Não Me Deixes escrita por Kyara
Notas iniciais do capítulo
Antes de lerem, queria pedir imensas desculpas... foi impossível postar mais cedo porque fiquei duas semanas sem net, sobrevivi nem sei bem como, mas aqui está o novo capítulo.
Boa leitura...
Andava de um lado para o outro, estava tenso, abismado e incrédulo simultâneamente. Embora isto pareça impossível, não o era, de facto o que este julgava ser impossível era a barbaridade que a kunoichi acabara de lhe dar a conhecer, barbaridade essa, que por mais que lhe custasse viria a engoli-la.
- Hinata, o que é que... – disse o loiro que viu a sua atenção ser desviada da kunoichi de cabelos compridos escuros para Kabuto que parecia ter acalmado. Este tirou os óculos, limpou-os, talvez para melhor ver a kunoichi ou talvez porque ainda lhe custava a crer nas palavras que tinham acabado de ser ditas e que lhe condenariam.
- O que é que fizeste? – disse colocando os óculos.
- Eu...
- O QUE É QUE FIZESTE!? – gritou impaciente.
- Não te podia deixar tê-lo, tinha que proteger o clã, eu nunca os iria trair, por mais que...
- Ninguém chega a esses extremos Hinata, ninguém...
- Nunca vais poder tê-lo Kabuto, eu já não te sirvo, por favor deixa-o ir pelo menos – disse referindo-se ao loiro – ele não tem culpa, eu sou...
- O que me garante que o que me estás a contar é a verdade?
- No dia em que fugi, eu...
---------------------------------------------------Flashback----------------------------------------
O tempo estava contra ela e a morte caminhava a seu lado.
Desorientada, sem saber onde ficava o Norte ou qualquer ponto de referência continuou a arrastar-se pelo deserto. Dunas e mais dunas de areia erguiam-se à sua volta fazendo impossível conseguir ver o horizonte.
Estava cansada, sem forças para continuar, a sua moral há muito que se tinha evaporado e o que restava era apenas esperança, esperança de que Kabuto não a encontrasse e, apesar de não o ver há meses, desejava que Naruto a viesse salvar, a enchesse de carinhos, a abraçasse e sussurrasse nos seus ouvidos que a amava tal como fazia com Sakura. Era triste, lamentável e desprezível até, no entanto, nunca invejou tanto alguém como invejava a kunoichi de cabelos rosados. Ela tinha a única coisa porque vivia, o amor do loiro.
O sol brilhava forte e sem tréguas, castigando-a incessantemente a cada passo que dava e a cada minuto que passava. O seu corpo não tardou a sucumbir sob os raios de sol que a puniam e assim caiu sobre a areia ardente que só fez aumentar o seu desespero. Teria-se levantado, se ainda restasse alguma esperança dentro dela, teria-se desfeito em lágrimas, se não estivesse tão desidratada, teria berrado, gritado, se ainda tivesse forças.. mas como não tinhamais nada, conformou-se. Levou a mão ao bolso e de lá retirou um pequeno frasco que depressa abriu e bebeu o conteúdo de uma vez só. Sentiu o líquido fazer efeito quando o seu coração começou a bater a um ritmo louco, mas depressa tudo parou: a dor, o sofrimento, o tempo... o seu coração.
--------------------------------------------------Flashback End-------------------------------------
Para sua desgraça não morrera nesse dia. Gaara, milagrosamente encontrou-a e segundo o que a contaram fez de tudo para ressuscitá-la. Podia não ter morrido nesse dia, mas deixou ali, abandonado, perdido, desfeito, no vasto e escaldante deserto as últimas gotas daquele amor que nada mais fizera que destruí-la.
- E o que tomaste? – perguntou Kabuto ajeitando os óculos.
- Veneno. – suspirou a kunoichi.
Os olhos de Naruto arregalaram-se quando percebeu a gravidade da situação. Então era verdade o que estava escrito no pergaminho, pensou... De alguma forma não podia deixar de admirá-la pela sua coragem, sacrificara a sua vida por um clã que sempre a maltratou e a desprezou. Sem esperar nada em troca acabou por arruinar a sua vida como uma hyuuga provando o quão fiel era para com o seu clã.
- MOSTRÁ-ME! – gritou Kabuto assustando a kunoichi que se encolheu de medo observando-o. – Se é como dizes prova-o!
- É verdade Kabuto – disse Naruto para surpresa de Hinata – Ela não o tem.
- E como é que tu o sabes?
- Gaara, ele disse-me que...
- Gaara? – perguntou Hinata surpresa.
- Hai, foi ele que mo contou.
