P.O.V Roberta

Conseguia achar varias palavras pra descrever como minha cabeça estava nesse momento, sou uma pessoa que odeia bebida, no máximo uma cerveja com meu pai quando estamos assistindo algum jogo ou filme, mas ontem a noite tenho certeza que passei do ponto, minha cabeça parecia que ia explodir e a claridade que entrava diretamente nos meus olhos parecia me queimar por dentro. Tentei me levantar e senti um braço na minha cintura, no mesmo momento eu gelei, olhei para o quarto com medo de ter feito alguma besteira bem maior que beber demais, quando reconheci meu quarto soltei um suspiro de alivio, me levantei um pouco de um jeito que eu ficaria meio deitada e meio sentada e olhei para o lado, acho que nunca na minha vida eu vi alguém tão linda quanto Mary estava naquele momento, ela tinha um rosto tão calmo, parecia tão tranquila, coloquei alguns fios de cabelos que estavam no rosto dela pra trás de sua orelha, ela nem se moveu quando toquei nela, tirei o braço dela de cima de mim e me arrastei para o banheiro.

As coisas ainda estavam bem confusas pra mim, me lembrava de ver Mary e Rafa se beijando, mas também me lembrava da explicação de Mary no táxi, me lembro de ter bebido bastante e também me lembrava de ter rejeitado Jack, o que foi um alivio pra mim, não que ele não fosse atraente, mas meu coração estava preso em uma certa guardiã que estava dormindo na minha cama agora, o que era muita loucura, coisas assim só deveria acontecer em filmes, onde que eu ia me imaginar me apaixonando por um anjo ?

Tomei um longo banho, voltei para o quarto e Mary continuava na mesma posição, fiquei sem saber o que fazer, não sabia se voltava pra cama ou se saia do quarto, olhei para cadeira do computador e estava pendurado meu maiô, o peguei e voltei para o banheiro o vestindo, talvez umas voltas na piscina me deixasse mais relaxada.

Quando sai do quarto deixei um beijo na testa de Mary e um bilhete dizendo que tinha ido a piscina.Caminhei lentamente pelos corredores, ainda estava cedo então a movimentação no patio era minima, assim que virei um corredor trombei com alguém, me fazendo cair no chão.

__ Desculpe...Ah, oi Roberta. __ Rafa disse sorrindo e me estendendo a mão para me ajudar levantar.

Ignorado a mão dela eu me levantei e me pus a limpar meu short atrás, não tinha nada contra Rafa, até gostava do jeito dela, mas querendo ou não eu sentia ciumes dela, afinal ela beijou minha anjinha.

__ Tudo bem. __ Respondi pegando minha bolsa e jogando nas costas novamente.

__ Ei, podemos conversar por alguns minutos ? __ Ela perguntou segurando meu braço.

__ Vou pra piscina Rafaela, minha cabeça parece que vai explodir e nadar sempre me faz me sentir melhor. __ Respondi forçando um pouco o braço pra soltar o meu.

__ Não quero que fique com raiva de mim pelo o que aconteceu ontem, fiz aquilo pra provar um ponto pra Mary. __ Ela disse mantendo a mão no meu braço.

__ Que ponto seria esse ? __ Perguntei desistindo de me soltar dela, ela tinha mais força do que eu imaginava.

__ Que você esta afim. __ Ela respondeu sorrindo e finalmente soltando meu braço, não tive de tempo de responder nada, ela deu as costas pra mim e saiu andando em direção aos dormitórios.

Ignorei Rafa e continuei andando em direção a piscina, ela estava verdadeiramente certa, eu estava realmente afim e qualquer coisa que eu falasse contra esse sentimento, seria uma completa mentira.

Cheguei na piscina e estava como eu imaginava, completamente vazia, tirei minha roupa e não me demorei a pular na piscina. Desde criança nadar sempre me acalmava e me ajudava a tomar algumas decisões, não que nesse momento estava ajudando desse jeito.

