O príncipe perdido escrita por Isalcp


Capítulo 11
Capítulo 11 – Um longo dia pela frente




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No dia seguinte, quando acordei pela manhã, me deparando no quarto do castelo, o mesmo no qual eu me deitara na noite anterior, percebi que aquilo não poderia, de forma alguma, ser sonho. Era também impossível que fosse tudo da minha cabeça, porque era real demais. Às vezes, parecia até mesmo que era um pouco mais real do que o nosso mundo.

Levantei da cama indo em direção ao banheiro. Entrei lá e estendido sobre um banco acolchoado estava uma roupa um tanto estranho. Certo, todas as roupas lá eram estranhas. Eram vestidos e roupas que as pessoas usavam na era Medieval, mas aquela roupa se superava na estranheza. Era uma legging cáqui que parecia do tamanho de uma roupa de criança, uma blusa de manga comprida verde-escura, com tantos detalhes que seria impossível descreve-la e uma fita prateada solta, que era da mesma cor de alguns dos detalhes da blusa.

De inicio não sabia pra que a fita me serviria. Vesti a roupa e comecei a pensar o que eu poderia fazer que ficasse bem com a roupa. Prendi meu cabelo e fui trançando-o com a fita prateada também. Calcei uma botinha marrom escura que ficava um pouco apertada em mim e sai do banheiro, com a camisola que haviam me dado para dormir em mãos. E lá estava a cama perfeitamente arrumada, como se ninguém tivesse dormido sobre ela. E com um espanador na mão estava uma mulher, com o cabelo claro bem preso e roupas humildes o que demonstrava claramente que ela era uma das servas de Claire, limpando toda a poeira que estava sobre os armários velhos.

– Bom dia. – disse ela fazendo uma pequena reverência.

– Bom dia. E, por favor, não se reverencie a mim. Não sou parte da nobreza, nem nada disso...

– Como a senhorita quiser. – disse ela sorrindo simpaticamente.

– Obrigada. – respondi também com um sorriso no rosto.

– Não há de quê, mocinha. Ah! A Rainha mandou-me dizer que ela a esperava no salão para tomar o café da manhã.

– Ah sim, estou já estou descendo!

Dobrei a minha camisola e a pus sobre a cama. A serva me olhou com espanto, mas nada disse.

– Obrigada! - disse eu saindo do quarto.

Cheguei até o salão de refeições e lá estava Bondino, sentado à mesa, esperando para comer junto da Rainha. Ele tamborilava os dedos sobre a mesa como se estivesse com pressa.

– Até que enfim a mocinha apareceu! Mas onde está o garoto?

– Eu não sei... – respondi.

– Rainha, estou morrendo de fome! Será que não poderíamos já ir tomando o café?

– Não Bondino! Quero que sentemos todos juntos na mesa. Tenho notícias para vocês...

A rainha mal terminara de falar e nós viramos a cabeça em direção à escada, onde Matthew vinha descendo, pisando forte e com mau humor estampado no rosto.

Ele sentou-se à mesa sem cumprimentar ninguém.

– Bom dia pra você também Sr. Mal humor.

Ele me olhou friamente e pensei que ele devia estar me fuzilando em sua cabeça.

– Bom dia Matthew. – Claire disse docemente. – Como foi sua noite?

– Boa. – disse ele tentando não soar falso, o que não funcionou.

– Tem certeza? – insistiu ela. – Você não parece bem.

– Só tive um pouco de dificuldade pra dormir... Nada demais.

Paramos de falar sobre aquilo. Era obvio que Matthew não dormira bem, mas ele parecia estar ficando mais irritado ao falar daquele assunto.

– Bom, tudo bem então. Podem se servir enquanto dou as notícias.

Bondino saltou sobre o pão quente que estava em cima da mesa. Parecia realmente faminto.

– Bom, meus queridos, queria lhes contar que chamei dois de meus tenentes jovens para treinar vocês para a sua missão.

Bondino começou a engasgar com o pão.

– Como? Aqueles tenentes cruéis que fazem você fazer 1000 abdominais e flexões e ficam gritando com você enquanto isso? Não obrigado. Desisti de entrar para a cavalaria a muitos anos por causa disso.

– Eles não serão cruéis com você Bondino!

– Assim espero... – murmurou ele, mas Claire não ouviu.

...

Depois que terminamos de tomar o café da manhã, Claire nos levou até um campo cheio de obstáculos e armas. Lá estavam dois jovens, uma menina e um menino que deviam ser pouco mais velhos que eu e Matthew, se é que ele tinha a mesma idade do que eu.

