Uma volta no tempo escrita por Bibelo


Capítulo 1
I - capitulo único


Notas iniciais do capítulo

Bom, cá estou eu escrevendo uma fic sobre Halloween [evento que desprezo] mas tudo para um concurso entao vale o sacrifício euheuh'

Espero que gostem, o tema que usei não acho que seja tão abordado assim, então tomara que gostem.

Desculpem quaisquer erros, mas 6.000 palavras é facil de se deixar passar algo.

(não sei fazer essas capa locas que vocês fazem, então a minha tem personagem de anime U_U)

boa leitura!

ps.: Ultima alteração na capa e no capitulo dia 16/11/2013



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I - capítulo único

Era noite de Halloween. Todas as pessoas da cidade se preparavam para irem as ruas em busca de doces e algumas travessuras. A época mais esperada do ano para a crianças de todo o mundo; única época em que podiam comer doces a vontade sem se preocuparem com mais nada.

E também o único momento em que elas podiam sair as ruas e fazerem bagunças, arruaças e as ditas "travessuras" sem consequências. Um dia santo para todos - ou quase.

O relógio da casa soava 18 horas anunciando o início da comemoração. Do segundo andar, um garoto pequeno - fantasiado de pirata - desceu as escadas correndo com um saco de doces em forma de crânio. Pulou ao chão exaurindo felicidade enquanto esperava a mulher que descia, vagarosamente, pelos degraus.

–Vamos, mamãe. Se não os doces vão acabar - exasperou-se o garotinho pulando no mesmo lugar. A mulher somente sorriu.

–Os doces não vão acabar, querido, a comemoração acabou de começar. - proferiu ela afagando os cabelos do garoto.

–Layla, estamos saindo. - anunciou a mulher enquanto pegava o pote de doce e o colocava na mesa. - Quando as crianças baterem na porta dê a elas um pouco de doces. - disse ela autoritária.

–Entendi, mãe! Vai lá atrás de seus doces. - gritou a garota do segundo andar fazendo a mais velha suspirar. Abriu a porta da casa saindo pela mesma deixando a menina sozinha.

Assim que o barulho da porta foi ouvido por ela, se levantou da cama, colocou uma jaqueta de couro e foi ao banheiro.

–Hoje não estou muito a fim de ficar em casa. - proferiu a si mesma arrumando suas madeixas ruivas e onduladas em uma trança frouxa. Ajeitou a camiseta de caveira no corpo e, logo em seguida, voltou ao quarto.

Pegou seu livro e sua bolsa e desceu as escadarias da casa, agarrou um punhado de doces do pote e saiu apressada. Andou pelas ruas cheias de crianças - e alguns adultos - com fantasias de época: bruxas, demônios, esqueletos, piratas e até princesas. Uma mistura de seres que nem se podia imaginar. Ela não pode deixar de rolar os olhos.

Sempre fora contra a comemoração do Halloween, uma época em que você comemora a existência de bruxas e de seres do submundo que um dia já mataram centenas de milhares de pessoas; não somente no passado. Todo o ano ela saia da casa e ia até algum lugar que pudesse ficar em paz com seus pensamentos.

Neste ano não foi diferente. A única coisa que ela sempre fazia era mudar o local de descanso, já que sua mãe sempre descobria onde ela ficava levando sempre um sermão sobre "irresponsabilidade". Desta vez ela decidiu ir mais além da floresta, na expectativa de achar uma cachoeira, ou uma campina para ler seu livro.

Quanto mais entrava na floresta, mais densa ela aparentava ficar fazendo todos os pelos de seu corpo eriçarem. Agarrou o livro contra o peito com força enquanto subia por uma arvore caída e carcomida pela chuva. Passou por uma estradinha de terra onde podia-se perceber alguns pedaços de tijolos e madeiras em decomposição.

Seguiu pela pequena estrada dando com uma casinha de madeira com um moinho destruído ao lado. Seu acabamento era antigo, mas nada que indicasse a moradia de alguém. Admirou-se com o local. Mesmo ficando no meio da floresta, alguém já havia morado ali, mas - no mínimo - a décadas atrás.

Apressou o passo até a casinha ficando em frente a porta de madeira que estava entrelaçada em plantas e musgos. No senso comum, ao ver uma casa destroçada, a primeira coisa que se faz é não entrar, mas digamos que nesse momento não há o senso comum.

Ela entrou no local onde se via buracos feitos por animais silvestres e mesas, cadeiras e estantes destruídas pelo tempo úmido; tudo estava em decomposição. Ela sorriu animada com o local, era praticamente uma descoberta para ela e - por ser longe - sua mãe nunca descobriria o local de seu refúgio.

Uma enorme pontada de alegria lhe subiu a fazendo pegar algumas madeiras mais inteiras e formar um montinho onde poderia sentar e aproveitar a leitura. No chão, havia uma lamparina antiga e quebrada, o qual poderia ser usado para iluminar melhor o local.

Ela pegou um pouco de gravetos, colocou-os dentro da lamparina e ateou fogo com um isqueiro que havia em sua bolsa. Assim, sentou-se no monte e pôs-se a ler.

Entretida na pequena leitura, nem percebera o pequeno animalzinho que passara por um dos buracos da parede. O animal tinha a pelagem negra, olhos azulados e tamanho razoável; era um gato.

