Toda a escola já estava coberta pela escuridão daquela noite sem estrelas, sem nenhuma luz acesa senão a das pequenas lamparinas presas às árvores com a intenção de iluminar o caminho até lá.

Faltavam apenas dois dias para o início das aulas.

Em meio ás sombras, duas pessoas se encontraram silenciosamente e ficaram paradas ali em frente à enorme construção, como se contemplassem uma bela e antiga obra que era muito especial, como se só pudesse ser vista uma vez na vida.

A pessoa mais alta quebra o silêncio, seu rosto sorridente e sombreado fitando a outra pessoa.

–Apenas mais dois dias, certo, minha querida Evelyn? –Diz ela. Sua voz era calma e gentil, e a moça, Evelyn, sorriu.

–Eu acho que teremos problemas neste ano letivo, Elizabeth. –Ela fala, tocando o queixo com um gesto preocupado.

–Vai ficar tudo bem. Manteremos os alunos seguros.

–O problema é... se conseguiremos proteger os alunos uns dos outros. –Murmura a jovem Evelyn, observando a escola agora com o olhar um pouco entristecido.

–O que quer dizer?

A jovem se cala por alguns instantes como se quisesse escutar o som da noite, o som das árvores, do vento... Era de fato uma noite sombria. Então ela olhou para Elizabeth.

–O mundo está diferente. As pessoas já não são mais tão honradas como eram antigamente. Temo que... Neste ano... O “mal” domine esta escola. –Admitiu.

–Querida. –Elizabeth riu. –Nós duas sabemos bem que o bem e o mal não são tão preto no banco como muitas vezes é deixado a entender.

–Mas...

–Não podemos julgar ninguém por suas escolhas. Você me entende, não entende? –Pergunta Elizabeth, e de repente seus olhos adquirem um tom brilhante de dourado, tão incrivelmente destacados que pareciam ter luz própria. Evelyn abaixa a cabeça.

–Sim, diretora... –Responde Evelyn, e quando ela levanta a cabeça, seus olhos estavam entre o cinza e o prateado, com uma espécie de luz perolada.

–Ótimo. –Elizabeth sorri. –Agora vamos. Temos muito que fazer.

–Sim, nós temos.

Continua...