Coloque essa música para tocar:

>> Can’t Fight This Feeling, versão Glee – Cory Monteith.

Mais um dia se passou em minha vida. Mais um dia passou sem eu consegui olhar nos olhos da garota dos olhos cinzentos que habitava meus sonhos. A mesma atendia pelo nome de Katniss Everdeen. Minha melhor amiga.

Sou Peeta Mellark, tenho 18 anos e moro em Lima, Ohio. Conheço Katniss desde que tinha cinco anos de idade. Ela tinha acabado de se mudar para a casa ao lado da minha. Como um garotinho curioso que sou, fiquei olhando para os meus novos vizinhos. Foi quando eu a vi, ela estava com um vestido vermelho e com duas tranças caindo em seus ombros. Minha mãe tinha uma tradição de sempre que tínhamos vizinhos novos ela levava algum doce feito por nossa família para recebê-los em nossa vizinhança. Temos uma padaria na cidade e todos de Lima gostam da padaria dos Mellark’s. Por isso que pela noitinha, minha mãe trouxe um bolo de chocolate e juntamente com meus pais e com Madge – minha irmã mais velha – fomos visitar a nova família.

Quando chegamos lá, a senhora Karen Everdeen nos recebeu com a maior gentileza juntamente com seu marido David. Foi quando ela chamou sua filha e ela veio correndo pela escada. Ela ainda estava com a mesma roupa que estava quando chegou. Sua mãe disse o nome da garotinha e minha mãe disse o meu. Katniss abriu um sorriso super meigo e me chamou para brincar.

Desde então nos tornamos melhores amigos e sempre estamos juntos. Mas quando Katniss me contou que estava apaixonada tudo mudou pra mim. Naquele dia eu percebi que o que eu sentia pela minha melhor amiga era mais do que amizade ...

§§§

“ Estava mais uma vez na padaria confeitando. Todos os dias depois das aulas vinha pra padaria trabalhar com meus pais e com minha irmã e também vinha pra cá fazer o que eu mais gostava: cozinhar.. Geralmente Katniss ficava comigo para não ficar em sua casa sozinha já que ambos seus pais eram médico e para me fazer companhia ou servir de cobaia pras minhas novas experiências culinárias.

– Peeta? – ouço a voz de Katniss me chamar. Desligo o fogão onde estava fazendo brigadeiro de panela para por em um bolo. Vou para a parte da frente da padaria e logo a avisto.

– Hey Kat- encontro ela sentada no balcão da padaria e quando ela me vê abre aquele sorriso que tanto gosto. No auge dos nossos 13 anos ainda éramos inseparáveis.

– Posso te pedir um favorzinho – ela me pede toda dengosa e eu reviro os olhos, sempre quando ela quer algo ela usa esse tom meloso comigo.

– Vish, quando você vem com essa voizinha coisa boa que não é - digo e ela ri e me mostra a língua.

– Nossa você dizendo assim até parece que sou a maior interesseira – ela diz se fazendo de ofendida.

– Ok, vamos parar de drama. Me diga logo o que você quer- digo e ela dá risada.

– Eu queria que você fizesse um bolinho em formato de coração pra eu dar de presente – diz ela meio envergonhada e eu arqueio as sobrancelhas.

– Posso saber o por quê? Ou melhor, posso saber pra quem?

– Bem, é que tem um garoto que eu to meio afim – ela diz envergonhada e algo dentro de mim dói quando eu ouço essas palavras dela. Como assim ela ta afim de alguém?

– Que garoto? – pergunto meio contra a minha vontade.

– Gale. Gale Hawthorne.

– Ele é dois anos mais velho que nós Kat – e eu tinha a leve impressão que minha irmã era louca por ele.

– Eu sei, mas ele é tão lindo – ela diz toda abobalhada e eu reviro os olhos. Pfu, Katniss apaixonada, só me faltava essa.

– E porque eu tenho que fazer?

Ela me olha com cara feia e fica na minha frente.

– Porque você é o meu MELHOR AMIGO.

– Nossa Kat, que grande motivo esse – digo e ela dá um tapa em mim e eu dou risada dela o que faz ela ficar mais nervosa comigo.

– Vai Peetazinho do meu coração, você vai me ajudar ou não?

– Argh, você sabe que eu odeio quando você me chama assim – digo fazendo careta e ela ri.

– Quem manda ter um nome que não dá pra por apelido decente.

– Nossa, falou a garota com o nome mais comum do universo – debocho dela.

– Meu nome é de uma flor ta seu chato abusado. Agora para de enrolar e me diz se vai me ajudar ou não - ela pede fazendo biquinho.

Essa garota consegue me enrolar de uma maneira incrível.

– Tá. Eu ajudo.

–AHH, obrigada seu lindo – ela me abraça e me enche de beijos. É pra isso que serve os amigos né.”

Naquele dia foi que eu percebi que o que eu sentia pela minha amiga era mais do que uma amizade. Não especificamente naquele dia, mas alguns depois. Eu acabei fazendo o tal bolinho pra ela depois de tanta chantagem emocional da parte dela. No dia seguinte ela me contou que deu o bolinho para o garoto e foi naquele mesmo dia que ela ganhou o primeiro beijo dela. Quando ela veio me contar toda feliz que tinha beijado Gale eu fiquei sem ter o que dizer. Não sabia como agir com essa informação.

Mais a paixão dela por Gale durou seis meses. Seis meses eu tive que aguentar ela falar desse garoto pra cima e pra baixo. E ela meio que me deixou de lado nesses meses. Foi quando eu me aproximei de Delly. Em um passeio de nossa escola, eu todos os passeios eu ficava com a Kat, mas nesse passeio ela preferiu ficar com o namoradinho e bem, eu fiquei sozinho. Acabei ficando com Delly e a partir daquele dia eu me aproximei muito de Delly...

“Hoje era meu aniversário de 14 anos e em todos os meus aniversários Katniss e eu fazíamos algo juntos e diferente. Ela sempre inventava algo e nunca me contava o que era. Eu sempre ficava sabendo na hora de irmos. Eu ficava incumbido de fazer o lanche. Mas esse ano tinha alguma coisa errada. Katniss não falou direito comigo a semana inteira, ela nem apareceu na padaria na parte da tarde como fazia na semana do meu aniversário e isso estava estranho demais.

Mas eu fiz o que sempre faço todos os anos: pão de queijo, bolo de chocolate, biscoito de baunilha com gotas de chocolate, pão recheado com queijo e presunto, morango com chocolate e por fim o espumante de maça. A cesta já estava pronta e como hoje era sábado, não vi Kat ainda.

