Leo e a Busca por Grayton escrita por Matheus


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Agradeço a todos por acompanhar!!! Fiquei muito feliz quando vi que algumas pessoas estavam lendo e ainda mais quando falaram que gostaram. Comecei a escrever como se fosse um livro, ai uma amiga me indicou esse site e decidi postar a história. Enfim...vamos descobrir logo o que acontece depois que Leo, Emily e Mike vão dormir no hotel.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/433287/chapter/10

O sono de Leo foi perturbado. Acordou várias vezes assustado durante a noite pensando que os fantasmas tinham arrombado a porta do quarto e os iriam sequestrar. Felizmente, eram apenas sonhos. Leo começava a dar mais importância para os sonhos desde que sonhara com a noite em que os pais foram mortos.

Acordou antes de todos e preparou o café da manhã, não com tanto exagero que tinha o anterior. Leo não estava mais animado com o fato de poder fazer comida através de sua varinha, a preocupação o limitou.

Não acreditava que Brian pudesse ajudá-los e não tinha certeza de que podia construir um carro. Emily e Mike estavam confiando nele, ele tinha que conseguir. Nunca fora muito responsável, e agora todo esse peso em suas costas dava vontade de chorar, mas tinha que ser forte, não podia demonstrar fraqueza, Grayton dependia dele.

Quando Mike e Emily acordaram o café já tinha esfriado, Leo lamentou ao perceber que tinha de fazer mais café.

A refeição demorou um pouco mais do que Leo esperava, queria que fossem rápidos e teve de contar seus sonhos na noite passada. Emily e Mike não deram muita importância, mas mesmo assim se apressaram ao perceber a preocupação do amigo.

–Tenho notado você mais preocupado desde o incidente na casa de Scott – observou Emily tentando recuperar o humor de Leo.

–Não tá tudo bem – mentiu Leo pra que não levassem mais tempo naquele quarto - Mas sinceramente, vocês realmente acreditam que Brian tenha poder pra abrir um portal pro mundo de Grayton? Suponhamos que eu consiga esse carro, levaríamos muito tempo pra chegar ao Maine e as chances de conseguirmos o que queremos é mínima, pode ser que Grayton não esteja em seu mundo e que Brian não nos ajude. O que eu estou querendo dizer é que... eu também sou poderoso, na verdade... essa varinha é poderosa, talvez ela possa servir como adaga.

–Também pensei nisso essa noite, mas não queria pedir que se esforçasse mais pra nos ajudar. Mesmo que você consiga seria um trabalho árduo – disse Emily quando Leo finalmente terminou de falar.

–A questão não é essa Emily, não me importo de ajudar vocês, na verdade eu quero, eu preciso. Só acho que deveríamos ser mais rápidos, Grayton acredita em nós. O nosso primeiro plano já falhou, mas se esse segundo falhar talvez não o encontremos, ou pior, Grayton pode estar... vocês sabem...morto.

–Você tem razão. O que sugere que façamos? – perguntou Emily.

–Esse é o problema, não sei. Eu pensei numa coisa, mas não acho que seja a melhor escolha, nem sei se é possível, além do mais seria perigoso – disse Leo.

–Mesmo assim fale, ideias são sempre bem vindas.

–Achei que poderíamos capturar uma daquelas criaturas e a obrigar a falar onde está Grayton e se ele realmente estiver em seu mundo com quem está a adaga pra chegarmos lá, já que não acho que posso fazê-lo com essa varinha, não agora. Essas criaturas não parecem ser muito inteligentes, afinal nos deixou escapar. Mas é só uma ideia idiota que me veio à mente.

–A sua ideia não é muito absurda – disse Emily – Quando eu estava indo dormir me lembro de um livro que encontrei na biblioteca da casa de Grayton. É um livro muito antigo, que encontrei a muitos anos atrás. Grayton não me deixou ler, disse que aquele livro não era pra crianças, pois ensinava a fazer muitos feitiços malignos e tinha informações sobre criaturas perigosas. Mas disse que um dia que fossemos maiores poderíamos consultá-lo se realmente precisássemos.

–Parece que esse dia chegou, não é mesmo meus amigos?– disse Mike que estava no sofá, Leo e Emily tinham até esquecido que ele estava ali.

–Pode ser. Não achei que fosse uma coisa muito importante, eu era só uma criança, então o esqueci facilmente.

–E onde está esse livro agora? – perguntou Leo.

–Se nada aconteceu está na prateleira da biblioteca.

–Se todos concordarem voltaremos pra mansão para achar esse livro.

–Sem dúvida essa ideia é melhor que ir até o Maine falar com Brian. Podemos voltar, mas será perigoso. Com certeza essas criaturas já invadiram a mansão nos procurando, não nos encontraram e voltarão a nos procurar lá – concluiu Emily.