Hinata sentiu-se traída naquele momento, não compreendia como o ruivo fora capaz de contar tudo a Naruto quando sabia o quanto esse assunto a magoava. Olhou para o loiro e o que aquele olhar a mostrou foi algo que não esperava, os olhos azulados reflectiam compreensão e até admiração por ela, nada do que chegou a crer que fosse acontecer quando descobrisse o que escondia.
As mãos ásperas e frias de Kabuto que deslizavam pelas suas faces trouxeram-na de volta à realidade. Horrorizada, respirar tornou-se um problema.
- AFASTA-TE DELA! – gritou o loiro que rapidamente foi silenciado por um pontapé.
Muitas vezes em tantos anos de shinobi, o corpo age como por instinto tentando evitar os golpes, resultado de tantos anos de treino, e tamanha foi a sua surpresa quando viu as suas mãos moverem-se para travar o shinobi, no entanto, as mãos foram tão lentas que nem tocaram no shinobi acabando por receber em cheio o golpe.
Precisava de mais tempo, tempo esse que, para bem de Hinata e seu, esperava ter.
- Eu... não... não... – tentou dizer, explicar, mas Kabuto queria provas, ele não acreditava nela e continuou a semear o terror na kunoichi.
- Estás a ver ali o teu querido Naruto-kun... – disse apontando para o loiro que se contorcia de dor – uma ordem e ele nunca mais
- Não, não o faças...
-Ora bem! – disse acariciando os cabelos desta – Vou perguntar mais uma vez e garanto-te que será a última vez que pergunto. – fazendo uma breve pausa continuou – Tu tens ou não o tens?
Ela não o respondeu, apenas desviou o olhar. Virou-se então, pronto para dar ordens aos dois shinobis para que se desfizessem do loiro quando ouvi-a sussurrar:
- Byakkugan.
Kabuto ficou pálido e tão atordoado, assim que a viu, que quase caiu para trás.
Á sua frente não apareceram as usuais veias dilatadas pelo kekkai genkai característico dos hyuugas, na sua frente continuavam os mesmos olhos perolados só que agora turvos pelas lágrimas.
- Não... – disse Kabuto incrédulo. – Não, não, isto não é...não é possível... UM, UM ANO INTEIRO! – gritou completamente alterado – Estes shinobis todos aqui mortos – disse apontando aos corpos que rodeavam o local – custaram dinheiro, cada kunai, cada shuriken, cada uniforme vieram do meu bolso, estás a perceber onde quero chegar, Hinata?
- Hai, demo ...
- CÁLA-TE!
A sua mão fria e pesada colidiu com a sua face de cera atirando-a ao chão.
Naruto não queria acreditar no que Kabuto acabara de fazer. Como se atrevia a bater na Hinata à sua frente? Não se conteve, partiu para cima dele, ou pelo menos teria partido se os seus pés tomando como exemplo os seus braços se tivessem mexido. Insultando a raposa por dentro por não se despachar a restabelecer a circulação de chackra assistiu para desespero seu, à aflição da kunoichi.
- Vocês aí estão dispensados, podem ir. – disse referindo-se aos shinobis que ameaçavam Naruto.
- Tem a certeza? Nós podemos...
- FAÇAM O QUE VOS DIGO E DESAPAREÇAM!
Relutantes largaram o loiro que desta vez evitou a queda certa apoiando-se com os braços que já conseguia mexer.
Kabuto assim que os seus shinobis desapareceram deixando-os a sós observou como a kunoichi praticamente rasejou para junto do loiro, ajudando-o e estrategicamente pondo-se à frente dele protegendo-o de um eventual ataque por sua parte.
- Sabes porque não te mato? – disse dirigindo-se à kunoichi.
- Não. – respondeu sincera. Ele tinha a oportunidade perfeita para o fazer, ninguém o impediria, nem ela própria o faria.
Antes que Kabuto pudesse falar, Naruto adiantou-se:
- Porque eu não o permitiria! – bramiu rodeando o pequeno corpo da kunoichi com os seus braços puxando-a, deste modo, para perto de si. – Não voltas a tocar nela...
- Naruto-kun...
- Seja como for Hinata, eu vou voltar... – avisou Kabuto.
- Vou aguardar com impaciência o teu regresso! – ironizou o loiro, passando a indubitável mensagem de que se a quisesse ter de volta, se quisesse levar Hinata teria que passar primeiro por cima dele.
- Oh, eu também Rokudaime-sama, eu também...
Sem mais palavras a trocar, ou olhares uma vez que ficara claro como a água o quanto se odiavam, Kabuto assim, limitou-se a afastar-se dos dois, tinha perdido e merda, era uma derrota brutal que levava para casa. Um ano, passara um ano a persegui-la, a procurar pistas, segui-las e a ser discreto para que ela o fosse dizer, agora que finalmente resolvera capturá-la, que tudo isso fora em vão, que gastara tempo, dinheiro e esforços para nada. Como iria explicar tamanho fracasso?, era a pergunta que agora ocupava a sua mente.