Estava fazendo algumas voltas sem submerge, quando estava pra levantar a cabeça para fora da água senti uma mão na minha cabeça me empurrando pra baixo, tentei em vão me soltar da mão e subir, estava começando a ficar sem folego, tentava em vão me levantar e me livrar da mão, não conseguia pensar em nada além de sair da água e não conseguia fazer isso, estava começando a perder força e sentia meus pulmões começar a arder, estava começando a desistir.

P.O.V Maryanna.

Acordei com batidas insistentes na porta, levantei contra minha vontade e me arrastei pra atender a porta, não antes de perceber que Roberta não estava no quarto.
Assim que abri a porta Rafa entrou com um sorriso no rosto e me estendendo um copo de café.

__ Bom dia. __ Ela disse se jogando na cama. __ Estranho...Sua cama esta arrumada, mas você estava dormindo... O que quer dizer que você estava dormindo na cama da...

__ Vamos pular suas conclusões, esta cedo o que esta fazendo aqui ? __ Perguntei bebendo um pouco do café, era uma coisa que eu realmente gostava, os humanos tinham essa dadiva que era a cafeina.

__ Parece que não foi só eu que acordei cedo, acabei de esbarrar com a novata gostosa no corredor.

No momento que ela disse isso surgiu um clique na minha cabeça, não tinha certeza do que era , só sabia que precisava ir até Roberta, coloquei meu copo na mesinha do computador e vesti uma calça de qualquer jeito, enquanto colocava uma camiseta.

__ Aonde vai ? __ Rafa perguntou confusa.

__ Tenho que ir. __ Respondi já correndo e saindo do quarto.

Corri como nunca na minha vida, não sabia onde ela estava, mas meu coração me guiava e eu escultava ele completamente, assim que avistei a sala da piscina entrei correndo.

Meu coração gelou quando vi ele segurando a cabeça de Roberta em baixo d'água, não pensei duas vezes, me joguei por cima dele o jogando junto a mim dentro da piscina, senti quando ele deu um soco na minha barriga, não tinha tempo de sentir dor, me joguei por cima dele tentando manter ele em baixo d'água, ele me chutou e nadou em direção a borda da piscina, já começava a nadar em direção a ele quando minha cabeça me alertou que Roberta continuava lá em baixo, nadei até ela tirando ela d'água, já estava começando a entrar em desespero, ela estava vermelha, comecei a fazer reanimação que tinha assistindo uma vez em algum lugar, ouvi Rafa gritando ao meu lado , mas não conseguia pensar em nada que não fosse fazer Roberta respirar, ela não poderia morrer, ela não tinha que morrer.

__ Mandem uma ambulancia pra cá ! __ Rafa gritava ao celular com alguém.

Continuei fazendo a massagem e por um minuto consegui respirar aliviada quando ela cuspiu a água e começou a respirar com dificuldade, mas meu alivio não durou muito tempo quando ouvi um grito abafado de Rafa.

__ A cabeça dela esta sangrando. __ Rafa disse apontando para o lado da cabeça de Roberta que sangrava.

Acho que fiquei completamente no automático o resto do tempo, logo a piscina começou a encher de pessoas querendo saber o que tinha acontecido e como tinha acontecido, o diretor acompanhou os paramédicos ate o local e logo eles colocaram Roberta em uma maca, me tirar de perto dela foi impossível, na hora de entrar na ambulância varias pessoas tentaram me impedir de entrar junto com ela, mas bastou um olhar para todos pra eles entenderem que eu não sairia de perto dela por nada nesse mundo. Assim que chegou ao hospital levaram ela para uma sala e me impediram de entrar, me senti da mesma maneira quando ela nasceu, os médicos tirando ela de perto de mim, nem brincando que eu ficaria longe da minha Beth, assumi minha invisibilidade e entrei na área medica. Roberta estava tão pálida, só o que eu queria era que ela se levantasse daquela cama e falasse comigo, cheguei perto dela e coloquei minha mão em cima da sua.

__ Eu estou com você, não vou sair daqui. __ Sussurrei perto do ouvido dela e beijei sua testa.

Ouvi alguns médicos falando que ela deveria ter batido a cabeça no fundo da piscina, e me senti culpada por isso, na hora que me joguei sobre aquele desgraçado, eu com certeza contribui para que ela levasse essa pancada.