O pequenino para ao ver a garota sentada no meio da casinha. Ele a olha embasbacado e avança até onde a mesma se encontrava.

–Ei, você! - gritou o pequeno fazendo a menina fechar o livro com tudo pelo medo. Ela se virou procurando o dono da voz, mas não viu nada a não ser o pequeno felino em cima da mesa quebrada. Ela arfou.

–Ufa! Que susto que eu levei, amiguinho, pensei ter ouvido alguém falar. - proferiu ela reabrindo seu livro e murmurando um "onde foi que eu parei?".

–Mas eu falei. - disse, novamente, o gato fazendo ela olhá-lo com os olhos arregalados.

–Voc...

–Sim!

–...

–Menina?

–KYAH! - gritou ela caindo do pequeno monte de madeira e se arrastando pelo chão para longe do animal.

–Nossa, que voz mais irritante a sua. - falou ele pulando da mesa e aproximando-se dela.

–Sa-Sa-Sai daqui bi-bi-bichano. - gaguejou Layla em puro medo.

–Não vou sair, você é quem deveria fazer isso. Essa casa não é para você! - cuspiu o gato com o olhar irritado.

–Como é? - perguntou a menina enquanto se levantava vagarosamente.

–Exatamente o que você ouviu. - balbuciou ele enquanto lambia sua pata e esfregava-a em seu rosto.

–Como você pode falar? - falou ela curiosa.

–Não muda de assunto. - rosnou ele dando meia volta e caminhando até a mesa, novamente.

–Mas, você é um gato. E gatos não falam. - afirmou ela cruzando os braços na altura dos seios.

–Não me diga, mister óbvio. - retrucou ela fazendo Layla semicerrar os olhos.

–Escuta aqui seu nanico, quem você pensa que é? Olha o seu tamanho e olha o meu. - disse a ruiva dobrando seu corpo para frente. Sim, ela estava discutindo com um gato.

–Você pode até ser maior, mas se fosse um pouco inteligente não teria entrado nessa casa. - vociferou o felino em tom de provocação.

–Seu...

A garota foi interrompida por um barulho de madeira rangendo, como se fossem passos. O pequeno eriçou os pelos dando alguns passos para trás.

–O-o que...? - falou a menina que tremia de medo.

–A proteção da bruxa. - murmurou o gato fazendo Layla engolir em seco.

–Bruxa? Mas elas não existem, certo? - perguntou a mesma amedrontada.

–Não mais! Porém, essa casa era dela e, a não ser que você seja um animal, você não pode entrar nessa casa, sua imbecil. - cuspiu o felino enquanto entrava na frente dela.

–E como eu ia saber.

–Qualquer pessoa sã nunca entraria numa casa abandonada, no meio da floresta e em época de Halloween! - gritou ele irritadiço.

Uma enorme luz verde iluminou a casa fazendo a menina tapar os olhos e agachar-se no chão pelo medo que estava sentido.

–Droga... - sussurrou o gato ficando em frente a garota e, quando a pequena luz soltou um raio da mesma cor, tudo escureceu dando lugar a um enorme breu.

[...]

Sua vista estava pesada. A menina mexeu seu corpo dolorido levantando o braço aos olhos que ardiam como fogo. Levantou seu tronco ficando sentada.

Esfregou os olhos esperando-os se acostumarem com a claridade. Os abriu devagar encarando uma pequena lamparina acessa em uma mesa de madeira. Olhou ao redor percebendo estar em uma sala.

Ficou de pé com tudo ao visualizar a característica do lugar. As paredes eram de pedras, os detalhes todos em madeira e animais pendurados nas paredes aparentando ser uma casa da época antiga.

–Nossa... - somente disse isso antes de se sentar de novo pela tontura que sentiu.

–Finalmente acordou. - falou o rapaz descendo as escadas da casa.

–Você de no... - Layla engasgou com a própria saliva ao ver um rapaz alto, de cabelos negros, olhos azuis e vestido com uma roupa de estilo medieval.

–Quem...? - disse ela embasbacada.

–O "bichano", com quem você estava discutindo. - criticou o rapaz terminando de descer as escadarias.

–Ma-Mas você era um gato... - gaguejou ela indignada.

–Naquela época, somente. - afirmou ele sentando-se em uma poltrona.

–Naquela época? - repetiu ela o fazendo franzir o cenho.

–É. Vai ficar me repetindo, sua irritante? - falou ele cruzando as pernas.

–Irritante é você. - gritou ela resfolegando logo em seguida - O que você quis dizer com "Naquela época?". Eu apaguei, mas não por tanto tempo assim. - implicou a ruiva.

–Você dormiu uns dois dias, na verdade. - murmurou ele - Porém não estamos mais naquele tempo. - concluiu o moreno fazendo-a arquear a sobrancelha.

–Como assim?

–A magia daquela bruxa era ''desintegradora'', eu tive de te tirar de lá antes que pudesse disparar. - balbuciou ele apoiando o rosto em sua mão.

–E você me trouxe para?

–Ano 1230.

–...

–Ruivinha?

–Perae. Você ta me dizendo que me trouxe para o passado? - perguntou a mesma pausadamente deixando o rapaz tenso.

–Sim.