Olho pela janela a sua casa, mas não vejo sinal dela. Será que ela está preparando algo pra mim? Desço pro café da manhã e minha família está reunida na sala e me desejam um feliz aniversário. Eu agradeço e sento-me à mesa pra comer o meu café especial de aniversariante. Mas não deixava de olhar pra casa vizinha.

– Peeta para de olhar pra casa dos Everdeen’s, está me irritando – diz Mad toda bravinha, ela está insuportável desde que soube que Kat e Gale estavam saindo.

– Eu só estou vendo se vejo a Kat...

Mad começa a gargalhar e eu a olho sem entender nada. O que deu nessa louca?

– Desculpe te desapontar irmãozinho, mas sua querida amiguinha saiu cedo com o Hawthorne. Eu vi quando eles saíram – diz minha irmã com um tom seco.

– Mas , eu não entendo. Hoje é ... – nem consigo terminar a frase, como ela pode fazer isso?

– Hoje é seu aniversário e vocês tem uma tradição e blá blá blá. Mas ela preferiu sair com o namoradinho maninho.

– Kat não faria isso comigo – digo mais pra mim mesmo, mas Mad ouve e ataca minha amiga novamente.

– Tanto faria como fez. Peeta acorda! Ela não quer mais saber de você. Acorda Peeta! Para de viver em função dessa garota – diz uma Mad raivosa.

– Parem crianças. Madge pare de implicar com seu irmão e com a Kat. Você não sabe o que pode ter acontecido – diz minha mãe tentando amenizar o clima.

– Ela ta assim mãe porque ela é apaixonada pelo Gale – eu provoco e Mad me manda um olhar mortal.

– E você é louca pela Katniss, como se ninguém soubesse – ela diz e eu fico sem palavras. Eu nunca contei isso pra ninguém – Surpreso de eu saber? É maninho, é melhor você fazer uma aula de atuação, porque você não consegue esconder isso de ninguém maninho, não mais – ela diz e se retira da mesa. E eu fico com cara de panaca, eu dou tão assim na cara?

Ninguém fala mais nada e eu fico ainda sem reação. Foi quando a campainha tocou. Sabia que ela não iria me esquecer, sabia que ela viria.

– Eu atendo – digo todo feliz e empolgado. Vou em direção a porta e quando abro me deparo com alguém que não é a Kat – Oi Delly – digo sorrindo sem graça.

– Oie Peeta, eu vim te dar os parabéns – ela diz toda tímida e me dá um abraço e eu retribuo. Pelo menos ela se lembrou de mim.

– Obrigado Delly, muito obrigado mesmo por ter vindo.

Ela me dá um beijo no rosto e depois retira um embrulho da sua bolsa.

– Comprei pra você. Eu já percebi que você gosta de desenhar, então eu comprei isso pra você – ela me entrega o embrulho e eu sorrio e pego o mesmo.

Abro o pacote e encontro algo que não poderia ser melhor. É um estojo de pintura que eu estava de olho semana passada. Eu tinha comentado com a Kat que eu tinha achado legal, mas como sempre ela não me deu atenção e continuo tagarelando de como o Gale é isso e aquilo.

Mas Delly não, ela prestou atenção nas mínimas coisas e me deu algo que eu realmente queria.

– Nossa Delly, eu nem sei o que dizer. Isso é perfeito. O melhor presente que alguém poderia ter me dado, sério, obrigado – digo realmente feliz.

– Não foi nada Peeta – ela diz toda envergonhada e foi quando uma ideia apareceu em minha cabeça.

– Quer ir fazer um piquenique comigo? Eu tenho várias coisas em casa, acho que seria legal – digo, já que Katniss esqueceu do meu aniversário irei aproveitá-lo de outra maneira.

– Eu adoraria – ela diz com um lindo sorriso.

– Entra, eu vou pegar as coisas – digo e uma animação cresce dentro de mim, quando estou com Delly eu meio que esqueço de Katniss. Não que eu goste de Delly, mas ela me faz bem.

Então porque não passar à tarde com ela? Vamos nessa!

....

Passei a tarde inteira com Delly, e posso dizer que foi agradável. Ela é uma ótima amiga, mesmo ela não sendo a minha Katniss ela tem o dom de me distrair. Quando cheguei em casa minha mãe tava andando de um lado pro outro meio preocupada e eu estranhei isso.

– O que foi mãe? – perguntei enquanto colocava a cesta vazia em cima da mesa da cozinha.

– Filho, apenas sobe lá no seu quarto. Ela precisa de você – minha mãe apenas diz isso e eu arqueio as sobrancelhas. “Ela” precisa de mim, quem?

Katniss. Só pode ser.

Subo as escadas de dois em dois degraus e vou rapidamente pelo corredor até chegar na porta do meu quarto. Antes de abrir a porta, paro e respiro fundo para recuperar o fôlego e quando ponho a mão na maçaneta ouço um choro baixo vindo de dentro do meu quarto.

Era mesmo ela. O que pode ter acontecido com ela? Sem pensar mais, abro a porta do meu quarto e a vejo sentada encolhida com a cabeça entre as pernas e chorando. Ela levanta o rosto e me vê, seu rosto está banhado em lágrimas e meu coração se aperta.

– Peeta – ela sussurra e se levanta e vem na minha direção e se joga nos meus braços. Ela me abraça fortemente e eu retribuo o abraço.

– Shiu, se acalma Kat, se acalma – digo em seu ouvido enquanto minhas mãos passeiam pelas suas costas, tentando acalmá-la. Vou com ela até a minha cama e sento junto com ela, ela deita em meu colo e eu fico fazendo carinho em seus cabelos e a deixo chorar mais um pouco.

Dez minutos depois o choro dela se cessou e apenas suspirava e fungava e eu continuava fazendo carinho em seus cabelos sabia que ela adorava a sensação do mesmo.

– Tá mais calma Kat? – pergunto baixinho e ela faz que sim com a cabeça e eu suspiro – Quer me contar o que aconteceu pequena?

Ela se levanta e a vejo com seu rosto todo vermelho, seus olhos e nariz vermelho. Ela ajeita o cabelo e olha pro horizonte e encosta a cabeça em meu ombro.

– Gale terminou comigo – ela diz baixinho e mesmo sem querer meu “eu” interior comemorou com essa declaração dela.

– Por quê? – pergunto fazendo minha parte de amigo.

– Porque ele disse que eu era muito nova e que me via apenas como uma irmãzinha. Que ele queria garotas mais velhas e que eu tinha que encontrar alguém da minha idade e blá blá bla. E que queria alguém pra satisfazer ele – ela diz e vejo algumas lágrimas escorrendo novamente em seu rosto e o mesmo ficar corado.

