“Você já teve aquele pensamento horrível de que, talvez, ninguém ao seu redor te queira ali? Não é que você pense que todos te odeiem, mas apenas acha que você não é especial para ninguém? E você tem 98% de certeza de que ninguém ali pensa ‘Eu realmente gosto de conversar com ela!’ e que se você desaparecesse naquele exato momento, ninguém iria perceber?

Ter aquela vontade enorme de não ir mais para escola por meses, só de ficar em casa, deitada. ‘Desligar-se’ do computador e do celular, para ver, depois, se alguém sentiu sua falta; se realmente notaram sua ausência. Ver se se importariam com você.

Eu não havia percebido o quanto eu estava sozinha, até uma professora mandar minha sala se organizar em grupos para um trabalho. Todos se reuniram. Eu fiquei sozinha. Ninguém se importou comigo, ninguém veio me chamar para fazer parte de seu grupo. Nem a professora me notou. Era como se nem ali eu estivesse.

A única coisa que me fez, e faz, até hoje, acreditar que eu aqui; que eu ainda estou viva, é com dor.

A dor que uma pequena lâmina me faz sentir todo dia.

Mas, felizmente, não precisarei mais dela para sentir-me viva, porque, aliás, já nem quero mais estar.”

Clicando em “Enviar”, a garota, com os olhos pesados de cansaço, pegou uma caixinha de comprimidos e a abriu.

“Finalmente... minha salvação”

Ela disse baixinho, sorrindo enquanto ingeria vários comprimidos.