Circus escrita por LyaraCR


Capítulo 1
Capítulo 1 - Circus


Notas iniciais do capítulo

Primeiro projeto de longfic incluindo um tema como esse. Será longa, disso estou certa. Será agradável à quem gosta, então, espero que divirtam-se.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/43387/chapter/1

Aquele copo estilhaçou-se frente aos seus pés. Seus olhos arregalaram-se, lacrimejantes. E então ele saiu por aquela porta, dando a certeza de nunca mais voltar. Seus olhos se fecharam...

 

— Droga...

 

Sabia que seria assim, e sabia que teria que contar para alguém em busca de soluções... Era o fim. E, realmente, não pensou, nunca, que seria assim.

 

---

 

Circus

 

---

 

Há uma semana, havia chegado uma das mais apreciadas atrações à cidade. Um circo. Não um circo qualquer, mas um daqueles que brilham por si só, com direito até mesmo a um coral de gatos; Era a terra encantada para alguns; Mas era o terror para outros, como Dean Winchester. Sim, em seus dezenove anos, tinha horror àquela felicidade fantasiosa que iludia os outros. Outros como seu irmão, seu pequeno Sammy, quem mesmo temendo palhaços desde sempre, encantava-se ao ver trapezistas, malabaristas, mágicos... Sammy amava o circo, amava, mesmo tendo que enfrentar seus medos. E, por causa desse amor, é que Dean estava agora comprando dois ingressos naquela bilheteria laranja cheia de brilho.

 

— Vamos Dean! Temos que pegar o melhor lugar!

 

Sam estava totalmente empolgado com a situação. As luzes, as músicas animadas... Tudo; Aquilo era o paraíso. Sempre sonhava em montar o seu próprio circo quando crescesse,

 

— Vamos lá...

 

Disse Dean, tomando o mais novo pelos ombros e o empurrando levemente circo adentro. O sorriso de Sam era algo que nem o dinheiro do mundo inteiro poderia comprar. Aquele sorriso inocente, que deixava suas covinhas em evidência, aquele sorriso que Dean amava.

 

A entrada que conduzia até a frente do palco era de um rosa brilhante, totalmente feminino e purpurinado, enquanto as arquibancadas eram de um azul-céu, algo puxado para lilás. Sam olhou em volta com a melhor cara do mundo e puxou Dean pela mão arquibancada acima. Pararam pelo meio desta e assentaram-se. Logo o lugar ficou lotado, muitas pessoas ansiosas pelo espetáculo. Sam encostou-se à Dean e sorriu. O mais velho acariciou-lhe os cabelos e, quando as luzes se apagaram e uma nova música começou, todos foram ao delírio, inclusive Sam.

 

[Your cruel device
Your blood like ice
One look could kill
My pain your thrill

I want love you, but I better not touch
I want hold you, but my senses tell me to stop
I want kiss you, but "I want it" too much
I want taste you but your lips are venomous poison
You're poison running through my veins
You're poison, I don't want break these chains

Your mouth so hot
"Your web I'm caught"
Your skin so wet
Black lace on sweat

I hear you calling and it's "needles and pins"
I want hurt you just to hear you screaming my name
Don't want touch you, but you're under my skin
I want kiss you but your lips are venomous poison
You're poison running through my veins
You're poison, I don't want break these chains
Poison.... poison....

Running deep inside my veins
Poison (burning) deep inside my veins
One look could kill
My pain, your thrill
]

 

Os artistas foram entrando. Eram perfeitos. Uma roupa colada aos corpos em um tom escuro, quase azul, de roxo, alguns adornos nos cabelos, alguns de patins, nos quais as luzes se focaram.

 

Ela era linda. Cabelos muito, muito longos, na altura dos quadris, ondulados de cor mel, magra, perfeita. Não devia ter mais que quatorze anos. Apresentou-se fazendo mesura e depois girou em torno de si mesma algumas vezes. Ele a pegou pela cintura e levantou, fazendo com que ela brilhasse ao abrir os braços, colocando-a no chão em seguida e se apresentando. Seus cabelos eram negros como a noite e muito longos, um pouco menores que os dela, lisos como seda, presos em uma trança que os deixava quietos para dar lugar ao brilho de seus braços definidos, fortes, que logo fizeram parte de seu gesto de mesura, inclinando-se ao público.

