Circus escrita por LyaraCR


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo de Circus para quem está acompanhando e deixando ótimas reviews. Agradeço a todos e espero que continuem gostando!



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Seus passos eram lentos, como os de alguém cuidadosamente escondido... Sua respiração era silenciosa e seus movimentos leves. Mas não foi páreo para ele. Sentiu seus pulsos serem puxados de uma só vez. Estava imobilizado.


— Droga!


Xingou, antes de olhar para trás.


— Quem é você, de onde veio e o que quer?


Aquela voz parecia tão certa, tão... Rouca e agradável... Olhou por cima do ombro e deparou-se com ele... Seu admirado pirata, cigano. Estava com os cabelos soltos, uma camisa de mangas longas branca e uma bermuda jeans. Estava descalço por estar dentro do trailer, que provavelmente era sua casa.


— Sou apenas um fã que veio tentar te ver.


Disse, tentando fazer força para livrar-se dos braços fortes que estavam ao seu redor, mas só conseguiu quando ele quis. Foi solto. Voltou-se a ele.


— Pega leve! Só vim procurar você pra ver se descobria seu nome!


— Prazer, Aidan.


Espichou-lhe a mão.


— Sam... Vim daqui da cidade mesmo, e trouxe isso... — espichou-lhe o colar — Acho que se enganou ao jogá-lo para mim ontem.


— Não, não me enganei. Queria que voltasse. E você voltou.


— Como sabia que eu o faria?


— Isso tudo é mágica Sam... Você voltaria porque teria que voltar. Ele te trouxe de volta.


Sorriu. Aquele sorriso... Era inexplicavelmente perfeito. Sam sorriu e abaixou o rosto.


— Vem comigo... Quero que conheça alguém...


Puxou o mais novo pela mão, saindo do trailer, se calçando e indo até os fundos do picadeiro.


Chegaram lá e surpreenderam uma linda flor, que hoje usava vestes azuis que contrastavam com seus olhos e cabelos. Ela sorriu.


— Ele disse que você voltaria. Sou Emily.


— Sam... Eu vi vocês ontem e... Foram perfeitos.


— Nem tanto.. Podemos fazer melhor..


— Porque não se assenta?


Ela indagou. Sam o fez e Aidan também.


— De quem são os gatos?


Vários gatos. Persas, Ragdolls, e até mesmo um Birmanês.


— São da Madame Me... Ela tem um coral com eles... É assim: Ela começa, eles seguem e ela canta. É muito legal...


A conversa continuou por algum tempo, até que resolveram por fazer uma apresentação para Sam. E sim, mais uma vez se pegou preso naquele pirata dos céus. Foi assim que acostumou-se a chamá-lo daquele momento em diante. Eram perfeitos demais. Ela parecia uma boneca de coleção, enquanto ele parecia promissor demais para ser tão bom, tão bem-intencionado. Sam queria olhar para ele, tocar aqueles longos cabelos, aquela face... Mas se continha. Não sabia se eram apenas amigos, ou o que Aidan pensava ao seu respeito. Preferiu não arriscar de primeira. Esperaria os sinais. Ao menos não estava pensando em Dean. Sim, estava. Lá no fundo era impossível não pensar. Havia marcado, marcado mesmo. Para sempre.


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Dean estava sozinho arrumando a casa. Onde Sam teria se enfiado? Faltava pouco para escurecer e nada do mais novo. Havia sumido feito poeira no vento. Assentou-se na escada. Sam deveria estar com nojo dele. Deveria estar reprovando-lhe até o último fio de cabelo. “Droga...” Como pôde ceder tão facilmente a si mesmo? Como pôde optar por destruir sua própria vida, e além de tudo a vida de seu Sammy? Esfregou o rosto com ambas as mãos num claro sinal de exasperação; “Não adianta chorar sobre o leite derramado Dean... Você fez aquilo porque quis, porque foi fraco. Agora arque com as conseqüências...” Levantou-se e levou a vassoura consigo. Não havia mais o que arrumar ou reparar ali. A casa estava perfeitamente bem agora.


Guardou as poucas coisas que estavam espalhadas e telefonou para o pai. Ótimo... John iria passar o fim de semana pescando com Bobby e os amigos. Estava ferrado. E se Sam não voltasse? E se... resolvesse fugir? Se tivesse fugido!?


— Oh Deus, me perdoe por tudo, mas faça ele voltar, por favor!!!


Clamou aos céus olhando para cima. Assim que fechou os olhos verdes, escutou a porta da rua batendo. “Sammy!” Seu coração disparou enquanto corria até a porta que dava para a sala, de onde pôde ver o mais novo. Conteve-se.


— Por onde andou?


