Após a ''Esperança'' escrita por HungerGames


Capítulo 36
Capítulo 36


Notas iniciais do capítulo

..''eu encontro Peeta sentado encostado na parede ao lado da cama, a cabeça entre os joelhos e as mãos em cima da cabeça apertando-a, é então que eu entendo o que está acontecendo, Peeta está tendo flashes''...



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Já estou dentro do quarto e indo na direção do Peeta quando a Effie fala.
– Cuidado com as unhas! – ela fala alto, eu me viro rapidamente pra olhar pra ela, por que eu simplesmente não consigo acreditar no que ela acabou de falar, com tudo o que está acontecendo aqui ela está preocupada com as unhas? Mesmo com o horror pelo que eu escutei eu apenas olho pra ela encarando-a sem dizer nada, por um segundo ela parece envergonhada pelo que disse e fala com a voz e a cabeça baixa.
– Deu trabalho! E já está quase na hora! – ela fala como uma criança que falou uma besteira e eu não aguento mais olhar pra ela, então a ignoro e volto meu caminho pelo quarto até o Peeta.
Eu me sento ao lado dele, encostada na cama, olho em volta do quarto mais uma vez e respiro fundo antes de fazer algo, então levo minha mão ao cabelo dele e começo a acariciar e pentear com os dedos, a respiração dele imediatamente fica ofegante, posso sentir o tremor do corpo dele, ele está suando frio e todo seu corpo transpira a tensão que está nele, como sempre acontece quando eu o vejo assim meu coração se aperta e eu sinto uma dor profunda em vê-lo desse jeito, desejando que fosse comigo e não com ele que isso estivesse acontecendo, mas eu tenho que forçar para minha voz sair calma e segura.
– Não é real! – eu falo me aproximando mais dele.
Ele continua com o tremor e a tensão, ele também murmura algumas coisas que eu não consigo entender o que é, mas posso ver que ele está lutando contra ele mesmo pra conseguir se controlar.
– Eu estou aqui Peeta, você não está sozinho! – eu continuo tentando acalmar ele – Não é real! Olha pra mim! – eu falo na esperança que ele me olhe mas é em vão, por que a situação continua a mesma. Eu continuo com meus dedos pelo cabelo dele e minha outra mão no braço dele tentando passar alguma espécie de conforto e segurança assim como ele sempre faz comigo. Ele levanta a cabeça e me olha e por alguns segundos eu enxergo aqueles olhos azuis de sempre, mesmo com a sombra que passa por trás dele, eu o encontro por um breve momento, como se ele quisesse me dizer algo, mas logo esse olhar é substituído e eu me vejo encarando olhos com ódio e raiva, suas pupilas dilatadas, meu coração se acelera novamente com uma mistura de apreensão e incapacidade.
– Peeta! Não é real! – eu falo mais uma vez olhando nos olhos dele, dessa vez ele fecha os olhos fortemente, jogando a cabeça pra trás, os braços apertados em volta das suas pernas.
– Fica comigo Peeta! – eu peço quase implorando e eu sei que ele está lutando pra isso, quando ele abre os olhos de novo eu tenho essa certeza por que novamente eu encontro o olhar dele e eu sei que ele está tentando controlar mas eu também sei o quanto é difícil.
Eu continuo com a minha tentativa, eu colo meu corpo ao lado dele e continuo com minhas mãos no cabelo dele, ele fecha os olhos novamente seu corpo está tenso novamente e sua respiração está ainda mais forte e eu sei que é por causa do meu toque mas mesmo isso me machucando terrivelmente eu não desisto.
Então eu tento algo que eu acho que pode ter mais efeito, eu me lembro de quando ele me contou da primeira vez que ele me viu cantando, então eu começo a cantar a Canção do Vale assim como ele disse que eu fiz na escola. Minha voz sai rouca e baixa demais no primeiro verso, mas eu me concentro em cantar mais firme, eu encosto minha cabeça na parede de olhos fechados assim como ele está e seguro a mão dele, mesmo ele me rejeitando, e continuo a cantar, já estou na metade da música quando sinto a mão dele se fechando na minha, abro meus olhos e encontro ele com a cabeça de lado me olhando, eu continuo a cantar enquanto deixo nossos olhares se comunicando, o corpo dele finalmente começa a relaxar, seus olhos voltam ao normal, eu termino a música e nós permanecemos nos olhando, eu abro um pequeno sorriso pra ele, mas ele mantém sua expressão me observando, eu passo meus dedos pelo contorno do rosto dele e trago o rosto dele pra perto de mim, ele está com a aparência exausta, com dor, não física mas mental, eu coloco a cabeça dele no meu colo e começo a passar minhas mãos pelo cabelo e pelos ombros dele, sinto ele relaxando e eu também começo a relaxar, alguns minutos depois ele se levanta do meu colo e volta a se sentar do meu lado.