– Satisfazê-lo? Ele quis dizer o que eu acho que ele quis dizer – pergunto já nervoso.

– É Peeta, ele quis dizer isso mesmo que você entendeu. Ele já tinha tentado umas semanas atrás ir até o “fim” comigo, mas eu não quis, e eu fugi da casa dele nesse dia. Ele ficou nervoso comigo e me disse que eu era uma criança medrosa. Mas eu não me sentia preparada pra ir em frente, nem sabia se ele era o certo.

– Eu vou arrebentar a cara desse idiota. Quem ele pensa que é pra te pressionar desse jeito?

– Calma Peeta, ele é um babaca eu seu. Mas o pior é que Clove já tinha me alertado sobre ele, você também me disse que ele não era pra mim, Clove vivia dizendo que ele não tinha uma boa fama e tal. Mas eu não queria escutar, eu tava cega de amor por ele. Bem, eu achava que era amor.

– Porque você está chorando por esse babaca pequena? Ele não merece que você derrame nenhuma lágrima por ele – digo a puxando pra mim e ela me abraça de lado. Eu beijo o topo da sua cabeça. Ninguém podia fazer minha pequena sofrer desse jeito.

– Eu não tava chorando por ele Peeta – ela diz simplesmente e olha em meus olhos.

– Então porque você estava chorando?

– Porque eu sou uma péssima melhor amiga. Eu não mereço você Peeta. Eu não mereço ter você como meu amigo – ela diz e volta a chorar e eu sem ação a abraço novamente.

– Porque você está dizendo isso pequena? – pergunto confuso.

Ela se solta do abraço e me olha novamente.

– Que tipo de amiga iria esquecer-se do aniversário do melhor amigo Peeta? Mas eu esqueci, fiquei tão preocupada com meus problemas que me esqueci da data mais importante do ano. E sabe como eu me lembrei? Porque quando estava voltando pra casa depois do Gale ter terminado comigo e vi você e a Delly no parque, no piquenique. Foi quando me dei conta que hoje era seu aniversário e que era Delly que estava no nosso piquenique tradicional de aniversário. Ela se lembrou do seu aniversário enquanto eu não. Me desculpa Peeta, me desculpa por você ter uma amiga tão egoísta como eu.

– Kat, eu te esperei em casa com tudo preparado para nós irmos ao parque, mas ai a Mad me disse que viu vocês dois saírem juntos, aí a Delly veio aqui e acabei convidando ela pra ir comigo – digo sem jeito, mas com dó da Kat. Eu sei, sou um idiota apaixonado.

– E você tava certo Peeta, eu não mereço sua amizade. Me perdoa por favor. Eu estava louca por aquele garoto que acabei esquecendo o melhor garoto que existe em minha vida. Esse garoto é você Peeta Mellark. Eu te amo tanto, você é o melhor amigo que uma garota poderia ter.

– Eu também amo você Kat. Melhor amiga igual você não existe.

– Me perdoa, por favor? Eu prometo ser uma melhor amiga pra você de agora em diante, eu prometo estar contigo sempre, eu só não quero te perder pra ela Peeta – ela diz com lágrimas nos olhos e eu não consigo ser duro com ela. Limpo as lágrimas do seu rosto delicadamente e beijo seu nariz vermelho.

– Eu sempre irei querer você na minha vida Kat. Nunca, ninguém irá ocupar seu lugar princesa. Você é e sempre será minha melhor amiga. E eu te perdôo, só se você me prometer que nenhum namorado seu irá interferir na nossa amizade, e que você nunca mais me deixe de lado por causa de algum garoto, e isso vale pra mim. Nunca te trocarei por nenhuma garota.

– Inclusive a Delly?

– Inclusive ela. Ela é legal e tudo, mas ela não é você pequena.

– Obrigada Peeta, você é o melhor – ela sorri e me dá um abraço super apertado, logo ela me solta e pega sua bolsa e começa a abrir. – Mesmo que nesses últimos dias eu tenha sido a pior melhor amiga, há duas semanas eu vi isso e comprei pra você – ela diz pegando uma pequena caixinha na sua bolsa – Eu me lembrei de quando éramos pequenos e estávamos vendo TV, a garotinha deu um parecido pro amigo dela, e você me disse que sempre quis um desse e eu prometi que um dia eu te daria. E finalmente consegui cumprir minha promessa – diz ela e me entrega a caixinha. Se fosse o que eu estiver pensando eu nem vou acreditar que ela se lembra disso ainda.

– Kat, é o que eu to pensando que é? – pergunto com a caixinha já em mãos.

– Abra Peeta, espero que goste – ela diz e eu logo trato de abrir.

E assim que abro o pacote meus olhos quase não acreditam no que vêem. Era um medalhão. O que Kat havia dito era verdade, eu sempre quis um. Mas pra falar a verdade eu nem me lembrava dessa promessa dela. Kat sempre se lembra de coisas que todos esquecem, mas se ela considera importante ela guarda na memória dela. E o caso do medalhão não foi diferente. Ela guardou a promessa dela na memória até que ela cumprisse. E é isso que eu mais admiro nela.

– Eu não acredito que é isso mesmo Kat. Um medalhão! Como você se lembra disso? – digo retirando o mesmo com cuidado.

– Eu me lembro das coisas mais importantes docinho – ela diz sorrindo meigamente – Abre ele.

Com muito cuidado abro o feixe e vejo que ele se divide em três fotos. A do canto direito era uma minha, a do canto esquerdo era uma da Kat e a do meio era uma foto linda minha e dela do verão passado. Ambos com o nariz sujo de sorvete.

– É pra você nunca se esquecer de mim e nem da nossa amizade Peeta. Claro, se você quiser mudar alguma foto fique a vontade viu – diz ela e eu nego com a cabeça.

– Essas fotos estão perfeitas Kat. Eu nunca me esquecerei de você pequena. Foi o melhor presente que você poderia ter me dado, vem cá me dá um beijo – digo rindo e a puxo pra mim e dou um beijo estalado na bochecha dela – Obrigado pequena.

Passamos o resto da tarde juntos em uma maratona de filmes, ela ficou deitada ao meu lado e acabou adormecendo quando estávamos no terceiro filme.Mesmo o dia ter começado como começou, eu tive um bom aniversário ao lado dela.”

§§§

Mesmo depois de tudo que eu e ela passamos nesses anos de amizade, a cada dia eu me apaixonava mais por ela. Eu lutei, lutei contra esse sentimento que vinha crescendo no meu peito, mas cada toque, cada palavra, cada brincadeira, cada sorriso que ela se dirigia pra mim me fazia amá-la mais.