–Ah, vai a puta que te pariu. Pensa que sou trouxa? - vociferou ela esticando os braços para cima.

–Penso sim, mas isso não vem ao caso. - debochou ele dando um sorriso de canto.

–Seu...

Após isso se instalou um silêncio intimidador por parte do rapaz que fuzilava Layla assustadoramente. A ruiva encarou os lados antes de se levantar.

–Se me der licença, vou voltar a minha humilde casa senhor gato. - assim ela dá meia volta e coloca-se a andar. O moreno semicerra os olhos.

Ele sorriu estalando os dedos fazendo a mesma flutuar.

–Q-que-queeee? - Layla se encontrava a quase um metro do chão ficando meio deitada no ar. Nem mesmo conseguia respirar naquele momento.

O rapaz se aproximou a fazendo se virar para ele. O moreno segurou em seu rosto olhando em seus olhos caramelos.

–Acho melhor você ficar aqui dentro, queridinha. - zombou ele ao ver o medo se instalando nos olhos da pequena. Ele cancelou a magia a fazendo ir de encontro ao chão.

O moreno se agachou a sua frente tirando o cabelo do rosto da mesma.

–Vou te levar de volta, Layla. - falou ele levantando-se novamente.

–Co-como você sabe meu nome? - perguntou ela ainda com seu corpo tremendo.

–Sua bolsa possui seus documentos, princesinha. - assim ele caminhou até as escadas subindo por elas.

A ruiva continuou inerte no chão, respirando fundo várias vezes antes de falar:

–Qual seu nome?

Ele parou olhando-a de canto de olho antes de fechar os olhos e voltar a visão para frente.

–Jack.

Assim ele sobe ao segundo andar deixando-a no chão da sala tremendo com o ocorrido.

–Ele é... um bruxo?

[...]

Dois dias haviam se passado. A menina estava amedrontada, havia conferido com os próprios olhos que estava na era medieval. Era assustador ver de perto todos aquelas pessoas antigas, soldados e algumas pessoas sendo presas em plena rua. Era igualzinho descreviam nos livros.

Ela estava apoiada na janela do segundo andar onde Jack havia mandado-a ficar até ele resolver alguns assuntos. Encarava a floresta alta e densa onde a casa dele ficava, longe de tudo e de todos.

–Vai ver é porque ele é um bruxo. - murmurou ela para si mesma saindo da janela e descendo as escadas e indo até a sala onde havia uma jarra de ferro com água.

A mesma pegou um copo - também de metal - e colocou um pouco de água e pôs-se a beber. Colocou o copo na mesa e foi até a porta de entrada.

Faziam dois dias que ela não via o rapaz, e isso a assustava muito. E se ele não voltasse e ela não pudesse ir para casa? Isso rondava em sua cabeça como um baque e, por isso, resolveu sair e procurá-lo.

Colocou uma capa verde - medieval - com um dois laços para amarrar no pescoço e saiu pela estrada de tijolos. Com o capuz ninguém conseguia vê-la e, muito menos, suas roupas nada normais para a época.

Andou um pouco dando em uma vila. Nela, diversas pessoas andavam para lá e para cá com suas carroças e cavalos carregando alimentos ou armamentos.

Entre eles, ela pode perceber alguns homens com roupas brancas e terços pendurados em seus pescoços. Em suas mãos, se via enormes estacas com a ponta de ferro fina e afiada. Andavam impotentes por entre os cidadãos da vila.

Uma mulher estava sentada em uma tora de madeira fazendo algumas coisas com o feno que havia pego em algum canto. Seus olhos possuíam enormes bolsas debaixo deles, que indicavam - somente - um enorme cansaço.

O grupo parou em frente a mulher encarando o estado depravado desta. Um deles, um pouco mais ''pomposo'', aproximou-se dela curvando o corpo para frente.

–Posso saber o que tu estás fazendo com isso? - perguntou ele com a voz ríspida. A mesma levanta o olhar ao homem.

–Torcendo. Para fazer um fio. - respondeu ela amedrontada e, ao mesmo tempo, sonolenta.

–Jura? E onde tu aprendeste isso? - novamente outra pergunta.

–É de família. - prosseguiu ela convicta. Um sorriso macabro se instalou no rosto do homem.

–Para mim isso é bruxaria. - balbuciou ele fazendo a mulher gelar e largar o feno.

–Não sou bruxa, senhor! - vociferou a mulher chamando a atenção de todos, inclusive de Layla.

–O Senhor está no céu, minha cara. E ele não gosta de mentiras, e muito menos de bruxas. - cuspiu o homem estalando os dedos juntando outros dois homens que agarraram os braços da mulher que gritava e esperneava.

–Eu não sou bruxaaaaa! - exasperou-se ela recebendo um soco no rosto a fazendo cuspir sangue.

–Claro que é! Ninguém faz isso que tu faz. Nós, da Inquisição, estamos sempre certos. - Assim ele dá meia volta sendo seguido por seus homens e pela mulher que era arrastada como um animal.

Layla apertou a mão em ódio com o que vira. ''Como assim ninguém fazia o que ela fazia? Todos sabem fazer isso!'' Pensava a ruiva.

–Espe... - começou a falar, mas sua boca é tapada por uma mão negra e arrastada, rapidamente, para a floresta.

