_Sacro Império Romano!

Um homem que estava bem próximo, de costas para a porta, virou-se com hesitação. Ele sorriu para Itália e quando foi abrir a boca para falar algo, Veneziano lhe desferiu um chute no queixo, fazendo-o ser jogado voando para trás, em estilo dos filmes de Kung Fu. O homem caiu sentado de frente para Itália, alguns metros mais longe. Ele pôs a mão na parte atingida e esfregou-a, abrindo um sorriso.

_Você ficou forte, para uma garotinha _ Riu de leve.

Sacro Império Romano aparentava ser bem jovem para sua idade. Usava roupas e chapéu vermelhos-escuro, seu pequeno sorriso era puxado para o canto com arrogância, como se estivesse contendo-se para não rir da cara de alguém. Itália ainda se lembrava da vez que o descrevera quando eram pequenos, sádico e galanteador. Pois ele flertava com todo mundo o tempo inteiro, exceto com o próprio Itália, é claro. Sim, lembrava-se muito bem dele.

_Cale-se, lixo _ Aproximou-se e apontou a espada para o pescoço do outro _ Comece explicando o que faz aqui e como pode ainda estar vivo.

_Ah, você ainda está bravo comigo? _ Palpitou, parecendo preocupado com sua própria garganta.

Itália apenas estreitou os olhos e apertou ainda mais a espada contra seu pescoço*.

O Sacro Império Romano fez uma careta.

_Acho que isso é um sim.

_É melhor falar tudo, pelo seu próprio bem~

_Er... Eu também não sei bem como eu estou vivo, os últimos anos estão em branco para mim... Devo ter perdido a memória.

_Não brinque comigo _ Itália rosnou.

_Eu juro que estou dizendo a verdade _ Levantou as mãos, as palmas viradas para veneziano.

Itália fechou os olhos e respirou fundo. Logo depois encarou o "país" à sua frente que continuava sentado, fitando a espada.

_Certo. Eu vou te matar _ Forçou um sorriso

_O qu-

_Afaste-se dele! _ Ouviram outra voz

Itália olhou em volta, estava cercado. Levantando uma de suas mãos para a cabeça e massageando as têmporas, soltou um grunhido de irritação com os olhos fechados. Resmungou baixo alguma coisa em italiano e por fim voltou a olha-los, com os olhos semicerrados de ódio.

_Vocês cinco, que droga é essa? _ Indagou impaciente e com raiva _ Para quem vocês acham que estão apontando essas merdas?

Flavio sorriu.

_Mil perdões, fratello. Mas não podemos deixar que você machuque esse cara, precisamos dele, entende? _ Riu baixinho, cínico

Se não estivesse com tanta raiva direcionada ao Sacro Império Romano, teria estrangulado Romano, ainda mais porque o lixo tinha um leve tom arrogante ao falar com ele. Itália sorriu, pensando que talvez devesse relembrar a ele quem é que era superior à quem ali, e de maneira dolorosa, é claro. Mas não agora. Agora tinha outras coisas para se preocupar.

_Não. Explique-se _ Se resumiu em dizer, de cara fechada. Estava fazendo um esforço absurdo para se manter calmo.

_É o seguinte, desgraça _ Allan começou, orgulhoso. Esse país era o único que conseguia irritar Itália com tão poucas palavras. Trincou os dentes, para evitar que pulasse em cima do estadunidense e arrancasse fora sua pele com os dentes _ Esse cara aí é a única solução pros nossos problemas, ele é a porra da chave. Então não podemos deixar que tu foda com ele, ouviu?

_E ele é a porra de que chave? _ Perguntou rosnando, mais impaciente ainda.

_Ele é capaz de abrir o portal, Ita-chan _ Oliver disse, sorrindo docemente

_E-Ei, vocês não poderiam parar de falar de mim como se eu fosse um objeto? Isso não é muito legal _ Sacro Império Romano falou, mas foi ignorado completamente

_Portal? Você quer dizer aquele espelho estranho que encontramos na sua casa? _ Dirigiu-se à Inglaterra, que ainda sorria.