Indagou sério, após respirar fundo.


— Fui ver uns amigos.


— Onde? E que amigos?


— Meus amigos do circo. No circo.


— Foi... até ele?


Indignado, com aquela expressão de total incredibilidade.


— Não Dean, fui até o circo;


— Mas foi procurá-lo!


— Evidente que sim! Fui devolver o colar que ele jogou para mim.


— O que ele queria com aquilo?


— Queria que eu voltasse lá e conhecesse boa parte de seus amigos.


— Sam... — suspirou — por que diabos demorou tanto? Você saiu pela manhã!!! Ao menos comeu alguma coisa?


— Claro que sim... E.. Não se preocupe Dean. Estava vendo o coral de gatos, aprendendo mágica e vendo eles treinarem. São boas pessoas...


Disse o mais novo subindo as escadas. Dean permaneceu assentado. Mal percebera que o havia feito... de toda forma, não havia gostado do sumiço de Sam, e ainda precisava conversar com ele. Notara que o mais novo mal olhava em seus olhos. Estavam num clima estranho. Isso era desconfortável para ele e com certeza, para Sam também.


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A água caía por sua face, por seus cabelos, por todo o seu corpo, levando embora todo o tremor e nervosismo. Dean o havia questionado. E além do mais, sobre ele! Sobre Aidan, uma pessoa tão... boa, tão interessante e divertida! O que havia de mal em tê-lo como amigo? Ele e Emily... Eram pessoas dignas de sua amizade e de seu respeito. Dignos do respeito de qualquer um. Podiam morar em um trailer e viver em um circo, mas valiam mais que muita gente normal, pessoas que Dean considerava como amigos.


Colocou um pouco de shampoo nas mãos e espalhou sobre os cabelos, deliciando-se com o aroma doce e frutal. Enxaguou-se. Agora precisava terminar o banho e sair rápido dalí. Sabia que, temendo ou não, teria que conversar com ele. E se estivesse com nojo de sua pessoa? E se dissesse coisas horríveis e saísse de casa? Como sobreviveria sem seu porto seguro? Suspirou. Precisava relaxar. Precisava enfrentar o que quer que fosse. Havia provocado isso. Tudo era culpa sua.


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No andar de baixo, o mais velho procurava inutilmente por alguma coisa para se distrair... Precisava ficar longe de Sam. Estava com raiva. Raiva por ele ter ido atrás daquele cigano, raiva de si mesmo por olhar diretamente para os lábios de Sam, sem conseguir olhá-lo nos olhos.. Era impossível. Menos de vinte e quatro horas, já havia se viciado no mais novo.


— Droga!


Praguejou e soqueou a mesa. Sam deveria estar com ódio, nojo, pavor de sua pessoa. Por isso sequer olhava em seus olhos. Dean estava amargamente arrependido, e não podia mais voltar atrás. E se tudo isso fizesse Sam se afastar? E se isso lhe causasse algum tipo de trauma? Droga! Droga, droga, droga! Dean havia destruído seu lar. Ou ao menos assim pensava.


Subiu as escadas em passos firmes, determinados a escutar qualquer humilhação vinda dos lábios tão amados do mais novo. Precisava ao menos ter a certeza de que estava sendo odiado, ou não ficaria em paz para aceitar seu castigo.


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Dean abriu a porta do quarto e deparou-se com Sam vestindo uma camisa verde. Entrou e fechou como se houvesse necessidade, como se houvesse mais alguém em casa. O mais novo terminou de vestir-se e resolveu encarar Dean... Nenhuma palavra por um bom tempo. Abriam as bocas, mas fechavam. Sem coragem para dizer nada. Sam respirou fundo e finalmente começou:


— Tá legal... O que tá pegando?


Dean suspirou aliviado. As primeiras palavras já eram um grande passo.


— E-eu... Estou com medo.


Dean assumiu e abaixou a cabeça. Sam riu sem humor algum.


— Medo? Dean! Você? Ou será que... se arrependeu? O remorso está te incomodando?


— Não é isso. — o mais novo calou-se — Não devia afirmar, mas tenho certeza que está furioso comigo.


— Pelo que aconteceu de manhã?


— Sim, e... por... eu ter me aproveitado de suas... De seus impulsos e... Está muito decepcionado comigo?


— Sempre fala demais quando está nervoso Dean... Não tem necessidade de ficar assim. Não estou decepcionado, nem com qualquer sentimento ruim.


— Não?


— Não. E-eu... Gosto muito de você Dean.. Eu... não me importo com esse tipo de coisa. Pra falar a verdade... — abaixou o olhar e a cabeça — Eu.. gostei.


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Notas finais do capítulo

Continua.



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