Desaparecendo na penumbra criado pelas copas das enormes árvores que formavam a floresta, Hinata sentiu-se aliviada, Kabuto já não era um problema, a sua derrota era palpável tal como acontecia com a sua alegria.
- Estás bem? – perguntou Hinata enquanto oferecia o seu corpo como suporte.
- Hai, eu fico bem... – disse o loiro tentando assegurá-la. – E tu?
- Eu estou bem...
Naruto passou a mão por onde Kabuto a atingira e sem pensar no que fazia beijou a sua face enquanto sussurrava continuamente gomen.
- Naruto-kun... – disse completamente perplexa e sobretudo ruborizada – a culpa... a culpa não é tua, não havia nada que pudesses fazer...
- Mesmo assim, ele nunca te deveria ter tocado, Neji não me vai perdoar... – disse séro. – Mas diz-me, foi por teres perdido o byakkugan que não querias voltar para casa?
- Hai... – disse a kunoichi hesitante.
Reparando na incerteza da sua resposta, rapidamente chegou à conclusão que o byakkugan não era o principal motivo, havia algo mais e esse algo mais, tinha ele a certeza, era um certo ruivo.
- Vamos para Konoha ? – perguntou.
- Óbvio Hinata! – se ela pensava que ele tinha mudado de ideias estava redondamente enganada.
Fez os selos de mão que, o loiro, no pouquíssimo tempo que passara com ela já reconhecia como sendo o jutsu da teletransportação.
- Quer dizer, obrigaste-me a atravessar o deserto e metade desta enorme floresta quando podias ter feito o jutsu? – perguntou claramente magoado por esta não ter feito o jutsu há mais tempo.
- Gomen, mas eu não estava propriamente muito feliz em voltar para Konoha, lembras-te? – Naruto sorriu.
- O que te vez mudar de ideias, mesmo? – perguntou o loiro agarrando-se à kunoichi, pronto para sair da floresta.
- Acho que passei muito tempo longe deles e... vê-los é tudo o que mais quero agora.
- Só isso? – assim que fez a pergunta sentiu-se incrivelmente estúpido, não sabia porque a fez, foi algo involuntário, bem, sempre podia culpar a raposa...
Ele estava tão perto, tão perto que começava a ficar atordoada e Hinata ficou uns minutos sem saber o que dizer, o que a confundia era que tipo de resposta esperava ele que desse, a primeira razão, que por acaso não fora aquela que realmente a fizera mudar de ideias, não lhe bastava?
- Bem... se não mudasse de ideia, provavelmente teria sido arrastada à força para Konoha. – disse sorrindo.
De alguma maneira, não era isso que queria ouvir, de alguma forma queria ouvi-la dizer que fora por ele, ele e só ele.
- Por ti também... – sussurrou o mais baixo possível para que este, nem num milhão de anos, a ouvisse.
Um civil nunca teria ouvido as suas palavras, um shinobi tão pouco, porém um que tivesse eventualmente uma kyuubi dentro de si, impossível, seria não as ouvir. Assim, de facto o loiro ouvira cada letra de cada palavra que Hinata acabara de pronunciar e caramba, como era bom ouvi-las.
- Hinata... – chamou-a quando para seu espanto viu-a parar quando ia fazer o último selo – Passa-se alguma coisa?
- Bem, eu... já passou tanto tempo que eu tenho a certeza que muita coisa mudou em Konoha e...
- E... – disse não percebendo o problema da kunoichi.
- Eu não posso fazer o jutsu sem ter a certeza das coisas, ou provavelmente acabamos numa outra dimensão.
- Ah! – exclamou compreendendo o receio de Hinata – Fazemos assim, eu penso no local e tu fazes os selos, será que funciona?
- É possível...
- Ok, vamos a isto!
- Devo dizer-te que o teu optimismo é algo que me assombra. – confessou a kunoichi perante tamanha certeza que este parecia ter de que chegariam a Konoha.
- E a tua falta de confiança é algo que não compreendo. – retorquiu.
- Tenho motivos para tal...
- Não, não tens...
Fechando os olhos e agarrando-se a Hinata o máximo que pôde ao ponto de fazê-la ruborizar uma vez mais com esse gesto tão íntimo pensou na aldeia que mal podia esperar para ver.
- Na-na-naruto-kun – disse incapaz de olhá-lo nos olhos, para que não notasse o seu constrangimento – eu não fujo.
- Não vou correr riscos, Hinata, não vou.
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Obrigada por lerem.