–Sim. O bom é que não teremos dificuldades em atrair a atenção deles. Quando eles invadirem a mansão, se tudo der certo, já estaremos preparados pra capturá-los.

–Tudo bem pra você Mike? – perguntou Emily.

–Claro, vocês que mandam – respondeu Mike empolgado.

–Então iremos à mansão ainda hoje, lemos o livro e nos preparamos pra capturarmos aquelas criaturas, quando conseguirmos a obrigamos a contar onde Grayton está e como chegamos lá. Este é o plano. Mas só tenho uma pergunta: Como vamos obrigá-los a contar o que queremos? – perguntou Emily.

–Não podemos fazer isso com um feitiço comum? Não existe nenhum que possa fazer isso?

–Na verdade existe e não é muito complicado. Mas não sei se funciona com aquelas criaturas.

–Por enquanto vamos manter o plano assim. Deve haver alguma coisa no livro sobre isso, se não tiver usamos o feitiço comum.

Leo se decidira que não conseguiria construir um carro tão rápido pra chegarem à mansão. A solução que encontraram foi pegar um carro velho num depósito perto do hotel e fazê-lo funcionar. Não queria fazer isso, mas colocou na cabeça que aquele carro nunca mais ia funcionar, então não tinha problema pegá-lo “emprestado”, apesar de não terem certeza se iriam devolvê-lo.

Era um Chevette de 1986, branco com a pintura toda arranhada e descascando, os pneus estavam furados, mas Leo deu jeito nisso sem problemas.

O dono do depósito era um homem baixo com aproximadamente 35 anos, careca e usava óculos com armação já enferrujada e emendada com pedaços de arame também enferrujados. Deram a desculpa de estar procurando um carro antigo da família que um dia seus pais lhe contaram sobre ele. Era um homem arrogante que não deu muita atenção pra eles, Leo agradeceu por isso, não queria que ninguém ficasse encarando eles, mas mesmo assim não arriscou e confundiu o homem, fazendo-o esquecer completamente do carro e deles.

Tinha um rádio antigo no painel de plástico do carro, estava todo empoeirado e não funcionava mais, Leo conseguiu ligá-lo com magia, mas não tinha nenhuma estação que estivesse passando alguma música legal então preferiu desligar, os amigos não discordaram.

Nenhum dos três sabia dirigir. Leo usou seus conhecimentos que adquiriu tentando construir um carro e fez o Chevette dirigir sozinho. Esperava não encontrar nenhum policial, se encontrassem poderia fazer o que fez com o baixinho careca do depósito, mas preferia não ter que fazê-lo. Saíram do depósito levantando fumaça pra todo lado.

Morreram de vergonha com aquele carro, todos na rua olhavam pra eles e a fumaça preta que saia do escapamento obrigava as pessoas a fecharem os olhos e algumas tossiam, mas aquele carro era tudo o que tinham. Com todos os carros modernos de hoje, por que alguém andaria numa lata velha daquela. Leo se encolheu no banco do motorista pra que ninguém na rua ficasse olhando pra ele.

A caminhada que levou 3 horas, de carro levou 40 minutos, se tivessem um carro melhor, com certeza chegariam mais rápido. Leo pensou que ao invés de construir um carro, poderia melhorar aquele. Não ia ser muito difícil, uma vez que a estrutura do carro estava pronta.

Pararam do outro lado da mansão em frente a uma casinha azul aconchegante com uma nuvem gigantesca de fumaça. Quase todos os vizinhos saíram pra fora, queriam saber o que estava acontecendo.

–Esses nossos vizinhos, sempre foram curiosos! – exclamou Mike.

Ninguém prestou muita atenção no comentário de Mike. Ou melhor, ninguém nunca prestava atenção no que Mike falava, muitas vezes o que tinha pra dizer não era nada importante.

Entraram na mansão rapidamente se esquivando dos olhares curiosos dos vizinhos. Aparentemente a mansão estava normal, nada fora do lugar, exceto pela ausência do gato de Mike que não veio quando foi chamado pelo dono.

–Parece que levaram Sammers – disse Mike.

–Não sei por quê. Ninguém ia querer aquele gato feio e velho. Tenho uma dívida com esses sequestradores – exclamou Emily.

Mike engoliu em seco. Preferiu não dizer nada, uma discussão nessa hora não seria de grande ajuda, além do mais sabia que ia ser ignorado.

–Onde é a biblioteca? – perguntou Leo.

–É lá encima – disse Emily apontando para as escadas cheias de teia de aranha – Espero que o livro ainda esteja lá, depois de toda aquela confusão talvez ele tenha mudado de lugar.

Subiram as escadas e viraram a direita num corredor extenso. Leo se lembrou que os quartos dos amigos eram na direção oposta. Entraram por uma porta bem larga que dava de frente com uma enorme estante de livros que se alongavam até o teto, organizadas em prateleiras. Ao todo, deveriam ter umas 20 dessas prateleiras. Grayton tinha uma grande coleção, não conseguiu conter um suspiro de admiração. Eram dos mais variados assuntos e tamanhos. Tinha livro sobre poções, feitiços, plantas mágicas e muitos outros.

