Circus escrita por LyaraCR


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Aproveitando o pequeno milagre e passando pra deixar mais um capítulo hoje! Incrível o que o alívio de um ano pesado faz com uma pessoa!

Segue o texto!



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Sam sentiu seus pés tocarem o chão. Havia escapado do andar superior do hotel. Agora era só correr até a rodoviária, esperar que seus salvadores chegassem e tudo estaria bem... Porém, por tremenda falta de sorte, sentiu-se ser imobilizado e logo em seguida, uma lâmina gelada em sua garganta. Ante seus olhos arregalados, surgiu a face angelical de um daqueles monstros, capangas de Aidan. Oh droga, estava tão ferrado que podia sentir-se praticamente rendido. Estava agora, literalmente de mãos atadas.

— Vamos lá.. Tem uma pessoa muito ansiosa pra te ver...

A risada alta fez o sangue de Sam gelar. Sabia que agora seria levado de volta, e mal sabia os castigos que aquele demônio estaria planejando para ele. Não queria nem imaginar o custo que isso teria. Será que algum dia voltaria para Dean? Para John, Bobby, para sua vida? Éh, doía pensar nisso. Jamais tomaria uma decisão precipitada outra vez.

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Dean se afastou displicentemente, como quem não queria nada. Conseguiu passar despercebido aos olhos do pai e de Bobby, acabando por enfiar-se em uma viela qualquer e começar à correr que nem um louco. Sabia que tinha algo acontecendo. Seu coração disparado, doendo, e sua mente nublada indicavam isso.

Foi quando dobrou uma outra esquina que chocou-se de frente com aquela... víbora. A tomou pelo pulso. Estava diferente e parecia preocupada.

— Você!

— O que pensa que está fazendo?

Tentou se desvencilhar, inútil.

— Onde está o meu irmão, sua maldita?

— E-eu não sei! Nós viemos para salvá-lo! Aidan mandou os comparsas caçarem ele pra que levasse de volta para o circo e...

Não pôde terminar de falar. Ouviu um click de uma arma atrás de sua cabeça e uma voz familiar, praticamente sussurrando:

— Os dois, conosco já!

Os olhos verdes de Dean estavam arregalados. Pudera ver aqueles demônios praticamente massacrando o mágico um pouco mais ao fundo, pudera ver o olhar empolgado do elemento que ameaçava agora a vida daquela fada, ou bruxa, de treze anos com uma arma em sua nuca, pudera ver Sam, ao longe, sendo arrastado à força, mãos atadas, para a porcaria da praça central. Éh, aquela cidade parecia agora um grande espetáculo do circo dos horrores.

As coisas pareceram se tornar ainda piores quando Dean se viu aproximando-se daquele maldito cigano sem poder fazer quase nada. Não podia se precipitar, de forma alguma. Tinha uma arma, era verdade, mas não podia usá-la antes de pensar bem, caso contrário estaria colocando em risco a vida de Sam, a sua própria e a de todos os outros ali. Precisava pensar em um jeito de resolver tudo sem que tivesse alguns efeitos colaterais, e no momento, isso parecia praticamente impossível.

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Quando o viu ser trazido com a faca ante o pescoço e as mãos amarradas, sorriu de canto a canto. Aquele fora o plano perfeito, o que precisava e fizera justo na hora mais oportuna! Estava feliz consigo mesmo. Sua camisa de mangas longas branca, adornada com renda nos pulsos, o fazia parecer ainda mais bronzeado. Aproximou-se de Sam, fazendo o garoto tremer nas bases. Cabelos ao vento, olhos cintilando maldade, estava lindo, e isso seria claramente notado no momento se ainda usasse a máscara de príncipe encantado, aquela que escondia o monstro que era.

Sorriu mais ainda quando viu os outros “elementos surpresa” juntarem-se à festa. Ah, aquele sonho mais velho, dourado e com os olhos cintilando ódio, tão promissor! E sua pequena víbora; vadia barata... Bem sabia que ela tinha algo a ver com tudo isso. Depois de beijar Sam, o faria com ela, só para testar a reação daquele quem a havia roubado.

E então, quando seus amigos de todas as horas trouxeram as quatro pessoas ao centro da praça, sentiu-se o rei sol, sentiu-se poderoso, invencível. Aproximou-se em passos lentos daquele que era seu, daquele que levaria consigo para sempre. O tocou a face, mesmo que este tentasse se esquivar. Beijou-lhe os lábios à força. Sabia, levaria um tempo para dominá-lo novamente, mas nada que não desse conta do recado.

Afastou-se e pode ver nos olhos dele a mágoa, o rancor e a promessa de vingança banhada em ódio. Sim, ele o odiava, mas a linha existente entre amor e ódio era tênue demais para sobreviver ao tempo...

