P.O.V Katherine

Meu plano não era nada complicado. Enviei uma carta para Lestrade logo quando chegamos em casa. Recebi a resposta algumas horas depois, já a noite.

Cara Katherine,

Holmes, durante todo o dia, se não sair a procura de evidências, ele se tranca no laboratório ou no gabinete por horas e dias. Costuma sair só sob circunstâncias que envolvam seu trabalho. Acorda relativamente cedo. Isso quando dorme, pois por várias vezes, passa a noite tocando violino e pensando. É apenas isso. Já Watson costuma sair mais para atender os pacientes. Também acorda relativamente cedo e costuma almoçar em casa. Alguns pacientes o procuram em sua residência. Quando pode, acompanha Holmes nas investigações. Até quando não pode, o faz. Mas agora, posso perguntar a senhorita o por quê dessa pergunta? Devo acreditar que é para algo importante. Se precisar de qualquer coisa, avise-me.

Boa noite, G. Lestrade

E, bem, devo adicionar que esses dados não foram de muita importância, mas ao menos confirmaram o que eu já acreditava ser verdade. Olhando por certo angulo, era de grande probabilidade o detetive ficar enfurnado em casa. Demos a ele alguns dados, portanto quem sabe ele os investigasse. Bem, acho que deveríamos pedir ajuda a Lestrade.

Querido D.I. Lestrade,

Por hora, não é necessário deixá-lo a par da situação; acredite. Mas também acredite, que logo logo estará em seus ouvidos. Desculpe incomodá-lo a esta hora da noite, mas precisaremos de sua ajuda. Se for possível, gostaríamos que atraísse o Sr. Holmes para a Scotland Yard amanhã. No primeiro horário possível, por favor. Assim que conseguir, avise-me. Obrigada desde já.

Boa noite, K. Abbey

E foi isso. Enviei a carta por um menino que passava perto de minha casa. O prometi alguns xelins assim que voltasse com a resposta. Violet não se cansou de questionar quem era meu destinatário.

–Katherine, para quem você tanto escreve, com tanta pressa, a essa hora da noite?- Ela indagou com um sorriso, mal desviando o olhar das roupas que arrumava em seu armário.

–Violet, - respondi imitando seu tom, fazendo-a rir. - Estou me comunicando com Lestrade. Ajeitando as coisas para que tudo dê certo em nosso trabalho amanhã.

Eu já havia explicado a ela o que era para ser feito. " Divertido, eu diria" foi seu comentário quando eu lhe contei. Sentei-me no sofá da sala, um tanto quanto exausta, pois desde que chegamos eu estava a organizar meus pertences em meu quarto e fazer uma limpeza geral na casa com Lettie. Não, Lettie não é o nome de nosso gato. Lettie é como eu costumava chamar Violet quando menor. Vi ou Lettie, era como eu me dirigia a ela. Com o tempo, fui achando Lettie muito estranho e adotei apenas o 'Vi', a pesar de minha querida irmã dizer que não via problema algum. Portanto, em alguns momentos, se eu tratá-la por "Lettie" aqui, vocês já sabem quem é. Posso dizer a vocês que Lettie estava com a macaca naquele dia.

–Katherine! - Ela vociferou de seu quarto, acima das escadas. Logo ela veio descendo.

–Sim?- Respondi, olhando para o belíssimo céu estrelado.

–Você mantém contato com Harry?

Falar de Harry ainda me causava borboletas no estômago.

–Nós mandamos cartas de vez em quando... Algo como.. Uma vez a cada dois meses... Ele vive com a tia, Mary Morstan, e diz que sente falta dos tempos de criança. Continuamos amigos. - Eu lhe respondi com sinceridade; não via problema em compartilhar com minha irmã.

–Morstan? Mary Morstan? Kate, Mary é noiva de John Watson!

BUM! Era como se eu tivesse batido de cara em uma parede invisível. E eu estava branca como uma nuvem.

–Violet, esqueça isso, lá vem a resposta de Lestrade! - Apontei para o menino que seguia o caminho até nossa porta. Fui correndo até a mesma e lhe paguei os xelins que devia.

Está tudo certo. Sherlock deverá estar aqui às 10h.

Boa noite, G. Lestrade

Sorri.

P.O.V Watson

–Holmes? - Bati freneticamente na porta do laboratório. Ele murmurou alguma coisa inaudível.