_Esse mesmo. Poderemos ir ao tal outro mundo.

_Se entendeu agora, retire a sua espada do pescoço dele _ Rússia disse, sério e entediado, em uma de suas raras falas.

_Agora, demônio! _ China ordenou com raiva. Itália lhe lançou um olhar de desprezo.

_Tch _ Veneziano encarou Sacro Império Romano por alguns segundos, enquanto este o olhava sem expressão alguma no rosto _ Você teve sorte desta vez, perdedor. Mas quando essa besteira toda acabar, eu serei o único a te matar _ Abaixou a espada, sendo imitado em seguida pelos outros países.

_Se acha que consegue, princesa _ Desafiou, sorrindo de modo sádico.

Itália franziu a testa para ele. Mas Oliver interveio antes que acontecesse outra briga.

_Então vamos agora discutir sobre o que fazer com o portal, sim? _ Sorriu, encarando os dois.

_Tsc, tanto faz. Eu vou dar uma volta. _ Após dizer isso, saiu da sala batendo a porta.

Sacro Império Romano se levantou devagar, fitando Oliver.

_É impressão minha ou você tem muito poder de influência por aqui?

_É porque ele é o país mais forte do mundo, atualmente _ Canadá falou, quase rosnando. Estava até agora dormindo e ficara irritado ao ser acordado pelo barulho que Itália fizera ao sair.

_Ah, para, Audrey~ _ Oliver riu _ Eu não sou mais forte que o Ita-chan, e devem ter muitos outros países por aí mais fortes que eu.

_Não há _ Respondeu, curto e grosso

_Hehe, _ América riu sem graça, coçando o cabelo _ o Oliver é mais forte que eu agora... _ De repente, pareceu se lembrar de algo e seus olhos vermelhos-sangue faiscaram para Inglaterra _ Sabe, agora que eu estou pensando nisso... Como é que você ficou tão forte em tão pouco tempo? Eu te derrotava com tanta facilidade antes.

Inglaterra inclinou a cabeça para o lado, de olhos arregalados e sorrindo.

_É segredo~ Tehehe~

_Ei, chega dessa conversa idiota, vamos logo para o portal _ Higor manifestou-se, de sobrancelhas franzidas.

_Rússia tem toda razão! Vamos agora! _ Yang rosnou.

Mas como quase todas as vezes que China abria sua boca, todos os países começaram a falar juntos e uma confusão em grande escala deu-se inicio. Enquanto os outros discutiam, Romano se aproximou de China, que parecia prestes a degolar todo mundo.

_Yang-chan, _ Flavio chamou, e o outro olhou com raiva em sua direção _ Por que você sempre está perto do Rússia e concorda com tudo que ele diz?

China virou o rosto para Rússia, que, mais afastado, virou-se também quando percebeu o olhar de Yang sobre si, Rússia estava sério, mas não entendendo nada. China sorriu e passou a língua pelos lábios.

_Tenho a impressão de que você já sabe por quê, Romano-san _ Disse ao se virar para ele, ainda sorrindo

Romano riu.

_Sim, eu sei. Só estava esperando que você confirmasse para mim em voz alta. Agora que tenho certeza de minhas suspeitas... Bem, boa sorte para você.

_Obrigado _ Voltou a espiar em direção ao Rússia, que havia ido se sentar.

_De nada _ Depois virou-se para a saída e foi procurar por seu irmão, para poder se desculpar de novo, antes que Itália resolvesse tortura-lo em casa.

A sala de reuniões estava uma bagunça. Países pulando em cima da mesa e gritando que vão acabar com a raça de todo mundo. América e Canadá brincando, quase que se matando com um bastão de beisebol cheio de pregos, e o outro com um taco de hockey, enrolado em arame farpado. Grécia ria da cara de Turquia, dizendo o quanto ele era ridículo. E Alemanha tentava convencer Japão de que era mais forte que Romano:

_...é claro que eu quis ajudar o Itália naquela hora, porque eu realmente sou melhor do que o Romano, devia ter acabado com ele quando tive chance, como ele ousa apontar uma espada para o próprio irmão? E eu não ajudei o Itália porque eu sabia que ele podia vencer aqueles idiotas, não era porque eu estava com preguiça de me levantar ou coisa assim.

