Phoebe sempre gostou de livros, o que tornou o trabalho ainda mais agradável. Todo cheiro de livros, toda aquela informação reunida em um lugar só tornava o local de certa forma... aconchegante.

Porém ela estava toda bagunçada. Eles levariam, claramente, a tarde inteira para organizar a biblioteca. Começaram a arrumar os livros, colocando-os em ordem alfabética. Em períodos regulares, Leo soltava uma piada boba.

Subitamente, Leo subiu numa mesa, com um livro aberto, e leu:

—“No céu o olhar de minha amada flutuaria pelo éter, tão brilhante que os pássaros começariam a cantar, pensando que era dia.”.

O que era isso? Leo estava recitando Shakespeare para Phoebe?

Ele estendeu a mão, e ela subiu na mesa, apreensiva. Leo, numa das mais inesperadas atitudes, ele a beijou. Não era um beijo voraz, era um beijo doce, talvez até um pouco inseguro. Phoebe ficou surpresa, mas depois acabou o abraçando. Ele acariciava os cabelos dela, de um jeito tão gentil... PAF!

No início do beijo, Phoebe havia recuado um pouco, e depois Leo foi ficando mais perto e mais perto, e eles caíram da mesa. Leo estava em cima dela, e ele a fitou. Continuou a beijá-la, inocentemente. Que menino inocente. Mesmo tendo a garota de seus sonhos ali, sob ele, sendo beijada, ele só queria isso. Apenas beijá-la.

Ele não havia se apaixonado pelos peitos, pela bunda, pelo corpo de Phoebe. Tinha se apaixonado por aquela garota tímida, ignorada e que ninguém compreendia.

Phoebe estava feliz, mas ao mesmo tempo confusa. Ela nunca havia pensado em Leo daquele jeito. Era só um amigo. Mas pelo beijo de Leo, acho que ele não pensava o mesmo dela.

Os dois pareciam pimentões. O menino saiu de cima dela e se encostou em uma estante, desconcertado.

Phoebe continuou deitada, com a respiração acelerada.

—Você é louco.

Os dois ficaram em um silêncio constrangedor. Ela então levantou-se, sem graça, e falou a Leo que eles podiam conversar depois que arrumassem a biblioteca. Lá podia ser aconchegante, mas os pulmões dela estavam pagando as consequências de todo aquele pó.

Terminaram de arrumar o local perto do pôr-do-Sol. Caminharam até o jardim. Se sentaram nos habituais lugares.

— Leo Valdez, o que deu em você?

— Você não gostou do beijo?

— Gostei mas.... Argh! Achei que erámos só amigos! — A expressão de Leo mostrou uma ponta de decepção.

— Só amigos? Hã... Acho que eu fui muito rápido...

— Foi...

— Desculpe-me, Phoebe...

— Desculpas aceitas.

— Mas eu beijo bem, fala a verdade!

— Eu achei a declaração fofa, Romeu e Julieta...

— Combinado ao meu beijo Leosistíco...

— Para, seu bobo!

— Me cale com um beijo, então!

Phoebe deu um beijo na bochecha de Leo, e saiu correndo, com um sorriso travesso em seu rosto pálido. Leo fez uma cara de ultraje, e correu na direção da garota. Eles deram as mãos e caminharam pelo jardim, observando o Sol se pôr.