Não era justo, Stiles não parava de pensar. Sim, ele era o mais “fraco” da relação, e também não fazia ideia de porque alguém como Derek Hale iria querer ter algo com ele, mas ele já havia se acostumado com o homem. O modo como a barba dele espetava sua pele branca e fina, como sua respiração soava tão bem misturada com a dele, como o moreno era forte, lindo e protetor. Além do mais, Derek havia prometido. Sim, com todas as letras. PROMETIDO, que ele nunca abandonaria Stiles e que ele nunca o trocaria, nunca se apaixonaria por mais ninguém. E era isso que intrigava o humano. Ele simplesmente não conseguia acreditar em uma possível “eternidade” ao lado de Derek, relacionamentos acabam, pessoas mudam. Ele estava ciente que um dia ou outro o lupino iria abandona-lo, mas tudo bem, ele já estaria preparando quando viesse.

Mas não, Derek insistiu em encher Stiles com todas essas promessas, dia após dia. Falando baixinho no ouvido do menino, como se tudo fosse um grande segredo que só ele pudesse ficar sabendo e que depois de um tempo, ele se rendeu e passou a acreditar, sim. Acreditar que ele e Derek ficariam juntos para um sempre.

“E se você cansar de mim?” a insegurança e o medo de perder o mais velho estava sempre ali, assim como a pergunta que ele nunca cansava de fazer.

“Stiles, eu não vou me cansar de você. Nunca”

Mentiras, mentiras, mentiras.

Tá, Stiles queria acreditar. Acreditou. Humano estúpido!

Bem que Derek sempre ficava enfatizando isso. A burrice do rapaz em acreditar em tantos lobisomens. Mas não é exatamente como se ele tivesse escolha. Ou era? Não, não era. Scott era seu melhor amigo antes de tudo isso acontecer, não podia simplesmente se afastar dele. E Derek, todo aquele “ódio” que eles demonstravam ter um pelo outro, não demorou sete meses para se tornar em amor.

O ódio que ele sentia por Derek antes de tudo isso, voltou. Não como amor, mas como ódio por fazer ele sofrer tanto assim. Continuava repetindo que não era justo o lobo ter iludido Stiles tanto assim. Pra que? Se não pretendia passar o reto da vida com ele, bastava deixar as coisas como estavam. Sem promessas absurdas e que enchiam o humano de ilusões.

E se Derek pretendia passar o resto da vida com Stiles? E se o que aconteceu não estava nos planos do lupino?

Não, ele não queria.

Stiles, pare de se iludir mais!

Mas a possibilidade passou a martelar a cabeça do menino pelo resto da noite.

Desceu as escadas, passando levemente as mãos pela parede da escada. Derek tinha o beijado ali. Não lembrava bem o dia, ou o que o maior disse. Estava concentrado demais com o corpo musculoso e quente do moreno o pressionando contra a parede. E não era um tanto perigoso? Bom, nada que Derek não poderia se curar e nada que desse uma vida de pesadelos e trauma em Stiles, mas perigoso. Ta ai outra coisa que ele gostava em Derek, o perigo.

“Eu sinto tanto a sua falta, lobão” e enxugou uma lagrima que insistiu em cair seu rosto abaixo.

Sextas-feiras costumavam deprimir Stiles, até mesmo antes de Derek. Ficar sozinho em casa em quanto todos os seus amigos se divertiam, bebiam e faziam sexo. Não era o dia favorito de Stiles. A não ser que Scott aparecesse lá em sua casa com um Box de alguma série nerd que Stiles gostava e Scott achava complexa demais para seu cérebro.

Mas não quando ele começou a namorar Derek, não, com ele toda sexta-feira era sinal de visita. A noite de plantão do Xerife, a qual ele costumava ficar na delegacia até de manhã. Derek e Stiles podiam dormir juntos. Não que eles não fizessem isso nos outros dias, porque eles faziam, o fogo do lupino era difícil de apagar. Mas nas sextas era diferente. Eles não dormiam juntos nesse sentido, mas sim, no telhado, com o colchão que o mais velho insistira em levar lá pra cima toda vez para manter Stiles mais confortável. Observavam as estrelas, que por mais que Derek tenha dito umas mil vezes ser cafona, acabou se acostumando.