Mais eu tentei mesmo esquecer esse amor louco, e até namorei Delly por três meses quando tava com dezesseis anos, mas acabou não dando certo ...

“ Estava no parque com Delly, tinha pegado uma folga da padaria pra passear com ela. Mas Delly estava estranha desde a hora do almoço.

– Del? Tá acontecendo alguma coisa? Você está estranha faz um tempo já – pergunto enquanto pego sua mão e entrelaço nossos dedos.

– Peet, posso te fazer uma pergunta, mas quero que você me responda com a maior sinceridade – ela diz seriamente e fica me olhando.

– Er, pode dizer Del – digo meio desconfiado. E meio temeroso com que ela possa me perguntar.

– Peeta, você é apaixonada pela Katniss? – ela me pergunta na lata, assim sem rodeios.

– E-e-eu , e-e-eu, porque está me perguntando isso? – digo e tenho certeza que estou corado.

– Porque ela até pode não ter percebido isso Peet, mas todo mundo percebe. Está estampado no seu rosto que você é louco por ela. Quando ela está junto você se esquece de todos, só presta atenção nela, ri das piadas dela, faz tudo por ela. Isso é amor Peeta. Você é apaixonado pela sua melhor amiga e não admite nem pra você mesmo. Katniss só pode ser cega por não perceber o quanto você é apaixonado por ela.

– E-e-eu, eu nem sei o que dizer Del – digo sem graça porque tudo que ela disse é a mais pura verdade. Eu nunca nem admiti pra mim mesmo a minha paixão por ela e até mesmo Delly percebeu isso.

– Só admita uma vez na vida que você é apaixonado por ela Peet, admita que você ta apaixonado por sua melhor amiga, admita, por favor – ela suplica enquanto segura minhas duas mãos entre as delas.

Eu fico sem saída, eu sei que tudo que ela disse é a verdade e não tenho outra opção se não for admitir a verdade pra ela.

– É verdade Del, eu sou apaixonado por ela. Mas eu não queria, eu nunca quis me apaixonar pela minha melhor amiga, ela não me vê desse jeito, mas foi sem eu querer, quando eu notei eu já estava perdido, eu já estava caído por ela – digo derrotado – Eu sou um panaca mesmo, ela nunca vai me olhar desse jeito – lamento e Del me abraça.

– Sabe Peeta, eu sempre percebi que o que você sentia por ela ia além da amizade, mas mesmo assim eu quis tentar algo com você, achei que conseguiria fazer você sentir pelo menos um terço do que você sente por ela. Mas eu nunca irei conseguir isso porque seu coração só pertence a ela.

– Desculpe Del, eu não quis te magoar eu juro.

– Eu sei que não Peeta, você tentou eu sei. Você está como um barco remando pra longe da Katniss, mas acho que ta na hora de você parar de remar e voltar para praia por assim dizer. Tá na hora de você conquistar ela.

– Obrigado Del, você é uma garota incrível e que merece um cara incrível na sua vida – digo a abraçando, ela retribui o abraço e quando nos soltamos ela dá um breve selinho em mim e logo depois sorri.

– Obrigada por ter feito parte da minha vida, agora corra atrás da sua felicidade viu.

E então ela se levanta e se vai e me deixa pensativo, eu tinha que fazer a minha parte também”

§§§

Depois daquela conversa com Delly se passou um ano e meio e hoje era o dia do nosso baile de formatura do último ano. Eu passei todos esse tempo tentando chegar na Katniss, mas parece que ela não percebe o quanto eu sou apaixonado por ela. Mas hoje eu tenho um plano e que se isso não der certo eu simplesmente desisto, e se acabar com nossa amizade eu pelo menos poderei dizer que eu tentei.

Eu fui aprovado em Stanford, Kat foi aprovada em Yale e ficou toda feliz, mas ela ficou triste porque eu fui aprovado em uma faculdade tão longe da dela, eu também fiquei super pra baixo, mas nem isso vai me impedir de fazer a surpresa pra ela hoje.

Finnick, Cato e Marvel me ajudaram a preparar tudo para hoje, eles juntos comigo irão no palco cantar em frente toda a escola. Ficamos mais de três meses treinando a música que mais traduz meu sentimento por ela. E a cada minuto que se passa eu fico mais nervoso.

Estava na varanda do meu quarto tocando algumas notas no meu violão quando na varanda da frente aparece a Kat sorrindo.

– Hey docinho – ela diz, ela tava com uns negócios enrolado no cabelo, com um roupão e com uma mascara verde no rosto.

– Que susto Kat, ta parecendo uma mistura de Hulk com a dona Florinda – digo dando gargalhada, a garota estava medonha.

– Há há há, como você é engraçado Peeta. Estou no meu ritual pré baile ok!? Essa máscara serve para deixar a pele suave e isso no meu cabelo é pra deixar meu cabelo com cachos – ela diz e me manda a língua, e mesmo com essa mascara verde ela consegue ficar linda. Ok, isso é papo de homem apaixonado.

– Ok Kat, você está linda com essa cor – digo e ela pisca o olho direito pra mim e depois me manda um beijo.

– Deixa eu me arrumar porque daqui a pouco o Darius vem me buscar – eu bufo quando ela diz isso. Eu nem acreditei que ela vai com esse panaca. Eu estava há dias tentando encontrar a melhor forma de pedir pra ela ir comigo, mas o ruivo foi mais esperto do que eu e passou a perna em mim.

– Eu não acredito que você vai com esse panaca- digo revirando os olhos e ela me encara com as sobrancelhas arqueadas.

– Ele foi o único que me convidou docinho, eu não iria sozinha né querido. E você não vai com a Dellyzita?

– Não e você sabe que ela vai com o Tresh – digo e ela revira os olhos, Kat sempre morreu de ciúmes de Delly e não sei o motivo.

– Ok então, até mais tarde, vou terminar de arrumar docinho – ela dá tchau e entra no quarto dela e fecha a cortina e eu continuo tocando algumas notas no violão, apenas pra me distrair e me preparar para o grande show!

§§§

Nesse exato momento Katniss estava dançado com Darius, ela estava linda. Quando eu a vi eu fiquei parecendo um idiota a olhando e quase babando, senão fosse Finn eu ficaria fazendo aquela pose até eu sair do encanto que ela proporcionou em mim.

Logo iria entrar no palco para fazer a surpresa e não sabia como ela iria agir. E eu estava quase desistindo de fazer isso, acho que eu aguentaria viver com a dúvida.

– Acho que eu não vou fazer mais isso não caras. Vou lá falar com o Snow e dizer que não vou mais cantar – digo me levantando da cadeira mais Finnick me impede.

