A floresta que eu me localizava presa estava fria e tenebrosa. No céu não havia nenhum sinal das estrelas ou da lua. A névoa que havia no local estava densa, o que me impedia de ver.

Minhas mãos estavam presas em uma árvore. Tentei me libertar várias vezes, porém toda vez eu sentia uma forte dor em todos os meus membros. As espécies de algemas que estavam me prendendo haviam começado a cortar meus pulsos.

Não me lembro de como eu vim parar aqui, um lugar frio e tenebroso.

Estava em um estado totalmente deplorável. Cheia de hematomas e minha veste de La Geas estava rasgada quase por completo. Estava fraca e sem nenhuma esperança de que alguém possa me encontrar.

Pela primeira vez não sabia o que fazer. Entrei em desespero. Não conseguia conter os gritos que fugiam de minha boca. Meus gritos só foram contidos por uma voz de uma jovem que me chamou a atenção.

— Faz tempo que nós nos vemos não é Mari? – Olhei para onde vinha à voz desesperadamente, porém o ato foi sem sucesso.

— Quem é você?! – Perguntei.

— Eu sou uma pessoa muito parecida com você! – Ela saiu de dentro da névoa, entretendo não consegui ver seu rosto. Ela estava usando uma capa com capuz que cobrira seus pés a cabeça.

— Se mostre! – Ordenei. Sentia um pouco de receio de descobrir quem era ela.

A mesma não hesitou em tirar a capa e jogar no chão.

— Viu? Eu sou muito parecida com você! – Fiquei em choque ao ver a aparência dela.

Ela possuía as mesmas características que a minha, seria quase como me ver no espelho se não fosse seu cabelo, que tinha uma tonalidade diferente, e suas vestes, que eram quase parecidas com a minha, se não fossem vulgares e de cores diferentes.

— Quem é você?! – Perguntei novamente. Seus olhos também heterocromáticos me fitavam.

— Eu sou o seu lado mais cruel e sombrio, o seu lado das trevas, a bruxa sombria! – Em seguida asas negras apareceram em suas costas fazendo uma forte rajada de vento que fez toda a névoa se decepar, depois sumiram novamente.

— Nã-não é possí... – A bruxa me interrompeu.

— Sim, é possível! Você sabe muito bem que todas as pessoas têm seu lado maligno, até a pessoa mais amigável tem seu lado mau. E eu sou seu lado maligno! O lado que nunca mais tinha sido despertado. Mas quando eu despertar será caótico. Toda Ernas ficará coberta pelo caos. Ah, já imagino Ernas sendo destruída, e você estaria no meio do caos, totalmente descontrolada, destruindo tudo que ficaria em sua frente, principalmente seus amigos. – Senti um grande frio percorrer meu corpo e comecei a tremer. O medo tomou total controle de mim.

Como isso poderia acontecer? Será que ela é mesmo meu lado do mal? E se ela despertar isso acontecerá mesmo? Várias dúvidas invadiram minha mente.

— Isso mesmo, se desespere! É desse jeito que eu quero que você fique. – Ela soltou uma gargalhada psicótica.

— Isso nunca irá acontecer! Nunca machucaria meus amigos! Princi... – Fui interrompida.

— Sieghart? Huf, você acha que ele liga para você?! Nunca notou que ele estava apenas interessado na bíblia?! E você considera aquelas pessoas seus amigos?! Nunca pensei que a princesa de Calnat fosse tão estupida! – Senti a ira me invadir.

— Não fale isso! Você não sabe nada ao meu respeito! – Gritei enquanto tentava me soltar.

— Sei mais do que você imagina! – Gargalhou.

— Me liberte para eu derrota-la! – Gritei após minha tentativa de me soltar ter sido em vão. Se eu conseguisse evocar uma W.D.W poderia mata-la.

— Mesmo que eu te libertasse você não teria a mínima condição de me derrotar, você está fraca. E se me derrotasse eu sempre voltaria para lhe assombrar. Estou apenas ajudando você perder o controle! – Senti medo, minhas mãos ficaram frias novamente.

Não aguentaria ficar desse jeito por muito tempo. Estava fraca e indefesa.

— Hora da parte que eu mais esperava! – Ela sorriu, em seguida evocou uma W.D.W apontada em minha direção. – Lembre-se que eu sempre voltarei para te atormentar. Você só ficará em paz quando você enlouquecer e destruir tudo! – Estremeci quando ela gargalhou enlouquecidamente após terminar de falar, logo após lançou a W.D.W em meu peito.

Acordei suada e ofegante. Ainda sentia a dor da W.D.W penetrando meu peito. Passei a mão onde deveria estar à ferida, mas ela não estava. Soltei um longo suspiro após perceber que tinha sido só um sonho. Mas será mesmo que foi só um sonho? Parecia tudo tão real, as dores, os medos, era como se fosse de verdade.

Naquela noite eu não voltei a dormir, estava com medo de ter pesadelos novamente com a garota, mas as últimas palavras antes de ela lançar a lâmina de meu peito ficaram ecoando e minha mente.

‘‘Lembre-se que eu sempre voltarei para te atormentar. Você só ficará em paz quando você enlouquecer e destruir tudo!’’