–A autópsia do corpo sai amanhã. Lestrade pediu para passarmos lá às dez! -Vociferei, deixando claro que era importante, caso ele não tivesse escutado a primeira parte. Logo fui dormir.

***

Ás 9h30 saímos de casa. Baker Street estava movimentada naquela manhã. Seguimos normalmente a costumeira rota em direção a SY. No meio do caminho, Holmes me puxa para a entrada de um beco:

–Tem dois homens nos seguindo desde que saímos. Não são de grande porte, mas podem ser uma ameaça. Vá.

Eu segui para a outra ponta do pequeno beco em que estávamos. Preparei-me, quando os dois apareceram ao mesmo tempo, um em cada ponta. Abordei o mais próximo de mim, o prensando na parede com a lâmina de minha espada, enquanto Sherlock fazia o mesmo não muito longe dali.

–Quem são vocês?- Clichê, mas necessário. Ele murmurou qualquer coisa em uma língua estranha. Como se lesse meu pensamento, Sherlock vociferou:

–São russos!

–Mas se estão aqui é em mando de alguém, certo?- Virei-me ao suspeito em minha frente, ainda prensando-o. Ele apenas sorriu.

P.O.V Katherine

Devo admitir que não aguardava uma espada. Hm, que divertido isso ficou! A sorte, é que sempre andei preparada. Peças de armaduras de meu pai jaziam no porão lá de casa, e as adotei. Apenas algumas; uma em cada panturrilha e uma em cada braço. Não eram de titanio, mas ajudariam muito. Lettie pegou algumas também. Arrisquei um olhar para o lado e percebi que Sherlock portava uma pistola.

Eita.

Iniciei um combate corpo a corpo.

Desculpe, Violet!

Primeiro: Livrar-se da lâmina. Golpe com o braço na mesma e cotovelada na barriga do alvo. Golpe no punho, ele largará a espada. Bloquear gancho de direita e derrubar. Desviar da rasteira e bloquear a vista com o casaco ao tentar levantar. Golpear perna deficiente e levá-lo novamente ao chão. Imobilizar e prender.

Assim fiz, e Violet me acompanhou mais adiante, praticamente ao mesmo tempo, com seus próprios golpes.

P.O.V Violet

Droga! P#@%! Katherine!! Eu queria evitar lutas, queria trabalhar com a mente, surpreender Sherlock Holmes mostrando a ele a capacidade do cérebro feminino... Mas não deu certo, graças a minha irmã super calma. Bem, planejei meus ataques como de costume. Admito que foi mais difícil do que das outras vezes, já que travar uma simples luta com Holmes não é fácil. No final, o prendi ao poste junto de Watson, assim como Kate fez. Eu possuía sua pistola apontada para seu peito e Kate fez o mesmo com a espada do doutor. Paramos juntas na frente dos dois, 'ameaçando-os' e tirando nossos disfarces.

–Bom dia. - Dissemos sorrindo. Sherlock possuía um semblante engraçado, banhado de surpresa e indignação. Claro, perdeu para uma mulher. Os soltei e dei minha mão para ajudar o detetive a levantar. Ele aceitou cordialmente, mas com os olhos ainda denunciando sua indignação. Watson também estava surpreso, mas achava graça da situação.

–Bom, levando em conta que estamos juntos nessa -querendo vocês ou não- a partir de agora, podemos ir juntos à Yard. - Permaneci sorrindo.

–Claro, por que não?- Watson concordou, recebendo um olhar sério de Holmes. Ele pouco ligou e seguiu mais a frente com minha irmã, visando parar um cabriolé.

–Espero que não seja do tipo que guarda rancor, Sr. Holmes.- Disse com sinceridade. A ultima coisa que eu queria era ter que trabalhar com um ser que me odiasse de tal forma.

–Oh, não... Possui uma mente oca quem pensa assim. -Ele respondeu.

–Devo dizer que será um prazer trabalhar com o senhor.- Tentei ser educada. Ele riu de forma um tanto quanto desdenhosa, e disse:

–Veremos.

Desafios, aeeeee!!! Hum, hum, continuando... Logo chegamos ao coche, com Katherine e John aos risos.

–Qual foi a piada?- Perguntei sentando ao lado de Kate. Ficamos de frente para o par de homens ali presentes, fora o cocheiro. Passaram-se agradáveis 15 minutos.

***