O homem de branco havia se virado para ver o dono da voz, mas nada viu. Somente arqueou a sobrancelha e voltou a andar.

[...]

–O que você pensa que esta fazendo? - implicou Jack com a feição irritadiça.

–O que você pensa que faz? Eu ia impedir aquela brutalidade. Aquilo não é magia negra é... - falava ela indignada.

–Eu sei que não era. Mas eles acham qualquer coisa para culpar as pessoas de bruxaria. Se você se opusesse eles iriam leva-la junto como bruxa também. - criticou o moreno diminuindo o tom da voz.

–Mas... Eu... - balbuciou ela sem argumentos. O rapaz coloca a mão em seu ombro a fazendo olhá-lo nos olhos.

–O que você diria em sua defesa? Que veio do futuro onde, em vez de fazer a mão, usam fábricas? - zombou ele tentando alegrá-la um pouco. - Não tem jeito. Essa época é a mais tenebrosa, onde a igreja controla tudo e todos.

A menina aquiesceu fechando os punhos com força.

–Desculpe. - falou somente isso tirando um sorriso do rapaz.

–Vem, vou te levar embora. - murmurou ele pegando em sua mão e a guiando pela floresta densa. Layla ficou de cabeça baixa o caminho todo até chegarem a outra vila, onde se via ao fundo um enorme castelo com muros altos e espessos.

–O que é...?

–O castelo do rei. Lá é onde todo o comercio e as inquisições ocorrem, nós precisamos passar pelo castelo. - afirmou ele apertando a mão dela.

–Mas podemos dar a volta, certo?

–Na verdade não. Para chegar aonde eu quero preciso passar por lá. - disse ele a fazendo arquear a sobrancelha.

–E para onde você quer ir? - perguntou ela.

–Para a casa da bruxa. A mesma onde nos encontramos. - falou ele fazendo Layla parar bruscamente.

–Espera. Mas ela não vai estar lá? - exasperou-se a ruiva.

–Vai, mas nisso eu dou um jeito. - balbuciou ele com um sorriso a puxando novamente pelo caminho. Adentraram no castelo onde diversas pessoas aguardavam algo.

–Que multidão. - disse ela aproximando-se mais ainda dele. O mesmo a olha de canto de olho abaixando a cabeça a fazendo desaparecer dentro do capuz. Um tímido sorriso brotou em seu rosto.

–Sim. Mas acho que você não vai querer ver. Melhor irmos. - apressou Jack a puxando para o outro lado, mas a mesma insistiu e ficou ali aguardando algum show, ou algo do tipo.

– Hoje presenciamos a descoberta de uma nova bruxa em nosso lar. Perante tal calunia, a herege será queimada na fogueira aos olhos de vosso Senhor. Sabeis que magia negra é proibida no reino de vossa majestade, portanto peço que assistam à execução.

Dito isso, a mulher foi arrastada pelos cabelos até a tora alta e grossa, localizada entre vários pedaços de madeira. A mesma é posta nela com as mãos amarradas para trás e uma corda circundando seu pescoço.

–Tu pedirás perdão ao Senhor? Tu se arrependerás? - falava em alto tom transpassando o choro alto da mulher.

–Não tenho do que pedir perdão. Tu sabes disso, não sou bruxa. - gritou ela cuspindo no rosto do homem. O mesmo lhe tá um tapa no rosto.

–Ateiem fogo. - assim dois homens aproximaram duas toras com fogo e iniciaram a fogueira.

Os gritos estridentes da mulher eram altos e agudos, a dor que ela sentia transpassava para os que assistiam-na. A ruiva estava em choque.

Nem mesmo uma única palavra saia de sua boca, somente grossas lágrimas que eram tapadas pelo capuz desciam por seu rosto alvo. Apertou com força a mão do moreno que olhou-a com pesar. Trincou os dentes e a puxou para um abraço abafando qualquer soluço que pudesse sair de sua garganta ressequida.

Laya agarrou fortemente em seu manto chorando descontroladamente pela mulher, obviamente inocente, enquanto controlava seu desespero ao ouvir os gritos dela ao fundo. O moreno encara o homem de branco que olhava os dois fissuradamente. Jack semicerra os olhos aterrando o rosto na curva do pescoço de Layla.

–Ele está nos olhando. Vamos sair daqui, não chore alto. - ela aquiesceu e, assim, ele pegou em sua mão e a guiou para longe da multidão e do olhar vítreo do membro da igreja.

Entraram em um beco onde o moreno retirou o capuz dela limpando suas lágrimas.

–Vamos, pare de chorar. - pediu ele docemente enquanto a mesma o olhava com dor.

–Co-como e-eu posso faze-er isso? Fo-Foi horri-rrive-eel. - falava ela ente os soluços. O moreno somente mordeu o lábio antes de levantar o queixo da menina e selar seus lábios nos dela.

A ruiva se assustou com o rapaz, mas rapidamente toda sua aflição foi embora a fazendo fechar os olhos e entrar no beijo. Foi calmo e simples onde logo foi cessado por Jack.

–Esta melhor? - falou ele contra a boca avermelhada da menina que se arrepiou inteira. Laya somente aquiesceu encarando as orbes azuladas do rapaz.

–O que você...?

–É um tipo de magia, se assim posso dizer. - falou ele piscando à ela que ruborizou instantaneamente.