– Você vai subir sim naquele palco Peeta Mellark. Nós passamos dias e dias treinando essa música. Você tem que falar pra Katniss como você se sente em relação a ela – Finn diz e me faz sentar novamente.

– Mas cara, eu to nervoso, ela pode nunca mais olhar na minha cara. Eu não quero perder a amizade dela.

– Antes você perder a amizade dela do que perder a mulher da sua vida por ter sido um marica de não expor seus sentimentos pra ela – diz Cato e me dá um tapa na cabeça – Seja homem Mellark.

– Concordo com eles Peeta, você tem que parar de se esconder atrás da amizade de vocês, sempre pondo a amizade de vocês na frente dos seus sentimentos. Se arrisque. – Diz Marvel.

– Ok, ok. Eu vou fazer isso – digo e fico olhando Katniss dançar com o babaca do Darius.

Uns vinte minutos se passaram quando o DJ parou a música e o diretor Snow subiu no palco.

– Bom meus queridos alunos, quatro jovens irão cantar uma música para vocês. Chamo no palco, Marvel Quaid, Cato Ludwig, Finnick Odair e Peeta Mellark. O palco é de vocês.

A hora é agora!

Subimos os quatro no palco e vejo Katniss me olhar com uma cara de interrogação. Cada um vai pro seu devido lugar, os garotos pegam seus instrumentos e eu vou para o microfone. Concentro-me e respiro fundo e olho para todos meus amigos e conhecidos nos encarando, principalmente ela me olhando no momento mais importante da minha vida.

– Bom, está é a primeira vez que eu vou fazer isso, quer dizer, eu e meus amigos iremos fazer isso, então não esperem que sejamos os melhores – digo rindo e a maioria ri – Bom, na realidade a ideia de cantar nesse baile partiu de mim, e os caras apenas toparam participar nessa loucura comigo, mas o mais importante é se der certo o que pretendo com essa música. Essa música revela muita coisa na minha vida, revela os meus sentimentos, então espero que ela saiba que essa música é pra ela e somente pra ela. A música se chama Can’t Fight This Feeling da banda REO Speedwagon, porque realmente, eu não consigo mais lutar contra esse sentimento. Essa é pra você – digo e então meu olhar se encontra com dela e nele vejo certa confusão, apenas sorrio e a batida do som começa e eu me preparo.

COLOQUE PARA TOCAR A MÚSICA :D

I can't fight this feeling any longer (Eu não consigo mais lutar contra este sentimento)

And yet I'm still afraid to let it flow (E no entanto, tenho medo de deixá-lo fluir.)

What started out as friendship has grown stronger (O que começou como uma amizade tornou-se mais forte.)

I only wish I had the strength to let it show (Eu só queria ter a força para demonstrar isso.)

Começo a cantar a primeira parte da música com os olhos fechados com medo de encarar isso, mas assim que a primeira estrofe sai da minha boca, eu vejo que tenho que ter força para demonstrar o que falo é verdade, então abro e encaro aquele par de olhos cinzas me encarando.

And even as I wander I'm keeping you in sight (E mesmo enquanto eu vagueio,Estou mantendo você à vista.)

You're a candle in the window on a cold dark winter's night (Você é uma vela ao vento, Numa fria e escura noite de inverno.)

And I'm getting closer than I ever thought I might (E estou me aproximando mais do que jamais pensei que poderia)

Meu olhar fica conectado com o dela, e parece que não existe ninguém em nossa volta, é apenas eu e ela.

And I can't fight this feeling anymore(E eu não consigo mais lutar contra este sentimento,)

I've forgotten what I've started fighting for (Eu esqueci pelo que comecei a lutar.)

It's time to bring this ship into the shore (Está na hora de trazer este navio para a praia,)

And throw away the oars (E jogar fora os remos.)

Baby I can't fight this feeling anymore (Pois eu não consigo mais lutar contra este sentimento.)

Canto essa parte com tanto amor e desejo, quero que ela interprete bem as minhas palavras, porque eu cansei de lutar contra o meu amor, cansei de lutar por um sentimento lindo.

My life has been such a whirlwind since I saw you (Minha vida tem sido como um vendaval desde que vi você,)

I've been runnin' round in circles in my mind (Eu tenho corrido em círculos dentro de minha mente.)

And it always seems that I'm following you girl (E sempre parece que estou seguindo você, garota.)

'Cause you take me to the places that alone I'd never find (Pois você me leva a lugares que sozinho eu nunca acharia.)

Meu olhar se encontra novamente com o da Katniss, e vejo uma lágrima escorrer pelo seu rosto, ela tem um sorriso meigo em seus lábios e espero que ela saiba que essa música é apenas pra ela e mais ninguém .

And even as I wander I'm keeping you in sight(E mesmo enquanto eu vagueio,Estou mantendo você à vista.)

You're a candle in the window on a cold dark winter's night (Você é uma vela ao vento, Numa fria e escura noite de inverno.)

And I'm getting closer than I ever thought I might (E estou me aproximando mais do que jamais pensei que poderia)

Eu nunca imaginei que teria essa coragem de cantar pra ela na frente de tanta gente, e muito mesmo que poderia sentir isso por ela. Kat parece que não acredita no que estou fazendo e nem eu acredito.

And I can’t fight this feeling anymore(E eu não consigo mais lutar contra este sentimento,)

I’ve forgotten what I’ve started fighting for (Eu esqueci pelo que comecei a lutar.)

It’s time to bring this ship into the shore (Está na hora de trazer este navio para a praia,)

And throw away the oars (E jogar fora os remos.)

Baby I can’t fight this feeling anymore (Pois eu não consigo mais lutar contra este sentimento.)

Eu simplesmente cansei de fingir.

'Cause I can't fight this feeling anymore(Porque eu não consigo mais lutar contra este sentimento,)

I've forgotten what I've started fighting for(Eu esqueci pelo que comecei a lutar.)

Even if I have to crawl upon your floor(E se eu tiver de rastejar no chão)

Come crashing through your door (Chegarei derrubando sua porta.)

Baby I can't fight this feeling anymore (Baby, não consigo mais lutar contra este sentimento.)

Terminei a última estrofe sem tirar os olhos dela e vejo mais algumas lágrimas escorrendo pela sua face. Quando a música termina, a multidão de alunos nos aplaudem, seguidos de gritos e assovios, mas o meu olhar apenas segue uma Katniss que está fugindo pela porta do pátio.

Ela se foi.

– Obrigado pessoal, obrigado mesmo – digo e cabisbaixo por ter perdido minha amiga, desço do palco junto com meus amigos.

– Cara, nós arrasamos – diz Marvel todo animado.

