Não Me Deixes escrita por Kyara


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Antes de lerem, queria pedir imensas desculpas... foi impossível postar mais cedo porque fiquei duas semanas sem net, sobrevivi nem sei bem como, mas aqui está o novo capítulo.

Boa leitura...



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Andava de um lado para o outro, estava tenso, abismado e incrédulo simultâneamente. Embora isto pareça impossível, não o era, de facto o que este julgava ser impossível era a barbaridade que a kunoichi acabara de lhe dar a conhecer, barbaridade essa, que por mais que lhe custasse viria a engoli-la.

 

 

- Hinata, o que é que... – disse o loiro que viu a sua atenção ser desviada da kunoichi de cabelos compridos escuros para Kabuto que parecia ter acalmado. Este tirou os óculos, limpou-os, talvez para melhor ver a kunoichi ou talvez porque ainda lhe custava a crer nas palavras que tinham acabado de ser ditas e que lhe condenariam.

 

 

- O que é que fizeste? – disse colocando os óculos.

 

 

- Eu...

 

 

- O QUE É QUE FIZESTE!? – gritou impaciente.

 

 

- Não te podia deixar tê-lo, tinha que proteger o clã, eu nunca os iria trair, por mais que...

 

 

- Ninguém chega a esses extremos Hinata, ninguém...

 

 

- Nunca vais poder tê-lo Kabuto, eu já não te sirvo, por favor deixa-o ir pelo menos – disse referindo-se ao loiro – ele não tem culpa, eu sou...

 

 

- O que me garante que o que me estás a contar é a verdade?

 

 

- No dia em que fugi, eu...

 

 

---------------------------------------------------Flashback----------------------------------------

 

 

O tempo estava contra ela e a morte caminhava a seu lado.

 

 

Desorientada, sem saber onde ficava o Norte ou qualquer ponto de referência continuou a arrastar-se pelo deserto.  Dunas e mais dunas de areia erguiam-se à sua volta fazendo impossível conseguir ver o horizonte.

 

 

Estava cansada, sem forças para continuar, a sua moral há muito que se tinha evaporado e o que restava era apenas esperança, esperança de que Kabuto não a encontrasse e, apesar de não o ver há meses, desejava que Naruto a viesse salvar, a enchesse de carinhos, a abraçasse e sussurrasse nos seus ouvidos que a amava tal como fazia com Sakura. Era triste, lamentável e desprezível até, no entanto,  nunca invejou tanto alguém como invejava a kunoichi de cabelos rosados. Ela tinha a única coisa porque vivia, o amor do loiro.

 

 

O sol brilhava forte e sem tréguas, castigando-a incessantemente a cada passo que dava e a cada minuto que passava. O seu corpo não tardou a sucumbir sob os raios de sol que a puniam e assim caiu sobre a areia ardente que só fez aumentar o seu desespero. Teria-se levantado, se ainda restasse alguma esperança dentro dela, teria-se desfeito em lágrimas, se não estivesse tão desidratada, teria berrado, gritado, se ainda tivesse forças.. mas como não tinhamais nada, conformou-se. Levou a mão ao bolso e de lá retirou um pequeno frasco que depressa abriu e bebeu o conteúdo de uma vez só. Sentiu o líquido fazer efeito quando o seu coração começou a bater a um ritmo louco, mas depressa tudo parou: a dor, o sofrimento, o tempo... o seu coração.

 

 

--------------------------------------------------Flashback End-------------------------------------

 

 

Para sua desgraça não morrera nesse dia. Gaara, milagrosamente encontrou-a e segundo o que a contaram fez de tudo para ressuscitá-la. Podia não ter morrido nesse dia, mas deixou ali, abandonado, perdido, desfeito, no vasto e escaldante deserto as últimas gotas daquele amor que nada mais fizera que destruí-la.

 

 

- E o que tomaste? – perguntou Kabuto ajeitando os óculos.

 

 

- Veneno. – suspirou a kunoichi.

 

 

Os olhos de Naruto arregalaram-se quando percebeu a gravidade da situação. Então era verdade o que estava escrito no pergaminho, pensou... De alguma forma não podia deixar de admirá-la pela sua coragem, sacrificara a sua vida por um clã que sempre a maltratou e a desprezou. Sem esperar nada em troca acabou por arruinar a sua vida como uma hyuuga provando o quão fiel era para com o seu clã.

 

 

- MOSTRÁ-ME! – gritou Kabuto assustando a kunoichi que se encolheu de medo observando-o. – Se é como dizes prova-o!

 

 

- É verdade Kabuto – disse Naruto para surpresa de Hinata – Ela não o tem.

 

 

- E como é que tu o sabes?

 

 

- Gaara, ele disse-me que...

 

 

- Gaara? – perguntou Hinata surpresa.

 

 

- Hai, foi ele que mo contou.

