Way Side -Interativa escrita por Kiseki Akira, Destiny Trancy


Capítulo 9
Tentáculos E Fumaça


Notas iniciais do capítulo

Hello!
Esse capítulo deveria ter ficado pronto ontem, mas... era meu aniversário, e eu não toquei no computador U-U.
Nem sei quantos dias minhas "férias" duraram... E a Destiny não respondeu os reviews porque viajou e ainda está viajando. Estou tão solitária... T-T
Enfim... Boa leitura!
PS: Obrigada pela recomendação lindíssima, Princess of the night! :3



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–O que é aquilo?! –Gritou Risuka, apontando para algo que se formava ao lado de Cindy, uma espécie de vulto negro tomando forma. A primeira coisa que eles viram foi uma fileira de dentes afiados como lâminas.

A coisa, o que quer que fosse, abriu um sorriso macabro. Seus dentes eram amarelados e brilhantes, horrivelmente pontudos. Uma mordida daquela criatura poderia arrancar um pedaço de alguém. O monstro moveu-se um pouco para frente, e eles puderam ver os olhos dele, de cor vermelho-sangue. Eram macabros, frios e afiados. Havia um brilho sádico neles, de divertimento.

–Certo. O que é isso? –Perguntou Risuka novamente, a voz trêmula.

Mas não houve tempo para uma resposta. A criatura, provavelmente irritada por ter sua diversão interrompida, voou para cima dos bruxos, lançando sobre eles uma espécie de onda de fumaça negra, cegando-os e dificultando suas respirações. A fumaça parecia se recusar a deixar o ar entrar nos pulmões deles, asfixiando-os aos poucos.

Em meio à bomba de fumaça preta, algo se chocou com força contra Myranda, que gritou e caiu com a cara no chão. O monstro a puxava pelos cabelos e ria. Inclinou-se perto dela e começou a sussurrar em seu ouvido:

–Você tem um cheiro bom... Não irei matá-la de imediato. –E ele riu friamente.

Ela ficou assustada. “Cheiro bom?” pensou consigo mesma. “Quem tipo de pessoa tem um cheiro bom após acordar toda descabelada?” No entanto, entendeu algo. O monstro se sentira atraído por ela, assim como por Cindy. E ela, só ela, sabia que Cindy também era uma bruxa das Trevas.

–Myranda? –Gritou Coraline, tentando escapar da nuvem de fumaça. Ela simplesmente fechou os olhos e se atirou no chão, esticando os braços como se planejasse voar. Quando voltou a abrir os olhos, conseguia enxergar a noite ao redor. Escapara da fumaça negra!

–Nossa, como sou sortuda... –Sussurrou, procurando algo para usar como arma. O melhor que encontrou foi uma enorme pedra cinza, que era incrivelmente afiada. Porém, a pedra parecia estar parada ali na margem do riacho há anos, e não se moveu quando foi puxada. –MERDA!

Um silêncio invadiu a floresta, e o rosto de Coraline perdeu a cor. Acabara de anunciar ao monstro que fugiria de sua nuvem, assim que gritou de frustração.

Antes que a criatura saísse da fumaça, algo aconteceu, e ela se dissipou. Os bruxos estavam caídos no chão, arfando assustados. O monstro estava confuso, mas logo que viu uma pequena flecha dourada fincada em seu ombro, percebeu que ela o fez perder a força. Olhou para tudo que é lado furiosamente, procurando pelo culpado.

–Eu sabia! –Gritou uma conhecida voz vinda das árvores.

–Charles...? –Sussurrou Coraline, surpresa.

–Cale a boca, seu estúpido! –Repreendeu outra voz, que eles reconheceram como sendo de Gilbert.

–Que tal ambos calarem a boca? –Sugeriu a sempre calma e rouca voz de Leere Collins.

Leere Collins?

O garoto louro de olhos dourados estava parado em cima de uma pedra enorme, próxima ao riacho escuro. Em suas mãos havia um brilhante arco dourado e mais uma flecha luminosa prestes a ser atirada. Ao seu lado estavam os outros dois garotos.

Por alguma razão, Charles estava com seu caderno de desenhos nas mãos, segurando-o com espanto. O garoto estava pálido, seus cabelos louros estavam emaranhados, mas ainda assim ele estava adorável. Vestia um pijama preto amassado.

–O que estão fazendo aqui?! –Gritou Coraline.

–O Suicida aí me acordou e me arrastou até aqui. –Reclamou Gilbert, mal humorado por causa do sono e apontando para Charles. –Encontramos o Esquisitão no caminho.

Leere revirou os olhos.

Gilbert estava com os cabelos prateados bagunçados e expressão irritada. Seus olhos estavam dourados, e ele surpreendentemente encontrava-se sem camisa, ainda que a noite estivesse gélida. Estava de braços cruzados, e havia uma corrente com uma cruz de ferro em seu pescoço.

–Isso é que é falta de noção... –Comentou Coraline, esquecendo-se completamente do monstro, que voltara a tomar força e partira para cima dela.