– Deveríamos ter formado uma banda antes – diz Cato todo feliz e logo umas garotas apareceram e ele ficou mais feliz ainda quando Clove apareceu para o dar parabéns.

– Peeta, o que foi? – Finn me pergunta quando me vê cabisbaixo.

– Você não viu Finn? Ela foi embora chorando. Eu estraguei tudo, estraguei minha amizade com ela. Eu sou um burro mesmo – digo e coloco a mão na cabeça e fico andando de uma lado pro outro e Finn me dá um tapa na cabeça – AAAAI, cê ta louco? Porque fez isso?

– Você ta sendo um marica Peeta. Você foi homem pra cantar essa música pra ela e agora não tem coragem de ir falar com a garota da sua vida, larga de ser frouxo e vai logo atrás dela.

– Tá, eu vou – digo e viro as costas e vejo Darius dançando com Lavignia, pelo menos ela não está com esse otário. Saio pela mesma porta que ela saiu a pouco, porém não vejo nem rastro de Katniss. Onde essa garota se meteu?

E então me lembro: o nosso lugar! O nosso lugar que sempre íamos quando estávamos tristes ou apenas querendo ficar sozinhos. Era um velho balanço feito de pneu em uma árvore afastada na parte de fora do colégio. E é pra lá que vou atrás da Kat.

Três minutos depois chego ofegante em meu destino e posso ver Kat sentada no pneu, balançando fracamente e olhando pro nada.

– Sabia que você viria aqui – diz ela sem nem olhar pra mim.

– Kat – digo baixinho e ela apenas balança a cabeça negativamente.

– Desde quando Peeta? Desde quando você mudou seus sentimentos por mim? – ela pergunta e depois olha em meus olhos, posso ver que ela está com os olhos vermelhos e sua maquiagem levemente borrada, mas cara, ela continua linda a meu ver.

– Desde que você me contou que estava apaixonada pelo Gale – admito olhando em seus olhos e o mesmo se arregalam, ela abre a boca e nada sai – Eu sei, faz..

– Muito tempo Peeta. Nós tínhamos 13 anos quando eu te contei que tava apaixonada por ele – ela diz chocada e eu concordo sorrindo sem graça – Porque você nunca me contou isso?

– Porque eu tinha medo de perder sua amizade, acho também que eu nunca achei que eu era o cara certo pra você, eu sempre serei o amigo. Nada mais – digo dando de ombros.

Ela se levanta do balanço e vem em minha direção e sorri meigamente.

– Você é o cara certo para todas as garotas docinho, mas o que eu quero entender o porquê só agora, porque só na nossa formatura, só depois de 5 anos você resolveu me dizer? Só agora que eu to indo pra Yale e você lá pro outro lado do país?

– Porque... é como eu disse na música, eu apenas cansei de lutar contra esse sentimento.

– E como fica o fato de irmos estudar tão longe um do outro Peeta? – ela joga as mãos para o ar e depois coloca ambas no seu rosto.

– Eu não sei, eu só queria parar de ser covarde e te dizer o que sentia antes de tudo mudar. Queria pelo menos uma vez na vida não ser covarde.

Ela suspira e me olha. Ela estica a mão e toca meu rosto, o mesmo tomba em sua mão e eu fico feliz pelo carinho.

– Eu amei a música Peeta, de verdade. Vocês cantaram muito bem.

– Obrigado – eu digo baixinho. Ela se aproxima mais de mim e eu prendo a respiração. Por puro instinto minhas mãos vão parar em sua cintura e a puxo pra mais perto de mim e antes de eu pensar em qualquer coisa ou até mesmo ela raciocinar e se afastar eu grudo meus lábios aos dela. E o que vou dizer agora vai suar meio gay, mas uma eletricidade fora do comum passou pelo meu corpo em contato com seus doces lábios e macios.

Esperei por tantos e tantos anos por esse beijo que tentei curtir e aproveitá-lo enquanto durasse, depois do choque repentino percebi Kat amolecer em meus braços, suas mãos pousaram ao redor do meu pescoço e eu a puxei mais de encontro a mim, uma de suas mãos foram em meus cabelos e então ela cedeu ao beijo. Logo ela cede espaço e nossas bocas se encaixam com uma perfeição indescritível. Ambos exploramos a boca um do outro em um beijo que ninguém saberia indicar a real intensidade. Era um beijo lento, eu não tinha nenhuma pressa, apenas tinha que aproveitar essa chance que a vida me deu.

Quando o ar se fez falta começamos a nos separar lentamente e ela me encarava nos olhos sem dizer nada. Seus lábios estavam vermelhos, assim como tinha certeza que o meu também estava.

– Peeta, isso foi ..

– Maravilhoso, perfeito- digo com um pequeno sorriso nos lábios, minhas mãos ainda estavam em sua cintura e suas mãos em meu peito.

– Errado. Peeta eu não quero te iludir, vamos para uma universidade completamente longe uma da outra e a última coisa que quero é que você fique preso a mim. E tem uma coisa que não te contei..

– O que? – pergunto já triste.

– Eu fui aceita em um curso preparatório em Yale, vou pra lá em três dias Peeta – diz Kat e uma lágrima escorre pela sua bochecha – Eu ia te contar, eu fiquei sabendo ontem e ia te contar amanhã. Ai você veio com essa música e agora esse beijo e deixou minha cabeça confusa – ela diz e senta no chão e apóia a cabeça em suas mãos.

– Desculpa se eu te fiz ficar confusa, realmente não foi minha intenção Kat. Me desculpa mesmo. Eu só queria que você soubesse o que eu realmente sentia por você. Mas eu não quero que você se declare pra mim e nem nada. Eu só queria por esse sentimento pra fora, não tenho o direito de te pedir nada em troca Kat.

– Peeta – me ajoelho em sua frente e ela segura minhas mãos – Você é o melhor garoto que eu conheço, me desculpe por tudo, mas não dá. Eu não sou a garota certa pra você. Você é meu melhor amigo e não quero estragar isso. - ela deixa mais uma lágrima escorrer e eu gentilmente a seco com meu dedão.

– Eu entendo Kat, eu sabia que poderia acontecer isso se eu me declarasse para você. Desculpe-me ok. Você está linda – digo com um nó na garganta mais tenho que fazer isso, eu sabia que eu poderia receber um não como resposta.

– Peeta, eu não queria te magoar – diz Kat chorosa e me abraça. Eu a aperto mais contra mim e suspiro. Beijo o topo de sua cabeça e a aperto mais contra mim.

– Eu não estou magoado com você Kat, eu prometo que vou esquecer isso e você também e iremos ser os melhores amigos novamente – digo sorrindo sem jeito.