__ Acha que ela vai ficar bem doutor ? __ Uma enfermeira perguntou e suspirei aliviada pela pergunta dela, por que era exatamente essa que eu queria poder fazer.

__ Vai sim, tem um pequeno inchaço em um lombo do cérebro dela, mas ira diminuir, a bancada não foi tão forte, só precisamos deixar que ela descanse e volte a acordar por si própria.

__ Os pais dela estavam a caminho e aquela menina que veio com ela, não esta mais na sala de espera. __ A enfermeira voltou a informar.

__ Assim que os pais chegarem, de noticias da filha deles, os tranquilizem de que esta tudo bem.

Dei uma ultima olhada pra Roberta e apertei um pouco mais sua mão e voltei pra sala de espera, me joguei em uma cadeira e me afirmei que não tinha ninguém por perto pra voltar a aparecer. Logo reconheci Thamara e seu marido entrando correndo pelo corredor, me apressei até eles, tinha ideia do quanto eles estavam desesperados por noticias.

__ Oi, eu sou amiga da Roberta, colega de quarto dela. __ Me apresentei pra eles, claro que eles não estavam verdadeiramente presta atenção no que eu estava falando. __ Eles levaram ela e falaram que já viram aqui da noticias.

__ Oh, Deus tem que ajudar nossa menina. __ Thamara chorou abraçando o marido e escondendo o rosto no pescoço do homem que tentava em vão controlar as lagrimas.

__ Eu tenho certeza que ela vai ficar bem, ela é forte. __ Respondi com vontade de abraça-los, de um jeito meio louco eles eram minha família também, passei 18 anos convivendo com eles, mesmo eles não sabendo disso.

Não demorou muito e a inferneira trouce as noticias que eu já sabia sobre Roberta, Thamara respirou muito mais aliviada depois que o medico e a enfermeira confirmaram que sua filha ficaria bem, marido dela foi pegar um café para nós duas e ficamos conversando.

__ Desculpa não ter agradecido antes, o medico disse que se não fosse por você ter feito a ressuscitação até eles chegarem minha menina poderia nem esta viva agora. __ Ela disse segurando minha mão e limpando um lagrima que rolava pelos meus olhos.

__ Ela é importante pra mim, nunca deixaria nada de ruim acontecer com ela. __ Era realmente verdade, daria qualquer coisa pra manter ela segura de qualquer coisa, ou qualquer pessoa, mesmo que quase tenha falhado nisso.

Logo o medico veio avisar que Roberta tinha sido transferida para um quarto e que eles poderiam ir vê-la, claro que estava louca pra ir ver ela, mas respeitei que agora era hora deles dois. Mas nunca disse que não entraria no quarto.
Fiquei ao lado dela no quarto o tempo todo, enquanto assistia os pais delas chorando de alivio por a filha esta bem, sentei na cama ao lado dela e segurei sua mão, nada no mundo ia me tirar daquele lugar...

P.O.V Kronos.

__ Ele não cumpriu o combinado! __ Kronos gritou enquanto os irmãos se encolhiam com medo da fúria de Kronos.

__ Irmão, você sabia que uma hora ele iria tentar alguma coisa para quebrar o acordo de vocês. __ Julys disse colocando a mão no ombro do irmão, em uma tentativa em vão de deixa-lo calmo.

__ Ele tentou mata-la! Se Maryanna não tivesse chegado na hora,agora estaria tudo acabado, tínhamos um acordo e ele esta querendo quebrar esse acordo. __Ele não podia fazer isso comigo, não fazia parte do acordo.

__ Você deveria ter pensado antes de fazer esse acordo com ele, nada que ele te deu valia mais do que você perdeu. __ Julys disse se retirando da sala, ele sempre falava a mesma coisa.

Eu fiz o que deveria ser feito, se não fosse eu , nenhum de nós estaríamos aqui agora, eu estaria banido do reino a muitos anos atrás, fiz o que julgava ser certo e ninguém vai ir contra ao que eu escolhi, se ele queria guerra, poderia muito bem ter uma guerra, ele não voltaria atrás do acordo dele...Não voltaria.