 

 

Hinata sentiu-se traída naquele momento, não compreendia como o ruivo fora capaz de contar tudo a Naruto quando sabia o quanto esse assunto a magoava. Olhou para o loiro e o que aquele olhar a mostrou foi algo que não esperava, os olhos azulados reflectiam compreensão e até admiração por ela, nada do que chegou a crer que fosse acontecer quando descobrisse o que escondia.

 

 

As mãos ásperas e frias de Kabuto que deslizavam pelas suas faces trouxeram-na de volta à realidade. Horrorizada, respirar tornou-se um problema.

 

 

- AFASTA-TE DELA! – gritou o loiro que rapidamente foi silenciado por um pontapé.

 

 

Muitas vezes em tantos anos de shinobi, o corpo age como por instinto tentando evitar os golpes, resultado de tantos anos de treino, e tamanha foi a sua surpresa quando viu as suas mãos moverem-se para travar o shinobi, no entanto, as mãos foram tão lentas que nem tocaram no shinobi acabando por receber em cheio o golpe.

 

 

 Precisava de mais tempo, tempo esse que, para bem de Hinata e seu, esperava ter.

 

 

- Eu... não... não... – tentou dizer, explicar, mas Kabuto queria provas, ele não acreditava nela e continuou a semear o terror na kunoichi.  

 

 

- Estás a ver ali o teu querido Naruto-kun... – disse apontando para o loiro que se contorcia de dor – uma ordem e ele nunca mais

 

- Não, não o faças...

 

 

-Ora bem! – disse acariciando os cabelos desta – Vou perguntar mais uma vez e garanto-te que será a última vez que pergunto. – fazendo uma breve pausa continuou – Tu tens ou não o tens?

 

 

Ela não o respondeu, apenas desviou o olhar. Virou-se então, pronto para dar ordens aos dois shinobis para que se desfizessem do loiro quando ouvi-a sussurrar:

 

 

- Byakkugan.

 

 

Kabuto ficou pálido e tão atordoado, assim que a viu, que quase caiu para trás.

 

 

Á sua frente não apareceram as usuais veias dilatadas pelo kekkai genkai característico dos hyuugas, na sua frente continuavam os mesmos olhos perolados só que agora turvos pelas lágrimas.

 

 

- Não... – disse Kabuto incrédulo. – Não, não, isto não é...não é possível... UM, UM ANO INTEIRO! – gritou completamente alterado – Estes shinobis todos aqui mortos – disse apontando aos corpos que rodeavam o local – custaram dinheiro, cada kunai, cada shuriken, cada uniforme vieram do meu bolso, estás a perceber onde quero chegar, Hinata?

 

 

- Hai, demo ...

 

 

- CÁLA-TE!

 

 

A sua mão fria e pesada colidiu com a sua face de cera atirando-a ao chão.

 

 

Naruto não queria acreditar no que Kabuto acabara de fazer. Como se atrevia a bater na Hinata à sua frente? Não se conteve, partiu para cima dele, ou pelo menos teria partido se os seus pés tomando como exemplo os seus braços se tivessem mexido. Insultando a raposa por dentro por não se despachar a restabelecer a circulação de chackra assistiu para desespero seu, à aflição da kunoichi.

 

 

- Vocês aí estão dispensados, podem ir. – disse referindo-se aos shinobis que ameaçavam Naruto.

 

 

- Tem a certeza? Nós podemos...

 

 

- FAÇAM O QUE VOS DIGO E DESAPAREÇAM!

 

 

Relutantes largaram o loiro que desta vez evitou a queda certa apoiando-se com os braços que já conseguia mexer.

 

 

Kabuto assim que os seus shinobis desapareceram deixando-os a sós observou como a kunoichi praticamente rasejou para junto do loiro, ajudando-o e estrategicamente pondo-se à frente dele protegendo-o de um eventual ataque por sua parte.

 

 

- Sabes porque não te mato? – disse dirigindo-se à kunoichi.

 

 

- Não. – respondeu sincera. Ele tinha a oportunidade perfeita para o fazer, ninguém o impediria, nem ela própria o faria.

 

 

Antes que Kabuto pudesse falar, Naruto adiantou-se:

 

 

- Porque eu não o permitiria! – bramiu rodeando o pequeno corpo da kunoichi com os seus braços puxando-a, deste modo, para perto de si. – Não voltas a tocar nela...

 

 

- Naruto-kun...

 

 

- Seja como for Hinata, eu vou voltar...  – avisou Kabuto.

 

 

- Vou aguardar com impaciência o teu regresso! – ironizou o loiro, passando a indubitável mensagem  de que se a quisesse ter de volta, se quisesse levar Hinata teria que passar primeiro por cima dele.

 

 

- Oh, eu também Rokudaime-sama, eu também...

 

 

Sem mais palavras a trocar, ou olhares uma vez que ficara claro como a água o quanto se odiavam, Kabuto assim, limitou-se a afastar-se dos dois, tinha perdido e merda, era uma derrota brutal que levava para casa. Um ano, passara um ano a persegui-la, a procurar pistas, segui-las e a ser discreto para que ela o fosse dizer, agora que finalmente resolvera capturá-la, que tudo isso fora em vão, que gastara tempo, dinheiro e esforços para nada. Como iria explicar tamanho fracasso?, era a pergunta que agora ocupava a sua mente.