–Muito bom ouvir isso! - falou o homem em frente ao beco com um sorriso macabro. Jack colocou seu braço na frente de Laya fuzilando o homem a sua frente.

O beco foi certado por ele e seus homens, todos com aquela estaca. A ruiva gelou agarrando o manto do rapaz que trinca os dentes.

–Parece que, desta vez, achamos uma bruxa bem exótica. - zombou o membro da igreja encarando os dois.

–mas não se preocupem, queimaremos os dois juntos. Assim vós não sofrereis. - afirmou ele ordenado o avanço de seus homens.

Jack somente riu alto.

–Ridículo. Até hoje tu não pegaste nenhuma bruxa de verdade e, agora, estas tentando pegar um verdadeiro mago? - zombou ele alterando a tonalidade de seus olhos para o vermelho escarlate. Todos os presentes gelaram.

–Patéticos! - Assim, ele pega na cintura de Layla esticando o braço livre na direção dos homens, proferiu algumas palavras e - logo em seguida - todos foram lançados à metros de distancia do beco. Vários gritos foram ouvidos pelo castelo.

O membro da igreja gelou caindo ao chão pela fraqueza de suas pernas.

–Vocês podem ser seguidores de Deus, mas se não lhe pedirem ajuda, nunca nos vencerão. - dito isso Jack e Layla desapareceram do local.

[...]

Estavam dentro de um quarto sentados em uma cama de madeira de casal.Layla estava encostada no rapaz enquanto absorvia o ocorrido do dia. Desde a fogueira ao poder de Jack.

O silêncio era incômodo aos dois e, por isso, a menina tentava tirar a tensão.

–Então, você não é um bruxo? - perguntou ela esperando receber um "Não é obvio?".

–Hn. - murmurou somente isso a fazendo olhá-lo nos olhos. Este possuía um olhar perdido e deveras arrependido. A ruiva amenizou o olhar transformando-o em mágoa.

Pousou sua mãos na do rapaz o fazendo olhá-la.

–O que foi? Me conta. - disse ela em baixo tom ao encara-lo olho no olho. Jack aproximou-se dela apertando sua mão mais ainda. A garota arrepiou-se e suspirou o senti-lo tão perto de si. Uma reação natural. Será?

–Agora eu fiquei preocupado, Layla. - balbuciou ele em seu ouvido a fazendo estremecer. - Não vamos conseguir sair daqui do jeito que as coisas estão indo. - falou ele apertando, ainda mais, sua mão.

–Ma-mas você pode usar aquela magia de teletransporte. - afirmou a garota fazendo o rapaz afastar-se dela.

–Não é assim tão simples. Cada magia tem seu preço, e a que eu usei foi somente de alta velocidade. - murmurou ele entrelaçando seus dedos nos dela.

–Então, você não pode usar a de teletransporte?

–Posso, mas o preço é alto.

Assim o silêncio, novamente, se instalou no local. A angústia se instalou, cada vez mais, no coração da garota. Agora, mais do que tudo, ela tinha de ajudá-lo.

Layla ficou de pé de frente ao rapaz. O mesmo a olhou curioso, mas antes que perguntasse foi surpreendido por um abraço da menina; forte e medroso.

Ela chorava baixo em seu ombro, como se sentisse as dores do rapaz. O moreno demorou a retribuir o abraço, mas logo que o fez a menina estremeceu. Jack percebeu isso e sorriu docemente. Aterrou seu rosto na curva de seu pescoço.

–Obrigado, Layla. - sussurrou o rapaz contra sua pele fazendo os pelos da ruiva eriçarem-se. Ele beijou sua pele desnuda da capa a fazendo morder o lábio.

Ele a afastou e beijou-lhe a testa.

–Descanse um pouco, seu dia foi cheio. - pediu Jack sorridente o que fez a menina ruborizar. Ela aquiesceu e deitou-se na cama virando-se para ele.

–Vê se não some, Jack. - falou ela suplicante. O moreno somente sorriu assentindo para a mesma. Afagou os cabelos ruivos da garota aguardando a mesma entrar no mundo dos sonhos.

Passado um tempo, Layla já havia adormecido e o rapaz ficou sentado do seu lado encarando a pequenina dormindo. Acariciou seu rosto com a ponta dos dedos a fazendo se mexer.

Não pode deixar de sorrir, mesmo não admitindo, tinha certo carinho por ela. Já fazia um tempo que ele a observava. Duas semana antes do Halloween, ela havia ido até o cemitério para ler um livro. No começo ele achou estranho, mas percebeu que ela era - somente - uma garota com interesses diferentes do comum.

Assim, acabou criando interesse por ela a observando sempre e, nisso, não pode evitar de ter certa atração por ela. Mas, naquele momento, se sentia mal em metê-la em tal situação; numa situação em que teve de vê-la chorar.

Saiu da cama indo até a janela, abriu-a e subiu no parapeito pendendo uma das pernas para fora sentindo a brisa entrar pela janela. Encarou a rua por onde vários membros da igreja rondavam ardilosamente as ruas em busca dos dois.

–Não tenho mais tempo, tenho de te tirar logo dessa época.

[...]

Layla abriu os olhos vagarosamente. Espreguiçou-se na cama de madeira virando-se para o lado reparando no moreno que dormia a seu lado. Ela não evitou de ruborizar.