–CORALINE! –Muitos gritaram ao mesmo tempo, mas quando ela virou o corpo, já era tarde demais. A criatura a atingiu com uma onda de energia negra, lançando-a para longe. Porém, ela foi caindo levemente, como uma pluma.

–Hã?

Gilbert revirou os olhos, fazendo um estranho movimento com as mãos, como se tentasse segurar o ar. Ele a estava ajudando a descer.

–Escutem-me! –Gritou Alícia de repente, retomando o fôlego. Risuka estava ao seu lado numa espécie de pose de ataque e fazendo uma expressão assassina. –Esta criatura é um Incubus! Um demônio que se apodera de mulheres por meio de sonhos e pesadelos!

–Como raios você sabe disso?! –Perguntou Kenai, levantando-se.

–Eu sou uma bruxa da Luz, eu simplesmente percebo um demônio quando vejo um! –Alícia gritou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

–Ah, desculpe, isso não estava escrito no meu livro de magia. –Kenai disse com sarcasmo.

Tsuimi pigarreou, andando até o lado deles e ficando entre Kenai e Alícia.

–Acho que vocês devem conversar depois. –Disse ele.

–Pra quê a pressa? –Perguntou Gilbert, a voz cheia de arrogância. –Somos nove contra um. Esse Incubus não tem chance alguma.

Parado em meio ao grupo de bruxos, a forma do demônio tremeluziu. Ora ele parecia um homem com feições elegantes e olhar maligno, ora tornava-se um horrível monstro com dentes amarelados de tubarão, pele de aparência áspera e cabelos brilhantes, espetados e pretos. Mas em ambas as formas, seus olhos tinham um tom puro de vermelho-sangue.

A criatura riu, e o som era medonho, assustador. Sua risada era grossa e abafada, como se ele estivesse rindo de longe; um som saído de um abismo. Fumaça cinzenta começou a se mover ao redor dele, fazendo uma espécie de dança macabra, movendo-se para baixo e duas vezes para cima. Aquilo não podia ser bom.

Imediatamente uma saraivada de flechas douradas voou na direção do Incubus, como se fossem estrelas cadentes. Surpreendentemente, a fumaça o defendeu e as flechas ricochetearam.

–Tá legal, talvez nós precisemos de um pouco de pressa, sim. –Murmurou Gilbert, inclinando-se para frente.

Charles ainda estava pálido. Ele folheava o caderno de desenhos desesperadamente, murmurando alguma coisa para si mesmo. Leere o observou de canto com a testa franzida, mas não disse nada.

Kenai ergueu seu antebraço, e dele saiu uma fina espada japonesa, cujo cabo era decorado com couro vermelho. A lâmina tinha um brilho cruel, e ele a ergueu em direção ao Incubus, mas antes que fizesse algo, Risuka correu até ele e perfurou a palma da própria mão, abrindo um corte fundo que logo ficou ensanguentado.

O Incubus olhou para eles e sorriu com malícia, a fumaça formando uma espécie de aura negra ao seu redor.

Risuka copiou a espada de Kenai. Fizera uma cópia idêntica, mas com a diferença de que não só o cabo era vermelho, mas também a lâmina e todo o resto dela, pois sua espada era feita de sangue. Ela abriu um sorriso maligno, e seus olhos tinham um brilho felino perigoso.

E então, o caos começou.

Ocorreu uma chuva de luzes, poderes, aura negra e estrondos altos na direção do Incubus. As lâminas de Risuka e Kenai brilhavam perigosamente, cortando o ar em busca de atingir algo sólido; tímidas flechas douradas apareciam como cometas assim que fosse seguro atirá-las; a aura negra de Myranda se misturava com a do monstro que a atacava...

Enquanto todos atacavam desordenadamente o Incubus, Charles ainda folheava seu caderno, o rosto branco como papel. Coraline foi pelos cantos, evitando a batalha e indo atrás de Cindy.

Assim que ela alcançou a garota jogada perto do riacho, Cindy abriu seus olhos. Suas pupilas estavam dilatadas por causa da escuridão, os olhos, dourados. Ela levantou a cabeça e fitou Coraline lentamente, como se tentasse lembrar-se de quem se tratava. De repente ela a reconheceu, mudando de expressão, e então mirou a confusão que ocorria perto dali.

–O que aconteceu...? –Murmurou Cindy, meio rouca.

–Eu adoraria saber lhe explicar... –Respondeu Coraline rapidamente. –Mas acho que seria bem melhor se fôssemos para outro lugar...

–Eu me lembro... de um pesadelo... –A testa de Cindy se franziu. –Cheiro de chuva, névoa, e de repente alguém me agarrou...

–É o poder da coisa que te pegou! –Disse Coraline, nervosa. –Eu acho...

Cindy parecia estar sentindo dor de cabeça. Com um pequeno esforço, ela fitou o Incubus, que se dissolvia em névoa preta e depois de materializava, evitando ataques físicos. Seus olhos dourados brilharam perigosamente.

–Ele me trouxe até aqui? –Perguntou Cindy.

–Sim... Sorte sua que o Kenai lhe viu! –Disse Coraline.

