Troubled Love escrita por Mah Nunes


Capítulo 2
Precisamos conversar


Notas iniciais do capítulo

Ponto de vista do Andrew.



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-- Então, meus queridos, é exatamente isso que vocês jamais devem fazer como futuros publicitários – eu apontava para o slide na tela mostrando um anúncio gritante com layout e cores desorganizados e extremamente chamativo. Os alunos riram com a imagem. – Muito bem, agora vamos ver com realmente se criar um layout decente para uma propaganda.

Eu passei para o próximo slide na tela e quando estava prestes a explicar, ouvi batidas na porta. E dei licença para entrar. Um dos inspetores da faculdade e me entregou o bilhete da coordenação.

“Venha à minha sala.

Att. Carla García”

Pedi licença aos alunos e disse para o inspetor ficar de olho na sala e me encaminhei para a coordenação. O que seria tão importante para interromper uma aula? Se for por causa de mais uma reunião, poderiam ter me avisado quando cheguei. Ou que deixassem para a hora do intervalo.

Entrei na ala das coordenações e bati na porta de Carla.

-- Entre – resmungou uma voz de dentro da sala.

Entrei e fechei a porta atrás de mim. Sorri para a coordenadora. Sem nem levantar o olhar dos papéis em sua mesa, ela apenas apontou para a cadeira a sua frente.

-- Sente-se, isso vai demorar um pouco.

Inspirei fundo e me sentei suspirando. Cruzei as pernas e esperei ela me dar a atenção.

-- Eu fiquei sabendo de uma situação muito séria que esta acontecendo aqui. Há boatos por todo o curso de que você estaria se relacionando com uma aluna. Realmente espero que não seja verdade. Já falei com alguns alunos para saber de nomes e hoje falei com a moça que dizem estar se relacionando com você. – tentei me manter calmo e fingir que algo não borbulhava dentro de mim ao ouvir aquilo. Ela havia parado a minha aula para me recriminar por boatos. – Ofereci à senhorita Musi uma oportunidade de contar a verdade e ela me afirmou que eram falsos boatos. Quero ouvir de você, são apenas mentira esses boatos? – ela encerrou retirando os óculos e pousando-os na mesa.

-- Não tenho certeza de quantos boatos já ouvi semelhantes a esse, e como todos os outros lhe afirmo ser mentira. – tentei soar o mais calmo e despreocupado o possível.

-- Saiba você que dentro dessa universidade não será tolerado qualquer coisa do tipo, principalmente quando se trata de um profissional já casado. Não temos interesse ou direito algum em nos intrometer em sua vida particular, mas analisando a repercussão que esse boato teve e, principalmente, em que ouvidos esses boatos chegaram, não posso ignorá-los. Se houver qualquer prova que chegue até a mim você será suspenso, até porque apreciamos seu trabalho aqui, e a aluna será expulsa.

Um tremor percorreu a minha espinha. Eu não podia deixar que o futuro e carreira dela fossem arruinados por descuidos. Talvez fosse melhor que nós deixássemos de nos encontrar por enquanto, mas como? Ela é a minha droga mais letal e viciante.

-- Não terá que se preocupar com isso, senhora.

-- Pois bem, então pode se retirar. – ela recolou os óculos no rosto e apontou para a porta.

Sorri e me despedi dela. Ao sair da ala da coordenação ouvi o sino do intervalo. Teria que voltar a sala de aula e buscar meu material. Perdi metade da aula por causa de boatos. Gostaria de saber quem começou a contar essas histórias.

Cheguei na sala para ouvir meu celular tocar. Só me faltava agora ser a minha esposa estar me ligando por causa desses boatos. No visor havia 2 chamadas perdidas. E eram de minha esposa. Era melhor retornar a ligação antes que ela aparecesse por aqui. Enquanto chamava fui guardando minhas coisas e agradeci ao inspetor que ainda estava por ali guardando o projetor e o computador. Coloquei a bolsa no ombro e ela atendeu

-- Desculpa, amor, mas eu não posso falar agora. Quando você chegar em casa, a gente conversa. É importante. – ela dizia em um tom baixo como se estivesse em um lugar que exigisse silencio.

-- Tudo bem, não tem problema. Até em casa então, Beijos. – me senti aliviado, não queria ter que conversar com ela agora. Tinha algo mais importante para ir.

-- Te amo – mal ela terminou de falar e já havia desligado.

Não que eu fosse do tipo carente ou ficasse choramingando por atenção ou carinho, mas minha esposa é tão ocupada que mal esta em casa quando estou. E na metade das vezes que estamos os dois em casa um dos dois esta ocupado tentando adiantar, ou terminar, trabalho. Já na outra metade achamos algo pra fazermos juntos.