Ele parecia uma criança dormindo, indefeso e fofo. Ela não evitou o riso. Acariciou seu rosto brincando uma de suas mechas de cabelo. Levantou-se logo em seguida e foi até o banheiro

O moreno abriu um enorme sorriso encarando-a no pequeno quarto, levantou-se e ficou sentado na cama. Pouco tempo depois, Layla saiu do banheiro encarando o rapaz sentado com os braços pendentes para trás.

Seu sorriso era doce e provocante. A garota corou virando o rosto para o lado.

–Acordou cedo. - falou ele se levantando e indo até ela. A mesma recua um passo.

–N-Não. Acabei de acordar. - pronunciou ela encostando suas costas na parede de pedra gélida. O rapaz apoia um dos braços na parede enquanto o outro segurava seu queixo.

Ele aproximou seu rosto do dela selando seus lábios rapidamente.

–Bom dia, Layla. - assim ele sai entrando banheiro.

A ruiva agarrou sua camiseta na altura do seio com força. Seu coração não parava de bater rápido e seu rosto ardia em fogo. Resfolegou algumas vezes antes de ir até um baú com roupas da época.

Pegou um vestido verde musgo e decidiu trocar a sua - estava a 6 dias com a mesma, tinha de trocar. Olhou a porta do rapaz mordendo o lábio e retirando a camiseta.

Assim que a fez ouviu um barulho atrás de si. A mesma corou bruscamente ao se virar e encarar o moreno - também vermelho.

–D-Dá pra sair, Jack. - murmurou ela enquanto o rapaz colocava uma das mãos na boca encarando-a vidrado. Ele sai do cômodo ficando do lado de fora.

Layla respirou fundo e voltou a se trocar. Levou quase dez minutos para conseguir colocar o vestido, mas assim que o fez se sentiu uma madame.

Pegou suas roupas socando-as dentro de sua bolsa e saiu porta a fora. Assim que passou pelo rapaz, o mesmo a olhou de cima a baixo sorrindo de canto.

–Ficou bem em você! - elogiou Jack vendo o rubor que pintava o rosto da menina.

–Obrigada. - respondeu ela pegando na mão dele e saindo do pequeno hotelzinho. Entraram no castelo novamente, mas dessa vez o moreno estava atento a tudo.

Apertou o passo chegando no portão do castelo que dava passagem para a floresta dos lobos. O rapaz encarou o enorme portão ali presente sorrindo sapeca.

–Vamos? - perguntou ele à Layla que o olhou curiosa.

–E como vamos passar? - perguntou ela.

–Desta vez vou ter de usar um de meus truques. - Disse Jack sapecamente puxando-a até o portão.

–Guarda. - chamou o rapaz fazendo o homem olhá-lo.

–Sim, o que tu queres, cidadão? - perguntou o homem de armadura.

–Quero passar, guarda, com vossa permissão. - falou ele tirando uma risada alta do homem.

–Tu não podes passar sem permissão de Vossa Majestade. - criticou ele fazendo Jack dar de ombros.

–Não queria fazer isso, mas você me obriga. - Assim, ele estica a mão livre ao portão - comminuet¹– proferiu ele fazendo o portão desintegrar-se, abrindo um arrombo enorme entre os metais.

–BRUXO! - gritou o guarda exasperado ao ver o feito do rapaz.

–Foi mal, mas estou com pressa.

Assim, Jack puxa Layla para fora do castelo correndo floresta a dentro. Passaram por algumas árvores caídas, bifurcações e uma densa mata. Tudo para evitar o rastreamento deles.

Chegaram a uma trilha conhecida pela ruiva que sorriu com isso e - ao mesmo tempo - gelou.

–É por aqui. - proferiu o rapaz continuando o andar pela trilha de tijolos [desta vez intactos] segurando na mão de Layla.

Andaram por alguns minutos parando um pouco ao longe da casa de madeira da bruxa, mas, desta vez, se percebia a moradia de alguém nela.

Da chaminé saia uma fumaça negra e espessa, o moinho intacto girando no pequeno lago abaixo de si e o aspecto da casa estava diferente de sua era; belo e avermelhado.

A menina ficou ali, estacada encarando a casinha a frente. Um medo estampou seu rosto ao imaginar uma bruxa de verdade ali dentro, fazendo poções e possuidora de uma face aterrorizante.

Jack a olha de canto virando-se, totalmente, a ela.

–Vem, não tem problema. Eu te protejo, se esse for seu medo. - afirmou o rapaz com sua voz rouca e terna. Laya somente mordeu o lábio não aceitando totalmente a ideia.

–Mas... - contrariou a mesma apertando a mão de Jack mais forte.

–Sem mas. Se você quiser voltar, esse é o caminho. - disse ele com o tom da voz mais alterado. A garota suspirou.

–E se você me transferir aqui? - balbuciou ela o fazendo rolar os olhos.

–Bom, se você quiser, mas caso caia em cima de uma pedra, árvore ou outros não reclame. - proferiu, por fim, o moreno ironicamente.

Layla ponderou por breves instantes antes de negar.

–Vamos! - assim, ela o puxa em direção a casa.