Leo nunca gostou muito de leitura, mas tinha uma ligeira impressão de que começava a gostar agora. Teve vontade de pegar e ler todos eles.

–Faz um tempo que não visito esta sala. Costumava ser meu lugar favorito antes de Grayton nos encarregar de cuidar de você – disse Emily.

–Sinto muito – desculpou-se Leo.

–Não sinta. Foi só um comentário desnecessário.

–Tudo bem – concordou Leo – Onde está o livro?

–Na última prateleira, me lembro de quase cair subindo pela escada.

Emily deslizou uma grande escada pelas prateleiras. Ela tinha rodinhas nas pontas que permitia movimentá-la na grande estante e subiu os degraus lentamente, a altura da estante impressionava. Ficou um tempo deslizando lá encima quando finalmente gritou:

–Achei!

Era o último livro da prateleira. Estava todo empoeirado. Ao puxá-lo uma aranha subiu pela sua mão. Emily gritou de susto e ficou com medo que o episódio anterior das aranhas se repetisse. Pra sua sorte não aconteceu.

–O que foi? – perguntou Leo ao ouvir o grito da garota.

–Nada – respondeu Emily sem demora – Era só uma aranha.

Desceu as escadas um pouco mais afobada comparando com o modo que subiu. Quando estava nos últimos degraus escorregou e caiu, não no chão, mas nos braços de Leo. Estava bem ali no pé da escada quando Emily caiu e a segurou com firmeza. Ele sorriu pra ela e o recebeu de volta em resposta de Emily.

–Deve tomar mais cuidado – disse Leo enquanto colocava Emily no chão com segurança.

–AH claro, vou ter, e... obrigada – essa última palavra saiu um pouco mais baixa que as anteriores, talvez estivesse com vergonha.

Mike olhou desconfiado, mas não disse nada a respeito, desconversou e disse:

–E então é esse livro mesmo?

–Sim, não tenho dúvida – respondeu Emily alisando-o e tirando a poeira com as mãos.

Abriu o livro e após um tempo percorrendo as páginas do livro disse:

– Achei, aqui está. Vou ler em voz alta.

OS DIXENS

”Os Dixens são almas de feiticeiros maus que foram condenados a viver trancados. Eles têm a mesma aparência do feiticeiro que eram em vida, porém mais parecidos com fantasmas. Não podem falar, e só conseguem escutar a pessoa que os libertou. Só são libertados se forem invocados por um feiticeiro. Quem o fizer terá o respeito dos Dixens e a ele obedecerão.

Como já são criaturas mortas não é possível destruí-las completamente. Quem está sendo atacados por essas criaturas só tem duas opções, são elas: arremessá-los longe e capturá-los. Arremessá-los não é a melhor opção, pois depois de algum tempo eles se levantam e atacam novamente, portanto, a melhor opção é capturá-los. Se você tentar capturá-los não os mandará de volta à sua prisão, o único que pode fazer isso é quem os libertou, você estará apenas o imobilizando, como se estivesse envolvendo-os por cordas invisíveis.

Os Dixens possuem memória, não da sua antiga vida, mas sim da que estão presenciando agora. A memória dos Dixens é basicamente as ordens de seu mestre, portanto é bem rudimentar tornando o acesso a ela muito complicado. Por não enxergarem não é possível ver a memória dele, somente escutá-la. Poucos feiticeiros fizeram isso através de um feitiço muito complicado. Esses feiticeiros disseram que entraram na mente dessas criaturas e escutaram as ordens que lhes foram dadas.

Emily terminou a leitura e Leo se assustou com a pergunta seguinte de Mike. Estava tão concentrado na doce voz de Emily que tinha se esquecido que não estavam sozinhos.

–Só isso? Não tem mais nada sobre eles? – perguntou Mike

–Só há uma imagem de um Dixen – disse Emily mostrando a foto.

Com certeza, a figura que está no livro era a mesma criatura que eles tinham enfrentado na casa de Scott.

–Mas acredito que essas informações bastam – concluiu Leo.

–Certo, então temos um plano – disse Emily – Vamos esperar aqui até esses Dixens chegar. Se chegarem vamos seguir as instruções, capturamos todos eles com aquelas cordas invisíveis e escolhemos um para entrar em sua mente e escutar as ordens de quem os libertou. Se eles enxergassem poderíamos ver quem é essa pessoa, mas infelizmente, não vai dar. Alguém contra?

Os dois balançaram as cabeças negativamente. Uma coisa que Leo aprendera nesses dias em que passaram juntos era que nunca devia discordar de Emily.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Leo e a Busca por Grayton" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.