_An-hã _ Japão riu baixo, com uma expressão cruel _ Mas pelo que eu saiba, você também já apontou uma espada para o seu "próprio irmão", Lutz.

Alemanha sorriu de canto.

Lituânia contava sua aventuras com entusiasmo para Polônia, que o ignorava com um olhar morto, sem se importar. Sacro Império Romano passava uma cantada em Suíça, pensando que o coitado fosse uma garota. E Oliver tentava fazer Louis sorrir.

_Vamos... Sorria! _ Oliver estava parado na frente de França, usando as mãos para abrir um sorriso no rosto dele.

_Pare de mexer no meu rosto, droga. _ François resmungou, começando a ficar irritado.

_Ora, vamos. É fácil! Tente assim: Pense em algo que você goste...

_Não há nada que eu goste _ Cortou-o, mal-humorado

_Hm... Você não tem um animalzinho? Um parente? Um amigo? Uma garota de quem você goste? _ Perguntou preocupado

_...

_Então...?

_... _ Murmurou tão baixo que Inglaterra não ouviu.

_O que?

_Nada, merda _ Resmungou novamente, virando o rosto _ Me deixe em paz...

_Ah, vamos! Me diga!

_Hm... T-Tem uma pessoa que... _ Murmurou de novo

_Que...? _ Oliver sorriu, aos poucos estava fazendo com que ele falasse, isso era ótimo.

_Q-Que... Ah, deixe pra lá _ Reclamou e se afastou apressado

_HEY! France!! Volte aqui! _ Oliver correu atrás dele, decepcionado.

Mesmo depois de longos minutos, a sala ainda estava repleta de barulho, e ele vinha de todos os lados:

_Haha, você é tão patético! _ Grécia ria da cara de Turquia, que permanecia quieto, tentando ignora-lo.

_Você é uma vergonha para a nossa família! _ Gritou Canadá, irritado

_Porra! Vai te fuder! _ América gritou de volta, avançando para o pescoço do irmão.

_Rússia-chan, qual é a sua cor favorita? _ China perguntou, muito sério

_O que...? _ Higor indagou, surpreso, mas ainda franzindo as sobrancelhas.

_Oh, então você é um homem? _ Sacro Império Romano perguntou ao Suíça, nada espantado _ Perdoe-me. Mesmo assim, sua beleza permanece. Aceitaria um convite para ir a um restaurante? _ Esboçou um sorriso, sabendo que, com a timidez do outro, ele certamente aceitaria.

_Estou dizendo, Japão! Acredite em mim! _ Alemanha bateu a mão na mesa, irritado com a falta de credibilidade do amigo. Mas, diferente do estilo rígido de que se poderia imaginar, ele parecia infantil.

Então Itália entrou na sala, acompanhado de seu irmão. Aquela barulheira toda incomodava os seus ouvidos. Franzindo as sobrancelhas, virou-se para Flavio.

_Tem certeza de que dar outro mundo à eles é uma coisa boa?

Flavio, de olhos fechados e coçando a cabeça, sorriu sem graça.

_Haha. Parece que não...

_Foi o que eu pensei _ Concluiu, voltando à olhar a confusão com uma leve irritação. Queria explodir todo mundo com uma dinamite e se livrar logo daquela frustração.

_Oh? Fratello, arrume-se direito, sua roupa está toda amassada.

Itália virou o rosto lentamente para seu irmão, que mantinha uma expressão de reprovação para seu uniforme militar. Mas logo o terror instalou-se em seu rosto assim que viu Veneziano pegar sua faca com uma cara psicótica. Bem... talvez não fizesse mal matar só um.