 

 

Desaparecendo na penumbra criado pelas copas das enormes árvores que formavam a floresta, Hinata sentiu-se aliviada, Kabuto já não era um problema, a sua derrota era palpável tal como acontecia com a sua alegria.

 

 

- Estás bem? – perguntou Hinata enquanto oferecia o seu corpo como suporte.

 

 

- Hai, eu fico bem... – disse o loiro tentando assegurá-la. – E tu?

 

 

- Eu estou bem...

 

 

Naruto passou a mão por onde Kabuto a atingira e sem pensar no que fazia beijou a sua face enquanto sussurrava continuamente gomen.

 

 

- Naruto-kun... – disse completamente perplexa e sobretudo ruborizada – a culpa... a culpa não é tua, não havia nada que pudesses fazer...

 

 

- Mesmo assim, ele nunca te deveria ter tocado, Neji não me vai perdoar... – disse séro. – Mas diz-me, foi por teres perdido o byakkugan que não querias voltar para casa?

 

 

- Hai... – disse a kunoichi hesitante.

 

 

Reparando na incerteza da sua resposta, rapidamente chegou à conclusão que o byakkugan não era o principal motivo, havia algo mais e esse algo mais, tinha ele a certeza, era um certo ruivo.

 

 

- Vamos para Konoha ? – perguntou.

 

 

- Óbvio Hinata! – se ela pensava que ele tinha mudado de ideias estava redondamente enganada.

 

 

Fez os selos de mão que, o loiro, no pouquíssimo tempo que passara com ela já reconhecia como sendo o jutsu da teletransportação.

 

 

- Quer dizer, obrigaste-me a atravessar o deserto e metade desta enorme floresta quando podias ter feito o jutsu? – perguntou claramente magoado por esta não ter feito o jutsu há mais tempo.

 

 

- Gomen, mas eu não estava propriamente muito feliz em voltar para Konoha, lembras-te? – Naruto sorriu.

 

 

- O que te vez mudar de ideias, mesmo? – perguntou o loiro agarrando-se à kunoichi, pronto para sair da floresta.

 

 

- Acho que passei muito tempo longe deles e... vê-los é tudo o que mais quero agora.

 

 

- Só isso? – assim que fez a pergunta sentiu-se incrivelmente estúpido, não sabia porque a fez, foi algo involuntário, bem, sempre podia culpar a raposa...

 

 

Ele estava tão perto, tão perto que começava a ficar atordoada e Hinata ficou uns minutos sem saber o que dizer, o que a confundia era que tipo de resposta esperava ele que desse, a primeira razão, que por acaso não fora aquela que realmente a fizera mudar de ideias, não lhe bastava?

 

 

- Bem... se não mudasse de ideia, provavelmente teria sido arrastada à força para Konoha. – disse sorrindo.

 

 

De alguma maneira, não era isso que queria ouvir, de alguma forma queria ouvi-la dizer que fora por ele, ele e só ele.

 

 

- Por ti também... – sussurrou o mais baixo possível para que este, nem num milhão de anos, a ouvisse.

 

 

Um civil nunca teria ouvido as suas palavras, um shinobi tão pouco, porém um que tivesse eventualmente uma kyuubi dentro de si, impossível, seria não as ouvir. Assim, de facto o loiro ouvira cada letra de cada palavra que Hinata acabara de pronunciar e caramba, como era bom ouvi-las.

 

 

- Hinata... – chamou-a quando para seu espanto viu-a parar quando ia fazer o último selo – Passa-se alguma coisa?

 

 

- Bem, eu... já passou tanto tempo que eu tenho a certeza que muita coisa mudou em Konoha e...

 

 

- E... – disse não percebendo o problema da kunoichi.

 

 

- Eu não posso fazer o jutsu sem ter a certeza das coisas, ou provavelmente acabamos numa outra dimensão.

 

 

- Ah! – exclamou compreendendo o receio de Hinata – Fazemos assim, eu penso no local e tu fazes os selos, será que funciona?

 

 

- É possível...

 

 

- Ok, vamos a isto!

 

 

- Devo dizer-te que o teu optimismo é algo que me assombra. – confessou a kunoichi perante tamanha certeza que este parecia ter de que chegariam a Konoha.

 

 

- E a tua falta de confiança é algo que não compreendo. – retorquiu.

 

 

- Tenho motivos para tal...

 

 

- Não, não tens...

 

 

Fechando os olhos e agarrando-se a Hinata o máximo que pôde ao ponto de fazê-la ruborizar uma vez mais com esse gesto tão íntimo pensou na aldeia que mal podia esperar para ver.

 

 

- Na-na-naruto-kun – disse incapaz de olhá-lo nos olhos, para que não notasse o seu constrangimento – eu não fujo.

 

 

- Não vou correr riscos, Hinata, não vou.

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem.



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