Chegaram frente a sua porta, vermelha cor sangue, por onde o moreno escancarando-a. A bruxa, vestida com uma roupa verde, se vira a eles revelando uma face carcomida e cheio de protuberâncias.

–O que fazem aqui? - gritou ela fazendo a menina se esconder atrás de Jack.

–Não se lembra de mim, Muriel? - perguntou Jack ironicamente ao ver a face irritadiça da velha se transformar em medo.

–O que faz aqui, Jack? Até onde sei fizemos um acordo. - murmurou Muriel diminuindo o tom de sua voz. O moreno sorriu medonhamente.

–Vou usar sua casa para um encantamento intertemporal. - afirmou ele caminhando até a bruxa com Layla atrás de si. A velha curva seu corpo para o lado encarando as madeixas ruivas atrás de Jack.

–Vai mandá-la para onde? é algum pacto que ela fez contigo é? - zombou Muriel gargalhando alto. - Esta bem, esta bem. Mas não faça sujeira, Jack. É tudo novo. - afirmou a velha sentando-se em uma cadeira num canto qualquer da casa.

O rapaz rola os olhos se virando a Layla.

–Ei, olha pra mim. - pediu o moreno docemente. Ela levanta o olhar fitando os olhos azulados dele. - Vou iniciar o feitiço, espero que esteja preparada. - afirmou Jack afagando seus cabelos ruivos e a guiando até uma cadeira.

O rapaz começou o encantamento pronunciando algumas palavras em outra língua lendo em um livro, velho e grosso, as frases do feitiço. Em sua volta, luzes verdes [como no dia em que fora transportada] rondaram seus braços coberto de luvas negras brilhando fortemente.

Após alguns minutos, o portal se abril revelando um vortex negro e brilhante. Ele estende seu braço à Layla que pega em sua mão. Ficou a seu lado encarando o portal.

–Quando você passar por ele já estará em casa. - afirmou o rapaz sorridente, conseguira fazer o encantamento antes dos soldados os acharem.

–Mas, depois que eu entrar, o que vai acontecer com você? - perguntou preocupadamente a menina agarrando ainda mais no garoto. Um terno abraço foi dado por Jack que beijou o topo de sua cabeça.

–Eu tenho de ficar aqui. Esse é meu tempo, não posso voltar com você. - disse ele com a voz rasgada.

–Por que? - perguntou a menina com a voz chorona.

–Porque isso mudaria os acontecimentos, eu tenho de ficar e seguir o curso do tempo e, você, tem de voltar logo ao seu. - murmurou ele acariciando seu rosto alvo.

Ela retira sua mão violentamente.

–Não compreendo. Eu não vou te ver mais? - perguntou ela com as lagrimas descendo por seus olhos.

–Não foi isso qu... - o rapaz para de falar ao sentir a presença de pessoas do lado de fora da casa. A bruxa se exalta levantando-se rapidamente.

–Você os trouxe para cá? - vociferou a velha carcomida enquanto o rapaz semicerrava os olhos.

–Saiam dai, seres demoníacos, e aceitem vosso julgamento perante nosso Senhor. - gritou um dos homens do lado de fora fazendo Jack trincar os dentes.

–Jack, voc... - antes de terminar fora empurrada pelo rapaz para dentro do vortex.

O que ela pensou ser uma queda sem fim foi mais um tipo de ''flutuação'' dentro das luzes que passavam entre si. Do outro lado os soldados invadiram a casa e, por mais que ela gritasse o nome de Jack, nada se pode fazer e não ser vê-lo sendo levado para fora da casinha.

[...]

A menina acordou eufórica dando um grito de pudor. Esfregou a testa suada resfolegando algumas vezes. Se virou para a beirada da cama saindo da mesma.

Andou até o banheiro encarando-se no espelho e, em questão de segundos, um baque de memórias lhe veio a fazendo arregalar os olhos.

–Jack! - murmurou ela saindo correndo de dentro do banheiro abrindo a porta de seu quarto com força batendo, de frente, com sua mãe.

–Menina, mais cuidado. - ordenou a mais velha massageando a testa agredida.

–Mãe? - perguntou a menina estranhando a presença dela na casa.

–Bom, pelo menos ou fiquei feliz em saber que você não saiu de casa desta vez. - afirmou a mãe entrando o quarto da filha abrindo seu guarda-roupa.

–Não sai? - perguntou a menina, mais para si mesma, tentando distinguir o real do sonho.

–Sim. Falaram que não te viram sair de casa. Bom, pelo menos esse ano você se comportou. - disse a mulher pegando um vestido de rainha de copas e o colocando na cama.

–Mas, não pode ser verdade. Eu fui até uma casinha abandonada onde eu encontrei um gato falante que, no final, descobri que era um bruxo e ai ele me levou pra outra dimensão e... - falava a menina eufórica cuspindo as palavras uma em cima da outra. A mãe sorriu.

–Que imaginação fértil. Gatos que falam. - repetiu a mãe lhe entregando a fantasia - Vista isso, vamos a um baile à fantasia, e de máscaras. Quero te ver bem bonita. - dito isso, a mais velha saiu do quarto retornando à sala no andar de baixo.

A menina encarou o vestido com tristeza apertando-o contra seu corpo.

–Será que foi tudo um sonho? - sussurrou para si mesma pegando o vestido e entrando dentro do banheiro.