–Me viu...?

–Andando sozinha.

O rosto de Cindy escureceu. A ideia de ter seu corpo se movimentando sozinho, como uma marionete controlada por algum pervertido, lhe deixava furiosa. Ela se levantou facilmente, seu corpo sendo levantado pelas sombras da noite. Coraline hesitou e então se levantou também, observando a luta frenética que ocorria ali.

–O que você vai fazer? –Perguntou ela lentamente.

–Sei lá. –Disse simplesmente, e então se atirou no pequeno rio, fazendo a água escura respingar para todos os lados; inclusive no rosto de Coraline, que não ficou muito feliz. A garota observou Cindy, submersa, criar tentáculos negros no fundo do riacho. Ela podia ver os olhos dourados da garota brilhando dali.

–Mas o que...?

Foi então que de repente o Incubus correu na direção de Coraline. Ele não parecia ferido, mas sim cansado. O único sinal de ferimento era a flecha dourada, feita de magia da Luz, que o feriu e lhe acertou no ombro. Ele estava horrivelmente pálido, os olhos vermelhos brilhavam desesperadamente.

Mas ele não corria na direção de Coraline. Corria para o riacho.

Coraline não entendeu o motivo e nem teve tempo para pensar naquilo, pois a força dos tentáculos de Cindy saindo da água a jogaram com força para trás. Os tentáculos negros feitos de sombras agarraram o Incubus, que tentava se libertar e escorregava, mas nunca tinha sucesso. Ela o puxou para o fundo do riacho, e a noite ficou silenciosa.

Todos ficaram parados. A noite ficou silenciosa como se ela mesma estivesse prendendo a respiração, à espera que algo acontecesse. Charles estava muito branco, e Leere finalmente decidiu perguntar o que diabos estava acontecendo.

Charles não respondeu de imediato. Ele ficava olhando do riacho para o caderno, e do caderno para o riacho. Leere bufou.

–Charles! –Chamou ele, impaciente. O menino louro o olhou lentamente, como se não o enxergasse de verdade. –Qual é o problema, cacete?

E o garoto levantou o caderno para que Leere pudesse vê-lo. Ele franziu a testa.

–Como você...?

Mas ele foi interrompido pelo som das águas do riacho, jogando Cindy para fora dele. Ela estava encharcada e tossia água, o vestido branco estava colado no corpo. Todos menos Leere correram até ela.

–Cindy? –Chamou Risuka, tocando o rosto da garota com suas mãos ensanguentadas, sujando o rosto de Cindy com gotas escarlates. –O que houve?

Cindy tossiu novamente e então respondeu:

–Acho que ele morava lá embaixo.

–Ah... –Gilbert parecia desconfiado. –Você pulou num rio escuro porque supôs que o demônio morava lá embaixo?

–Deu certo, não deu?!

–Não é isso. –Disse Alícia. –Aquele Incubus provavelmente era um dos monstros aprisionados aqui na escola, um dos que se libertou com a ausência da Esfera. Acho que estava aprisionado lá embaixo, e quando enfraqueceu, correu diretamente para o único lugar que conhecia bem... Por puro impulso. Mas como você sabia o que fazer? –Ela olhou para Cindy.

–Eu não sabia. Disse isso para Coraline. –Cindy fez uma pausa hesitante. –No entanto, eu tenho a impressão de ter tido um vislumbre... de algo como este rio, num sonho.

–O poder dos Incubus é brincar com a mente das pessoas... exatamente desse jeito. –Disse Alícia.

–O que você fez com ele, Cindy? –Perguntou Tsuimi.

–O apertei até não encontrar mais nada para apertar. –Respondeu ela. –Acho que... desintegrou-se, ou algo assim.

Charles ainda olhava para o caderno, e Tsuimi o cutucou com o cotovelo.

–Você está bem, Helders? –Perguntou.

–... Veja isto. –Charles levantou o caderno para que Tsuimi pudesse vê-lo. O garoto de cabelos brancos arregalou seu olho não enfaixado.

No caderno havia um desenho extremamente detalhado; o desenho de uma poça escura cheia de tentáculos saindo dela e agarrando um monte de fumaça escurecida, a fumaça que o Incubus podia facilmente fazer. E era apenas isto, sem fundo: nada das árvores ou da noite lá atrás. Simplesmente um riacho com tentáculos agarrando sombras. Risuka, que estava perto deles, se aproximou e viu o desenho.

–O que é isso...?

Mas antes que Charles pudesse responder, ele teve um vislumbre. Virou o rosto para o muro da escola; de onde não estavam tão longe, e depois para mais adiante, para a floresta que cercava a Amethyst. Ele podia jurar que vira uma luz vinda de lá, uma luz branca.

Imediatamente virou o rosto para Tsuimi, que olhava exatamente naquela direção. Ele também havia visto, mas agora a luz sumira.

Risuka olha para eles, confusa, e segue os olhares.

–O que foi? –Ela pergunta.

Mas então Charles e Tsuimi voltam a observar o desenho, perplexos, e se esquecem de responder a pergunta dela.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!