como não deixar os olhos marejados diante da beleza daquela peça tão única de vestuário. Suas mãos trêmulas perambulam por cima da maciez da roupa e seus olhos analisam cada mínimo detalhe visível.

Considerando que se casariam no Outono, a mulher optou por um vestido cujas mangas chegavam até os seus cotovelos e era todo bordado em dourado. O decote era generoso, mas suficientemente elegante para não ser visto como vulgar. Ela não usaria nenhum véu, achava um acessório extremamente incômodo, mas portaria uma tiara com flores e com detalhes também dourados.

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(He Came Into Your Apartment)

(Ele foi ao seu apartamento)
I Don't Know!

(Eu não sei!)
(Left Bloodstains On The Carpet)

(Deixou marcas de sangue no carpete)
I Don't Know Why Baby!

(Eu não sei porquê, baby!)
(Then You Ran Into The Bedroom)

(Então você correu para o banheiro)
I Don't Know!

(Eu não sei!)
(You Were Struck Down)

(Você foi atacada)
(It Was Your Doom – Annie!)

(Era a sua ruína – Annie!)

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A insistência nessa cor era devido ao desejo dela de usar o colar de rubis no casamento.

Como era impossível resistir até a cerimônia, a noiva decidiu experimentar mais uma vez o seu vestido. Considerando que estava sozinha, o tempo de preparação demorou o dobro do que seria se tivesse mais alguém ali. Ao terminar, ela correu até o espelho do banheiro para se ver: Estava lindíssima. Um barulho suave na sala chamou sua atenção e ela rumou até a fonte do mesmo, só para gritar de horror ao se deparar com algo em sua janela.

- Não...- ela foi andando para trás. - Isso não...

Era aquele símbolo maldito, aquele desenho que assombrava seu pensamentos. A Haruno foi caminhando para trás até pisar em algo, uma pequena pasta preta com o desenho de um escorpião vermelho. Ela pega o objeto e o abre. Dois desenhos dela, o mesmo feito na malfadada noite com Sasori e um outro, dela usando o mesmo vestido que cobria seu corpo agora.

A pasta vai parar no chão e ela congela de pavor. Não era possível que todo aquele Inferno estivesse pronto pra se repetir, Deus não poderia fazer isso com ela. A jovem corre até a porta da casa, só para perceber que ela estava trancada. Em meio ao esforço para abrir a dita porta, ela não vê alguém caminhando até parar atrás dela.

- Você sabe que não vai adiantar.

A voz...Aquela voz, tão conhecida e desprezada voz. Os olhos verdes encaram a porta e veem a sombra masculina ali.

- Não pode ser verdade. - ela encosta a cabeça na porta e chora, em total desespero e desolação.

- Mas é, querida. - responde Sasori, com a mesma aparência com a qual se apresentou para a médica, 3 anos atrás. - Há quanto tempo, não é mesmo?

Ela coloca as mãos na porta e vai escorrendo lentamente, as forças de seu corpo iam desaparecendo conforme ela se aproximava do chão. O assassino ajoelhou-se diante da figura apavorada da Haruno.

- Por que você não me deixa em paz? - Sakura sussurra ao fitá-lo.

- Não posso. - ele toca a tiara nos fios róseos. - E não o faria nem se pudesse...

- Por favor...- implorar havia funcionado uma vez, e poderia funcionar de novo. - Eu quero viver.

- E não importa o que eu quero, minha bela? - o pedido não surtiu efeito algum.

Sasori a puxa para os braços e a beija, com a fome de alguém que estava prestes a morrer de inanição, com a loucura do mais incurável dos paranoicos, e com a fúria de um apaixonado repelido. Os olhos verdes, arregalados, só conseguiam perceber a face temida à sua frente, mas logo foram se fechando. Não por resposta ao beijo, mas por causa de uma agulha cravada em seu pescoço. Pouco a pouco, sua consciência foi desparecendo.

Assim como desapareceu a própria Sakura.

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(Annie Are You OK?)

(Annie você está bem?)
Dad Gone It – Baby!

(Papai se foi! - Baby!)
(Will You Tell Us, That You're OK?)

(Você nos dirá que está bem?)
Dad Gone It – Baby!

(Papai se foi! - Baby!)
(There's A Sign In The Window)

(Tem um sinal na janela)
Dad Gone It – Baby!

(Papai se foi! - Baby!)
(That He Struck You - A Crescendo Annie)

(De que ele te descobriu – Um Crescendo, Annie)

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OoOoOoOoOoOo

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(He Came Into Your Apartment)

(Ele veio até o seu apartamento)
Dad Gone It!

(Papai se foi!)
(Left Bloodstains On The Carpet)

(Deixou marcas de sangue no carpete)
(Then You Ran Into The Bedroom)

(Então você correu para o quarto)

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Quando Itachi Uchiha chegou em casa naquela noite, tudo o que encontrou foi uma bonequinha semelhante à companheira, mas vestida de noiva. Exatamente como aquela que foi vista no apartamento deles em Konoha. Ele, a família Uchiha, a família Haruno e os amigos do casal moveram céus e terras; mas nada funcionou.

Algumas noites após o sequestro da médica, o ruivo obteve aquilo que mais deseja da própria. Um desejo que ele só percebeu aflorar quando a viu desistir da luta em Konoha. Uma ânsia poderosa que o fez observá-la até que ela partisse de sua terra natal e uma inclinação tão insana que o fez mover mundos e fundos até achá-la novamente.

A esse desejo, ele não deu nome, por mais que pudesse supor que alguns o chamariam de Amor. O assassino não acreditava nem um pouco nisso, visto que o conceito de amor não fazia sentido para ele. Não, não, o que Akasuna no Sasori nutria por sua flor era a forma mais exacerbada, imunda e deturpada de Veneração, pelo menos em sua visão. Para qualquer outro, o que o movia era a mais horrenda faceta da obsessão.

E que só foi sacramentada quando, graças à Tanatopraxia (1), lhe foi concedida e graça imensurável de tê-la para única e exclusivamente para si. Sasori chorou longamente após roubar a vida de sua bela, mas sentiu a felicidade invadi-lo de novo quando viu sua Musa, sua boneca de cabelos rosados, sua Noiva-Cadáver, preservada pelo poder da Ciência e deitada dentro de um caixão de madeira nobre. Intacta, pura, eterna e sua. Eternamente e inescapavelmente.

Com um exemplo de sua total doença mental, Sasori sempre dormia ao lado de sua “Noiva” e falava longamente com o corpo inerte e sem vida. Ele gostava de observar a figura de cabelos róseos por longas horas, deliciando-se com o fato de que apenas ele sabia onde ela estava e que apenas ele a possuía. A sua mais bela e sublime criação. A joia da coroa entre sua coleção infindável de recordações das vítimas. Sakura Haruno.

Os olhos verdes del estavam vidrados e fixos ao teto, o corpo gélido e pálido adornado com os tecidos brancos e dourados, apropriados a um matrimônio. Não que a idéia de vê-la casada com outro lhe agradasse, mas é que ele conseguia ver a beleza singular daquele traje. Por isso, valia a pena preservá-lo, junto com ela...

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Dad Gone It!

(Papai se foi!)
(You Were Struck Down)

(Você foi derrubada)
(It Was Your Doom-Annie!)

(Era o seu fim, Annie!)

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Fim


(1) Tanatopraxia é uma outra forma de formolização de cadáveres.


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