SAM

Estou em um campo grande e verde ,a grama está bem aparada e o céu está muito azul mas sem nuvens. Procuro pelos lados mas sou o único que estou ali presente. Mesmo estreitando os olhos não consigo ver se há alguma coisa depois do grande campo. A única pergunta agora é: Onde eu estou? Sento-me na grama e fico observando o horizonte pensando como fui parar ali. Observo o céu sem nuvens. Há um minuto atrás ele estava límpido e sem nuvens, agora estava escuro e carregado, raios iluminavam o campo, e trovões faziam o solo tremer, inesperadamente uma chuva cai fortemente causando rasos buracos no solo, uma coisa é certa. Zeus está bravo. Fazia meses que não via uma tempestade assim, estávamos em tempos de verão, isso não podia ser uma coisa normal.

Ouço uma voz dentro de minha cabeça, na verdade não é bem uma voz, é um sibilo. Não consigo entender oque ele, ou melhor, essa coisa, está tentando dizer-me mas tenho certeza de que não é coisa boa. Consigo entender apenas algumas palavras do tipo: “Morte” e “Destruição”. Bem comum para um semideus. A chuva para e os raios e trovões cessam. Minha visão vai ficando embaçada, minhas pernas enfraquecem e ficam bambas até eu cair na grama que antes era verde e fofa, agora estava seca e queimada. Meus Deuses, todo campo estava pegando fogo. Antes de desmaiar de exaustão e sufoco vejo minha última imagem, olhos amarelos olhando diretamente para mim, a língua bifurcada sibilando, o corpo liso rastejando. Uma Serpente.

—Acorda cara! Está na hora do café da manhã

—Oque? Quem é você? — Pergunto

—Como se você não soubesse, vamos te espero lá na mesa.

Demoro uns segundos para voltar a realidade, estou em meu beliche dentro de meu chalé, vejo Tony, o garoto com quem eu falava, saindo do chalé. Aquilo havia sido apenas um sonho. Solto um suspiro. Não há mais ninguém no chalé além de mim. Visto-me rapidamente para ir tomar café da manhã. O meu chalé, de Apolo, deveria estar brilhando cegamente com o reflexo do sol à essa hora, mas quando saio do chalé vejo que ele está com uma luz fraca, a princípio pensei que tivesse ouvido algum “Defeito de Chalé”, mas observo que o céu está escuro, como em meu sonho só que desta vez sem chuva, raios ou trovões. Geralmente o Acampamento têm uma barreira mágica que deixa o tempo sempre perfeito. Mas dessa vez era diferente.

Ao chegar no Refeitório dou uma olhada nos campistas ao meu redor, estão todos sentados em suas respectivas mesas, a maioria com agasalhos e calças por causa do tempo frio. Olho para mim mesmo e percebo que sou o único que estou usando bermuda e blusa sem manga. Tinha saído tão rápido do chalé que nem me dei conta que vesti-a uma roupa para calor, não me importo, afinal, não estou com frio. Sento-me à mesa dos campistas de Apolo, algumas Ninfas passam pelas mesas entregando o café da manhã. Peço um pedaço de torta de chocolate, pães de queijo e um copo de suco. Estou morrendo de fome, já estou segurando dois pãezinhos de queijo na mão e na metade da torta de chocolate quando me lembro de respirar. Terminando o café continuo o resto do dia como um normal, vou aos Campos de Morangos, arrumo meu chalé com meus meio irmãos para a inspeção, vou ao treino de arco e flecha que é um dos meus preferidos.

Antes que eu pudesse perceber já escurecera,depois do jantar com meus meio irmãos vou para o chalé dormir cedo. Amanhã será dia de Caça a Bandeira, estou apostando nesse jogo que nosso chalé vence, estamos todos muito determinados. Deito em minha cama rezando para não ter outro sonho daqueles, deito minha cabeça no travesseiro e fecho os olhos. Finalmente consigo dormir.