Aproximou-se de sua princesa. Sorriu-lhe. Porque será mesmo que todos ali o olhavam agora com ódio? Bom, não sabia. Era tão boa pessoa! Não era falso e tudo dentro e fora de si era completamente natural.

Aproximou-se e a beijou. Um selo breve. Não tinha mais graça, sabe... Já havia virado algo... Rotineiro. Não tanto quanto a cabeçada que recebeu como recompensa. Até chegou a levantar a mão contra a face da mesma, mas conteve-se. Não precisaria disso. Havia coisas mais importantes a se fazer do que lidar com ela.

Deu as costas à mesma e então foi até Dean... Ah, Dean... O mais velho, protetor, incorruptível, porém amante do irmão menor... Que feio, não é mesmo?

— Dean, Dean, Dean... Mas que surpresa, que honra!

Os olhos verdes semicerrados poderiam matá-lo se olhares tivessem poder. Sentia o frio na espinha. Provavelmente Dean estaria pensando em quão delicioso seria cortá-lo pedacinho por pedacinho, mesmo vivo, e quão altos seriam seus gritos. Sorriu.

— Aposto que venho reivindicar seu irmãozinho... Mas... — fez uma pausa dramática e deu a volta em torno de si mesmo, lentamente — eu sinto muito. Acho que já deve ter ouvido por aí... Se você é digno da salvação de um cigano, também é digno pertencer ao mesmo pelo resto de seus dias...

— Maldito! Eu vou acabar com você.

Disse o primogênito Winchester, sussurro, ansiando cravar uma estaca de madeira sob o queixo daquele... demônio.

— Acho que não, meu bem.

Segurou a face de Dean. Que tipo de pessoa descontrolada era aquela? Meu Deus! Ele estava realmente se achando o dono do mundo, o rei do mesmo. O jeito que falou por mais cinco minutos, os insultos e até mesmo as carícias na face de Dean... Ah, aquilo fazia o Winchester mais velho se contorcer em desgosto.

E então, quando todos começaram a ser arrastados para dentro de um dos veículos do maldito circo, Emily foi a primeira a reagir. No fim de tudo se culpava. Se não tivesse colocado aquela coisa nos drinks de Sam e Dean, provavelmente nada teria acontecido e nenhum deles, inclusive D., quem não tinha nada à ver com isso, estaria em perigo. Se remexeu como uma princesa desesperada o faria, gritou e foi levantada do chão por aqueles dois brutamontes. Era só o que queria para se balançar de um modo que, no fim de tudo, os fez soltar o agarre agora impossível, e então, Dean se soltou pela deixa daquele monstro que o segurava. Já era hora de partir pra ignorância. Sam não podia fazer nada, porque estava com uma faca no pescoço. O mágico, por sua vez, começava a despertar lentamente. E, ao ver sua princesa ser jogada longe por um dos “monstros” que provavelmente iria atrás dela, levantou-se de onde estava e foi na direção do mesmo. Sabia lutar, isso era um de seus segredos que agora teria que abrir mão. E então, o conteve.

Ouviram tiros, e nem por isso pararam de se digladiar. O homem que segurava Sam foi ao chão, desesperado com sua perna que agora sangrava como se houvesse sido decepada.

Aidan olhou, uma leve expressão de desespero apoderando-se de seu rosto bonito. Não, não podia estar dando errado. Não agora! Franziu o cenho e correu até Sam, tirando sua própria adaga de onde quer que estivesse e o segurando novamente. O mais novo parecia estar atônito. Não se movera desde a queda do homem que o fazia de refém.

— Acho melhor pararem se não quiserem sangue dessa pobre criança manchando as mentes de vocês...

Dean foi o primeiro a parar. Já havia finalizado um dos calhordas. D. também parou. John levantou as mãos e Bobby massacrou pela última vez a face de um dos malucos com o cabo da arma antes de jogá-la longe.

Todos agora o olhavam aparentemente surpresos. Será possível? Sim, ele não hesitaria em cortar o pescoço de alguém que sabia, jamais pertenceria realmente à ele.

— Se algum de vocês pensa que virá aqui e levará de volta o que, sim, é meu, estão muito enganados. Então é melhor vocês dispersarem antes que eu rasgue a garganta dele agora mesmo.

Dean tirou a arma que estava escondida em sua cintura e numa reação impensada, atirou na direção do cigano, quem desviou com Sam, deixando, inevitavelmente, a bala pegar de raspão no braço do menor.

— Dean!!

Sam gritou. Ah, droga.. Aquilo estava doendo e... e.. seu pescoço... Seu pescoço tinha agora um corte raso. Ardia como centenas agulhas penetrando cada milímetro de sua pele.

Todos puderam ver o sangue escorrer e manchar a roupa do mesmo. De seus olhos, algumas lágrimas desprendiam, sem sequer tentar contê-las. Não podia.


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Notas finais do capítulo

Continua...



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