Ficavam de conchinha, com as respirações tão perfeitamente calmas e leves que pareciam ter ensaiado. Conversavam, e se afogavam em carícias até um deles, que era sempre Stiles, pegar no sono.

Era bom.

Scott já havia aprendido que não deveria aparecer na casa do amigo nas sextas a não ser que quisesse se deparar com aquela cena de novo, que apenas causou uma risada de Stiles, um olhar estressado e ao mesmo tempo envergonhado de Derek e um possível trauma em Scott. Não que fosse nada demais ver os dois de pijamas e Derek abraçando seu amigo por trás, possivelmente como fazia em outras situações.

Sim, seu amigo era o passivo da relação. Mas que belo segredo em Scott? Ou você acha que não seria demais para Derek Hale ficar de quatro pra Stiles?

Já na cozinha após a sessão monotonia enquanto na escada, o menino pegou um refrigerante. Coca. Estranhou o ter na geladeira já que tinha esquecido de fazer comprar e o Xerife não podia beber essas coisas.

“Droga, Pai!” murmurou em uma voz mais alta que o necessário, já que não era pra ninguém ouvir além de si mesmo.

A primeira vez que Derek tomou coca cola foi com Stiles, o mais novo não conseguiu conter a gargalhada quando viu a careta que o namorado fez ao engolir a bebida. Totalmente cômico.

Ele ainda não conseguiu acreditar que, em pleno século vinte e um, e o lupino com seus já vinte e seis anos nunca tinha tomado uma misera coca cola. Não é como se a bebida fosse uma coisa tão moderna assim.

“Droga, Derek Hale. Você é nojento!” exclamou após o arroto do mais velho, que, parecia mais assustado com sua ação do que o proprio Stiles.

De volta no quarto não pôde deixar de derramar mais uma lágrima ao ver um pequeno pedaço da janela aberto, ele costumava deixar assim em caso de alguma visita do namorado. Mas já que sabia que não iria acontecer, decidiu passar a tranca. Afinal, não queria ser estuprado por um bêbado mafioso nem nada. Não que fosse encontrar um em Beacon Hills, mas de qualquer forma.

“Mas o que diabos está acontecendo aqui?” O Sherife parecia assustado quando viu o filho e Derek na maior pegação em cima da cama de solteiro do menino.

Assustado? Ele jurava que podia ter um enfarte ali mesmo.

“Pai, não é o que você tá pensando?” Típico, por que as pessoas sempre falam isso mesmo?

“Então meu único filho agora gay, não que eu não soubesse, não está se pegando com Derek Hale, que devo lembrar já foi acusado pelo assassinato da própria irmã, na minha casa?”

“Bom, é exatamente o que você está pensando” agora quem se pronunciou foi Derek, com um sorriso pervertido no rosto, sentindo suas bochechas queimarem logo em seguida.

“Cala a boca, Hale, você está morto!”

Sorriu meio triste, o modo como seu pai descobriu sobre os dois também foi uma história e tanto. Stiles sempre pensou em contar tudo isso para um filho, que sim, ele pretendia adotar com Derek. Ou talvez mesmo um cachorro já que não conseguia imaginar aquele brutamontes lidando bem com uma criança já que mal se dava com adolescentes.

Mas in dependente do que, um cachorro, um bebê, um papagaio ou um peixinho de estimação. Um futuro, um que o próprio Derek havia prometido antes de partir para Deus sabe onde com Cora, deixando apenas uma mensagem no celular do rapaz escrita “me esqueça”.

Isso doeu. Doeu pra caralho. Na verdade, Stiles preferia levar mil facadas à tudo aquilo. Mas não era exatamente sua decisão. E o que lhe sobrava agora, era sentir falta do seu lobo mal humorado e lindo. Sentir falta dos olhos verdes e do carinho, até mesmo das promessas que ele sabia, que nunca seriam cumpridas.