Durante o novo ano letivo, Lucy, a melhor aluna da turma decidiu que mudaria sua personalidade. Deixaria a timidez e lado e faria amigos, e numa dessas, quem sabe não se apaixonaria também? Paixão, este era um sentimento não conhecido por Lucy. Ela era a “nerd”, ninguém ao menos conversava com ela.

No primeiro dia de aula, Lucy encoraja-se, adentrando a escola e indo em direção ao mural, onde iria se localizar e ir para sua sala de aula. Ao chegar lá, que no caso era a 1-A, havia apenas um lugar vago, próximo a janela e em frente a um garoto nunca antes visto por ela. “Deve ser um aluno novo”, pensou. O garoto estava imóvel, deitado sobre a carteira, e logo Lucy reparou em seus esplendorosos e medianos cabelos rosados, eram lindos.

Sem perceber, Lucy atraiu olhares e sorrisos maléficos dos outros alunos com sua chegada, e após ela se sentar no local vago, desencadearam diversas ofensas à garota. Sem saber como reagir, abaixou a cabeça e ficou em silêncio, se esforçando para impedir que lágrimas de dor e tristeza fossem derramadas pelo seu rosto.

Um som alto é escutado por todos. Com isso, os risos e gozações cessam e Lucy levanta sua cabeça, se surpreendendo com a cena a sua frente. O garoto que antes estava debruçado sobre a carteira, agora se encontrava em pé, em frente à garota e com uma expressão nada agradável.

– Deixem-na em paz! Ela é uma garota normal. Só porque possui notas melhores que a de vocês não é necessário que gozem dela por isso! Ela tem sentimentos, vocês não pensam nisso? Não pensam no quanto a machucam dizendo essas coisas? Para mim, vocês a invejam. Ao invés de fazerem isso, porque não se tornam amigos dela? Creio que vocês ganhariam muito mais dessa forma.

A cada palavra que era dita, Lucy arregalava mais seus olhos. Como alguém que nem a conhece poderia estar a defendendo? Como alguém era capaz de pensar coisas tão boas a respeito dela? Era o que Lucy pensava. Mas apesar da confusão que se formou em sua mente, ela tinha uma certeza, e era a de que deveria agradecê-lo. Porém, ao abrir a boca para fazê-lo, o professor adentra a sala e todos retornam para seus respectivos lugares, prevalecendo assim o silêncio.

Para tristeza de Lucy, o professor os poupou das apresentações do primeiro dia de aula, sendo assim, não conseguiu saber ao menos o nome do gentil garoto dos cabelos rosados. Sim, a garota já o apelidara de “gentil garoto dos cabelos rosados” e ninguém além de si mesma saberia disso.

Quando a hora do intervalo chegou, o garoto saiu apressadamente pelos corredores do colégio. Chegando ao gramado que havia próximo a quadra esportiva, se sentou sob uma árvore e abriu seu livro para ler tranquilamente.

Enquanto isso, Lucy permanecia paralisada. O garoto era muito rápido. Agora como ela saberia para onde ele foi? Mas estava determinada, iria procurá-lo. Porém, foi interrompida por um grupo de garotas que vieram conversar com ela, e pedir-lhe desculpas. Lucy sentiu-se emocionada, pois isso nunca ocorreu anteriormente. O grupo de garotas aparentou sinceridade, a deixando muito feliz. Seriam aquelas suas primeiras amigas? Provavelmente.

As garotas chamaram Lucy para lancharem juntas, porém a garota lembrou de que ainda queria agradecer ao seu “salvador”, pois apesar de não ter passado muito tempo, ela já pode notar diferenças no comportamento dos demais em relação a ela, então simplesmente disse que tinha algo para fazer, mas que no dia seguinte adoraria lanchar com as garotas.

Após andar por toda a escola, Lucy não viu nenhum sinal do garoto. Sendo assim, foi ao último lugar que lhe restava para procurar: a quadra esportiva... Ao chegar lá, a encontrou vazia, porém ao reparar no gramado o avistou com uma face serena, demonstrando interesse pelo que estava fazendo e seus cabelos sendo bagunçados pelo vento.

Lucy se aproximou, mas o que diria a ele? Sua timidez estava querendo aparecer novamente, mas ela não permitiria. Quando se aproximou o suficiente, o cutucou e foi surpreendida pelo mesmo, que a puxou a fazendo cair sentada ao lado dele. Ainda estarrecida com a atitude do garoto não, conseguiu dizer nada até que o mesmo chamou sua atenção com um sorriso. Que sorriso foi aquele, que ao vê-lo fez com que o coração de Lucy saltasse em seu peito. Ela já havia visto aquele sorriso antes, mas onde? Foi então que tomou coragem e disse a ele:

– Obrigada! Você nem me conhece e mesmo sem saber, fez muito por mim hoje. Sou realmente grata a você. Muito obrigada!

Após tais palavras, o garoto esbanjou um tímido e triste sorriso, no qual Lucy pode perceber muito bem, então antes que ela lhe perguntasse o motivo de sua tristeza, o garoto lhe surpreende com uma pergunta.

– Você não se lembra de mim, Luce?

– Seu sorriso... Eu já o vi em algum lugar, porém não consigo me lembrar aonde, me desculpe.

Lucy no momento se encontrava extremamente corada. Aquele lindo garoto a conhecia? Ela não se lembrava dele, isso explicou o triste sorriso que foi esbanjado pelo mesmo.

– Você continua a mesma esquecida de sempre. – ele sorriu fracamente - Sou eu, Natsu. Costumávamos ser grandes amigos, acho que fui seu único amigo e...

Natsu deixou a fala morrer ali, como se criasse coragem para dizer às palavras a seguir e nesse momento, Lucy foi atingida por uma enxurrada de memórias. Era ele, o único amigo que já tivera. Como ela pôde esquecê-lo? Por mais que tivesse se passado cinco anos ou mais que eles não se viam, ele ainda se lembrava dela.

– Natsu! Como eu pude me esquecer de você! Sei que desculpas não tirarão a ferida que lhe causei ao ter me esquecido, mas acredite, você é importante para mim! Desculpe-me! Como eu pude fazer isso com você?

Lucy não conseguia mais parar de falar, porém parou ao sentir os braços de Natsu envoltos em si. Ele a abraçou e em seguida a beijou. Lucy ficou extremamente surpresa e seu coração batia de uma maneira nunca antes sentida por ela O que estava acontecendo? Que sentimento era aquele que crescia em seu peito? Por que ele a beijara?

Natsu se afastou e ficou extremamente corado, finalmente conseguira um beijo de sua amada.

– Lucy, desculpe. Foi a maneira que consegui para expressar meus sentimentos. Eu sempre amei você, apesar de no inicio parecer algo infantil, mas não era, Tanto que perdurou mesmo durante o tempo em que ficamos afastados. Como eu sou bobo, mal nos reencontramos, você não se lembrou de mim e eu já lhe surpreendo com uma declaração..

Sua fala foi interrompida por um abraço de Lucy, e então a garota sussurrou-lhe no ouvido:

– Ainda não sei o que é esse tal de amor, mas talvez esteja me apaixonando por você. Meu coração está batendo de maneira frenética, um sentimento novo está surgindo em meu peito, acho que é assim que nos sentimos quando o amor começa...

E assim, abraçados, estampavam os sorrisos mais lindos, que a partir daquele dia, estariam constantemente estampado nos lábios de ambos.