– Oi! – eu falo sussurrando sem saber ao certo o que dizer, por que ele sempre fica muito mexido quando isso acontece – Está tudo bem agora! – eu falo com a voz firme.
Ele nega com a cabeça e depois de alguns segundos ele fala – Nunca vai ficar tudo bem!
Eu sabia que ele ia ficar assim, ele simplesmente se culpa por isso mas é claro que a culpa não é dele, talvez seja minha mas não dele.
– Peeta, não faz isso! Já passou! – eu falo me preparando pra uma possível discussão sobre isso – Nós conseguimos! – eu concluo.
Ele já estava pronto pra retrucar quando eu quebro nosso espaço e o beijo, primeiramente ele não se move, mas eu mantenho meus lábios nele e então ele corresponde ao beijo como sempre faz, quando eu me afasto dele, seguro o queixo dele e olhando nos olhos dele eu falo com a voz segura e decidida.
– Eu te amo! – o sorriso que sai quando eu digo é impossível de ser bloqueado – Eu não quero discutir isso – eu concluo colocando o dedo nos lábios dele para impedi-lo de falar algo, ele solta um pequeno sorriso– Você precisa tomar banho, agora! – eu termino de falar me preparando pra me levantar, quando a mão dele no meu braço me faz parar, eu me viro pra ele preparada pra tentar retrucar quando encontro o rosto dele já próximo do meu, ele me puxo para os braços dele e me beija mais uma vez, com paixão, mesmo surpreendida com a reação dele eu correspondo ao beijo com toda a paixão que eu também tenho por ele, o beijo foi muito mais intenso que o anterior, os braços dele estão em volta do meu corpo e nós estamos mais juntos, quando o barulho de alguém tossindo nos chama atenção. Nós nos separamos e encaramos Haymitch que está parado no meio do quarto nos observando.
– Pelo visto está tudo bem por aqui! – ele fala erguendo a sobrancelha.
– O que você está fazendo aqui? – eu pergunto, saindo do abraço do Peeta e me sentando ao lado dele.
– A Effie me chamou! – ele responde e eu já entendo o que é, depois de ver o Peeta assim, ela deve ter achado melhor pedir a ajuda do Haymitch.
– Eu estou bem! – Peeta fala enquanto se levanta.
– Ah eu vi, você realmente está muito bem! – ele fala com ironia.
Peeta me ajuda a levantar, eu aceito a ajuda dele e me levanto. A Effie chega no quarto já transbordando a ansiedade e o nervoso, mas tentando se controlar.
– Nós vamos nos atrasar! – ela fala quase como um grito – Katniss, por favor você tem que terminar de se arrumar! – ela implora.
Eu olho pro Peeta e ele concorda com a cabeça.
– Vai lá! Eu vou tomar banho – ele confirma forçando um sorriso.
Eu concordo e antes de sair dou um beijo rápido nele, quando passo pra sair do quarto endireito a poltrona que estava virada e a coloco no canto, me viro mais uma vez pra olhar pro Peeta e ele já estava entrando no banheiro, me viro pra frente de novo e volto meu caminho seguindo a Effie até o quarto mas antes de entrar no quarto Haymitch segura meu braço.
– Eu preciso de dois minutos com ela! – ele fala olhando para Effie.
– Nós estamos muito atrasadas, ainda temos que terminar a maquiagem... – ela começa a reclamar mas Haymitch ergue a mão pra ela se calar.
– São dois minutos! – ele insiste me forçando a andar mais alguns passos pro fim do corredor.
Mesmo contra vontade Effie permite – Dois minutos! – ela grita antes de entrar no quarto de novo.
Ele para de frente pra mim e antes que ele fale algo eu tomo a frente e falo.
– Eu não sei o que aconteceu dessa vez! Estava tudo bem, ele estava bem! – eu falo rapidamente ainda tentando entender o que pode ter feito os flashes aparecerem hoje.
Ele balança a cabeça pra um lado e pro outro com uma cara de reprovação, então ele segura meus ombros me olhando nos olhos e falando com a voz firme e clara.
– É isso que você tem que entender! Não precisa acontecer nada! Esse é ele agora. – ele fala calmamente me observando, eu permaneço quieta olhando pra ele.