 

Voltou à posição normal e a tomou pela mão. Parecia ao menos oito anos mais velho que ela. Seu sorriso largo e toda a sua magia o faziam brilhar ao lado da pequena, enquanto patinavam no picadeiro, dançando juntos, obtendo manobras incríveis. Os olhos de Sam haviam fixado-se nele. Parecia um pirata, um cigano. Perfeito demais para ser real.

 

Quando as luzes sumiram, Sam lamentou-se mentalmente. Agora, deixavam evidência sobre os dois malabaristas ruivos, aparentemente gêmeos, que saltavam sobre suas camas elásticas parecendo ter o peso do vento, com a sincronia perfeita. Até mesmo os olhos de Dean, tão seco, brilhavam ante tamanha habilidade e encanto.

 

Sam apertou-lhe a mão quando os roncos de motores foram ouvidos. A música estava na parte instrumental. As luzes focalizaram-se sobre dois quadricíclos que saíam dos cantos do imenso picadeiro. Pararam no meio, onde os pilotos empinaram, giraram, fizeram várias manobras. A platéia levantou-se, gritou, aplaudiu, assoviou... E até mesmo Dean que tanto detestava, teve de fazê-lo. Nunca em sua vida havia visto nada como isso. Era realmente empolgante. Principalmente quando sumiram do palco com o quadricilo em pé, circulando apenas com as rodas traseiras. Aquilo fora perfeito demais!

 

As luzes apagaram-se, a música chegou ao fim e, ainda no escuro, o apresentador introduziu todos ao mundo mágico de Haas Lioncourt, Mister D., Mister Darkness ou o Mestre da Escuridão, se preferir, quem surgiu em meio à uma poeira prateada, com as luzes apenas sobre ele. Sua capa “pousou” onde deveria e, à medida que levantava as mãos, as chamas cresciam ao redor do picadeiro, fazendo uma muralha de fogo que se apagou totalmente ao mesmo tempo em que as luzes se acendiam novamente, revelando todos os apresentados ali, alinhados lado a lado, os quais cumprimentaram a platéia saindo em seguida, dando lugar ao apresentador alto, loiro e vestido tal como o mágico. A única diferença era a falta da cartola, os cabelos platinados e lisos.

 

E então, ele cumprimentou todos, dando início ao espetáculo. Aquilo seria mais promissor que o necessário para uma cidade de interior, mas era o trabalho deles. Não se importavam com o local. Obrigavam-se a ser perfeitos, a brilhar, onde quer que estivessem.

 

Dean sorriu ao ver Sam gargalhando pela primeira vez na vida com palhaços. Aquilo fora uma barreira superada. Tanto para Sam quanto para Dean. Sabiam que aquele espetáculo seria para sempre lembrado. Mas não sabiam que não seria por isso... Não por isso...

 

---

 

O picadeiro ficou vazio. Uma música misteriosa ecoou, e, do alto, saltou uma estrela. Estrela que se agarrou ao trapézio e assentou-se nele em apenas um movimento. Estrela que saltou para outro trapézio e deixou o anterior livre para a estrela maior, aquela estrela que era mais um astro, de longos cabelos negros e trançados. Sam bem sabia quem era e foi inevitável que seus olhos não colassem àquele ser novamente. Estava encantado com tudo o que ele podia fazer, com toda a perfeição que ele podia ter, com seus olhos em sua direção, com os gestos, com a música... Sam estava quase se levantando e indo até lá; Lembrou-se que estava ao lado de seu ídolo, seu irmão Dean, e não podia dar nenhum vexame para não constrangê-lo... Conteve-se, e o resto do espetáculo foi o paraíso para Sam... Aquele astro havia saído do palco e sentado a menos de três metros de distância... Pôde ver cada detalhe... Até mesmo seus olhos amarelos... Não, não era algo assustador... Era aquela cor rara, ocre, que todos sonhavam em ter, mas era única... raríssima. Ele era uma jóia rara.

 

---

 

Saíram do circo... O espetáculo havia acabado e Sam tinha que ir para casa, mas estava completamente decidido a voltar fora do horário, só para descobrir algo sobre aquele.. Cigano.

 

Entrou no carro com Dean e pôde vê-lo sair correndo da portaria principal, com os olhos fixos em sua imagem, segurando algo que jogou e Sam, felizmente conseguiu pegar antes que Dean arrancasse com o carro. Seu coração estava à mil, e rezava para que o mais velho não houvesse percebido nada.