Não que sejamos workaholics, mas digamos que ela é uma advogada bem cotada e a minha agência esta crescendo e conquistando novos clientes. Minha sócia recentemente se mudou para o Rio de Janeiro para abrir uma filial e estamos com cada vez mais trabalhos. Em partes fico muito feliz com esse crescimento profissional, mas com isso vem mais trabalho me acompanhando pra casa.

Estava tão imerso em meus pensamentos que me vi em frente ao meu carro, no estacionamento da universidade. Não teria outra aula depois do intervalo então não teria que me forçar a me concentrar em algo que não tinha lugar na minha mente no momento.

Entrei no carro e coloquei a chave na ignição, mandei duas mensagens pra ela e esperava muito poder vê-la agora. Não sei o que Carla disse à ela, mas queria estar ao lado dela para ajudar, de alguma forma.

Dei partida no carro e fui até onde do meu coração, de alguma forma, já estava.

Ao chegar em frente ao prédio dela, liguei na esperança que ela estivesse em casa, mas não houve resposta. Sabendo o quão facilmente ela se distrai, arrisquei uma segunda vez. Toquei a campainha algumas vezes, até que finalmente ela atendeu ao telefone.

-- Alice? Onde você esta? Esta em casa? – perguntei um tanto aflito e esperançoso

-- Só um instante – ela parecia um pouco... bêbada. Acho que Carla exagerou na bronca.

Não diria que ao vê-la ali todas minhas preocupações se foram, muito menos que era a visão mais bela que eu já havia tido. Entretanto, com toda a certeza, o charme dos pijamas que bichinhos, o cabelo despenteado e a expressão de perplexidade e surpresa dela ao me ver ali me enfeitiçaram de tal maneira que eu não poderia reagir de outra forma. Eu tinha que tê-la em meus braços, sentir a boca dela na minha.

-- Oi – foi tudo o que eu consegui dizer antes de meu auto controle ir para o espaço.

Eu não conseguia aguentar e depois da conversa com Carla, definitivamente não queria continuar aquilo ali no corredor. Envolvi a cintura dela e fui guiando ela para dentro do apartamento, fechando a porta atrás de mim com o pé mesmo. Ela me parou na bancada da cozinha e desviou de minha boca e me voltei ao pescoço dela.

-- Andrew – tentei me controlar e, continuando abraçando a cintura dela, olhei nos olhos dela

-- Alice. - dei um beijo mais suave nos lábios dela

-- Temos que conversar – Ah, não pode ser. É a terceira vez que escutava isso hoje. Só falta chegar em casa e meu gato dizer “miau, precisamos conversar”. Desanimei seriamente agora. Me afastei um pouco dela sem tirar meus braços de sua cintura.

-- Tudo bem. Sobre o que temos que conversar. – Tentei demonstrar que tinha interesse em discussões de relação.

Ela segurou minhas mão entre as delas e passou para o outro lado a bancada. Ok, ela queria distância de mim, a coisa esta ficando muito séria. Ela pegou dois copos e serviu um pouco de água e estendeu um para mim.

-- Hoje eu tive uma conversa muito preocupante com a coordenadora e – sabia que tinha a ver com a vaca da Carla – tomei uma importante decisão para a minha vida. – ela fez uma pausa como se precisasse desse tempo para ter certeza do que ia dizer. O que me preocupava demais.

-- Ouvi sobre os boatos, Carla falou comigo também e acho que...

-- Quero terminar – Ela me interrompeu e as palavras que saíram de sua boca não me surpreenderam. Sinceramente eu esperava que ela tivesse desistido há algum tempo atrás. Ela é uma daquelas garotas que tem um senso crítico forte, principalmente quando se trata dela. Ela sempre demonstrou estar desconfortável com o fato de eu ser comprometido.

-- Tem certeza? – eu não queria ter que me afastar dela, mas eu jamais poderia obriga-la a ficar comigo.

-- Não sei – ela respondeu daquele jeito sincero dela e eu fiquei confuso de vez

-- O que quer realmente fazer, Alice? – apoiei minha cabeça na mão e esperei ela me responder

-- Eu não quero me afastar de você – eu queria dizer que sentia o mesmo, mas era melhor deixa-la continuar. – Eu definitivamente não quero perder você. Porém eu não quero te prejudicar. – era a gota, eu não aguentaria deixar ela continuar.

-- Olha, eu não sei o que a Carla disse para você e sinceramente eu quero deixar algo claro aqui, apesar do que quer que ela tenha dito. – eu dei a volta na bancada e segurei o rosto dela entre as minhas mãos – Eu quero você comigo a cada instante, quero você comigo sempre. Não há nada que me faça sentir tão bem como quando eu estou com você.


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