00:30 hrs

A casa mais movimentada da cidade; toda enfeitada e repleta de pessoas com fantasias e máscaras espalhadas pelo terreno do casebre. Todo ano, a família Lanchester fazia uma festa de máscaras relembrando eras antigas onde reis faziam tais festas.

Layla entrou naquela casa, juntamente de sua mãe a seu lado, encarando tudo a seu redor.

–Estão sempre se superando! - exaltou-se a menina girando no lugar encarando o teto de gesso.

–Agradeço o elogio. - falou o anfitrião da casa.

–Senhor Lanchester. - falou a mãe de Layla radiante. O homem lhe estende o como em sinal de cumprimento. Retorna seu olhar à ruiva.

–Espero que se divirta nessa festa, Layla. - falou o homem sorridente. A menina somente sorriu saindo da frente de ambos se perdendo na multidão.

–Sinto por isso, ela esta estranha desde mais cedo. - afirmou a mãe envergonhada.

–Não há problema nisso, Julia. - balbuciou ele pegando uma taça de vinho da bandeja de um dos garçons e entregando em sua mão. Ela pega a taça lhe sorrindo.

–Fico satisfeita com isso.

–Ontem, um primo nosso distante chegou na cidade, um dos motivos de fazermos essa festa mais exuberante. - zombou o Lanchester tirando um riso de Julia.

–Sim, na minha casa também está um parente distante acomodado. Pelo que parece ele tem um tipo de concurso para promover da faculdade. - resumiu a mulher.

–Então, parece que hoje é o dia de parentes distantes. - brincou o homem rindo alto. Pegou sua taça batendo na dela fazendo um brinde. Julia não evita de sorrir fazendo o mesmo.

–Tim tim.

[...]

Do lado de fora, sentada em uma mureta do quintal do casebre, a ruiva balançava as pernas ao ar - já que estava com as mesmas pendulas no muro - suspirando de minuto em minuto.

Ainda não se conformava com o que passou, não poderia ter sido - tudo aquilo - um sonho. Isso martelava sua cabeça a todo instante, mesmo não tendo se passado tanto tempo quanto ela imaginou.

Uma semana. Uma longa semana a seu lado mudou o rumo da vida da ruiva de uma forma tão drástica, a ponto de se transformar em outra pessoa. Nunca pensou que um dia se apaixonaria por alguém e - muito menos - por um bruxo.

Seu suspiro foi mais alto dessa fez podendo se ver vapor saindo de seus lábios pelo frio que fazia no dia. Tombou seu corpo para trás fazendo seu pescoço pender.

Dali se pode ver um rapaz de máscara atrás de si. A mesma se irrita.

–Desculpe, não quero acompanhante. - cuspiu a mesma irritadiça voltando a posição normal descendo da mureta.

–Nem a minha? - falou o moreno fazendo o coração da menina parecer parar momentaneamente. Se virou com tudo encarando o rapaz do outro lado da mureta.

–Ja...ck...? - murmurou Layla não acreditando no que via. O mesmo rapaz de seu suposto sonho bem ali, na sua frente - em carne e osso.

O moreno se aproxima vagarosamente da menina sorridente. Ela, não se aguentando, corre até ele passando pela mureta e pulando em seu pescoço. O rapaz sorriu retribuindo fortemente o abraço da menina. O abraço foi longo, sendo encerrado por um roçar de lábios da ruiva.

–Mas, como você...? - perguntou a menina eufórica.

–Você tirou conclusões precipitadas sobre mim. Eu disse que não poderia entrar com você no vortex, somente isso. - respondeu ele ironicamente fazendo Layla corar.

–Mas você disse... - insistiu ela o fazendo rolar os olhos.

–Você que não me deixou terminar de falar. - zombou ele. - Eu não podia sair do meu tempo e ir ao seu. O futuro poderia ser alterado; não se pode brincar com o tempo, Layla. Somente você que tinha de voltar, meu tempo era aquele. - disse ele por fim ateando uma duvida na ruiva.

–Então, se você era daquela era, como esta aqui? - balbuciou a ruiva.

–Depois de ser pego pelos soldados, acabei vendo Muriel ser queimada, mas meu poder foi restaurado antes. Destrui quase toda a vila do rei. - zombou ele gloriosamente.

–E como você está no meu tempo?

–Eu esperei quase 8 séculos para de ver de novo, e foram os mais longos da minha vida. Sou imortal, né! - disse ele por fim a fazendo corar mais ainda.

–Seu bobo. - xingou ela o fazendo gargalhar.

–Um bobo apaixonado. - assim ele sela os lábios róseos da menina num beijo doce, voraz e cheio de sentimentos reprimidos. Enlaçou sua cintura com possessão a prensando na mureta intensificando o beijo ansiado por ambos desde o início.

Naquela noite, no dia de todos os santos, um novo futuro se iniciou envolvendo um mago e uma humana, criando um novo rumo no tempo alterando qualquer um que o real poderia alcançar.

As vezes, precisamos acreditar no imaginário e, somente assim, se satisfazer e gozar de um futuro escolhido por você mesma, sendo ele lógico ou não.

''Temos que estar sempre preparados para as surpresas do tempo.''

– Paulo Coelho


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem, espero ter agradado.

Até uma proxima gente :3

beijokas.



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