 

Foram longos minutos de silêncio constrangedor até chegarem em casa. Dean estava calado, mas não parecia bravo. Estava com aquela expressão indefinida que deixava Sam assustado. Queria falar com ele, mas temia. Perdeu-se em seus próprios pensamentos.

 

---

 

Quando deu por si, estava deitado em sua cama, girando o que parecia ser um colar com um pingente prateado, esperando ainda que Dean dissesse algo. O mais velho apenas fingia assistir à TV. Na verdade, Dean parecia muito mais perdido que Sam, muito mais. Precisava falar com ele, e agora mesmo.

 

— Dean... — sem resposta — Dean...

 

— Que foi?

 

— Por que está assim?

 

— O que há de errado com você?

 

Nossa... As indagações... Dean estava realmente irritado. Sam estava acostumado à ser tratado como um príncipe pelo irmão, e quando este lhe indagava algo, era porque as coisas não estavam de todo bem.

 

— Quê? Como assim?

 

— Você... Estava comendo ele com os olhos!

 

Exclamou e assentou-se na cama.

 

— Como é?! — riu amarelo. Seu coração havia disparado — Não! Não acredito! Dean, eu.. eu não...

 

— Tá Sam, não importa.

 

Deitou-se novamente. Agora sim, odiava mortalmente os circos. Essa coisa cheia de brilho e alegria havia consumido seu irmão. Rezaria para que todo esse veneno saísse, ou, jurou, ele mesmo tiraria.

 

Sam sabia que Dean estava mortalmente enfurecido. Foi até a cama dele e tocou seus cabelos.

 

— Eu não... Fiz nada de errado.. E se fiz me desculpe...

 

— Tudo bem Sammy... Só não quero que você seja motivo de decepção para o papai... Senta aqui..

 

Dean deu espaço ao mais novo, que se assentou ao seu lado. Acabaram por conversar algum tempo e depois dormirem na mesma cama.

 

---

 

Amanheceu. Dean abriu os olhos e antes de firmar a vista, notou que estava abraçando alguém. Duvidou que fosse uma garota quando sentiu o delicioso perfume familiar de seu Sammy. Sorriu e fechou os olhos, puxando-o contra seu corpo, colando aquelas costas ao seu peito. Respirou próximo demais ao pescoço de Sam e o arrancou um gemido leve. Ele remexeu seu corpo, esfregando-se levemente contra Dean, e depois virando-se de súbito, encostando o rosto contra o peito do mais velho. Dean arrepiou-se e suspirou. Abriu os olhos. Não podia se mexer. Não queria interromper o sono de Sammy... Então, deixou-se levar e fechou os olhos tentando dormir, mas provando-se impossível quando o mais novo aconchegou-se contra si como um gatinho faz com sua progenitora. “Deus... Que diabos!” Praguejou mentalmente, antes de sussurrar o nome do mais novo na clara intenção de acordá-lo.

 

— Sammy...

 

O garoto passou a mão sobre seu peito e sussurrou:

 

— Só mais um pouco... Não vou contar pra ninguém...

 

Dean não sabia se Sam estava realmente acordado, mas preferiu arriscar e calar-se; Sam estava dormindo. Evidentemente dormindo. E... Porque disse que não contaria pra ninguém? Tentou entender e desistiu. Deu um jeito de forçar-se a apagar novamente. O edredom macio sobre sua pele, o corpo de Sam apoiado no seu... Isso lhe trazia uma segurança inabalável. Sorriu antes de deixar-se levar para o mundo dos sonhos.

 

Pouco depois, Sam abriu os olhos. Estava colado à Dean. Não se importou e sorriu. Gostava de ficar ali. Era como estar protegido pela maior potência do mundo. Sentia-se invencível, intocável nos braços do mais velho. Pôde sentir a perna entre as suas. A acariciou com sua livre por um momento, antes de abraçar o corpo do mais velho e dormir.

 

Lá fora o sol nascia. Brilhando alaranjado por toda a cidade. Eles não se importavam. Queriam apenas dormir um nos braços do outro, na familiaridade daquele toque.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Primeiro capítulo on... Espero que tenham gostado! :D

*Groove Coverage - Poison*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Circus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.