– Katniss, o que ele passou, nem os médicos sabem explicar ao certo o que aconteceu! Ele não vai se curar disso só por que vocês estão juntos agora! Se você realmente decidiu ficar com o garoto, você tem que entender de uma vez por todas que essa não será a ultima vez que isso vai acontecer, esse é ele agora! – ele fala tudo da forma mais clara que ele consegue e eu acho que entendo perfeitamente o que ele quer dizer, eu estava tentando entender o que tinha acontecido pra ele ficar assim, mas a realidade é que esses flashes não dependem de nada eles simplesmente acontecem. Eu ainda estou digerindo e entendendo isso mas quando a voz da Effie aparece estridente atrás de nós eu já estou certa do que penso.
– Eu já passei por coisas piores! Isso é moleza! – eu falo firme e posso ver o sorriso dele abrindo eu também sorrio.
– Era o que eu esperava! – ele fala bagunçando meus cabelos o que faz a Effie dar mais um gritinho e correr pra me ‘’salvar’’ dele.
Nós voltamos pro quarto e Octavia e Flavius estão impacientes querendo saber o que aconteceu.
– Está tudo bem! – eu falo cortando o assunto, eles ainda ficam com caras curiosas, mas eu mudo de assunto de novo – A roupa do Peeta , vocês que escolheram? – eu pergunto e eles se esquecem do assunto anterior.
– Eu escolhi! – Flavius fala rapidamente e orgulhoso – Ele vai ficar lindo! – ele fala batendo as mãos.
Começam então a falar sobre roupas e mais outros assuntos que eu não entendo, então simplesmente me desligo da conversa e sigo as instruções de vira, levanta, fecha os olhos e assim depois de mais um certo tempo porém mais rápido do que eu imaginei, já chegou a hora de colocar o vestido, quando Effie o traz eu sinceramente o acho muito bonito, eles me vestem e eu me olho no espelho. O vestido é rosa com algumas machas de laranja claro na barra do vestido, ele tem alças que vão para minha nuca, um decote em V porém não profundo, justo até na cintura e então ele se alarga até o joelho, balançando levemente quando eu me movo, as sandálias são laranjas do mesmo tom que está no final do vestido, e para o meu alivio não sãos tão altas e nem tão apertadas como as de ontem, meu cabelo está parcialmente preso e algumas mechas caem pelas minhas costas com cachos bem penteados, por isso eu não minto quando depois de me olhar eu sorrio – Uau! – eu falo segurando a barra do vestido e dando uma volta – Ficou lindo! – eu falo olhando pra eles e eles estão orgulhosos de si mesmo.
Então Effie dá tapinhas no ar, nos apressando.
– Vamos, vamos, nós já estamos quase atrasados! – ela está tonta de tanta pressa.
– Ok, já estamos indo! – Octavia fala já saindo do quarto e nós saímos também.
Quando chegamos na sala, Haymitch e Peeta já estão prontos e sentados nos esperando, quando me vê ele se levanta e vem na minha direção, ele para próximo de mim me olhando de cima a baixo, então sorri grandemente – Você está linda! – ele fala com a voz macia.
Eu também o olho de cima a baixo, ele está com uma blusa branca justa no corpo que vai até o pescoço dele, por cima está com um casaco que vai até o joelho, marrom, que também segue o contorno do corpo dele, que parece está se enquadrando cada músculo do corpo dele, a calça também é da mesma cor e do mesmo tecido que o casaco. Eu dou um sorriso como o dele – Você também não está nada mal! – eu falo sorrindo e agarrando a gola do casaco dele puxando ele pra mais perto, ele se aproxima e nós nos beijamos, deixando a Effie reclamando que irá borrar meu batom, ele sorri e se separa fazendo um sinal de continência pra ela.
– Flavius, você realmente acertou. - eu falo piscando pra ele e ele se sente orgulhoso.
– Vamos! Temos que sair agora! – Effie anuncia nos guiando.
– Ah não peraí! – eu paro de andar e eles me olham – As malas! – eu falo olhando pro Peeta – Eu não quero ter que voltar aqui! – eu explico.
– Nem eu! – ele concorda sorrindo e sai na direção do quarto, volta trazendo as duas malas, ele para do meu lado, eu pego minha mala e ele coloca o braço em volta da minha cintura, nós voltamos a andar em direção a porta.
– Nem acredito que a gente está indo embora daqui! – eu falo empolgada quando fechamos a porta.
Ele sorri, me dá um beijo rápido e fala no meu ouvido – Quanto mais perto estamos de casa, mais perto eu estou de você se casar comigo!
Eu sorrio, devolvo o beijo dele – Então, vamos correr! – eu falo segurando a mão dele, ansiosa pra isso acontecer logo.


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