Fico com Kat mais uns 10 minutos até ela conseguir para de chorar e de me pedir desculpas. Despedi-me dela quando a deixei na porta da casa dela e fui para a minha. Decidi que passaria esses meses até a faculdade na casa da minha avó, uns 50 km de casa.

Acabei nem me despedindo de Kat, apenas deixei uma carta de despedida na casa dela e segui meu rumo.

“ Querida Kat,

Você deve estar morrendo de ódio de mim. Eu sei, não é nada legal eu ter ido embora sem me despedir de você. Mas eu preciso desse tempo para mim e esquecer o amor que sinto por você, esse amor que vai além da amizade. Prometo que irei esquecer e voltaremos a ser amigos como antes, sem nada interferindo. Mas não sei se aguentaria ver você partindo, prometo que irei manter contato com você. Mesmo estando longe um do outro, você estará sempre na minha memória e no meu coração pequena. Levarei aquele medalhão que você me deu de aniversário alguns anos atrás para estar sempre perto de você. Eu te amo pequena. Boa viagem e espero que sua estrela brilhe aonde quer que você esteja. Nunca hesite em me contatar quando precisar. Boa Sorte nessa nova fase da sua vida! Mas uma coisa: não esqueça do seu melhor amigo loiro dos olhos azuis viu, porque nunca e nem ninguém vai substituir o seu lugar no meu coração.

Com amor, do seu eterno docinho...

Peeta Mellark!”

Kat me mandou um milhão de mensagens nesse dia, me xingando de tudo que é nome. Eu respondi algumas, mas eu disse que precisava desse tempo sozinho e que ela precisava se concentrar em seus cursos. E com esse pensamente eu deixei minha cidade e fiquei com meus avós até duas semanas antes de eu ir para Stanford.

Nove meses depois....

Nove meses se passaram e minha amizade com Kat não era como era antes. Ainda nos falávamos, mas não era constante como antes. Eu ainda não a esqueci, quer dizer, não esqueci o amor que sentia por ela. Tentei a esquecer saindo com outras garotas, mas nenhuma chegava aos pés da minha pequena.

Tudo porque ela não saia da minha mente, tudo nela me perseguia. Tudo que eu via eu me lembrava dela. Quando fechava os olhos era ela que eu via. O amor que sinto por ela não envelhece de maneira nenhuma. *

Como li uma vez, se algo não aconteceu do jeito que você queria, é porque não era para acontecer.

Finnick está estudando comigo, ele também conseguiu entrar em Stanford, eu e ele estudamos advocacia e foi nesse curso que ele conheceu sua namorada – Annie Cresta. Os dois tentaram me ajudar demais a esquecer a Kat, mas não deu.

Estou sentado embaixo de uma árvore quando vejo Annie sentando ao meu lado e então eu retiro o fone para prestar atenção na minha amiga.

– Hey Peeta, porque está aqui, tão isolado? – pergunta ela encostando-se à mesma árvore que eu para se proteger do sol.

– Estava pensando naquele projeto que o Senhor Crane passou para nós – minto, porque na verdade estava pensando na Kat, quer dizer, estava tomando coragem para ligar para ela.

– Peeta, você não me engana. Pela sua cara eu sei que você tava pensando nela – diz Annie com uma cara de sapeca. Em menos de seis meses essa garota me conhece tão bem.

Bufo por ela ter conseguido me “ler” tão facilmente. A verdade é que Annie se tornou uma boa amiga pra mim, eu a conheci primeiro que Finnick, ela foi minha dupla no nosso primeiro projeto, ela percebeu que eu estava abatido e quase não sorria. Foi quando contei o meu drama pra ela. Como uma boa amiga ela me aconselhou a não evitar a Katniss e pra eu não fugir dos meus problemas. Com a ajuda dela eu consegui falar pela primeira vez por telefone com a Katniss.

Desde aquele dia eu e ela nos tornamos amigos e eu fui o cúpido dela com o Finn. Eu os apresentei e um mês depois ele a pediu em namoro.

– Sabe Ann, eu não sei mais o que fazer para tirar a Kat do meu coração. Tirar ela do meu pensamento. Eu penso nela toda a noite, penso no beijo que tivemos naquele dia, penso em tudo a respeito dela. Mas sabe, a nossa amizade não é como era antes. Não sei nem se ela conheceu alguém ou se está namorando. Eu também não tenho coragem de perguntar e ela nunca me disse nada a respeito. Nossas conversas não são mais iguais, elas são monótonas e sem graça. Depois daquela minha ideia ridícula nossa amizade se perdeu. E tudo foi culpa minha. Nunca deveria ter dito pra ela meus sentimentos, eu fui um idiota – me lamento, eu precisava desabafar com alguém o que eu estava sentindo, e falar da imensa culpa que me rodeava.

– Peeta, se você não tivesse feito isso, você ficaria com a dúvida em sua cabeça. Ficaria se perguntando: “E se eu tivesse dito pra ela?”. Pelo menos você fez.

– E deu no que deu né Ann- pego uma pedrinha e jogo para longe – Eu continuo apaixonado por ela e nem a verdade pra ela eu consigo dizer, porque quando ela me perguntou se eu ainda era apaixonado por ela alguns dias atrás eu simplesmente respondi que não. Que até estava interessado em uma colega de classe. Por causa daquela minha burrice eu ainda me tornei um mentiroso.

– Er Peeta.. – Annie tenta me interromper, mas eu não deixo.

– Não Annie, eu preciso botar isso pra fora. Eu sou um grande mentiroso, um idiota, um marica. Acho que sou gay.

– Peeta – Annie tenta me interromper novamente, mas eu prossigo com meu monólogo interminável.

– É eu acho que vou virar gay, porque nem a capacidade de ter a garota que eu queria eu tive. Minha irmã tem razão de me chamar de frouxo, porque essa é a realidade, eu sou um grande banana e .. – sou interrompido quando uma voz fala atrás de mim.

– Em uma coisa eu concordo em todo esse seu discurso. Você é mentiroso, mas um péssimo mentiroso. – Quando me viro, me deparo com nada mais, nada menos do que Katniss Everdeen atrás de mim.

Arregalo os olhos com o susto que tomei. Eu só posso estar sonhando, então disfarçadamente eu me belisco, mas PORRA eu não estou! Ela está mesmo aqui, parada na minha frente. Em Stanford e isso é a realidade.

Me viro para Annie ainda com os olhos esbugalhados e com o coração disparado, parecia que até tinha visto um fantasma, mas apenas tinha visto Katniss.

– Porque você não me disse Ann – digo entre os dentes e Annie sorri com a situação.