– Olá, Majestade. – disse a menina com um belo sorriso. – Espero que possamos ajudar você.

Ela parecia simpática. Mal sabia eu quanta dor ela me causaria algumas horas depois.

A Rainha estendeu os braços e abraçou os dois.

– Estou muito agradecida que vocês vieram! Não entendo porque os outros tenentes não queriam treinar as crianças.

A cara do garoto de repente pareceu tensa.

– Acho que todos estavam meio ocupados, Rainha. – disse ele um tanto nervoso.

– Tudo bem então. Vou voltar para o palácio. Por favor tragá-los de volta ao entardecer e que estejam inteiros hein? – disse a Rainha se afastando e fazendo com que Bondino entrasse em pânico.

– Tudo bem... – começou dizendo o garoto. – Meu nome é Jake e...

– Meu nome é Sarah. – disse a menina interrompendo-o.

– Bom, para começar, se pensam que vamos pegar leve só porque são hospedes da Rainha, estão muito errados. Hoje começaremos o treinamento físico. Apenas para vocês se aquecerem.

– Que tal fazermos um pouco de alongamento? – disse Sarah com um sorriso malicioso olhando para o Jake.

...

Depois de mais ou menos três horas, meus ossos doíam e meus músculos queimavam. Eu estava completamente suada. Matthew e Bondino estavam no mesmo estado.

– Ora, ora! Parece que os guerreiros da Rainha estão um pouco cansados! – debochou Jake.

– Será que vão aguentar até o nosso teste final? – perguntou Sarah.

– Eu não sei... Ao que parece não são fortes o suficiente!

– Eu vou te mostrar quem não é forte aqui. – rosnou Matthew, mas nem Jake e nem Sarah pareceram ouvir.

– Tudo bem fracotes! Vamos ver como vocês se saem com as armas.

Jake e Sarah foram até um mesa, que tinha várias armas em cima dela. Espadas, arcos, adagas, machados, escudos, picaretas, sabres, cimitarras, foices, maças, manguais e mais um monte de outras armas que eu nem sabia o nome.

Jake pegou uma enorme espada, todo cravada de pedras, e com um leão esculpido no punho. Ele a entregou para Matthew.

– Vamos ver o que você sabe fazer. – disse Jake.

Matthew parecia que fazia esgrima há anos. Ele a segurou perfeitamente, rodopiou como se esta não tivesse peso algum e parou com ela em sua frente, apontando para garganta de Jake.

– Parabéns garoto! Parece que você já fez algumas aulas de esgrima! – disse Jake.

– Na verdade eu nunca toquei em uma espada antes. – disse Matthew abaixando a arma, parecendo também um pouco perplexo com o que ele mesmo havia feito.

– Hunf... Sei... – disse Sarah com desprezo, pensando que ele estava apenas querendo se mostrar.

Ela pegou uma pequena adaga de bronze, mas esta ao invés de ter o leão esculpido, havia uma estrela com um livro em cima no punho.

– Sua vez, princesinha. – ela disse me entregando a adaga e colocando um boneco de palha na minha frente.

– Eu não sei como usar isso. – eu disse.

– Tente acertar o ponto mais acessível do boneco.

– Está bem... – eu disse e suspirei.

Peguei a adaga e apunhalei a barriga do boneco, já que o boneco era mais alto do que eu e minhas mãos iam na direção dela.

– Errado garota! – Sarah disse. – Você provavelmente só vai deixar o seu inimigo ferido e bem mais irritado! Você tinha que acertar a garganta dele, assim ele morreria e estaria incapacitado de te atacar! Mas só pode fazer isso se ele estiver desarmado. Se estiver armado, então só acerte a garganta dele se estiver usando uma espada!

– Ok... – eu respondi.

Ela bufou irritada, tomando a adaga da minha mão e a entregando para o Bondino.

– Vamos, seu bode preguiçoso! Faça melhor que sua amiguinha! – Sarah gritou.

Bondino derrubou o boneco com seus cascos e subiu em cima dele, apunhalando o seu peito várias vezes.

– Muito bem, bastante violento para um fauno! Agora vamos voltar para o castelo. Vocês precisam de um banho!

– Amanhã treinaremos mais com as armas. Preparem-se, porque se acham que hoje foi difícil, esperem para amanhã.

Ótimo!, pensei. Eu era a única que não prestava ali, não sabia usar arma nenhuma.


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