– Eu até tentei Peeta, mas quando você começa seus monólogos você não para mais – Annie diz e eu sei que ela tem razão.

– Realmente, isso que sua amiga disse é a verdade. Mas eu consegui ouvir o que eu sabia que era verdade – ela diz me olhando intensamente e sinto ficar corado. Porra Peeta, larga de ser gay.

– Bom, vou deixar vocês sozinhos – Annie se levanta e eu também, ela segue seu caminho pelo Campus e eu me levanto para ficar de frente para Katniss. Nem acredito que ela está aqui mesmo.

– O que veio fazer aqui Kat? – pergunto sem jeito. Minha vontade era abraçá-la e beijá-la, mas me controlei e fiz a pergunta que rodeava minha cabeça.

Kat olhava para os lados, colocou uma mecha do seu cabelo atrás da orelha e finalmente olhou em meus olhos. Ela estava com os braços cruzados em frente ao peito e me encarava.

– Eu vim aqui Peeta, porque quero saber o porquê de você ter mentido pra mim. O porquê de você ter me dito que não era mais apaixonado por mim?

– Eu, eu, eu – fico sem palavras. Ela sabia que eu tinha mentido? – Como você sabe que estava mentindo?

Ela sorri e olha para o chão e depois olha nos meus olhos novamente.

– Peeta, eu te conheço desde que tínhamos cinco anos, eu sei quando você mente. Você fica nervoso, sua voz treme e você gagueja. E você fez isso tudo no dia que perguntei para você.

– Mas porque você quer saber disso agora Kat?

– O que eu ouvi já foi o suficiente para minha viagem valer à pena docinho – ela se aproxima de mim e me abraça e eu depois de alguns segundo retribuo o abraço, mesmo sem entender muita coisa.

– Você poderia me explicar, eu to meio sem entender nada – digo confuso e ela sorri com minha confusão.

– Naquela noite do baile, depois que eu cheguei em casa eu fiquei pensando no nosso beijo, fiquei pensando em nós e depois de um momento sozinha vendo meus sentimentos eu percebi que eu senti algo diferente por você naquela hora. E eu fiquei determinada que no dia seguinte eu iria falar com você e te contar uma novidade. Mas você tinha ido embora e me deixado aquela carta. Percebi que você queria se afastar de mim e eu deixei, porque parte foi culpa minha. E então eu aceitei a oportunidade do curso e fui para Yale.

– Você ia falar comigo? – pergunto e me xingo mentalmente por ter ido embora e não ter conseguido encarar ela naquele dia.

– Ia, ia te falar a surpresa também.

– Que surpresa?

– Eu tinha sido aceita em Stanford, e eu ia vim pra cá com você – ela diz e literalmente meu queixo se cai. – Mas com tudo que aconteceu naquela manhã, eu achei que era melhor você ter seu espaço e seu tempo. Mas eu não contava com uma coisa Peeta – ela diz e se aproxima mais de mim.

– E o que seria? –eu pergunto e engulo seco quando ela toca meu rosto.

– Me apaixonar por você – ela diz isso e eu não consigo acreditar no que estou ouvindo. – Você deve estar me achando uma louca, mas essa é a verdade. Eu estou apaixonada pelo meu melhor amigo.

– Kat, isso é... verdade? – pergunto com um nó na garganta e quase não acreditando nas palavras dela.

– É a mais pura verdade Peeta. E espero que não seja tarde demais – eu olho nos olhos dela e sorrio e a puxo para um abraço. Eu a aperto fortemente contra mim e beijo seus cabelos.

– Nunca é tarde para o amor Kat.

Ela sorri e sela nossos lábios. O beijo começa calmo, mas logo aumenta a intensidade. Nossas bocas brincam uma com a outra. Por mim prolongava cada vez mais esse beijo, porque tinha medo que fosse apenas um sonho e que eu acordaria e visse que era apenas mais um sonho.

Quando o ar nos falta e nos separamos, colo minha testa com a dela e ainda de olhos fechados digo:

– Me diz por favor que isso não é um sonho Kat. Que eu não irei acordar e ver que foi apenas um sonho.

Ouço um riso baixo e sei que é Kat rindo de mim.

– Abra os olhos Peeta – faço o que ela me pede e encaro os olhos cinzento de Katniss – Eu to aqui e não vou mais embora.

– Como? Você estuda lá do outro lado do país.

– Eu pedi transferência Peeta. Eu vim pra ficar ao seu lado.

– Eu não acredito nisso, você está falando sério? – pergunto com um sorriso imenso em meus lábios. Ter Katniss ao meu lado vai ser incrível!

– Nunca falei tão sério na minha vida docinho- e com essa felicidade toda eu a pego no colo e a rodopio. Queria gritar ao mundo que finalmente Katniss estava comigo novamente.

Sua risada é como música para meus ouvidos. Paro de rodopiar e a coloco no chão, ambos com um sorriso no rosto e ela me abraça pelo pescoço e fica me olhando com um belo sorriso nos lábios.

– Sabe por que vamos dar certo Peeta? – ela pergunta e eu nego com a cabeça e então ela prossegue – Porque além de namorados, somos melhores amigos.

Sorrio com afirmação dela, pois sei que tudo que ela disse é a verdade, mas não consigo deixar de provocar um pouquinho.

– Então somos namorados já? Não me lembro de ter pedido você em namoro pequena! – digo com um sorriso zombateiro e ela arqueia a sobrancelhas e depois sorri.

– Que não seja por isso docinho – Então ela faz algo que eu nunca imaginaria que ela fizesse. Ela se ajoelha diante de mim e pega uma das minhas mãos – Peeta Mellark, meu eterno docinho, você aceita ser meu namorado? – ela pergunta e eu dou uma gargalhada e então eu me ajoelho também e pego sua outra mão.

– Katniss Everdeen, minha eterna pequena, aceita ser minha namorada? – eu pergunto para ela e a única coisa que ela faz é se jogar em cima de mim. Eu caio na grama verde e ela fica por cima de mim.

– Eu aceito sim senhor Mellark, e você? Não respondeu minha proposta.

– É claro que eu aceito senhorita Everdeen – ela sorri e então eu a beijo.

Agora era um beijo diferente, porque não estava beijando apenas minha melhor amiga, estava beijando agora, minha namorada!

– Eu amo você pequena – digo com nossos lábios quase juntos.

– Eu amo você... docinho – e com essa declaração eu a beijo novamente.

E acho que tem uma frase que descreve bem o que aconteceu comigo ...

“Encontrar você foi sorte, ser seu amigo foi uma escolha, mas se apaixonar por você foi além do meu controle.”- Pablo Tufano

THE END!